quarta-feira, 19 de novembro de 2014

#Lançamento – Verdade Mal Contada (Deyse Batista)

Por Kleris: Que honra escrever um post sobre esse livro! Sempre guardei pra mim que um dia escreveriam sobre Deyse Batista (com ênfase no Y, por favor), mas não imaginava que podia ser eu, não numa postagem dessas. Acho que só presumia que seria como antes, ler alguns de seus textos, admirar suas palavras e novamente guardar um pouco, sempre comigo. Mas não hoje.

Verdade Mal Contada é uma seleção de crônicas do blog homônimo de Deyse, lançamento da editora Penalux.

As palavras, em Verdade Mal Contada, são educadas para entregar o que sentem. [...] A cada história aqui descrita, vive-se. Um amor que não deu certo, epifanias anoitecidas, amanheceres intensos, madrugadas que fazem arder sofismas, filosofias acerca de toda essa fragilidade de sermos. [...] Já fomos, todos, o que ali se diz. [...] Viver nos salva da vida. Na leitura silenciosa de um livro que grita, as coisas acontecem. Tornam-se imperfeitas, uma vez que perfeição existe apenas no que não foi/é. A imperfeição aqui é detalhe que enfeita a verdade. Mal contada, bem (d)escrita. (via skoob)


Sobre o livro – ou como tudo começou



Muitos escritores pensam na escrita como seu escape. Para Deyse, foi justamente a forma de enfrentar suas inquietudes, mas também, ao mesmo tempo, extrair algo bom. Surgiu assim a ideia de uma verdade mal contada, o blog, em que nada ali descrito seria fruto 100% da realidade, mas tampouco apenas ficção.

O blog originalmente era apenas um modo de ela mesma se organizar, manter suas palavras onde sempre poderia fazer uma revisita. Mas nada como o encanto que é dar aos pensamentos uma forma “concreta”, pois além de ganhar espaço, eles ganham vida. Ganharam leitores também.

É meio louco se achar alguém “único” no mundo e, de repente, descobrir que existem várias outras pessoas que passam pelas mesmas coisas que você e que, engraçado, precisam de ti para expressar o que elas não conseguem. De toda essa experiência, o feedback talvez tenha sido o que eu menos esperei, então o que mais me surpreendeu.

Verdade Mal Contada é, assim, um livro que aborda episódios cotidianos e marcantes. Passando pelas linhas de Caio Fernando Abreu, há um pouco de tudo, amores, desamores, esperança, The Smiths, Maroon 5, Coldplay, Vicky Cristina Barcelona, Tudo acontece em Elizabethtown e 500 dias com ela. Apesar de ter um nome que assine as trinta crônicas reunidas, ali são personas diversas, de dentro e de fora de uma mesma mente que anseia pelas palavras. Imagino ser essa a dimensão da Deyse Batista, a escritora. Aquela que se apropria do momento do outro e ainda consegue ser ela mesma, uma atriz que se revela nas nuances e inflexões de sua fala.


Quem é Deyse Batista?

Maranhense, 22 anos, escritora, blogueira, advogada, apaixonada por livros e fotografia, ela assina no Verdade Mal Contada e Revista 21.




Sobre o lançamento

Data: 21 de Novembro        Local: Galeria Trapiche, São Luís – MA              Horário: 19h


Quer saber um pouco mais?

Conheça o blog: Verdade Mal Contada 
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Muito sucesso a você, garotinha!

Resenha: "A Caçada" (Clive Cussler)

Por Sheila: Olá todo mundo, como vão? Tudo tranquilo? Pois bem, hoje trago a vocês um Thriller de época de um autor que já resenhamos aqui pelo Dear Book, Clive Cussler ("O Espião"). Assim como no livro citado, iremos mais uma vez acompanhar as aventuras do detetive Isaac Bell, e a renomada  Agência de Detetives Van Dorn.

Nesta nova aventura, Isaac terá como missão encontrar um lendário ladrão de bancos e assassino, chamado de Assaltante Açougueiro. Trata-se de um homem cruel, que não se importa em assassinar mulheres e crianças, e que consegue cometer estes atos delituosos praticamente sem deixar pistas.

