sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Resenha: "A Fúria do Assassino - Saga do Assassino" (Robin Hobb)

Tradução: Orlando Moreira

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Eu confesso que ADORO chegar ao fim de uma trilogia. Meso que as vezes o fim não me agrade muito, fico com uma grande sensação de dever cumprido, tanto comigo mesma e, claro, com vocês leitores.

Você pode ler as resenhas do primeiro livro, O Aprendiz de Assassino aqui e do segundo O Assassino do Rei aqui. Como em toda resenha de livros que são continuações, é inevitável que hajam alguns spoilers a respeito dos livros anteriores então, se você ainda nãos os leu, recomendo ler somente a primeira resenha.

O final do livro dois foi de partir o coração. O Bastardo do Cavalaria morreu... só para voltar a andar entre os vivos novamente, após dividir parte de sua consciência com seu Lobo, através da manha. Mas ao final de O Assassino do Rei, já não parece restar muito de humano em Fitz.

Acusado de perpetrar a morte de seu Rei, Fitz fica escondido em uma cabana com Bronco, que começa a fazê-lo, lentamente, a retornar a sua condição de ser humano, deixando de lado sua ligação profunda com o lobo.

O quarto estava quente demais. E era demasiado pequeno. Arquejar já não me esfriava. Levantei-me da mesa e fui até o barril de água que estava no canto. Tirei a tampa e bebi longamente. O Coração da Matilha ergueu os olhos com um quase-rosnado. — Use um copo, Fitz. A água escorreu pelo meu queixo. Olhei-o com firmeza, observando-o. — Limpe a cara. — O Coração da Matilha afastou os olhos de mim, de volta às suas mãos. Tinha nelas gordura, que esfregava numas correias. Senti o cheiro. Lambi os lábios. — Estou com fome — disse-lhe. — Sente-se e termine o trabalho. Depois comeremos. Tentei me lembrar do que ele queria de mim. Ele moveu a mão na direção da mesa e eu me lembrei. Mais correias de couro na minha ponta da mesa. Voltei e me sentei na cadeira dura. — Estou com fome agora — expliquei-lhe. Ele voltou a me olhar daquela maneira que não mostrava os dentes, mas que ainda era um rosnado. O Coração da Matilha era capaz de rosnar com os olhos. Suspirei. 

Mas Fitz não quer voltar. O príncipe Majestoso, verdadeiro responsável pela morte do Rei Sagaz, saiu impune de seu parricídio ao culpá-lo. Sua vida precisa ser abandonada, pois foi acusado de magia negra antes de ser morto. Ou seja, retornar dos mortos seria justamente a confirmação de que todos precisavam de que de fato estava associado a coisas nefastas como a manha.

No reino, Majestoso ao invés de enfrentar o perigo que assola os Seis Ducados, retira-se para a terra natal de sua mãe, deixando os Ducados da região fronteiriça à sua própria sorte.  A Princesa Kettricken também fugiu para as montanhas, em sua terra natal, mas não por covardia: mas por esse ser a única forma de proteger o filho de Veracidade, próximo sucessor na linhagem e uma ameaça direta ao príncipe Majestoso.

Veracidade ainda se encontra desaparecido, em sua viagem em busca do poder dos antigos, que venham ajudá-los na grande guerra que se aproxima. Moli, o grande amor de Fitz, foi embora grávida de um filho seu, sem que o mesmo possa agora procurá-la sem pô-la em risco e ao seu filho por nascer.
— Rei Veracidade — lembrou com suavidade a Bronco. — Se estivesse aqui. — Desviou o olhar para longe. — Se fosse regressar, acho que já estaria aqui a esta altura — disse ele em voz baixa. — Mais alguns dias calmos como este e haverá Salteadores dos Navios Vermelhos em todas as baías. Já não acredito que Veracidade regresse. — Então Majestoso é verdadeiramente rei — disse Bronco com amargura. — Pelo menos até que o filho de Kettricken nasça e chegue à maioridade. E depois podemos esperar uma guerra civil se a criança tentar reivindicar a coroa. Caso ainda restem Seis Ducados para governar. Veracidade. Agora gostaria que ele não tivesse partido em busca dos Antigos. Pelo menos enquanto estivesse vivo teríamos alguma proteção contra os Salteadores. Agora, com Veracidade longe e a primavera ganhando força, não há nada entre nós e os Navios Vermelhos… 
Recobrando parte de sua humanidade, Fitz não quer mais estar preso a deveres com nenhum Rei, Ducado, amigo ou parente. Fitz quer somente uma coisa: vingança. E irá embarcar em uma grande jornada em busca de Majestoso, quem acredita ser o responsável por sua desdita, num desfecho que finalmente o fará de ser um menino, e o tornará um homem.

Mais uma vez, os livros da autora não são livros feitos para quem gosta de cenas rápidas, batalhas épicas, grandes reviravoltas. O passo utilizado para chegar-se até algumas conclusões é bem lento. Algumas das muitas críticas da autora chegam a dizer que este é um passo lento até demais.

No entanto, no fim, mas bem no fim mesmo, entendemos que cada palavra fez parte da construção dos personagens, de suas personalidades, a fim de torná-los quem são e explicar algumas passagens. Da mesma forma, a autora criou um universo muito rico, e que não se esgota nas páginas deste três volumes, tendo já escrito uma continuação para esta saga.

O final é bonito. Quase lírico. Mas não é de todo feliz, o que também é bom. Esta não é uma saga onde no final tudo da certo e todas as pessoas conseguem o que queriam e tudo fica bem. Para se alcançar determinados fins, há de se fazer enormes sacrifícios. E a recompensa não vem sem dor.

Recomendo.





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Ana Liberato