quarta-feira, 15 de junho de 2016

Resenha: “Paixão Índia” (Javier Moro)

Tradução de: Sandra Martha Dolinsky

*Por Mary*: Arebaba! Nem sei por onde começar essa resenha!

Quando vi esse livro no catálogo da Editora Planeta, me apaixonei por todo o conjunto externo da obra e me interessei de imediato pela sinopse interessantíssima, mas quando comecei a leitura... foi amor eterno, amor verdadeiro. 
A roda do karma gira para todos
Estamos falando aqui de um livro lindíssimo por fora e raríssimo por dentro. Aliás, a Editora Planeta arrasou outra vez com sua edição cuidadosa, capa absolutamente contundente, tradução primorosa e pela escolha de publicar uma história tão arrebatadora.

Em Paixão Índia, Javier Moro conta uma história real ocorrida na primeira metade do Séc. XX, da bailarina espanhola, Anita Delgado, que se casou com um marajá indiano e se tornou a princesa de Kapurthala. O que começou como um verdadeiro conto de fadas – ou das mil e uma noites, como quiser – acabou se tornando o centro de escândalos em uma sociedade pautada no status social.

Parece história de filme: uma jovem bailarina conhece um príncipe indiano, passando a ser cortejada por ele. Este a enche de presentes caros, joias, estudos e a transforma em uma verdadeira princesa. Ao se casar com o marajá indiano, descobre que ela é sua quinta esposa – a poligamia era comum na Índia, até então. Anita exerce, no entanto, o papel de primeira esposa e tem uma vida conjugal ao modelo ocidental.

A vida no palácio, contudo, se mostra mais complicada do que parece. O choque entre ocidente e oriente é inevitável e nunca é fácil. Anita não é aceita pelas outras esposas do marajá, que fazem de tudo para boicotá-la, e nem pela aristocracia britânica, que exercia o comando máximo do país, à época. A despeito disso, com seu carisma, sua inteligência e personalidade, gerou a curiosidade dos que a criticavam e conquistou inúmeros aliados.

A pobre bailarina andaluza se tornou uma princesa indiana acostumada ao luxo, perita em elaborar grandes eventos sociais e com muitos amigos importantes em seu círculo. Ainda assim, a distância de sua família e a solidão do palácio acabam por deixá-la vulnerável. Anita permanece no lugar que considera seu por direito, até que o surgimento de um grande amor desencadeia um verdadeiro escândalo na Índia Imperial. 
Então ele também viveu seu próprio calvário de amor, descobre Anita. Ele também teve que lutar contra essa atração fatal para depois se deixar arrastar de novo, sempre um pouco mais longe, até a traição final. Ele também deve ter se encontrado em meio a um vulcão que o acabou devorando! O amor que sentem é como um veneno que foi se espalhando. A partir dessa noite, Anita sabe que não há como voltar atrás e que o destino, que a persegue com rigor, continuará empurrando-a por um caminho do qual não poderá se afastar nunca mais. Não procurou por isso? Não quis assim? Não desejou isso mais que tudo no mundo? Agora o passo está dado, e é irreversível. O amor triunfa à custa da fraqueza humana. Anita pressente que é só questão de tempo até que tudo estoure como um gigantesco fogo de artifício. Ou como uma bomba.
Tenho uma queda forte por romances históricos, vocês já devem ter percebido. De certa forma, isso torna os personagens mais palpáveis para o leitor; saber que você pode jogar aquele nome em um site de buscas e encontrar várias outras informações sobre ele.

Mas eu diria que Javier Moro conseguiu atingir um novo patamar. A sua linguagem clara, envolvente, com uma trama apaixonante e a ambientação exótica... não tem como não se apegar ao livro. O nível de aprofundamento das pesquisas que o autor fez, associado às entrevistas e o conhecimento adquirido in loco por suas viagens às cidades em que aconteceram os fatos dão um sabor totalmente irresistível à obra.

Sem dúvida, uma das características que me deixou mais encantada por Javier Moro, foi a sua habilidade de abrir um mundo completamente novo para o leitor. A sua narrativa é tão aberta, que nos faz sentir como se estivéssemos dentro do livro, vivenciando tudo aquilo com Anita Delgado. Tal qual a forte tradição historicista da cultura indiana, Javier Moro narra Paixão Índia como os feitos heroicos e aventuras amorosas que o patriarca indiano conta a seus descentes sobre os ancestrais da família. Só que com uma pitadinha de Mil e Uma Noites.

Outro detalhe que aproxima o leitor da trama, sobremaneira, são as fotos trazidas entre as páginas do livro. Nelas conhecemos o marajá, Anita, Ajit, os outros filhos do marajá e suas outras esposas. São registros de momentos importante nas vidas dos nossos protagonistas e que tornam a história mais próxima, mais possível, mais factível.

Paixão Índia não é exatamente um conto de fadas oriental, mas uma trama real, com amores arrebatadores, traições e anseio de liberdade, que aborda a atração irresistível entre ocidente e oriente; que, ao mesmo tempo, parecem impossíveis de se conciliarem. 
Não deixava de ser um paradoxo o fato de o monumento considerado, no mundo inteiro, como símbolo supremo do amor entre um homem e uma mulher ter sido concebido e executado por um homem cuja religião autorizava compartilhar o amor com várias mulheres. Mas, como Anita já sabia, o amor não conhece fronteiras, nem tabus, nem raças, nem religiões.
Então se você quer viajar para uma pequena cidade indiana cosmopolita, conhecer belos palácios indianos, viver o amor impossível de Anita Delgado e se envolver com uma trama que te atrai de todas as maneiras para suas páginas, não deixem de ler Paixão Índia!
Aliviada, a espanhola volta a olhar e então o vê, atrás da porta, olhando-a com seu eterno sorriso. O rajá estivera espiando suas reações e riu muito com a apoteótica chegada da espanhola.
- Altesse!
Anita tem vontade de jogar-se em seus braços, mas se contém. Não ouvira Mme. Dijon dizer cem vezes que a educação consiste em dominar os sentimentos e controlar as paixões – e, apoveitando, fazer o menor barulho possível? Ele parece encontrar-se na mesma situação, porque não afasta o olhar de sua amada. Devora-a com os olhos e, se pudesse, a abraçaria. Mas a Índia tornou-se puritana, e não é de bom tom mostrar os sentimentos em público.

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Ana Liberato