segunda-feira, 6 de julho de 2015

Resenha: "O Pintassilgo" (Donna Tartt)

Por Sheila: Oi pessoas, como vocês estão? Vocês não sabem, por que as postagens são programadas, mas eu estou há MESES sem escrever um vírgula ... mas como no momento em que escrevo estou na iminência de uma cirurgia, resolvi colocar minhas resenhas atrasadas em dia - e começando bem, para me animar!

Por que começando bem? Bom, por que não foi à toa que "O Pintassilgo" ganhou o Prêmio Pulitzer. O livro já começa instigante: vamos encontrar um jovem adulto, Theodore Decker e ele parece estar em apuros. Nesse primeiro momento, sabemos apenas que o mesmo esta escondido em um hotel em Amsterdam, procurando freneticamente por seu nome nos jornais - apesar de não entender nada da língua.

O Herald Tribune não trazia nada sobre minha situação, mas a história estava em todos os jornais holandeses, densas colunas de texto estrangeiro que se mostravam, cruelmente, fora do alcance da minha mente. Onopgeloste moord. Onbekende. Subi e voltei para cama (totalmente vestido, pois o quarto era gelado demais) e espalhei os jornais sobre a colcha: fotos de viaturas, fitas de isolamento de cena de crime, até as legendas eram impossíveis de decifrar e, embora não parecessem citar meu nome, não havia como saber se traziam uma descrição minha ou se ocultavam informações do público.
Num estado de espírito agitado, e estando também um pouco febril, Theo sonha com sua mãe falecida e a narrativa dá um salto, indo para o dia fatídico em que a mesma deixa de existir, e os tropeços pela vida de Theo começam. A história começa a ser contada desde então, quando vamos encontrar um Theo pré adolescente encrencado na escola por ter sido pego fumando. Sua mãe está a caminho da escola com ele para uma reunião, quando decidem se abrigar da chuva no Metropolitan Museum de Nova York.

Vocês já tiveram um momento em suas vidas em que pararam para divagar sobre o "e se"? Pois parece que no decorrer do restante do livro, a vida de Theo torna-se um grande, imensso e engolfante "e se" que o impede de viver sua vida de forma plena e, vagarosamente vão levá-li até aquele frio quarto de Amsterdam.

E se ele não tivesse fumado aquele cigarro? E se não tivesse começado a chover? E se a mãe não gostasse tanto da obra "O Pintassilgo" de Carel Fabritius? E se o museu não tivesse sofrido um ataque terrorista? E se ele não houvesse, em meio ao caos que se seguiu, sujo de terra, com o teto desmoronando, confuso, ainda um pouco surdo e preocupado com sua mãe, roubado a pintura no intuito de protegê-la?

Bom, aí não teríamos esta obra magnífica, que irá retratar de forma magistral a obsessão que Theodore desenvolve pela pintura, que parece ser seu único elo com sua mãe, morta na explosão, e pela qual ele se culpa incessantemente.

Não há como resumir a história a partir de então, por que ela será a narrativa da vida de Theo, suas angústias, anseios, as pessoas que conheceu em seu processo de luto, a família de um amigo que o acolheu, os amigos que fez pelo caminho, o pai alcoólatra desaparecido que retorna após a tragédia, e tantas outras situações, que só mesmo na leitura do livro é possível sua compreensão.

"O Pintassilgo" foi o livro mais "real" que já li. Era como se Theo realmente existisse, como seu eu quase pudesse fechar o livro e enxergá-lo parado à minha frente, ou como se eu estivesse lendo uma autobiografia. O fato do livro ser escrito em primeira pessoa não desmerece em absolutamente nada a obra, bem pelo contrário, só a enriquece nos dando a oportunidade de acompanhar de perto o rico mundo interno de obsessões do protagonista.

É um romance longo, mais de 700 páginas, denso, mas sem ser cansativo. A forma de escrita? Magistral, sem pontas soltas, com uma trama envolvente e encantadora. Um livro que realmente vale a pena ser lido e com certeza um dos melhores no gênero que já li. E o final, com certeza não será nada do que você esperava. Super recomendo.




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Ana Liberato