sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Resenha: “Amor próprio” (Camyla Silva)


Por Kleris: Tem um tempo que procurava uma leitura mais relax para uma temporada de ressacas e esse livro, em sua simplicidade, foi determinante para um descanso. Me chamou atenção pelo título e pelas temáticas que a sinopse entregava, embora a capa fosse um pouco contrastante (uma pessoa que demonstra uma “beleza padrão”).

A trama conta a trajetória de vida de Maria Alice, uma garota que passa pelas problemáticas da vida sempre se colocando por último ou não se sentindo suficiente, uma insegurança natural que todos temos. A sinopse apresenta a ideia de pessoas tóxicas, mas não as vi. Pessoas babacas, sim. Pessoas que tiravam proveito e iam embora, mas não seguravam a personagem em relações abusivas (talvez uma personagem, mas tenho algumas dúvidas). 
Letícia. Marisa. Papai.
Para mim, eram como personagens, criaturas distantes e fictícias das quais eu só ouvia falar. 
Sentia-me uma estranha dentro do meu próprio quarto. 
O que esperar de alguém que não te conhece e resolve comprar uma roupa pra você? Um desastre!

Vi também (muita) competição feminina e estereótipos de “vilões”, predominando bastante a ideia de maniqueísmos – ou a pessoa é muito boa, ou a pessoa é muito maldosa. O quanto tinha de pessoas ruins, tinha de pessoas boas ao redor da personagem. 
— Mas você ainda não disse, Alice, você quer ir ou não? 
E eu tinha escolha?

Levada pelas memórias de Alice, não vi um conflito claro na história, apesar das sugestões na sinopse e no próprio título. A personagem não passa a se amar pelo que é ou pelo que tem. Aliás, ela até passa por uma transformação pra se adequar a um padrão, que dizem ser o sonho dela. Ela, literalmente, ganha outra identidade. Ao meu ver, ficavam a questões: Ela queria isso? De verdade? Ou novamente atropelaram suas vontades impondo outras? E sem essa pessoa ou essa oportunidade, ela estaria satisfeita consigo mesma? Onde estavam realmente seus maiores desejos?

Me pareceu que todo o amor sempre dependia de algo ou alguém, menos dela própria, e esse amor resolvia as coisas. Em dados momentos, até lembra um pouco a história da Cinderela – a falta de um pai, duas irmãs detestáveis e um príncipe para torná-la a princesa que “nasceu pra ser”. O momento da extreme makeover, por exemplo, é uma tortura para a personagem, ela mesma não se vê ali, mas se outra pessoa diz que é bom para ela, ela aceita e acredita que aquele é o padrão para se definir. E não é essa a mensagem do amor próprio, da compaixão, empatia ou mesmo do empoderamento. 
Havia entendido a estratégia de Stela e Peter, eles tinham criado a minha identidade, eu estava feliz com o resultado; sentia-me orgulhosa. [...] Não eram apenas as mudanças na minha aparência. Meus cabelos, minhas roupas, eram diferentes, mas não só isso, eu me sentia diferente. 
— Nunca mais repete isso, Darling. Você sabe muito bem que imagem é tudo.
Revirei os olhos, sim eu sabia, tinha que me acostumar com isso.

Por outro lado, Camila tem boa escrita, que te leva fácil e te deixa curiosa pelos fatos. Tem potencial. Leria algo seu novamente. 
— Sejam quais forem suas escolhas, brilhe. Você é iluminada, menina!
Iluminada.
Nunca tinha ouvido algo assim.

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Ana Liberato