Quando Isaac Bell recebe da Agência Von Dorn a tarefa de prender este ladrão e assassino, inicia-se a caçada - que, aliás, nomeia muito bem o livro - e que caçada! Assim que se pensa que se esta chegando próximo, o Açougueiro consegue escapar pela ponta dos dedos, quase parecendo mágica.
A cabeça do homem pendia sobre seu peito. Parecia um bêbado cochilando. No entanto, era uma farsa. Ele estava consciente de cada movimento ao seu redor. Ocasionalmente, olhava pela rua em direção ao Banco Nacional de Bisbee. Ele observou com interesse, através dos olhos semicerrados, enquanto um caminhão com acionamento por corrente e pneus bem sólidos chacoalhou em direção ao banco. Havia somente um guarda, que saiu do caminhão carregando um grande saco de notas recém-impressas. Alguns minutos depois, o homem teve ajuda do caixa do banco para passar pela porta carregando um pesado cofre e levá-lo até o caminhão.  
Acontece que este vilão é praticamente um rei dos disfarces, motivo pelo qual sua captura trona-se algo tão difícil de ser concretizado. É aí que entra Isaac, uma verdadeira lenda entre os de sua profissão, que assume esta tarefa praticamente impossível: encontrar e por fim à vida de crimes deste ladrão e assassino em série que tanto medo vem espalhando aos cidadãos de todo os Estados Unidos.
- Coronel Danzler - disse Van Dor - , este é o homem de quem lhe falei. Isaac Bell.Danzler ofereceu a mão, mas não se ergueu da cadeira.- Joe me disse que você sempre pega seu homem.- Temo que o senhor Van Dorn tenha exagerado. - Bell sorriu levemente. - Cheguei 10 minutos atrasado quando Bush Cassidy e Harry Longabaugh zarparam de Nova York para Argentina, três anos atrás. O barco deles se afastou das docas antes que eu pudesse prendê-los.- Quantos agentes ou oficiais da polícia estavam com você?Bell encolheu os ombros.- Eu pretendia cuidar do assunto sozinho.
Ambientado no início do século XX, "A Caçada" nos traz aventura, suspense, e até um pouco de romance, já que o bonitão Isaac Bell não deixa passar a oportunidade de se envolver com belas e apaixonadas mulheres. Aliás, há quem diga que ele é um equivalente a James Bond pré-moderno.

Ao contrário do livro "O Espião" que foi recheado de termos técnicos que (confesso!) me cansaram bastante, a leitura de "A Caçada" é ágil e envolvente, sendo escrita em terceira pessoa e narrada em um ritmo acelerado. 

Um livro muito bem escrito, com uma ambientação de época narrada de maneira totalmente impecável, cheio de reviravoltas e com um final de tirar o fôlego, mais uma vez nos mostrando que Clive Cussler realmente não esgotou as possibilidades de Isaac, seu detetive número um, nas páginas de seus livros. Recomendo!




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Littera Feelings #23 – O momento do outro leitor


Oi, pessoal. Sentiram minha falta? Dei uma leve sumidinha aqui da coluna... Foi a arte de tentar abraçar tudo e acabar não fazendo muita coisa. Nesse meio tempo teve uns posts especiais (encontro de leitores e escritores; lançamento do livro Lagoena) e em breve tem resenhas vindo aí.

Foi num dia desses de descanso que assisti a um filme (um tantinho antigo) e me deparei com uma cena interessante. A diretora executiva de uma empresa chegava ao escritório e passava pela mesa da assistente, que estava aos prantos lendo um livro. Ao ver a chefa, a assistente só entregou o café e disse “Ultima página”, apontando para o livro. A diretora então foi para sua sala ali perto e esperou que a assistente terminasse. Quando ela apareceu, ainda chorosa, a chefa perguntou como foi o fim da história. Achei muito gentil da parte dela. 

E me perguntei, como é que nos comportamos/comportaríamos ao ver alguém se emocionando em público por um livro? Como gostaríamos que nos tratassem?


Nesse instante, trata-se do espaço do outro leitor.

É comum pensarmos em como nós nos sentimos ao estar no mundo do livro ao qual abraçamos. Sorrimos, sorrimos alto e baixo, questionamos, brigamos, discutimos, nos entristecemos, entendemos, não entendemos, odiamos... enfim, nos emocionamos de alguma maneira, pois estamos lá com os personagens, com o narrador, com o escritor. E é isso, estamos lá, não cá. O que deve ser isso para o outro, no mundo real?

