sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Resenha: "Conectadas" (Clara Alves)

Sinopse: Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais – pelo menos virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.

Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir – muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes? Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer. Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?

"Sabe quando as coisas vão virando uma bola de neve e você não tem chance de voltar atrás?"

Por Thaís Inocêncio: Tudo começa de maneira muito inocente, nada premeditada. Raíssa escolhe um avatar masculino simplesmente para fugir do machismo escancarado do mundo dos games. Um dia, porém, ela encontra Ayla perdida no jogo, pedindo ajuda e sendo ignorada, já que nenhum menino sabichão quer interromper suas jogadas para ajudar uma menina iniciante. Como Raíssa já passou por isso e conhece esse preconceito, ela se dispõe a ajudar, sem, no entanto, se despir da sua capa de personagem masculino. 

A partir desse primeiro contato no jogo, as duas estreitam relações na internet. É aí que as mentiras e confusões têm início e a sensação que temos é exatamente a da quote acima: como é que essa bola de neve vai ser desfeita? As artimanhas de Raíssa para não revelar seu verdadeiro "eu" à Ayla são tão bem construídas que ficamos com a impressão de que, a qualquer momento, ela será engolida pelas próprias mentiras e não conseguirá mais se safar. 

Essa maneira de amarrar a história de modo que as coisas não fiquem muito óbvias ou com pontas soltas foi uma das coisas de que mais gostei no livro. A autora consegue nos convencer tanto de que Ayla realmente nem desconfia que Raíssa é uma menina quanto de que Raíssa tem motivos reais para continuar se escondendo por trás de um avatar masculino. Isso faz com que a gente não julgue (muito) as atitudes de Raíssa, mas a compreenda. Afinal, revelar-se para Ayla é também revelar-se para o mundo, não só o dos games, e é preciso muita coragem pra fazer isso. 

"Eu não estava pronta para admitir ao mundo que gostava de meninas."

Essa história vai muito além de um romance clichê entre duas meninas gamers; ela fala de descobertas, inseguranças, autoconhecimento, amor próprio, amizades e questões familiares. Imagino que quem faz parte da comunidade LGBTQIA+ se identifique com muitos dos caminhos e obstáculos que os personagens percorrem e enfrentam nesse livro, e o melhor é que ele mostra que, no fim, tudo vale a pena. Amei toda a representatividade presente nessa obra e espero que isso seja cada vez mais comum na literatura e na vida. 

Desejo que essa leitura aquela o coração de vocês como fez com o meu. Até a próxima, pessoal!

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Ana Liberato