sábado, 31 de janeiro de 2015

Resenha: "A Profecia de Samsara" (Letícia Vilela)

SINOPSE: Quando o príncipe do Clã mágico dos Devas é assassinado, as suspeitas recaem sobre sua própria mestra, Draupadi. O irmão do príncipe, o jovem Arjuna, jura vingar sua morte e persegue a criminosa pelos reinos mágicos da antiga Índia. Draupadi inicia sua fuga ao lado de Asti, uma humana a quem chama de filha, que guarda um segredo em seu corpo desde que nasceu - uma maldição ancestral em forma de tatuagem, da qual procura desesperadamente se libertar. Todos os fatos fazem os destinos de Arjuna e Asti convergirem definitivamente, o que torna inevitável a concretização da temível 'Profecia de Samsara'.Fonte: SKOOB
 Por Eliel: Ambientado no mesmo Universo que A Biblioteca do Czar, porém em outra época, mais precisamente na Índia Antiga. Esse volume promete ser o primeiro de uma série sobre a Era da Magia dentro desse rico universo ainda inexplorado. 

A Era da Magia é repleta dos grandes magos Devas, um dos clãs Hollows, que se alimentam da energia mágica dos Alayas, ou Humanos. A convivência entre essas duas raças é amigável, porém dentro do Clã dos Devas existem muitas guildas divididas em 3 grupos - Gaias, Animatas e Ignis -, mas tudo isso é muito bem explicado antes mesmo do prefácio e temos também um glossário para nos ajudar a entender muitas palavras e expressões provenientes do hindi.

Passamos a conhecer o príncipe guerreiro Arjuna e o seu desejo de vingança que tem como alvo a traidora Draupadi. E também a relação que ela, que se diz inocente, tem com a Profecia de Samsara e sua discípula/filha, Asti. Ao analisarmos a capa podemos saber que a portadora de tal tatuagem terá uma importância muito marcante nessa aventura.
- É uma questão de justiça. Todos têm direito a um julgamento - disse ele [Arjuna], desviando o olhar.
Asti, vem de uma família que guarda um segredo/maldição e que somente por meio da solução da Profecia ela poderá se libertar dessas correntes. A saber a profecia diz o seguinte:
"Durante o grande festival na sagradaManipur, no templo dos Nagas,encontrarás aquela que esculpe a luz.Do santuário repleto de tesourosserá furtada a joia nascida do sol".
E esse será apenas o começo dessa narrativa cheia de reviravoltas, você conhecerá esses personagens e em um piscar de olhos, ou folhear de páginas, você mudará sua opinião. Conflitos internos, superação, aventura, ação, sangue (muito sangue) e mais uma "porrada" de tramas surpreendentes estão nessas linhas tão bem escritas. As ilustrações só ajudam a aumentar e desenvolver o nosso imaginário.
- Heh... Era o que faltava. Estou sendo julgada por um moleque... É como diz aquele provérbio... Como era? - Ela [Draupadi] fez uma pose pensativa antes de citá-lo - "Quando um elefante está com problemas, até um sapo irá chutá-lo." - Olhou desafiadora para os olhos de seu carcereiro. - A propósito, para quem você pedirá recompensa pela minha captura? Para os Pandavas? ou para os Nagas?
Simplesmente amo quando cada capítulo mostra a visão de cada personagem em particular, nos dá a impressão de enxergarmos a história de acordo com o ponto de vista de cada um. Uma ferramenta interessante, pois até que cheguemos ao ultimo capítulo muita coisa ainda não ficou bem clara e assim temos um final com gostinho de quero mais... e eu quero mais.

Além de se passar no mesmo universo, esse livro praticamente não tem relação com o anterior. Esse será um arco da história único que nos mostra a ascensão e queda da Era da Magia.

Sobre a autora – Nascida em 1987 na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Leticia Vilela sempre se interessou pela área artística. Cursou Design Gráfico na Escola Superior de Marketing – ESPM, em São Paulo, focando-se nas áreas de ilustração e animação. Leitora voraz, principalmente de fantasia, combinou suas habilidades neste que é seu primeiro livro de ficção, sendo a autora também das ilustrações. Com uma lapiseira ou tablet em mãos, adora ficar horas criando e desenhando personagens, imaginando cada detalhe de suas vestimentas e personalidades e como seria viver como eles em universos fictícios.





Para mais novidades basta acessar o site ou a página do Universo Red Luna. Além, do site oficial do livro A Profecia de Samsara, lá você encontrará muita coisa interessante sobre essa aventura empolgante, um exemplo são os Papercrafts (o meu não ficou parecido com o que deveria ser, vou continuar tentando hahaha).


