sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Resenha: "Vida Decifrada" (Jam Belfort)

[V]ocê já teve a sensação de que a vida está tentando te dizer algo?
[I]sso pode parecer estranho, mas talvez ela esteja, mesmo.
[D]igo isso porque foi esta a exata sensação que Marcos teve.
[A]pós alguns acontecimentos supostamente banais, ele percebeu que a vida tinha deixado pistas, escondidas nas coisas mais simples que lhe aconteciam.
[D]esde então, ele passou a prestar mais atenção em tudo.
[E]le, porém, não contava com um detalhezinho belo, perfeito e cativante...
[C]erta menina tinha cruzado seu caminho, e ele, claro, se perdeu um pouco.
[I]sso e o fato de sua baixa autoestima teimar em querer sabotar tudo...
[F]elizmente (ou não) ele tinha a ajuda de seu um-pouco-atrapalhado melhor amigo.
[R]esolvi contar a história dele pois ela se parece um pouco com a minha.
[A]credito que também com a sua, pois todos buscamos achar o sentido da vida.
[D]eixo uma dica, caso queira embarcar nessa jornada:
[A]bra bem seus olhos e ouvidos. 
Pode ser que tenha nas estrelas e planetas algum código secreto. Uma combinação. Um ritmo. Um senso de direção.

Por Kleris: Marcos é um jovem estudante gamado em informática e, surpreendentemente, crônicas. Ao descobrir a esteganografia, a arte de esconder mensagens em coisas banais, sua vida se abriu para novos sentidos. Correlacionar fatos e coincidências se tornou seu novo hobby, isso até as coisas fazerem sentido demais. Ele entendeu que precisava seguir as pistas, cada vez mais sutis e claras em sua cabeça.

Foi assim que, durante as férias, conheceu Simone Letícia na biblioteca do bairro. A paixonite somada a seu hobby logo virou uma bola de neve de investigações (e investidas e mentiras) para conquistar a menina. Mas brincar com sentimentos não era o mesmo que brincar com pistas. 
A gente sempre deixa pra depois.
O que será que está nos fazendo deixar pra depois? 
Não costumo também me dar bem nessas coisas de amor. Sou destro e meu coração fica do meu lado esquerdo.

É isso que nosso narrador faz questão de pontuar. Conversador todo, nos entrega também a história de Alex, melhor amigo de Marcos, que, após a perda dos pais, revisita memórias em busca de significados e novos caminhos. Apesar da tragédia, Alex nos parece ser aquele alívio cômico, mas nele encontramos os mais nobres sentimentos e a vontade de abraçá-lo toda vez que aparece. 
— Com certeza não vai faltar inspiração — respondeu, com um tom orgulhoso no olhar e na voz.
— Eu causo isso nas pessoas.
— Não, Alex. Encontrei algo interessantíssimo. 
Alex queria uma cesta para seus pensamentos, que pareciam espalhados feito suas folhas de caderno.
Tem dias que esperamos apenas por um abraço que grampeie nossas folhas soltas.

Mas em @vidadecifrada nada está ali por acaso. Permeado de símbolos, códigos e pistas escondidas, a ficção juvenil fala das conexões que fazemos – desde amigos, família e coração, a pensamentos, objetivos e desafios. Jam faz tudo ser tão quase absolutamente decifrável, o que aguça nossa percepção e nos deixa até paranoicos com tantas correlações. Tem pista espalhada até mesmo pela diagramação para os olhos mais espertos. 

 

 


meu graaande amigo, tal qual a outra obra de jambelfort:


Página 188 com indicação do CVV
(Centro de Valorização da Vida)
  
 

Que oportunidade, guri! Ainda não acredito que você não fez nada para ajudá-la! Mas te entendo. Alguns sorrisos têm a função do controle-remoto de nos pausar... 

Acho que o desânimo do rapaz me atingiu...
Limito-me a narrar que ele ainda estava deitado na cama, seguindo com os olhos um fio que tinha por rumo o teclado do computador. Ao lado, olhou o cartão de Simone. O mouse escapuliu da mesa e ficou pendurado por seu cabo, num movimento hipnotizador.

O narrador, claro, é o condutor que faz toda a diferença. Prático e não menos carismático, ele nos envolve fácil nas tramas de maneira a trabalhar a identificação, senão a empatia. Em algum momento da vida já fomos Marcos, Alex, Helena, Simone e até Ricardo. Mas Jam é o engenhoso que prende nossa atenção e faz desta uma deliciosa leitura, de infinitas sacadas e infinitas epifanias. Aliás, conversar com o autor garante sempre uma nova descoberta. 
O livro só fará sentido se lido até o final. E quando relido, feito mágica cada detalhe se iluminará. 
Talvez o segredo por trás do sabiá na lápide seja o próprio sabiá na lápide. Talvez o sentido seja as próprias coisas. Não o que elas podem nos oferecer, mas simplesmente o que elas são.

E sua ousadia ainda vai muito além quando nos deparamos com tantas homenagens maranhenses embrenhadas ao enredo. Passam por aqui João do Vale, Ferreira Gullar, Maria Firmina dos Reis, Josué Montello, Gonçalves Dias, Nauro Machado e Cecília Leite. Não deixam de aparecer outros nacionais, como Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, e além-mar, como Fernando Pessoa e Eça de Queiroz.

É por certo um livro multiliterário, pois além de misturar linguagens (romance, crônicas, poesias, java script, html, diagramas, rimas de ideias), traz aspectos transmídias, transmutando partes da narrativa para perfis do instagram como @marcronicas e @musicadomar. Tudo isso sem deixar de ser leve, interessante e genial (meu tipo de livro e com certeza um dos melhores do ano). Recomendadíssimo! 
Eram janelas criptografadas. Dois universos diferentes, sem naves intergalácticas com propulsão suficiente para uma visita pacífica. Por vezes as palavras de um soavam como agroglifos, aqueles gigantescos círculos atribuídos a alienígenas que aparecem em plantações.
Eram um mistério um para o outro.

Meu exemplar faz parte dos raros livros impressos com bordas coloridas (opções de amarelo e azul), mas você encontra tanto o livro físico quanto o digital na loja Amazon. Muito mais curiosidades você também pode ver no site www.vidadecifrada.com.br (aba de conteúdo exclusivo). A senha? Está no livro. 
O que se vê nas ruas, afinal, rostos ou máscaras? 
A vida é boa em inventar enredos, coincidências e reviravoltas. Tenho certo fascínio pelo imprevisto, pela chuva em dia de casamento, pelas coisas inexplicáveis. Deixa tudo excitante e peculiar.

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Até a próxima!

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Ana Liberato