segunda-feira, 2 de abril de 2018

Resenha: "O Destino de Tearling" (Erika Johansen)

Tradução: Regiane Winarski

Por Sheila: Oi pessoas! como vocês estão? Hoje encerramos mais uma trilogia. Ah! Trilogias! Como não amá-las de forma apaixonada? Como não se sentir ansioso com a espera pelas continuações? Como não morrer de frustração ao fim de algumas, ou de nostalgia ao término de outras?

A trilogia que começou com "A Rainha de Tearling" já resenhada pelo blog aqui me cativou de uma forma absoluta - o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom, por que é sempre uma satisfação para um leitor ter em mãos uma obra que realmente o empolgue, instigue, prenda a atenção.

E ruim ... bom por que ele faz parte de uma trilogia. Não há garantias de que os próximos dois livros conseguirão cumprir com o mesmo papel, e que o desfecho seja elaborado de forma a abarcar todas as dúvidas construídas e elaboradas na trama.

Felizmente, o segundo livro, "A Invasão de Tearling" já resenhado aqui conseguiu ser melhor do que o primeiro, e a trama, que era repleta de segredos - o que afinal era o Tearling, a travessia, de onde surgiu a Rainha Vermelha, ou o espectro de fogo que a acompanha - tudo isso nos é respondido no segundo livro, deixando a terceira parte a tarefa de responder a algumas poucas perguntas e, claro, resolver a trama criada ao longo dos outros dois livros.

Feita prisioneira da Rainha Vermelha, Kelsea é levada para a prisão de Mortmesne. Seu futuro não parece promissor - acorrentada, constantemente agredida, chocalhando em uma carroça, sem suas safiras. Mas, mesmo assim, Kelsea continua com o porte de uma verdadeira Rainha.

O carcereiro estava sorrindo de novo, as sobrancelhas erguidas esperando uma reação. Eu já estou morta, Kelsea lembrou a si mesma. Em teoria, ela já era uma mulher morta havia meses. Havia grande liberdade nesse pensamento, e essa liberdade permitiu que ela puxasse as pernas, como se para se encolher no canto da carroça, e, no último momento, arqueasse as costas e chutasse o carcereiro no rosto.
Ele caiu para o lado com um baque. Os cavaleiros ao redor explodiram em gargalhadas, a maioria nada gentil; Kelsea percebeu que o carcereiro não era muito popular com a infantaria, mas essa constatação não a ajudaria em nada. Ela ficou de joelhos e levou as mãos acorrentadas à frente do corpo, preparada para lutar da melhor forma possível.

Já a Rainha Vermelha precisa enfrentar a rebelião causada em seu reino, uma fissura que se tornou cada vez maior, e teve seu estopim na retirada do exército sem que seus soldados pudessem realizar os saques e pilhagens que esperavam em pagamento aos seus serviços. Quase sem aliados, com um povo altamente descontente, e com safiras que não respondem a ela, a Rainha Vermelha sabe que talvez esteja próxima do fim.  

— Nós recebemos um salário — respondeu outro homem.
— Uma verdadeira mixaria.
— É verdade — disse uma terceira voz. — Minha casa está precisando de um telhado novo. Não vou conseguir pagar com essa esmola.
—Parem de reclamar!
—Ah, e você? Você sabe por que estamos indo para casa de mãos vazias?
 —Sou um soldado. Não é meu trabalho saber das coisas.
—Eu ouvi um boato —murmurou a primeira voz em tom sombrio. —Ouvi que os generais e os coronéis preferidos deles, de Ducarte para baixo, vão receber a cota deles.
—Que cota? Não houve pilhagem!
—Eles não precisam de pilhagem. Ela vai pagar diretamente a eles, do tesouro, e deixar o resto de nós de mãos vazias!
 —Não pode ser verdade. Por que ela os pagaria por nada?
 —Quem sabe por que a Dama Escarlate faz as coisas? 

Finalmente saberemos quem é o espectro libertado por Kelsea, sua história junto aos Tear, e o por que de sua busca incessante por sangue e devastação, bem como entenderemos boa parte das motivações secretas por detrás de cada um dos personagens, mesmo do pouco acessível Clava, que foi denominado regente de Tearling na ausência de sua verdadeira rainha.

A escrita deste terceiro e último volume flui de uma maneira surpreendente, foi impossível abandonar as páginas até chegar ao desfecho. Cada final de capítulo trazia um acontecimento tão surpreendente
que eu precisava continuar lendo para saber mais, assim como Kelsea precisava continuar no passado, em "A Invasão de Tearling" o passado de Lily, e em "O Destino de Tearling" o passado de Katie.

A obra inteira é uma mistura de fantasia com a mais crua realidade, onde vamos encontrar temas como política, os limites de uma utopia, a formação de sistemas totalitários, os meios de subordinação e alienação, seja por falta de uma educação de qualidade, seja pela privação de conhecimento de um sistema religioso rígido e corrupto.

—De que adianta uma visão do passado?
—É uma boa pergunta, mas eu vejo tudo mesmo assim: quinze anos após o Desembarque, a cidade de Tear começou a apodrecer de dentro para fora. Quando disse aquilo, Kelsea percebeu que a história falhou com eles; sempre, na sala de aula de Carlin, a queda da utopia de Tear foi atribuída à morte de Jonathan Tear.
Mas tinha começado bem antes disso, todos os vícios antigos da humanidade retornando. Kelsea os sentiu mesmo em Katie, que foi criada por uma das tenentes mais antigas e de mais confiança de Tear.
Até Katie tinha dúvidas. Talvez nós não sejamos capazes de ficar satisfeitos, pensou Kelsea, e a ideia pareceu abrir um buraco dentro dela. Talvez a utopia seja inalcançável. 

Personagens fortes e marcantes, uma protagonista fora dos padrões, vilões tão carismáticos quanto os próprios protagonistas, viradas inesperadas, alianças improváveis e um final eletrizante e surpreendente. Preciso dizer mais? Se você não leu os dois primeiros livros, aventure-se. Juro que vai valer a pena.

Forte abraço e até a próxima!

comentários

  1. Namoro esta trilogia desde seu lançamento e não vejo a hora de poder ler os três livros.
    Não só por trazer fantasia, que faz parte de um gênero que amo muito,mas por trazer uam personagem que por tudo que li, foi amadurecendo a cada livro e trazendo consigo, toda uma legião de personagens fortes.

    Beijo

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Ana Liberato