Não falo apenas de estar fora de casa, mas visível a outras pessoas que se está em um paralelo de leitura.

Com os amigos, ok, enquanto eles estão tendo seus feels, vão enchendo nossa caixa de mensagens e a gente acaba embarcando nessa com eles. Mas e se for um total estranho ao seu lado no ônibus, no metrô, na sala de espera, na sala de aula, na bancada do bar, no banco da praça...? E se você for esse outro que assiste uma pessoa atingir altos picos de emoção por um livro? Como reagir?

Ainda não tive a oportunidade de topar com um desses momentos por exato, mas já fui essa que gargalhou no busão e a pessoa ao lado riu junto, perguntando que livro engraçado era o que tinha em minhas mãos. Também foi gentil da parte dela. Mas se eu estivesse chorando... o que você faria?

É um ponto delicado se se considerar que, além do espaço do outro, tem o respeito por este. Devemos intervir? Gostaríamos que intervissem? O que seria de bom tom a dizer? O que seria bom de ouvir? Seria estranho demais?

Acho que preservar o respeito acima de tudo está de bom tamanho. Eu gostaria que fossem atenciosos de não quebrar o momento com uma coisa tão aleatória, como pais sem jeito fazem rs. Acho que gostaria que me perguntassem o final se lá eu estivesse, se foi realmente bom assim, o que mais gostei, se indico.

E vocês? Vai aí um tapinha nos ombros? Alguma dica? Como foi a última saída de transe?

Até a próxima,


Kleris Ribeiro.



P.S.: O filme que inspirou o post foi “Kate & Leopoldo” (disponível na Netflix!), uma cena ainda de início. A trama é semelhante ao livro Perdida (Carina Rissi), em que Hugh Jackman é um duque do século XIX transportado para o século XXI e topa com Meg Ryan, uma mulher muito diferente do que ele poderia imaginar. Produção de 2001, o filme continua sendo fofo através do tempo. Veja o trailer (sorry, não achei legendado) e se apaixone também!
domingo, 16 de novembro de 2014

Resenha: “Aconteceu em Paris” (Molly Hopkins)

Por Mary: Olá, senhoras e senhores! Hoje trago para vocês a resenha de um livro alegre, divertido e muuuuuuuito engraçado para variar um pouquinho. No decorrer da história, me apaixonei, desapaixonei e me apaixonei de novo por praticamente todos os personagens e eu vou tentar explicar-lhes o por quê.

Em Aconteceu em Paris, Evie Dexter decide mudar seu ramo de trabalho, abandonando a área de Mídia pelo Turismo. Qual o motivo disso tudo? Um sonho de infância ou a súbita constatação de uma vocação para essa profissão? Que nada, Evie só achou que seria legal ser paga para viajar pela Europa e, bem, o trabalho não deveria ser assim tão difícil, não é? Sem experiência nenhuma para a coisa, a protagonista “maquia” o seu currículo e mente descaradamente em sua entrevista de emprego – sugiro que não tentem isso em casa, porque talvez você não dê a sorte de uma entrevistadora de ressaca. 
“Bati a mão propositadamente na mesa, quando percebi que Tina havia caído no sono. Seu pescoço caiu para trás e seus olhos se abriram. Sim, agora ela estava prestando atenção em mim.” 
O livro é bastante volumoso, mas não se assuste: digo com toda a segurança que você nem vai sentir o tempo passar e, quando menos se der conta, perceberá que devorou metade do livro em um dia só. A trama é ágil e engraçada. Sério, você vai se pegar rindo sozinha e todas as pessoas ao seu redor encarando como se você fosse de outro mundo.

A narração se dá em primeira pessoa, sob a perspectiva da protagonista, Evie. De forma coloquial e simplificada, a impressão que nos dá é de estarmos lendo uma espécie de diário, só que com diálogos e ações. A autora não se detém tanto em divagações, o que ajuda na fluência da história.
 “Não quero parecer má nem dizer que ela está mentindo, mas como ela espera que eu acredite que ela bebe tanto quando (sic) eu e ainda usa uma microssaia tamanho 36? Fala sério!” 
No decorrer da leitura, identifiquei alguns erros de revisão – conforme se verifica no trecho acima – daqueles típicos erros de digitação. Talvez fosse interessante que a editora se detivesse um pouco na revisão para uma eventual próxima edição, muito embora não seja nada que prejudique a trama ou incomode substancialmente. 

