segunda-feira, 20 de julho de 2020

Resenha: "A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" (Suzanne Collins)


Tradução de Regiane Winarski

Sinopse: É a manhã do dia da colheita que iniciará a décima edição dos Jogos Vorazes. Na Capital, o jovem de dezoito anos Coriolanus Snow se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. A outrora importante casa Snow passa por tempos difíceis e o destino dela depende da pequena chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas estudantes para conseguir mentorar o tributo vencedor. A sorte não está a favor dele. A ele foi dada a tarefa humilhante de mentorar a garota tributo do Distrito 12, o pior dos piores. Os destinos dos dois estão agora interligados – toda escolha que Coriolanus fizer pode significar sucesso ou fracasso, triunfo ou ruína. Na arena, a batalha será mortal. Fora da arena, Coriolanus começa a se apegar a já condenada garota tributo... e deverá pesar a necessidade de seguir as regras e o desejo de sobreviver custe o que custar.

Por Stephanie: Jogos Vorazes é minha trilogia/série favorita; li na época do hype e assisti a todos os filmes no cinema. Então nem preciso dizer como fiquei animadíssima e ansiosa quando soube que mais um livro dentro desse universo seria lançado. Foi quase um ano de espera e muita expectativa. Mesmo quando eu soube que o ponto de vista seria do maior vilão da trilogia, o Presidente Snow, tentei não me desanimar e confiar na capacidade e talento de Suzanne Collins. E é com muita alegria que digo que, pra mim, esse foi um dos melhores livros do ano até agora.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes nos apresenta uma Panem muito diferente da que conhecemos na trilogia original. O país ainda se encontra em condições precárias pós-guerra, tentando se reerguer. Os Jogos Vorazes estão em sua décima edição e não têm nem de longe o mesmo glamour que nos foi apresentado na 74ª edição, da qual Katniss e Peeta participaram.

É nesse cenário que encontramos Coriolanus Snow (ou “Coryo”, para os íntimos). Ele é um adolescente prestes a se formar no ensino médio, cujo maior desejo é entrar na universidade e conseguir um bom cargo para recuperar a antiga glória de sua família, que perdeu todo o dinheiro após investir em armamentos do extinto Distrito 13. A oportunidade de ser mentor dos Jogos Vorazes vem então como uma chance de alcançar esse objetivo.

Bom, você sabe o que dizem. O show só acaba quando o tordo canta.

Não vou falar muito sobre o enredo para não correr o risco de dar algum spoiler. Portanto, prefiro me aprofundar no que achei dos personagens e desenvolvimento da história. Antes de mais nada, tenha em mente que Coriolanus é uma pessoa horrível e que Suzanne sabe muito bem disso. Ainda que no começo da história ele não seja uma pessoa tão ruim assim, é possível enxergar algumas das características que conhecemos no líder de Panem da trilogia. Ditadores não nascem ditadores nem se tornam pessoas horríveis da noite pro dia, e acho que a autora soube apresentar muito bem essa evolução negativa em Snow. Não há romantização de seus pensamentos ou atitudes nem espaço para o leitor sentir empatia por ele.

A vida do protagonista se desenrola em paralelo com os acontecimentos dos Jogos, que sofrem diversas mudanças ao longo do livro (algumas delas propostas pelo próprio Snow), e eu achei muito interessante acompanhar o desenvolvimento dessa décima edição. Como já disse no início da resenha, Panem e principalmente a Capital apresentadas em ACDPEDS são bem diferentes das que já conhecemos. A sociedade é outra e lida de maneira bem diferente com os Jogos. Os tributos não são nem considerados seres humanos (assim como qualquer pessoa que venha de distrito). Ver esse contraste foi bastante chocante e me deixou muito imersa na história; eu queria entender como a mentalidade das pessoas mudou tanto, já que na trilogia os Jogos são o maior evento do ano para a Capital, que trata os tributos quase como celebridades (até vibrar com suas mortes violentas na arena).

O livro é dividido em três partes. Nas duas primeiras, há muito material sobre política e sociedade (além dos Jogos propriamente ditos), enquanto na última parte vemos as consequências dos acontecimentos e como Coriolanus lida com isso. Foi justamente nesse último terço que achei que o ritmo deu uma desacelerada e alguns acontecimentos foram meio desinteressantes.

Sobre as relações entre os personagens, gostei muito da dinâmica entre Coriolanus e Tigris. Sejanus também foi ótimo de acompanhar e Lucy Gray me encantou com sua coragem. O romance, se é que pode-se chamar assim, foi bem esquisito e, ainda que a verdadeira natureza da relação seja explicada, acho que é uma das fraquezas da obra.

Outro ponto negativo, na minha opinião, foi o epílogo. Ainda que feche bem a história e explique um pouco mais da origem de Snow, acredito que Suzanne poderia ter trabalhado de maneira diferente porque traria mais esclarecimentos. Ela deixou algumas questões em aberto que poderiam ter sido respondidas nessa parte, também.

Snow cai como a neve, sempre por cima de tudo.

Mas enfim, fora esses dois pontos, eu adorei essa leitura e recomendo muito para os fãs da trilogia que queiram conhecer mais sobre o universo de Suzanne Collins. Quem é muito apegado a Katniss e cia. pode acabar se decepcionando bastante, porque os personagens dessa obranão são nem de longe tão carismáticos quanto os das trilogia original, mas para aqueles que querem entender as origens dos Jogos e receber algumas respostas sobre questões levantadas nos livros posteriores, A Canção dos Pássaros e das Serpentes chega a ser um livro essencial, ainda que não pareça.

Até a próxima, pessoal!

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Ana Liberato