Resenha: "O Para sempre de Ella e Micha" (Jessica Sorensen)

Por Marianne: O casal mais insuportável do new adult esta de volta em O para sempre de Ella e Micha. O romance é a continuação de O segredo de Ella e Micha, que eu já resenhei pro Dear Book aqui. No romance anterior vimos Ella e Micha encarar as nuvens negras do passado e amadurecer juntos pra estabelecer uma relação de verdade. Agora muita coisa mudou. Ella voltou pra universidade em Las Vegas e tem frequentado seções de terapia pra lidar com seus fantasmas do passado e suas preocupações atuais, como fato de o pai alcoólatra ter sido internado a força numa clinica de reabilitação.

Já Micha está em turnê com a nova banda. Mas, como sempre na vida, as coisas não saem bem como o esperado.
Nesse novo romance a autora explora a insegurança e ciúme dos personagens devido a distância. Novos personagens surgem pra instigar a imaginação dos leitores e os próprios protagonistas à uma possível traição, tudo na maior leite com perisse óbvio.


As pessoas nunca querem fazer coisas que magoem os outros, mas, mesmo assim, isso às vezes acontece, por um momento intenso, por uma breve racionalização ou por simplesmente dizerem palavras que estão em sua mente.
O que mais me chamou a atenção nessa continuação foi o amadurecimento de Ella. O desenvolvimento de seu relacionamento com o pai e o irmão, que a culpam pela morte da mãe, é tratado de forma muito delicada e sincera. A depressão de Ella num geral é muito bem apresentada e apesar da narrativa ter um ar meio Malhação a autora consegue nos envolver e sensibilizar com as situações vividas por Ella.
—Acho que as pessoas que passam por mais coisas podem acabar se tornando mais fortes no longo prazo. Elas têm um discernimento que muitas outras não têm. E elas também têm uma compreensão melhor, podem ter a cabeça mais aberta.
 Micha continua desnecessário e bocó como sempre. Nem um drama inesperado com o pai, que o abandonou quando criança pra viver $muito bem obrigada$ com outra família me fez sentir alguma ternura pelo rapaz.
—É só que… Você é adorável. Você está aborrecido porque se sente mal por estar pensando coisas ruins.
—Nunca mais me chame de adorável.
(...)
—Nenhum cara quer ser chamado assim.
(...)
—Se você continuar me chamando de adorável, vou virar seu corpo e mostrar a você toda minha masculinidade. (Micha em sua clara demonstração de falta de senso e cérebro).
Possessivo e arrogante, ultrapassando todos os limites do bom senso e me fazendo espumar de ódio durante vários trechos do livro por suas atitudes sem nexo o personagem só confirmou minha opinião de que é o maior erro da autora nos dois livros.
—Você é especial demais, e se eu tiver que ser totalmente possessivo ao seu respeito quando um idiota do mundo das artes vier dar em cima, bem na minha frente, eu vou ser, mesmo. (Micha sendo Micha)
Micha é descrito como lindo, rebelde, irreverente, sensível e loucamente apaixonado por Ella suspiros ofegantes, mas a possessividade do rapaz me incomoda o livro todo. Ela é mostrada de uma forma romanceada que passa a ideia errada de que mesmo a mocinha protagonista deixando claro que não quer companhia/ajuda do mocinho apaixonado, ele VAI estar lá, ele VAI ajudar, ele não VAI desistir dela.
—Sua bunda está basicamente pulando para fora do vestido… E as garotas se vestem assim quando querem se oferecer pra transar… Então trate de voltar pra casa e escolher outra roupa. (Micha em sua clara demonstração de total compreensão de comportamento feminino baseado em suas roupas.)
Existe um método muito simples de saber se é amor ou se é loucura. Troquem o Micha lindo-perfeito por um cara comum, um cara normal qualquer. Agora imaginem que quando Ella rejeita o rapaz ela realmente queira isso. Pronto, temos um cara louco perseguindo uma garota que está fugindo dele. Uau, que romântico.

As cenas sexuais do livro eu não vou dizer que podem ser comparadas as de Malhação porque a novela adolescente não tem essas “indecência”. Mas se tivesse seriam no mesmo nível de causar bocejos no adolescente mais cheio de hormônios. A impressão que eu tenho o tempo todo é de que a autora tem medo de ousar muito nas cenas mais sensuais, mal sabe ela que tá escrevendo pra geração que (pelo menos no Brasil) cresceu assistindo Presença de Anita escondido dos pais hahaha. Poxa Jessica Sorensen, é new adult, não é new teen não, apimenta esse negócio ai!