Evie Dexter é, facilmente, a personagem literária mais trambiqueira que eu já vi (Vide páginas 34, 48 e 61). Muito politicamente incorreta, a moça é imatura, mentirosa, irresponsável e consumista. Contudo, ela tem um coração enorme, é amiga, gentil e competente. Ainda que utilizando meios eticamente questionáveis para atingir seus objetivos, a Evie se preocupa com os passageiros de sua excursão, conhece a todos pelo nome e aproveita as viagens para aprender mais sobre a profissão da qual ela realmente passa a gostar.

Não obstante a sinopse nos deixar com a ideia pré-concebida de que a Evie é uma garota interesseira, devo discordar quanto a isso. A mim ficou muito claro que ela jamais estaria com o Rob – mesmo que ele fosse milionário – caso dele não gostasse. Não sejamos hipócritas: que garota não ficaria um pouquinho contente em saber que o namorado tem grana? Estar com ele por causa disso são outros quinhentos e isso não acontece com a Evie.

Por falar em Rob, me incomodou bastante o autoritarismo dele. Apesar de ser um cara lindo, fofo e cheio de surpresas, ele é tão mandão, que, em alguns momentos, beira a agressividade. Todavia, mais que isso, me incomodou muito mais o quanto a Evie se mostra submissa, dando a entender que ela simplesmente não consegue dizer não a ele. Inicialmente, acreditei que isso não tinha sido bem trabalhado pela autora, porém soube que há uma sequência do livro e torço para que ela aborde melhor esse conflito em Aconteceu em Veneza
“- Engula tudo! – Explodiu, abrindo de novo o meu maxilar quando tentei fechá-lo.Ele alcançou o vaso, abriu a tampa e, então, sem cerimônia, enrolou meus cabelos em volta do pulso e enfiou minha cabeça dentro do vaso.(...)- Beba! – Rob berrou.” 
(Calma, gente, não é tão ruim quanto parece, juro)

Os núcleos secundários são também muito bons. Vou fazer só um adendo rápido para a turma de gregos do bar do Nikki e para o primeiro grupo de excursão para Paris, com os velhinhos, a Alice e o Duncan. Todos apaixonantes, alegres e que me deixaram com vontade de ser amiga de todos eles. Quanto às amigas da Evie, Lexy (irmã) e Lulu (colega de apartamento) me deixaram um pouco decepcionada. A despeito de terem realmente ajudado em alguns momentos, se mostraram egoístas e fúteis em muitos outros.

Entretanto, todas essas impressões a respeito dos personagens de Aconteceu em Paris devem ser interpretadas sob a ótica da verossimilhança deles. Isto é, Molly Hopkins consegue, de forma habilidosa, criar personagens reais, com defeitos e qualidades. Ninguém é 100% bom ou ruim. Em Aconteceu, nós conseguimos identificar essa característica em suas personas: todo mundo tem defeito, o que irá te conquistar em alguns momentos e decepcionar em outros, assim como as pessoas reais que conhecemos na escola, no trabalho e na família.

Eu senti um pouco de dificuldade em identificar qual era o conflito principal da trama. Apesar de acabar por identificar um conflito, concluo que ele não era realmente o cerne. Do meu ponto de vista, pelo menos, ganha muito mais predominância e peso o crescimento da personagem no decorrer daquele período abordado do que propriamente os acontecimentos que desencadeiam no que seria o conflito principal.

Portanto, se você deseja uma leitura leve, fácil e descomplicada, opte por Aconteceu em Paris. Aliás, as diversificadas ambientações trazidas pela autora dão um toque todo especial ao romance, na comédia e, até mesmo, no drama da obra. Acompanhando uma protagonista totalmente atípica, você conhecerá Paris, Nice e Escócia de um modo totalmente singular. 
“Quando entrega a alguém a chave de seu coração, ele pode entrar e sair quando quiser, a menos que você ponha uma barreira. Do contrário, existe a possibilidade de que o coração fique permanentemente aberto, permitindo que entre quando desejar e destrua qualquer vestígio de amor próprio que ainda tenha.”



