sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Resenha dupla: "Sobre Caçadores, Vigaristas e Banqueiros Suiços" e "O Cambista do Cais do Porto" (J.C de Toledo Hungaro)

Por Sheila: Oi pessoas! Como anda a vida? Saudades de resenha de autor nacional? Eu também! Por isso, hoje teremos uma resenha dupla: "Sobre caçadores, Vigaristas e Banqueiros Suiços" e "O Cambista do Cais do Porto", ambos escritos por J. C. de Toledo Hungaro.

Segundo o nosso querido skoob, o nosso primeiro livro pode ser apresentado desta forma:

A misteriosa Corporação de Consultores Financeiros Internacionais Interinvest, ocupa escritórios repletos de obras de arte de valor inestimável, em plena Saint James Street, na melhor fatia de Londres.
É desde aí que Frederick Von Krauz, senhor de recursos imensuráveis, recebe apenas alguns eleitos, da massa de centenas de investidores espalhados pelo mundo, para conceder a graça de aceitar os seus milhões para suas operações financeiras secretas e pouco ortodoxas, respaldadas por exclusivos bancos suiços e centenária seguradora de Hong Kong.
Mas quando um cínico e calejado consultor internacional, ateu de deuses e de homens, é contratado por uma espécie de Shogum rural moderno, para resgatar seu primogênito, vítima do traumatismo pós-golpe, aplicado por quadrilheiros transnacionais, os castelos de cartas marcadas começam a ruir.

Neste livro um antigo personagem de Toledo, Fernando de Aranjuez (protagonista de Selva! Amazônia Confidencial) retorna, mas o personagem principal é Hermann Schiller. Este, é um Alemão que abandona sua antiga vida, que incluía mulher e filhos, para tentar ascender profissionalmente no ramo bancário. Lá, infelizmente, acaba por envolver-se com Otto Kranz, uma associação que o leva a ser indiciado por diversos crimes dos quais não tomou parte, envolvendo desde tráfico até sequestros.

É então que Hermann decide se vingar, como uma forma de superar os mais de quatro anos confinado na prisão de Champ-Dollon, enquanto Otto e sua nova esposa, a ex-garota de programa Manuela Santhiago, vivem às custas de golpes e negócios escusos envolvendo o mercado financeiro internacional.

Uma coisa que chama a atenção é a originalidade do texto de Toledo Húngaro, o que faz com que seja, inclusive, difícil dizer propriamente a que gênero o mesmo pertence. Mais interessante ainda é a forma como chama a atenção para a distância sutil existente entre os negócios que são feitos na legalidade, para aqueles que são claros golpes, visto que os envolvidos as vezes são apenas experientes o suficiente para lesar, sem que se aparente que este era o objetivo desde o princípio.

Acredito que o fato de a obra ser baseada em crime financeiro real, mantendo as características e nomes do golpes, bem como as referências aos casos de domínio público, é o que fazem com que a veracidade das situações seja tão acurada. 

Chamaria a atenção apenas para alguns trechos que pareceram se estender em demasia, deixando a leitura pouco fluida, o que talvez se resolvesse caso se adotasse uma quebra diferente dos parágrafos ou, até mesmo, suprimindo algumas passagens, mas nada que comprometa a leitura.


Já no segundo livro lançado pelo autor,




O livro "O cambista do cais do porto" conta a história de um refugiado da Europa destruída ao final da Segunda Guerra Mundial, que resolve descer por alguns momentos no cais da praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, para tomar café. 

O encontro com o povo da praça, seus choferes dos "carros de aluguel", prostitutas, vendedoras e demais membros da fauna portuária, dará a ele a primeira chance de encontrar um lar. 

E conta, ainda mais, as aventuras deste homem e sua atitude incorruptível de lealdade a este povo que o acolheu e seu amor a duas mulheres excepcionais. Homens e mulheres que lançaram este sobrevivente da terceira classe do velho navio que o levaria ao porto de Montevidéu e ao seu único parente vivo, para os palácios corporativos do mundo financeiro internacional e suas armadilhas. (Skoob)





Nosso personagem é um judeu com pensamentos um tanto ateístas, o que se justifica pelos horrores que passou em um campo de concentração antes de conseguir fugir como um esqueleto ambulante, e embarcar rumo ao Novo Mundo em busca de um pouco de felicidade - ou quem sabe um pouco menos de horror e sofrimento.

Uma descida no cais da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, para apreciar um simples café, faz com que Jacobo Abrahann Marttuz se apaixone pelo lugar - e resolva ficar por ali em definitivo, ao invés de seguir em sua viagem. Ali, conhece Moise Fucks, um taxista que vai não só dividir com ele este cafe, como lhe propor um negócio irrecusável.

E é o cais do porto que Jacobo encontrará alguma riqueza, respeito, um lar e, como não poderia deixar de ser, o amor. Mas este, nem sempre é fácil de ser vivenciado, principalmente quando o coração teima em desejar estar ao lado de duas senhoras ao mesmo tempo. 

Ler os livros de Toledo é uma bela maneira de explorarmos e adentrarmos melhor no que a literatura brasileira tem a nos oferecer, dado sua singularidade e a facilidade com que consegue nos fazer criar identificações com o que há de humano em seus personagens, mesmo que estrangeiros.

Recomendo.

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Ana Liberato