Dois personagens que foram meio que deixados de lado nesse livro foram Ethan e Lila, melhores amigos dos protagonistas. Ethan até ensaiou entrar num drama pessoal que eu queria muito que fosse mais explorado, mas não rolou. Lila foi totalmente coadjuvante, uma pena porque eu gosto da personagem e acho que ela e Ethan (que não estão num romance) fluem com muito mais naturalidade do que os próprios Ella e Micha.

Apesar das minhas críticas a leitura flui bem e entretém. Gosto de pensar que é tipo de história que não vai acrescentar nada na sua vida. Mas que da pra assistir e passar o tempo, se distrair.
Contem nos comentários o que vocês acharam do livro ou as expectativas depois de ler minha resenha!

Até a próxima :)



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Resenha: "O Código do Apocalipse" (Adam Blake)


Por Sheila: Oi gente! Como vocês estão? Lendo muito? Eu tenho lido horroooooores, e minha lista de “vou ler” do skoob só aumenta, ai,ai ... bom, trago a vocês hoje a continuação do livro “Manuscritos do Mar Morto” do Adam Blake (lembram? Aquele que dizem que é famoso, mas não temos como saber por que Adam Blake é um pseudônimo).

Pois bem como sempre costumo dizer – mas repito! Confio que a cada semana devemos ter mais e mais novos leitores – como este é um segundo volume, terei que lançar mão de alguns spoilers para explicar melhor a trama. Então, quem não gosta de saber o fim de um livro sem lê-lo antes e pretende ler “Manuscritos do Mar Morto” por favor pare de ler aqui (e deixe pelo menos um oi nos comentários, isso enche meu coração de alegria ;) ). Você também pode aproveitar e dar uma lidinha na primeira resenha aqui

Àqueles que se aventuraram, vamos à trama! No final do primeiro livro, o povo de Judas escapou, deixando Leo Tillman o mercenário, ainda sem algumas respostas – onde estariam seus filhos? E a detetive Heather Kennedy como uma investigadora particular freelancer.

Enquanto Tillman desapareceu, Heather está tendo dificuldades para encontrar um novo trabalho, já que socou no queixo seu último empregador, além de enfrentar problemas em seu relacionamento com Izzy, a ex-cuidadora de seu pai falecido. 

A vida conjunta delas estagnara: tornara-se um retrato vivo do adultério, com Izzy correndo para se cobrir, um rapaz acanhado tentando entender o que estava acontecendo e Kennedy parada à porta, atordoada, de olhos arregalados.

Izzy nunca prometera ser fiel ... Kennedy nunca pensara que exigir promessas fosse necessário ou mesmo desejável. Na acidentada história de sua vida sexual, um era o número mais alto de amantes que ela já mantivera ao mesmo tempo, e geralmente parecera ser o suficiente.

Bebendo dentro de um bar, parece não haver mais perspectivas para Kennedy, até receber uma ligação inesperada. Emil Gassan foi o único acadêmico a sobreviver a violenta tentativa do povo de Judas de permanecer anônimo, e Heather o vinha evitando. Afinal, publicar ou até mesmo conversar com alguém sobre suas descobertas seria a morte, e só restava ela para ouvi-lo

No entanto, a conversa com Emil acaba se tornando uma proposta de trabalho promissora – e o princípio de uma nova e arriscada aventura. Emil se tornara responsável pelo acervo armazenado do Museu Britânico – muito maior do que o exposto – onde um furto misterioso foi cometido.

- Houve uma invasão – contou por fim, limpando delicadamente o lábio inferior com a ponta do seu guardanapo. – Um mês atrás. Na meia noite de segunda-feira, 24 de julho.
- Nas estantes? – Kennedy perguntou. – Nos depósitos e não no museu propriamente dito?
Ele balançou a cabeça enfaticamente, concordando.
- No acervo armazenado sim... que agora é de minha responsabilidade. Quem quer que tenha sido, foi muito habilidoso. Foi capaz de entrar e sair sem disparar um único alarme.

A única questão é: ninguém sabe o que foi levado, se é que há algo faltando. Um quebra-cabeças começa a se delinear, mas o que é mais estranho é que acidentes começam a acontecer, colocando em risco a vida de Kennedy. Só que ela acredita que estes não sejam acidentes comuns, e quanto mais se aproxima da verdade, mais parece haver envolvimento do Povo de Judas nestes atentados.

