domingo, 11 de outubro de 2015

[Minhas Palavras] O desafio da tia que dá livros


A coluna "Minhas Palavras" apresenta textos originais, de diversos temas, produzidos pela equipe do Dear Book.

Por: Kleris Ribeiro.
Ex-colunista do Littera Feelings, é resenhista e co-adm no Dear Book.
(vejam só, eu me arriscando numa crônica)


Sempre tem um post do Buzzfeed na timeline te esperando pra te puxar. É ligeiro que você cai na toca dos 20 tipos, 18 gifs disso, 15 dicas daquilo, 12 exemplos de x, 10 tweets de y, 5 momentos de sabe-se-lá-o-quê-mais. Foi num post desses aleatórios que parei uns minutinhos para ler sobre tipos de tias (aqui). Quem tem família grande invariavelmente já mentalizou os tipos de tias, então lá estava eu brincando e tentando identificar minhas diversas tias naquele post.

Foi aí que um tipo em especial me chamou atenção: a tia dos presentes culturais.  De acordo com o Buzzfeed, a tia dos presentes culturais é aquela que te presenteou com seus primeiros livros, discos e tudo que você nem curtia muito quando era pequeno, mas curte muito hoje em dia. Pensando bem, acho que não tive uma tia dessas – pelo menos quanto à infância e livros. As minhas tias se tornaram tias culturais – Beijo, dinda! – quando eu comecei a pedi-los, depois dos 18 anos.

Esse tipo me chamou a atenção não por identificar alguém da minha família, como acima dito, mas por ME enquadrar nele. Pois é, já sou tia. E a sou a tia dos presentes culturais. Melhor, a tia que dá livros.

Foi apenas engraçado nesse dia o cair da ficha depois de tantos anos. Valeu, Buzzfeed! Isso porque na minha família a leitura não é algo tão presente. É visto em geral como uma coisa bem prática, para a escola, para o vestibular, para a faculdade, a pós-graduação, o mestrado, para religiosidades, enfim, o lado bom da coisa toda fica esquecido – salvo alguns casos, claroe às vezes me pergunto como inserir a cultura do livro – principalmente para os pequenos – nesse meio tão vago de leitura. Mas aceitei o desafio.

Comecei com as crianças, os primos. Alguns já liam por conta da escola ou mesmo revistinhas. Tenho investido em descobrir os estilos, como começar, como instigar, como evoluir, porque sei por experiência que não adianta dar um livro se não ele não é de seu interesse. É como dar o perfume errado, é uma escolha muito pessoal. Mas um livro que hoje não é de seu gosto, amanhã pode te despertar outros olhares, porque houve outro livro na jogada para fazer a ponte necessária. E aí a gente tem que descobrir essas pontes também. Quadrinhos, por exemplo, até agora tem sido um acerto. Ainda não sei onde irei levá-los... ou mesmo levar-me.

Falo levar-me porque no meio tempo desse processo aproveito para explorar outras leituras pra mim – é uma meta pessoal desde o ano passado ler livros que até então imaginei que eu não seria seu público ou então que ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer. São tantos! Como é sabido por leitores, é pouca vida para o tanto de livros que a gente quer ler. Todo tempinho é precioso, para as boas e más experiências de leitura.

Só sei que hoje em dia vou à feira de livros e já vou pescando, esse aqui é pro Samu, esse é pra Mel, esse é pra Karla, esse é pra... E avalio minha estante imaginando pra quem possa emprestar. Nada como aquela mensagem no meio do dia que diz “hey, sabe aquele livro, olha, curti muito”. Mas também nada contra os comentários negativos. Na verdade, me diga, pra eu acertar da próxima vez.

E sigo assim, sendo a tia, a prima, a sobrinha... que dá livros. Hei de encontrar o estilo e o livro certeiro de cada um – e um pouco de money/patrocínio pra bancar essa família. Não formarei grandes leitores, massssssss... pequenos leitores já me basta.


Que as tias dos presentes culturais acertem nesse Dia das Crianças :) 

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Ana Liberato