quinta-feira, 17 de abril de 2014

Resenha: "O começo de tudo" (Robyn Schneider)

Por Marianne: Sabe quando você termina um livro e fica com saudade dos personagens, considera imediatamente ler mais uma vez só pra fazer parte daquela história de novo?  Ou então fica abrindo em páginas aleatórias e lendo uns trechos lembrando com saudade daqueles momentos como se estivesse olhando um álbum de fotos? (Espero de coração que eu não seja a louca e alguém comente “Ah eu também sempre faço isso! :D”). Pois bem, O começo de tudo é esse livro. 

Ezra Faulkner é o típico garoto-perfeito-americano-do-colegial-clichê-dos-clichês, capitão do time de tênis, namorado da garota popular, favorito pro rei do baile e por ai vai. Mas calma! Não desistam da resenha nem do livro antes de ler tudo. Numa dessas festas típicas de high school americana Ezra pega na lata a namorada Charlotte pulando a cerca sem vergonha na cara. Com o saco cheio de tudo Ezra vai embora da festa e logo depois de sair com o carro é atingido por um motorista desatento que nem para pra ver o que aconteceu. 

Com o pulso e o joelho fraturado Ezra recebe as péssimas notícias: não vai mais poder jogar tênis, vai ter que fazer fisioterapia pra se recuperar e vai precisar usar uma bengala pra andar. Ou seja, o combo do bullying e chamariz do desprezo das típicas escolas americanas.
Voltando pra escola Ezra tem que lidar com o fato de que seus amigos não se mostraram tão amigos assim quando ele sofreu o acidente (NINGUÉM foi visitá-lo no hospital, ou telefonou pra saber dele)  e com os olhares curiosos voltados pra ele.

É meio perdido e sem companhia que Ezra se reaproxima do seu amigo de infância, Tobby.  Tobby e Ezra eram melhores amigos até que um dia, num passeio pra Disney, um acidente bizarro foi divisor de águas na vida de Tobby, que virou o cara estranho e nerd do acidente enquanto Ezra caminhou rumo ao posto de garoto perfeito.
— Isso — disse ela, convencida, pois a minha expressão devia ter mudado. — Percebe? Você está entendendo agora, mas eu descobri há muito tempo que, quanto mais inteligente se é, mais tentado se fica a deixar as pessoas imaginarem você. Nós entramos um na vida do outro como fantasmas, deixando pra trás lembranças assombradas de pessoas que nunca existiram. O atleta popular. A nova garota misteriosa. Mas somos nós que escolhemos, no final, como as pessoas nos veem.
E é assim que Ezra se junta a turma dos nerds, entra no grupo de debate e conhece a garota nova, Cassydy, que veio de outra escola e é bem esquiva em relação a perguntas sobre sua vida (e com quem ele obviamente vai ter um romance no decorrer do livro).  Cassidy é um caso a ser analisado a parte. Típica personagem que vai dividir corações, uns vão amar e outros odiar. Eu gostei da moça, mas acredito que muita gente vá achá-la pedante e pretensiosa. Depois ter terminar o livro fiquei pensando se Cassidy poderia ser associada ao estereótipo de maniac pixiel dream girl —personagens femininos idealizados pelos homens e comuns em filmes e livros, que transformam os protagonistas levando-os pra uma vida de aventuras e apreciação da vida sem se preocupar com os problemas — mas a própria Cassidy diz no livro que a transformação de Ezra surgiu de sua própria vontade de se livrar de um padrão de vida onde ele não se encaixava.
Mas eu não fiz nada disso — Cassydi insistiu — Ezra, essa garota que você está perseguindo não existe. Eu não sou uma aventura boemia que leva você a caça ao tesouro e lhe envia mensagens secretas. Sou esta confusão, triste, sozinha, que estuda muito e afasta as pessoas e se esconde numa casa assombrada. E você ainda continua querendo me dar créditos porque você finalmente decidiu que não se sentia contente espremido no corredor estreito das expectativas de todo mundo.
E sabemos que é verdade,  não só Cassidy mas sua relação com Tobby foi mais que fundamental pra Ezra compreender o quão superficial eram suas amizades anteriores.
O relacionamento de todos os personagens faz a gente se apaixonar por eles a cada página. Tudo é descrito de modo extremamente sincero pela autora através da narrativa de Ezra. 

O livro cita um milhão de referências  que a cada momento que eram mencionadas eu ficava in love . Bob Dylan, Dr. Who, Bansky e Harry Potter e muita zoação envolvendo vampiros (não sou fã do gênero, portanto amei rs) são só algumas delas.
E pra arrematar o final é surpreendente, emocionante e coerente com a maturidade dos personagens.
Eu amei, eu me apeguei, até agora to sofrendo que eles não existem de verdade pra sermos todos amigos.

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Ana Liberato