Mas, em determinado momento, parece que o Povo de Judas está ajudando Kennedy – afinal, do nada surge uma autêntica filha do Povo de Judas que a salva no momento crucial. É quando Kennedy resolve incluir Tillman no jogo e uma nova caçada começa – agora não atrás de assassinos de acadêmicos, mas contra a possibilidade de que milhões venham a morrer.

O livro é uma aventura eletrizante, muito bem escrita e que não deixa nenhuma ponta solta. Ainda não sei quem é esse “tal” Adam Blake, mas ele realmente conseguiu de novo! O enredo conseguiu ser melhor que o de Manuscritos do Mar Morto, e o desfecho é realmente surpreendente e de tirar o fôlego.

Mas... por que, pessoal do marketing, por que vocês criaram uma chamada tão ruim? Se você for se levar pelo que está escrito na contracapa do livro, parece que este será apelativo e previsível. “O Mundo vai acabar”... muitas pessoas iriam morrer mas, não, o mundo não ia acabar. Recomendo o livro. Pulem a contra capa. Abraços e até a próxima.






sábado, 24 de janeiro de 2015

Resenha: "Antes da forca" (Joe Abercrombie)

Por Sheila: Olá pessoas como vocês estão? Eu estava muito ansiosa pela chegada deste livro, que faz parte da série "A Primeira Lei". O primeiro livro, intitulado "O poder da espada" já foi resenhado - por mim! - no blog, e você pode acessar a resenha aqui.

Esse foi um livro que, a princípio, não havia atraído minha atenção; inclusive, havia passado outras leituras na frente, já que a sinopse não havia me atraído. Bárbaros? Lutas épicas? Torturadores? Sangue (muito sangue)? Eu estava passando.

Logo, foi uma agradável surpresa ver que Joe Abercrombie conseguia juntar todos estes elementos com uma maestria tal, que não desgrudei os olhos das páginas do livro até terminá-lo. E é aí que começa o sofrimento: quando virá a continuação?  Será que continuará tão envolvente quanto o primeiro livro?

Nem sempre estas respostas são afirmativas, principalmente pela ansiedade pela qual esperamos a continuação. Ok, vocês querem saber se a continuação ficou dentro das minhas expectativas ou não? Vão ter que ler toda a resenha ...

Fazendo então um breve retrospecto sobre como acabou "O poder da espada" (spoilers!). Deixamos um grupo improvável de viajantes - O Primeiro dos magos, uma lenda entre os povos que habitavam aquela parte do mundo, seu aprendiz que tem amplos conhecimentos de história antiga, Logen Nove Dedos, um bárbaro das terras do Norte, Ferro, uma ex escrava com uma raiva demoníaca de tudo e todos, e Jezal dan Luthar, um jovem mulherengo e mimado da União que foi praticamente arrastado para esta aventura.

O que este conjunto tão díspar de personagens faz viajando juntos, é o mistério que nos é deixado ao fim de "O Poder da espada", assim como o destino do inquisidor Sand dan Glokta e a guerra contra os Gurkenses, e o coronel West na guerra contra os bárbaros do Norte. 

No presente livro, vamos acompanhar essas três diferentes frentes de batalha: primeiro nosso estranho grupo em viajem para a borda do mundo, numa busca que o Primeiro dos Magos, Bayaz, resolveu empreender atrás de um artefato malígno, mas que pode ajudar na luta contra Kenedias, outro mago que tem apoiado os selvagens Gurkenses.

Ficamos sabendo mais a respeito da criação do mundo, e dos primeiros conflitos entre Juvens, mestre de Bayaz, e os irmãos, que de certa forma preciptaram os acontecimentos recentes. Acontece que há uma forma de comunicar-se com o mundo inferior, e há coisas tão diabólicas que se pode aprender com os seres do outro lado, que Juvens viu-se obrigado a criar algumas Leis.

A Primeira Lei - que foi quebrada pelo irmão mais novo de Juvens, sedento de poder, e agora por Khalul, um de seus doze Magos aprendizes - diz que proibi-se aos homens tocar o outro lado. Já a Segunda Lei, proíbe que se coma carne humana. Quando isso se da, estranhas transformações acontecem com os chamados "comedores". É isso que acompanharemos com Glokta no cerco Gurkense à Dagoska, onde ele se deparará com esse grande mal que ronda as portas da União.

