domingo, 16 de novembro de 2014

Resenha: “Aconteceu em Paris” (Molly Hopkins)

Por Mary: Olá, senhoras e senhores! Hoje trago para vocês a resenha de um livro alegre, divertido e muuuuuuuito engraçado para variar um pouquinho. No decorrer da história, me apaixonei, desapaixonei e me apaixonei de novo por praticamente todos os personagens e eu vou tentar explicar-lhes o por quê.

Em Aconteceu em Paris, Evie Dexter decide mudar seu ramo de trabalho, abandonando a área de Mídia pelo Turismo. Qual o motivo disso tudo? Um sonho de infância ou a súbita constatação de uma vocação para essa profissão? Que nada, Evie só achou que seria legal ser paga para viajar pela Europa e, bem, o trabalho não deveria ser assim tão difícil, não é? Sem experiência nenhuma para a coisa, a protagonista “maquia” o seu currículo e mente descaradamente em sua entrevista de emprego – sugiro que não tentem isso em casa, porque talvez você não dê a sorte de uma entrevistadora de ressaca. 
“Bati a mão propositadamente na mesa, quando percebi que Tina havia caído no sono. Seu pescoço caiu para trás e seus olhos se abriram. Sim, agora ela estava prestando atenção em mim.” 
O livro é bastante volumoso, mas não se assuste: digo com toda a segurança que você nem vai sentir o tempo passar e, quando menos se der conta, perceberá que devorou metade do livro em um dia só. A trama é ágil e engraçada. Sério, você vai se pegar rindo sozinha e todas as pessoas ao seu redor encarando como se você fosse de outro mundo.

A narração se dá em primeira pessoa, sob a perspectiva da protagonista, Evie. De forma coloquial e simplificada, a impressão que nos dá é de estarmos lendo uma espécie de diário, só que com diálogos e ações. A autora não se detém tanto em divagações, o que ajuda na fluência da história.
 “Não quero parecer má nem dizer que ela está mentindo, mas como ela espera que eu acredite que ela bebe tanto quando (sic) eu e ainda usa uma microssaia tamanho 36? Fala sério!” 
No decorrer da leitura, identifiquei alguns erros de revisão – conforme se verifica no trecho acima – daqueles típicos erros de digitação. Talvez fosse interessante que a editora se detivesse um pouco na revisão para uma eventual próxima edição, muito embora não seja nada que prejudique a trama ou incomode substancialmente. 

Evie Dexter é, facilmente, a personagem literária mais trambiqueira que eu já vi (Vide páginas 34, 48 e 61). Muito politicamente incorreta, a moça é imatura, mentirosa, irresponsável e consumista. Contudo, ela tem um coração enorme, é amiga, gentil e competente. Ainda que utilizando meios eticamente questionáveis para atingir seus objetivos, a Evie se preocupa com os passageiros de sua excursão, conhece a todos pelo nome e aproveita as viagens para aprender mais sobre a profissão da qual ela realmente passa a gostar.

Não obstante a sinopse nos deixar com a ideia pré-concebida de que a Evie é uma garota interesseira, devo discordar quanto a isso. A mim ficou muito claro que ela jamais estaria com o Rob – mesmo que ele fosse milionário – caso dele não gostasse. Não sejamos hipócritas: que garota não ficaria um pouquinho contente em saber que o namorado tem grana? Estar com ele por causa disso são outros quinhentos e isso não acontece com a Evie.

Por falar em Rob, me incomodou bastante o autoritarismo dele. Apesar de ser um cara lindo, fofo e cheio de surpresas, ele é tão mandão, que, em alguns momentos, beira a agressividade. Todavia, mais que isso, me incomodou muito mais o quanto a Evie se mostra submissa, dando a entender que ela simplesmente não consegue dizer não a ele. Inicialmente, acreditei que isso não tinha sido bem trabalhado pela autora, porém soube que há uma sequência do livro e torço para que ela aborde melhor esse conflito em Aconteceu em Veneza
“- Engula tudo! – Explodiu, abrindo de novo o meu maxilar quando tentei fechá-lo.Ele alcançou o vaso, abriu a tampa e, então, sem cerimônia, enrolou meus cabelos em volta do pulso e enfiou minha cabeça dentro do vaso.(...)- Beba! – Rob berrou.” 
(Calma, gente, não é tão ruim quanto parece, juro)

Os núcleos secundários são também muito bons. Vou fazer só um adendo rápido para a turma de gregos do bar do Nikki e para o primeiro grupo de excursão para Paris, com os velhinhos, a Alice e o Duncan. Todos apaixonantes, alegres e que me deixaram com vontade de ser amiga de todos eles. Quanto às amigas da Evie, Lexy (irmã) e Lulu (colega de apartamento) me deixaram um pouco decepcionada. A despeito de terem realmente ajudado em alguns momentos, se mostraram egoístas e fúteis em muitos outros.