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Resenha: "Cante para eu Dormir" (Angela Morrison)

Tradução por Cintia Afarelli Pereira
Sinopse: Cante para eu dormir revelará a dura realidade da vida, a energia firme da amizade e mostrará que o verdadeiro amor transcende tudo. O livro conta a história de Beth, uma garota que sofre bulling e passa toda sua infância sendo rejeitada por sua aparência. As únicas pessoas a aceitá-la são sua mãe e seu melhor amigo, Scott. Mas tudo isso fica para trás quando ela é convidada para ser a vocalista do coral da escola e recebe a transformação que lhe dará a oportunidade de conhecer um amor que vai além de tudo, até mesmo da própria vida. Derek é tão lindo, tão doce, tão fantástico que Beth acha que não merece, mas quer experimentar, mesmo estando á milhas de distância. Porém, existem segredos não revelados entre eles. A história reúne as mais profundas emoções humanas: decepções, tristezas, alegrias, amores e paixão, muita paixão, que ficará gravada em cada coração por muito tempo, mesmo depois do término da leitura. Fonte: SKOOB
Por Eliel: Dentre muitas leituras que já fiz em toda a minha vida literária, acredito que nunca, nunca odiei uma protagonista. Eu sei que ódio é uma palavra muito forte, mas foi o que senti. Para logo mais me arrepender um pouco. Confuso? Já logo explico...

Tudo começa quando somos apresentados à Beth, como foi que o pai dela a descreveu quando nasceu?? Ah sim, feia. Chocante já logo no começo. Pois bem, ela é feia e passar a adolescência sofrendo bullying porque seu cabelo é indomável, sua pele é repleta de espinhas, seus óculos tem lentes tão grossas que parecem fundos de garrafas e se é tão alta que andar curvada só destaca sua estranheza. O colégio é um lugar cruel para quem não se enquadra no padrão de beleza aceitável. Seu apelido "carinhoso" é Fera, que ela aceita e o tem como verdade, talvez pela força que a empurra à isso. Ela não tem amigos, exceto Scott que a acompanha desde o primário e a apoia.
Quando nos aproximamos da minha casa, começo a ficar apreensiva. Tudo dentro de mim está morrendo de vontade de beijá-lo assim que o carro parar, mas será que isso o assustaria? É claro, nós dançamos juntinhos daquele jeito. Ele pareceu curtir tanto quanto eu. Acho que beijar está anos-luz de distância. Se eu der um beijo nele e ele sentir repulsa, como podemos continuar sendo amigos?
Beth faz parte do coral de moças Cantoras da Juventude que é selecionada para a Competição de Corais na Suécia. Mas antes de irem para a tão sonhada viagem muita coisa deve ser feita para que tudo seja perfeito.

Na Suíça, Beth conhece Derek, a estrela do Coral Amabile, que imediatamente se apaixona pela música de Beth e principalmente por ela. Então A Fera passa ser A Bela, esse sentimento novo vira sua vida de cabeça para baixo. É tudo tão novo que ela não resiste a provar o máximo possível.

Porém, estar na Suiça com Derek não é para sempre. Então ela está de volta para casa e para a sorte dela a casa de Derek fica apenas algumas horas de distância, é partir daqui ela começa a me irritar (e muito), ela começa a ter atitudes que me lembram uma ex, muita desconfiança, ciúmes sem sentido, carência desnecessária e por aí vai. Posso estar sendo insensível e tal, mas essas coisas me irritam até nas personagens de livros que conforme eu leio se tornam reais para mim (me condenem).
Não quero ser uma namorada chata que vive pegando no pé dele, então mordo a língua e me lembro de quando o abracei e embalei como se ele fosse um garotinho.
Mas como disse no começo eu me arrependo de parte dos meus sentimentos devido ao final surpreendente desse narrativa. Obviamente, não direi um "A" sobre isso, apenas que me arrancou lágrimas. É uma história repleta de lições. Livros que me ensinam algo são os meus favoritos.
- Pressão é uma coisa boa. Faz a gente crescer.
Já ouviu falar de fibrose cística? Eu também não. Porém, trinta mil pessoas no mundo convivem com essa doença. Para conhecer e saber mais sobre a luta e as pesquisas sobre a cura, visite as páginas www.cff.org e www.cysticfibrosis.ca. Essas páginas são do Canadá, mas no Brasil temos www.abram.org.br e unidospelavida.org.br.