- Você é uma comedora?
- Temos outros nomes, mas sim. - Ela inclinou a cabeça suavemente, o olhar jamais se afastando dos olhos dele. - Os sacerdotes me fizeram comer minha mãe primeiro (...)
- Por que vocês comem?
- Porque o passaro come o verme. Porque a arana come a mosca. Porque Khalul deseja e nós somos os filhos do Profeta. Juvens foi traíd e Khalul jurou vingança, mas estava sozinho contra muitos. Por isso fez seu grande sacriício e violou a Segunda Lei, e os justos se juntaram a ele, mais e mais com o passar dos anos. Alguns se juntaram por livre vontade. Outros não. Mas nenhum o rejeitou. Agora meus irmãs são muitos, e cada um de nós deve fazer o sacrifício.

Ao mesmo tempo, seremos informados em outros capítulos - as três histórias centrais são narradas em capítulos paralelos - como a União vem se saindo no enfrentamento aos bárbaros do Norte. Apesar de uma recente e inesperada adição aos homens do Rei, quando Três árvores, chefe do antigo bando de Logen Nove Dedos, decide se unir aos soldados da União, não está fácil ao coronel West manter a ordem de seu pelotão e a segurança do Príncipe, que insiste em ignorar seus conselhos.

Acontece que a ele coube ficar junto ao príncipe Ladisla, mandado ao campo de batalha como uma forma de ganhar algum status com o povo, não para que verdadeiramente lutasse, dado seu despreparo e sua imaturidade para assumir tal posição. Mas a sorte não estava ao seu lado, e é justamente o pelotão de Ladisla que é primeiramente atacado.

Ou seja os inimigos são muitos: ao grupo que viaja, a própria estrada por onde caminham guarda armadilhas mortais, e inimigos impiedosos. Ao sul, há os Gurkenses, comedores de carne humana que vem se multiplicando e espalhando com velocidade espantosa. Ao Norte, os bárbaros, que parecem também ter forjado alianças escusas com seres com poderes sobrenaturais.

Apesar disso já podemos entender um pouco mais sobre a escolha de Bayaz por seus acompanhantes na longa jornada que empreende até a borda do mundo - apesar de que a escolha por Luthar ainda permanece um mistério não explorado.

O livro segue o mesmo ritmo intenso do primeiro, onde as páginas praticamente se viram sozinhas. O mundo criado por Joe Abercombrie é tão complexo e rico, que é quase impossível sintetizar todas as minucías das historias que culminaram nos atuais conflitos entre os diferentes reinos. Fora que ainda há muitos mistérios sem solução, palavras não ditas, traições e alianças não desvendadas.

Além disso, todos os personagens são muito bem elaborados, profundos, e parece que nenhuma das palavras do autor é desnecessária, mas que todas terão um sentido para a trama posteriormente. Ou seja, eu AMEI o livro, estou super empolgada com a história, e muito mais ansiosa pela continuação.
Vale também destacar a capa e o trabalho muito bem feito pela Editora Arqueiro, o papel é daquele amarelinho, que deixa a leitura muito mais agradável.
Recomendadíssimo! Abraços e até a proxima!





quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Resenha: “Lagoena – O Portal dos Desejos” (Laísa Couto)

Por Kleris: Foi como ter aquela velha intuição confirmada... Foi! Para quem não viu minha apresentação de Lagoena, pode visitar aqui. Agora vem comigo, Rheita e Kiel fazer um passeio por esse primeiro livro da trilogia. 

Eis que a marca de um “S”, o símbolo de um guardião de lendas distantes, está desenhado nas pequenas mãos de uma criança, fruto de um segredo que se perdeu em meio a tanta ganância e jogos de poder. Sob a dúvida do que este destino guardaria para a menina, seu avô, Gornef, único parente vivo, decide mantê-la a salvo, mesmo que isso custasse a liberdade da garota. Escondeu então Rheita em sua casa, e a marca, em luvas.

Rheita cresce numa casa solitária, no Reino do Vinagre, convive apenas com o avô e uma velha confeiteira amiga, que trabalha ali pelos arredores de sua rua. O mundo, para a menina de 10 anos, era só esse visto pela sua janela, guardando ânsias e dúvidas, estas mais sobre sua própria história, que se negavam a contar.

O que não esperavam da menina era a força, esperteza e uma grande curiosidade, que a leva a buscar respostas, mesmo com o pouco que dispõe. Quando o destino quer, por si arranja maneiras de abrir caminho. Assim, munida de um pedaço de um mapa, novas descobertas e desconfianças, acompanhada de Kiel, um amigo, Rheita decide deixar o aconchego do lar.

