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segunda-feira, 25 de março de 2019

Resenha: “Dose de Quinta - O livro” (Bruno Magno)

Por Kleris: Adoro um livro de crônicas quando tô bloqueada nas leituras – crônicas salvam vidas, gente! Dose de Quinta estava na estante tem um tempão tempinho, e se você também é de vibes, vai entender o que é esperar pelo momento certo. Coloquei o DQ num desafio de leitura (você pode conferir aqui) e foi de um respiro muito bom. 
Sabe quando um cientista erra uma das substâncias e acaba criando algo mágico? Às vezes o nosso maior acerto é apenas errar na hora certa.

Pra quem não conhece, o Dose de Quinta começou como blog, com grande atuação no instagram. A ideia era de postar “textos de quinta” e todas as quintas-feiras – coisa que rola até hoje (acompanhe  aqui). O Bruno é de São Luís, minha cidade, e atua em diversos projetos culturais. Acredito que seu livro é um dos mais conhecidos por aqui. 
Foi, então, que eu entreguei você a Deus, para, finalmente, conseguir lhe dizer adeus. 
Você simplesmente coleciona os momentos bons e volta e meia os revive em segredo, porque eles realmente valeram a pena.



Com textos nada pretensiosos, mas nem por todo de “quinta categoria”, o livro é o que nasceu pra ser – falar com simplicidade de como a banda toca quando se trata de amor. Temos desabafos honestos, melindres, idealizações e “fics” que acometem os apaixonados – ou os românticos, como diz. O ar, como fica sugerido pela ideia do DQ, é de tomar doses de amor. 




Escrever para você esse adeus, me fez entender que existe um espaço reservado no peito, só para guardar as relíquias. 
Dar gelo para provocar saudades pode parecer tentador, mas é assinar um atestado de óbito. Esse coração é um verão jamais visto, pede calor e jamais, frio. 
Estou precisando de alguém que me convença a banhar na chuva, e a não pensar que isso pode me render uma boa gripe no dia seguinte.

São pouco mais de 50 crônicas, textos bem rapidinhos, todos em diferentes fases de relacionamentos, tal qual a gente se encontra no mundo – todo mundo no seu tempo, no seu espaço, sem que ninguém precise estar em sintonia. 
Não sei se digo que te amo agora ou espero mais um pouco. É muito cedo pra dizer isso? Há tempo certo? [...] Talvez, o mais importante seja viver e não descobrir. 
Servi para você se sentir servido, mas só isso pra mim não serve.

Tem hora que parece que estamos em diversas cabeças, como quando a gente assiste variadas séries duma vez e acompanha o desenrolar daqueles relacionamentos todos. A propósito, acho que encontrei cartas da Robin e do Ted de How I Met Your Mother haha 
A verdade é que você não é obrigado a encontrar ninguém, assim como ninguém é obrigado a encontrar você. 
Você apoderou o amor, colocando-o num arquétipo que não lhe cabe. Laços líquidos e nós frouxos amarram essa fantasia de que você está amando (ou é amado). 
Saudade é como fermento. 
É estranho olhar distante quem já foi de dentro. E mais estranho ainda é saber que somos estranhos, mesmo nos conhecendo tanto.

Vontade também não me faltou de chegar em algumas pessoinhas e dizer um “lerigou, my friend” ou um “que tal conversar isso com uma terapeuta e investigar essas sabotagens todas? Vai ser ótimo!” – mas é aquele lance: a gente respeita o que o outro tá sentindo. Daí rola uns textos bem autoconsciência que dão uma folga dos “muito idealizadores”. 
Mas só insista em derreter um coração gelado se a sua intenção é mantê-lo aquecido. 
Você merece muito mais. E eu vou continuar aqui, amando-a mais do que você se ama. Esperando, enfim, o dia em que vai parar de querer o que já tem e vai desejar o que já possui.

Magno traz uma escrita de quem está se lançando, tateando as palavras, descobrindo seu ritmo. Então você pode encontrar uns textos um pouco incertos, mais crus, que, na real, é a intenção do livro.