E por incrível que pareça é um livro bem musical, mesmo que não emita nenhuma melodia propriamente dito. Você pode conferir o site do Coral Amabile. E como eu gostei muito desse livro (apesar dele ter me irritado um pouco hahaha) aqui vai uma música para vocês, a Música da Beth:



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

[Minhas palavras] Sobre amores e dores


A coluna "Minhas Palavras" apresenta textos originais, de diversos temas, produzidos pela equipe do Dear Book.

POR: Sheila Schildt

Ela se sentia devastada. Finalmente conseguia entender o que os poetas queriam dizer quando exprimiam sentir dor tão forte, que chegava a ser física. Tentara chorar a princípio. Tolo e vão esforço. Afinal, era preciso tristeza para se chorar. E ela só sentia o vazio. Na verdade, ela não sentia. E essa falta de palavras que dessem conta do que se apossava de seu ser, só a fazia ficar cada vez mais perdida dentro da escuridão que nela habitava.

Tudo acabado. Onde estavam as juras de amor eterno? Para onde teriam ido os planos acalentados com tanto enlevo para o futuro? Tudo ilusões. Areia. Pó. Nada. Por que os seres humanos insistem em acreditar em quimeras? Em construir castelos de areia, frágeis, derrubados à primeira onda – às vezes à primeira brisa?

Ela poderia ter discutido. Gritado. Batido. Exacerbado sua dor e frustração tentando, de alguma forma, compensar o despedaçamento que sentia. Mas, no fundo, sabia que isso não seria suficiente. Talvez servisse para aplacar a Fera do Desgosto, mas apenas por um tempo. Ela ficaria quieta, à espreita, apenas esperando uma nova oportunidade para escapar e destruir. E ela já tinha destruição demais em sua vida para continuar a acumular mais destroços e cacos afiados.

Ela poderia ter se vingado. Feito o mesmo. Escondido. Encoberta. Só por ela sabido. Ter nos lábios o gosto da vitória por saber poder infligir no outro o mesmo desgosto, a mesma mágoa, o mesmo rancor que agora a consumia lentamente. Mas ela também já provara deste fel. E só lhe restara pesar e arrependimento pelo líquido ardente que, ao ferir o outro, também a deformava.

Ela poderia ter aceitado. Por que não? Colocado uma pedra em cima. Deixado que virasse passado. Uma a mais dentre as tantas lembranças amargas que conservara ao longo dos anos, para ser revista nos baús da memória apenas de relance, e novamente encoberta e escondida. E ela bem que tentara. Não seria mais fácil? Fingir que nada acontecera e continuar com a vida? Deveria ser a solução mais simples.

Deveria. Mas não foi. Assim como a Fera do Desgosto, a Fera da Insegurança falara mais alto. E se se repetisse? E se estivesse se repetindo agora? E se não tomara a decisão correta? E se estivesse sendo impiedosamente enganada? E se seu infortúnio íntimo fosse a chacota do público, ciente – até por demais – do que deveria ser só seu, privado?

E se, e se, e se, e se ... e se esvaíra-lhe o sono. E já não lhe incomodava a fome. E já pouco sentia o toque do frio, o calor do sol, a firmeza do chão. E já não era mais ela. Era o Monstro – ou os monstros – carnívoro, faminto, criando e alimentando pensamentos irracionais e doentios, a circular de forma incoerente e desconexa na cena de sua tela mental. Por certo, enlouqueceria. Sofrimento, eis o nome do seu novo algoz.

E então ela partira. Não com grito. Não com quebra. Não com palavra acre, usada mais para retalhar do que para exprimir. Não com o descontrole. Não com o choro, a dor escorrendo em lágrimas e muco. Singela. Simples. Explicada. Partida. Para onde? – Se perguntara ela. Para onde estava indo ela agora que tudo se acabara?

Sabia a resposta, mas esta não a agradava. Afinal, já havia feito esta viagem. Quando o outro transforma-se em nossa metade, no momento que ele se vai, a dor que se sente é a de uma amputação. E há de levar-se um tempo para acostumar-se sem. E, enquanto isso, ela mais uma vez visitaria os recônditos de seu ser. E sabia que lá podia ser escuro. E frio. E muito, muito vazio.