O mapa que encontrou revela-se mágico e por isso cobiçado por presenças malignas, pois direcionava ao encontro de certas chaves que abririam o Portal dos Desejos. Se caísse em mãos erradas, Lagoena, uma terra perdida nas dimensões dos mundos, seria novamente tomada por um cruel imperador, Zhatafar. Para completar, Rheita descobre que um familiar seu, desaparecido há muitos anos, está envolvido nessa trama perigosa: seu pai. Seria essa sua chance de reencontrá-lo?

Nossa entrada em Lagoena se dá primeiro por uma escrita primorosa, em terceira pessoa, que nos cede uma visão incrível das cenas. Encontramos assim muita ação na trama, que se alongam por muitos parágrafos, sem espaço para frases de efeito. Gostei disso, pois, apesar de ficar difícil de apontar uma cena em específico sem ter grandes perdas de contexto, revela uma sobriedade, esta necessária por se tratar de crianças em mundos fantásticos.

Rheita é uma garota muito ingênua, resultado da prisão e pouco conhecimento de mundo. Mas quando se trata do seu coração, quando ele fala mais alto, lá vai ela, com toda força que puder. Já Kiel revela-se aquele fiel escudeiro, é astuto e um pouco à frente da menina, mesmo com seus medos. Aos poucos percebemos que eles se complementam, fortificados pela amizade. 
Ai, não! – O grito da menina reverberou alto! – Kiel, saia da água, agora! É uma armadilha! – Ela finalmente caiu em si. A jovem dama do lago estava enfeitiçando seu amigo. Queria afogá-lo. Ele não a ouvia, o olhar desfocado, distante, enquanto caminhava devagar para o fundo. Aos poucos, a mulher o seduzia com seu canto. Ao ver algo ameaçador surgir no sorriso dela, Rheita não teve alternativa. Tirou as botas e guardou o Mapa Mágico e o pergaminho dentro delas; iria salvar a vida de Kiel, mesmo sem saber nadar.
A trama é intensa, tem muito disso de grandes buscas, desejos, aventuras, criaturas estranhas e missões a cumprir. Por esse tom aventuresco e fantástico maravilhoso, é fácil de se lembrar de O Senhor dos Anéis, O Hobbit, mitologias antigas, e por toda ingenuidade, acolhimento e humor, lembrar livros como Alice no País das Maravilhas, As Crônicas de Nárnia, Harry Potter, Percy Jackson e os Olimpianos, e, vá lá, até Sítio do Pica-pau Amarelo (e não digo pela presença de um curupira).

(algumas dessas foram realmente influências, a Laísa mostrou aqui) 

O menino escolheu uma flor amarela; demorou um pouco para escalar a pétala que estava bastante escorregadia. Depois de uns minutos, ele chegou ao miolo da flor, os pés afundando nos finos ramos cobertos pelo grão de pólen. O Guri se abaixou, sentou-se no centro e esperou; logo uma membrana transparente cresceu ao seu redor, envolvendo-o vagarosamente. Rheita e Kiel perceberam que uma nova bolha estava nascendo, e o Guri ficou preso dentro dela. De súbito, a bolha se desprendeu da superfície e subiu ao ar, levando o menino para o alto.

As duas crianças escolheram cada uma a sua flor. O vestido de Rheita rapidamente se tingiu de amarelo quando ela pulou no miolo de uma flor laranja. Ela se sentou e aguardou. Alguma coisa começou a crescer debaixo dela, fazendo-a sentir cócegas. De repente, uma camada finíssima e translúcida floresceu, envolvendo-lhe as pernas, os braços, os ombros, a cabeça, até que ela estivesse completamente envolvida por uma esfera que flutuou no ar, meio vacilante. Kiel também tinha conseguido subir, mas sua primeira bolha estourou antes de terminar de envolvê-lo. Agora, dentro de outra, ele subia alto, evitando se mexer para que não tivesse uma má sorte nas alturas.
Esse primeiro livro é um verdadeiro tour pela terra perdida e um primeiro passo para os mistérios que encobre. Acompanhamos a pequena Rheita na luta pela verdade e humanidade, uma que até os seres viventes de Lagoena já quase não acreditavam mais.
— Acalme-se, Raurus – disse um centauro mais moço. – Eles não têm culpa.

— Culpa?! – repetiu Raurus, num tom irônico. – Este foi o sentimento que o homem se esqueceu de ter quando amaldiçoou essa terra para sempre. Vamos embora, todos, já fizemos muito por essa noite...

— Não podemos deixá-los aqui! – insistiu o jovem centauro. – Estão correndo grande perigo!

— O que está pensando? Carregaremos todos nas costas como mulas?! Você sabe o que o nosso clã pensa sobre isso, não sabe, Sendalus? – indagou Raurus, a voz grave ecoando ameaçadora.— Só o homem pode consertar a linha quebrada do destino – argumentou o outro.

