segunda-feira, 18 de abril de 2016

Resenha: "A cidade murada" (Ryan Graudin)



Não sou uma boa pessoa.
   Se precisarem de provas, mostro minha cicatriz, digo minha contagem de corpos.

Por Marianne: Depois de presenciar sua irmã mais velha Mei Yee ser vendida pelos próprios pais, Jim assume uma identidade de menino, pra sobreviver na cidade murada de Kowloon, Hak Nam, e tentar encontrar a irmã num dos muitos bordeis espalhados pela cidade.

A cidade murada é uma terra sem lei. Liderada por traficantes e donos de bordeis, onde a pobreza e o crime imperam. Para sobreviver num meio tão hostil Jim cria suas próprias regras: Não confie em ninguém, ande sempre com uma faca e corra.

Mas suas regras são quebradas e desafiadas quando Jim encontra Dai e vê no menino misterioso a oportunidade de uma aliança de interesses que pode ajuda-la a encontrar sua irmã.

Mas, assim como todas as outras varandas de todos os outros apartamentos de Hak Nam, a minha é fechada por grades. São ara manter os ladrões do lado de fora, mas, nos meus dias mais sombrios, tudo que vejo é a gaiola que me mantém preso aqui dentro.

O enigmático e entusiasmado Dai encontra em Jim o parceiro que precisava para investigar mais de perto os segredos escondidos em Hak Nam, que podem ajudá-lo a lidar melhor com alguns fantasmas do seu passado e transformar o futuro de muitos que vivem ali.

O livro é narrado em primeira pessoa e a narrativa se divide entre os três personagens principais, Mei Yee, Dai e Jim. A agonia, medo e sensação de confinamento dos personagens são compartilhados por todos, mesmo sendo Mei Yee a única a estar fisicamente confinada.

Tive alguns problemas na leitura desse livro. Comecei e não me conquistou, passou um tempo e fui ler de novo de onde tinha parado e o resultado foi confusão total. Comecei o livro todo de novo e depois de terminar consegui entender o motivo de toda minha confusão no começo da leitura. É IMPOSSÍVEL distinguir os personagens apenas pela narrativa. Várias vezes precisei voltar no começo do capítulo, onde o personagem narrador é identificado, pra saber quem estava falando. Não sei se foi problema de tradução, ou se a autora pecou mesmo na hora de moldar a personalidade de cada personagem de modo a transmitir com clareza a individualidade de cada um para o leitor.

Outra coisa que não me convenceu foram as torturas aplicadas pelos tão temidos traficantes e donos dos bordeis. Os líderes de Hak Nam, conhecidos pelo seu sangue frio, são bem mornos na hora de mostrar todo seu lado de maldade. Me deu a impressão de que a autora ficou com medo de forçar a barra na violência num livro voltado para um público mais jovem. O que acredito ser um erro.  Não subestimem seus leitores caros autores!

Temos J. K. Rowlling que começou com um livro quase infantil e que evolui pra cenas pesadíssimas no desenrolar da história (ainda infantojuvenil).

A cidade murada foi real e todos os horrores descritos existiram ali. Em uma breve nota da autora, no final do livro, conhecemos o que foi fora da ficção a cidade murada de Hak Nam. A cidade não existe mais, foi destruída e transformada em um parque.  Me lembrou muito a situação de muitas periferias que existem no Brasil, e que, diferente da cidade murada, estão bem distantes de se transformarem em parques. Descrita pela autora como uma sociedade quase distópica, essa realidade infelizmente ainda existe em muitos lugares por aqui.

Tirando os contratempos que tive com a leitura, a história é bem conduzida e tem um final aceitável. Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!


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Ana Liberato