Mas não era a viagem em si que a incomodava. Não. Era a possibilidade – nada remota – de que não conseguisse achar o caminho de volta. Mas, a pergunta era: ela queria achar o caminho de volta? Voltar para que? Para onde? Para a vida que parecia em pedaços? Para a casa vazia e fria? Ou quem sabe para alimentar a vontade insana de voltar atrás? De  reabrir a porta. De aceitar a volta. Esquecendo que isso só traria mais dor, e que a felicidade só duraria por breves instantes?

Ela não sabia. E, sem saber, ela seguiu. Por que ela escolhera seu caminho. E de uma coisa sabia: teria que arcar com as consequências de suas escolhas. Todos nós temos. Para onde ela irá? Não sabe também. Mas de uma coisa tem certeza: desta vez, não vai olhar para trás.
sábado, 8 de novembro de 2014

Resenha: "Em busca de um final feliz" (Katherine Boo)

Por Sheila: Olá pessoas! Como vão? Resenha nova chegando ai gente! E de uma autora que - confesso! -  eu nunca tinha ouvido falar. Neste livro, iremos entrar nem contato com a realidade da população de Annawadi (que eu também não conhecia) uma favela em Mumbai que fica às margens do Aeroporto Internacional.

Na verdade, aqui começa já a aparecer a disparidade: enquanto os moradores de Annawadi não tem ao menos saneamento básico, vivendo em barracos e sobrevivendo em grande parte do lixo que encontram, a poucos metros estão os aviões, turistas chegando e indo embora de Mumbai, hotéis luxuosos e carros de últimos modelos.

Logo nas primeiras páginas, seremos apresentados a Abdul e o mesmo está fugindo. Acontece que Fátima, uma vizinha que tem uma perna só, ateou fogo ao próprio corpo, e acusou Abdul e sua família de terem sido os perpetradores do crime.
Já era quase meia noite, a mulher de uma perna só jazia penosamente queimada, e a polícia de Mumbai vinha em busca de Abdul e seu pai. Em um barraco da favela, ao lado do aeroporto internacional, os pais de Abdul tomaram sua decisão com uma economia de palavras pouco usual. O pai, um homem doente,esperaria dentro do barraco de telhado de zinco onde a família de onze pessoas morava. Não resistiria à prisão. Abdul, o provedor da casa, era quem deveria fugir.
Logo depois, a autora irá voltar no tempo, para nos falar do dia-a-dia das famílias que vivem em Annawadi, suas conquistas, dúvidas, anseios, estratégias de sobrevivência, e os acontecimentos que levaram Abdul e sua família até os momentos narrados nas primeiras páginas, bem como o desenrolar e desfecho deste drama.

Abdul é  apenas mais um dos muçulmanos, sempre em conflito com os Hindus, que ocupa com sua família numerosa um dos 355 barracos da favela de Annawadi. Não sabemos sua idade, apenas que pode ter entre 16 e 19 anos (não, certidões de nascimento não são uma das preocupações da população de Annawadi), e todo o sustento de sua família - que mora em um barraco, sem saneamento básico, mas que é considerada acima da linha da pobreza - é proveniente do trabalho de Abdul com lixo.

Perdidos e sem emprego formal entre lugares com acomodações luxuosas, em que as pessoas passam seu tempo de férias tomando champanhe e comendo caviar, boa parte das famílias de Annawadi sobrevive do lixo que consegue  no aeroporto, enquanto Abdul é quem compra, separa e revende o lixo assim coletado. Ou seja, o Extremo (com E maiúsculo) em que se encontram em relação aos vizinhos que ocupam os hotéis, do outro lado de uma avenida, é gritante.
Abdul e seus vizinhos ocupavam, irregularmente, um terreno que pertencia à autoridade aeroportuária da Índia. somente uma travessa ladeada por coqueiros separava a favela da entrada para o terminal internacional. Para atender a clientela do aeroporto, havia cinco hotéis caríssimos ao redor de Annawadi: quatro megalíticos de mármore entalhado e um Hyatt de lustroso vidro azul, em cujo último andar Annawadi e várias outras ocupações irregulares pareciam vilarejos atirados de um avião, entre um edifício moderno e outro.- Tudo ao nosso redor são rosas - Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. - E nós somos a bosta no meio disso.
Perdidos entre a pobreza, a ganância de políticos, policiais e cidadãos corruptos, um sistema que os pune de forma intransigente, ainda assim os moradores deste pequeno espaço se permitem sonhar com uma vida sem tantas desigualdades.
- As pessoas do hotel agem de um jeito estranho quando bebem ... Mas quando eu for bem rico, e puder ficar hospedado num grande hotel como esse, não vou agir como um idiota assim.Mirchi deu risadas e fez a pergunta que muitos estavam fazendo a si mesmos em Mumbai em 2008:- E o que você vai fazer, sirrrrrrr, para ser servido num hotel desses?
A escrita de Boo é cativante, sendo o conteúdo de seu escrito algo muito difícil de se ler. Expõe com beleza o aspecto cruel e desumano da forma como essa pequena sociedade, em sua maioria de catadores, se organiza, suas aspirações, seus conflitos, seus medos e suas pequenas vitórias.