— Não nos metemos mais nos assuntos deles! – vociferou Raurus, veemente. – Decida de que lado você está, Sendalus: do lado dos traidores ou do nosso?

— Estou do lado de Lagoena. [...]
A edição foi bem trabalhada no quesito visual. Além de refletir a marca da guardiã pelos capítulos, há também um mapa no livro para nos guiar e ceder uma melhor noção de espaço. Na capa está Rheita, tão pequena para um grande destino.

Por não ter acompanhado por todo lá no Book Série, tinha receio de nunca conhecer seu fim  e que fim! – assim pouca coisa eu lembrava e perguntas não me faltavam. Bem, ainda faltam. Novas perguntas, claro, sobre então as consequências de um desejo e mais mistérios que só no próximo para serem explicados. Sobre isso já não posso falar, né. 

Como uma grande estreia para a literatura brasileira abraçar, recomendo para quem curte aventuras e descobrir não só mundos paralelos e perdidos, mas mundos que estão mais próximos de nós do que pensávamos. Fugir para um mundo fantástico pode ser sua salvação, diz a contracapa.

Sobre a continuação, a Laísa já fez uns breves comentários. O próximo está em processo de escrita e pode se chamar Lagoena  A Feiticeira do Espelho. Há também spin-offs ambientados em Lagoena para vocês visitarem a terra: O Lenhador, a bruxa e a lua cheia, lá no blog Escolhendo Livros, e um que Laísa anunciou recentemente estar escrevendo, sobre o mago chamado Zagut.

Nesse meio tempo fico por aqui só imaginando.... se Once Upon A Time recentemente adicionou Arendelle à trama da série, o que seria se eles conhecessem Lagoena? Acho que sei quem teria feito acordos com o Rumple!

(Deixe uma leitora divagar)

Gostou? 
Compre aqui.

Até a próxima!

Resenha: "Príncipe da Noite" (Germano Pereira)

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Devo confessar que esta é a resenha mais atrasada de todos os tempos! Talvez por que eu tenha ficado muito ambivalente ao ler a história construída por Germano Pereira...

Vou postar para vocês a sinopse do livro, e depois sigo para os comentários sobre o que achei do livro ok?

Toda manhã, o psicanalista Gabriel se surpreende ao acordar: sempre encontra uma mulher diferente dormindo ao seu lado. Ele nunca se lembra do seu nome, nem da maneira como a conheceu. A única coisa que resta de suas aventuras noturnas é um lapso de memória. Mas esta noite tudo se repetirá: quando cruzar com uma bela mulher, na noite seguinte, perderá o controle de quem é, porque o seu outro “;eu”; é capaz de tudo para satisfazer seus desejos mais primitivos.
Mantendo esse segredo somente para si, Gabriel leva uma vida aparentemente normal na grande Londres, ouvindo diariamente os problemas de seus pacientes, enquanto tenta fugir das loucuras de sua ex-namorada. Mas nada é verdadeiramente normal para um homem que pode ser controlado pelo Príncipe da Noite...

Bem vamos lá. Do que eu gostei no livro: há muito suspense. Como ele é narrado em primeira pessoa, vamos acompanhar Gabriel em suas divagações pós perda de controle promovida por sua segunda personalidade, o Príncipe da Noite e, assim como Gabriel não sabe dizer muito bem o que aconteceu e como foi parar em determinado lugar, também acabamos por não sabê-lo.

Estou no quarto de uma mulher. Não a vejo. Tento imaginar como fui parar la. Fui salvo por uma desconhecida? Não é possível ... Estou mais confuso do que nunca. Olho para o lado. Alguem se aproxima do quarto. Estou assustado. E se um serial killer estiver me aprisionando? Depois de atender pacientes que confundem o processo de transferência e me culpam por suas psicoses, não acho nada impossível.

Do que eu não gostei? Bom, cabe aqui uma explicação. Sou Psicóloga. E talvez por isso não tenha conseguido ficar convencida. Nem com o personagem,, nem com s descrição do seu transtorno de personalidade, nem com a forma como o mesmo se utiliza do jargão psicanalítico.

Do ponto de vista da literatura pura e simples, deixando de lado estas questões técnicas, parece que a confusão de Gabriel sobre quem ele era deixou a própria escrita do livro confusa. Se em algum momento tudo fosse explicado, quase como aqueles filmes que voltam atrás e recontam algumas cenas ... mas não. Também esperava mais do final.