Entretanto, todas essas impressões a respeito dos personagens de Aconteceu em Paris devem ser interpretadas sob a ótica da verossimilhança deles. Isto é, Molly Hopkins consegue, de forma habilidosa, criar personagens reais, com defeitos e qualidades. Ninguém é 100% bom ou ruim. Em Aconteceu, nós conseguimos identificar essa característica em suas personas: todo mundo tem defeito, o que irá te conquistar em alguns momentos e decepcionar em outros, assim como as pessoas reais que conhecemos na escola, no trabalho e na família.

Eu senti um pouco de dificuldade em identificar qual era o conflito principal da trama. Apesar de acabar por identificar um conflito, concluo que ele não era realmente o cerne. Do meu ponto de vista, pelo menos, ganha muito mais predominância e peso o crescimento da personagem no decorrer daquele período abordado do que propriamente os acontecimentos que desencadeiam no que seria o conflito principal.

Portanto, se você deseja uma leitura leve, fácil e descomplicada, opte por Aconteceu em Paris. Aliás, as diversificadas ambientações trazidas pela autora dão um toque todo especial ao romance, na comédia e, até mesmo, no drama da obra. Acompanhando uma protagonista totalmente atípica, você conhecerá Paris, Nice e Escócia de um modo totalmente singular. 
“Quando entrega a alguém a chave de seu coração, ele pode entrar e sair quando quiser, a menos que você ponha uma barreira. Do contrário, existe a possibilidade de que o coração fique permanentemente aberto, permitindo que entre quando desejar e destrua qualquer vestígio de amor próprio que ainda tenha.”



5 comentários

  1. Faz tempo que não venho comentar. Amei esse livro também, e estou louca para ler o próximo livro e ver as aventuras que a personagem vai ter. Quero muito saber como vai ficar o relacionamento dos dois, ela é muito boa, mas acredito que apesar dele ser machão demais (foi o que achei) ele é a pessoa indicada para ela...

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    1. Olá, Oliveira!

      De início, agradeço pelo comentário! É muito bom trocar ideias com os outros leitores. Olha, Aconteceu em Veneza é excelente (e em breve terá resenha dele aqui no blog, fique de olho!)

      Só preciso discordar de você quanto a ele ser a pessoa mais indicada para ela (Opinião pessoal). Não sei se foi o "deslize" dele em Aconteceu em Paris ou seu próprio comportamento em geral. Não sei bem dizer, sabe aquela coisa de o santo não bater? Mas, bem, no fim, quem escolhe é a autora e eu super indico a sequência desde já (Não conta para ninguém, mas achei até melhor que o primeiro. Juro!)

      E quando ler a sequência, me conta o que achou, viu? Tenho certeza que haverá alguns pontos que você talvez queira abordar e eu vou querer saber.

      Beijo!

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  2. Ainda não li o livro, mas achei interessante você falar sobre as ambientações (o que mais me atraiu na sinopse e que mais me dá vontade de ler é o fato de mostrar lugares diferentes). Outra coisa que gostei de saber é que os personagens são humanos, têm qualidades e defeitos, e ninguém é 100% bom ou ruim; gosto de ver essas nuances quando leio um livro.

    Beijos, Livro Lab

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Oi, Aline!

      Sim, as ambientações são incríveis! Li que a autora trabalhou durante muitos anos como guia de turismo europeia (ou seja, tem conhecimento de causa) e a descrição dela dos lugares é realmente a de alguém que conhece. Riqueza de detalhes, bares, cafés, lojas, museus... achei muito muito bom.

      Não comentei nessa resenha (mas comentei na resenha da sequência, que sairá em breve), no final do livro há uma espécie de extra no qual a Molly Hopkins dá "dicas de viagem" de uma forma bastante irreverente. É muito divertido!

      Quanto aos personagens, foi algo que eu também curti bastante, porque não há ninguém perfeito ali (absolutamente ninguém mesmo), o que em alguns momentos irrita por conta das ações de alguns deles. Creio que essa característica dá um tom todo especial à obra.

      Obrigada pelo comentário! Adoro bater papo sobre os livros.

      Beijo!

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Ana Liberato