O mais interessante do livro é que o relato - da história, das pessoas - são todos reais; a autora, que é repórter e editora, ficou de novembro de 2007 à março de 2011 perambulando pela favela de Annawadi, coletando o material para este livro com notas escritas, gravações em vídeo, audiotapes e fotografias.

O resultado? Simplesmente aterrador, mas também magnífico e emocionante. Recomendo!




terça-feira, 4 de novembro de 2014

Resenha: "Eu compro, sim!" (Pedro Camargo)

Por Sheila: Oi pessoas! Como vocês estão indo? Tudo tranquilo? Mais um autor nacional (estamos arrebentado como escritores) nos traz uma obra que vai fazer muitas pessoas reverem seus conceitos... principalmente quem fala mal das mulheres!

Por que? Eu explico – ou melhor, Pedro Camargo é quem vai nos explicar. A pergunta é básica e, na verdade, atinge tanto homens como mulheres: afinal de contas, por que hoje em dia as pessoas consomem de forma tão exagerada? Por que estourar o cartão de crédito? Ou atacar a geladeira em meio à madrugada? 

De forma simples e bem humorada, Pedro Camargo vai explicar que a culpa é dos neurotransmissores, aquelas coisinhas que ficam dentro da nossa cabeça, e que as vezes nos levam a fazer escolhas baseadas numa falsa ideia de recompensa. Afinal, o prazer proporcionado de imediato por comer uma barra de chocolate, vai se transformar em desprazer a longo prazo, quando você perceber que já não cabe mais naquela calça jeans maravilhosa...

Baseado na psicologia evolucionista, finanças comportamentais, economia comportamental, neuroeconomia e neuromarketing, Pedro Camargo chegou a algumas premissas básicas do comportamento do consumo:
Fato 1 Somos irracionais. 
Fato 2 Nosso cérebro toma decisões antes de termos consciência disso. 
Fato 3 Compramos produtos e serviços em função da sobrevivência e reprodução
... e por aí vai. São 8 fatos, que serão explorados ao longo do livro e explicados a partir das pesquisas realizadas pelo autor nas áreas antes citadas, que vão tentar aliar ciência do comportamento e ciência hormonal, para explicar por que consumismos tanto.

A premissa central de Pedro Camargo será a de que somos seres eminentemente instituais, e que nosso consumo esta a serviço da manutenção da espécie. Quando comemos demais, queremos estocar reservas energéticas para nos mantermos no inverno. Quando gastamos comprando acessórios, são aqueles que irão nos levar mais próximos ao acasalamento – logo, perpetuar a espécie.

Os capítulos do livro são bem curtos, e ao final de cada um o autor vai nos dar algumas “dicas” de como treinar nosso cérebro para reagir de forma diferente aos estímulos apresentados pelo mundo que nos cerca – que reforça essa inclinação ao veicular propagandas que dizem “comprem, comprem, comprem!”.

Gostei muito do livro, consegui lê-lo em menos de um dia. Mas não concordo com algumas de suas suposições – afinal sou Psicóloga por formação, e acredito no ser humano como tendo uma formação biopsicossocial. Mesmo assim, trata-se de uma visão diferente da qual estou acostumada a lidar, e os argumentos de Pedro Camargo são bastante convincentes. Recomendo!




 
Ana Liberato