Como sempre faço quando tenho alguma questão com o livro, fui em busca de outras resenhas, que tiveram posições semelhantes, principalmente em relação ao final. Mas algumas blogueiras levantaram a hipótese de uma continuação então ... talvez neste segundo volume as questões sejam explicadas.

Ficarei no aguardo! Alguém mais leu? Comentem! Abraços e até a próxima!


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Resenha: "Charlotte Street" (Danny Wallace)



Por Marianne: Um romance tranquilinho de capa bonita situado em Londres é quase impossível de desagradar. Foi com essa expectativa que eu comecei Charlotte Street.

Jason Priestley, nosso protagonista, é ex-professor e atual colunista de um pequeno jornal de Londres. Sua ex-namorada (que ele, lógico, ainda não superou) acabou de anunciar o noivado pelo facebook e Jason acaba não aceitando muito bem a notícia.

Ela não se importou com a possibilidade de eu ver isso? Ela não percebeu que isso viria diretamente na minha tela, diretamente no meu estômago? Essas fotos... Tiradas do lugar e do ângulo que eu costumava vê-la. Mas agora não sou eu por trás da câmera.
Um dia, andando pela Charlotte Street que dá nome ao livro, Jason vê uma garota cheia de sacolas toda atrapalhada pra entrar num táxi. Ao oferecer ajuda ele se vê momentaneamente encantado pela moça, mas é depois que o táxi parte que ele percebe que ela deixou algo pra trás: uma câmera descartável.

Eu queria gritar para o táxi, sacudir a câmera no alto e ter certeza de que ela sabia que tinha deixado alguma coisa pra trás. Por um segundo eu estava cheio de ideias—talvez, quando ela voltasse correndo, eu oferecesse um café e então concordaria quando ela dissesse que realmente precisasse de uma boa taça de vinho, e pegaríamos uma garrafa, pois financeiramente faz mais sentido pegar uma garrafa, e perceberíamos que não deveríamos estar bebendo de estômago vazio, e , então, abandonaríamos nossos trabalhos e compraríamos um barco e começaríamos a fazer queijo no campo.
Mas nada aconteceu.
E numa fuga da realidade onde Jason tem uma carreira frustrada e uma ex-namorada feliz que ele começa, junto de seu melhor amigo e colega de quarto Dev, uma saga para reencontrar a moça e entregar a câmera. Ao revelar o filme Jason tenta juntas as fotos pra ter alguma pista de quem é a garota ou como ele pode encontra-la novamente.

Ao longo da história novos personagens vão aparecendo como Matt, ex-aluno de Jason e a efusiva Abby, mocinha excêntrica cheia das peculiaridades que “ajuda” Jason a superar suas frustrações e problemzzzzz... Sonho com o dia que os autores vão desistir dessas garotas quase “mágicas” que surgem do nada e salvam a vida do personagem, cheias de frases de efeito e atitudes impulsivas quando elas mesmas são pessoas nada resolvidas. Sério, deixem a Summer de 500 Dias Com Ela em 500 Dias Com Ela, já deu.

O livro avança agradavelmente, daqueles que você quer deitar na rede e passar a tarde toda lendo. Seria muito bom se uma coisa não me incomodasse MUITO: a constante semelhança da narrativa e do personagem com o livro Alta Fidelidade de Nick Hornby. São tantas semelhanças que não tem como não achar que Danny Wallace se inspirou até demais no romance de Hornby. E quando eu já estava cansada das semelhanças, uma delas referente ao fim do namoro de Jason (que não da pra citar de jeito nenhum, mega spoiler) me deixou chocada. Serio Danny, também adoro Nick Hornby, mas você poderia ter feito diferente.

Na verdade, eu estava remoendo. Mas é o que os egoístas fazem. Nós nos entristecemos com o que temos e nos entristecemos com o que perdemos quando percebemos que não somos mais o centro da atenção ou apenas uma parte das coisas.
O desfecho da história é daqueles que vai dividir corações. Eu gostei bastante, achei coerente com o enredo, mas li que muita gente achou que faltou algo. Pra mim foi na medida.
O saldo final só ficou negativo por causa dessa semelhança gritante que percebi entre os dois livros. Se você nunca leu Alta Fidelidade vai adorar Charlotte Street de paixão. Se leu, com certeza científica vai encontrar as mesmas semelhanças que eu encontrei e talvez se decepcionar um pouco com o livro. Quero saber a opinião de vocês. Digam o que acharam e pra quem leu os dois livros quero saber se também encontraram as mesmas semelhanças que eu.

Boa leitura!


 
Ana Liberato