O livro é totalmente independente – sem intervenção de editora – e nem por isso deixa a desejar na edição, que, aliás, é linda, toda trabalhada na ideia de um bar, onde você vai, senta e toma. Melhor menu/índice de pedidos. Ao fim, Magno deixa a sugestão de que vai ter outro livríneo. Será?



Aos traços de poesia, jogos de palavras, drops de respiro e pequenas doses, dá pra ler num sopro, dá pra ler em doses homeopáticas. É ideal para você que busca algo breve e leve, suave na nave. Só garanta suas bandeirinhas pra marcar as páginas, porque livro de crônicas não é livro de crônicas sem você guardar umas palavras pra vida. 


O que eu não digo é mais forte do que qualquer palavra. [...] Eu escrevo pra que você sorria, pra que você chore, pra que você sinta que as mesmas palavras que podem ferir, também podem curar. Eu escrevo pra que você leia sobre amor, pra que você sinta e se lembre do que passou.

Não sei como o livro está de tiragem, mas se você tiver interesse pode contatar o Bruno lá no @dosedequinta. Deixo aqui meu recomendo :) 
É que nós fazemos planos. E, na maioria das vezes, eles dão errados.

Até a próxima!

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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Resenha: "Amores eternos de um dia" (Michele Contel)


Sinopse: Você sabe identificar os diversos tipos de boy lixo? E como lidar com eles? Existe reciprocidade no mundo virtual? E como fica o amor em tempos de likes?
Em Amores eternos de um dia, jogando a real sobre aplicativos e relacionamentos efêmeros, primeiro livro da jornalista Michele Contel.

São abordados os mais diversos temas atuais em relação aos relacionamentos virtuais, em como a tecnologia revolucionou e aproximou pessoas de diferentes regiões e até países apenas com um clique. Da mesma forma que isso possibilita uma imensa interação com qualquer pessoa  usuária de aplicativos sociais,isso também interfere na durabilidade dos relacionamentos amorosos.

Onde o "romance casual" prevalece e,a possibilidade de um relacionamento amoroso recíproco é quase inexistente. Michele Contel abre o coração nesse livro que retrata de forma franca e sutil o amor na realidade virtual em que vivemos hoje.

Por Estéfani Mates: Oi gente! Estreando por aqui, venho trazer a vocês a resenha desse livro cativante, que fala sobre as relações no mundo moderno. O livro Amores eternos de um dia traz que, atualmente, com os variados aplicativos de redes sociais, as relações foram se tornando efêmeras e sem muita profundidade. 

De ambos os lados os chamados "joguinhos", têm ganhado espaço onde quem demonstrar menos interesse na relação vence. Pois, muitos acreditam que estes aplicativos possibilitam encontrar várias pessoas e se, não der certo terá mais opções de conhecer a "pessoa certa ". 


A  autora Michele Contel também irá falar sobre muitas experiências suas e de algumas amigas que já vivenciaram as desventuras em busca do amor nas redes sociais, e em como isso também às fizeram ter experiências maravilhosas e inspiradoras ao longo dos anos. 

Como tudo na vida, muito pode ser levado como aprendizado, e isto não significa que você está errado por se permitir aproveitar o momento e usufruir da tecnologia a seu favor, conhecer pessoas, lugares e culturas novas ou até mesmo não estar afim dessa interação virtual, por achar que não é a melhor maneira de começar um relacionamento sério.

Na realidade, Michele nos fará perceber que neste quesito,  é tudo uma questão de opinião e bom senso. E toda interatividade é bem vinda, se usada com o intuito de promover bem estar seja em nossas relações de amizade,amorosas e familiares. 

Acredito que o propósito do livro é provar que nem tudo precisa ser efêmero, passageiro, nem tudo na internet e nos aplicativos das redes sociais tem malefícios e que, podemos sim, tirar ótimas experiências no convívio social virtual levando-as para a vida real. Recomendo!



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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Resenha: “Dom Casmurro” (Machado de Assis)



Por Kleris: Tudo começou com um meme (disponível no fim deste post). Quer dizer, no ano passado, durante a época da votação do cronograma de leitura do Clube que participo, uma amiga fez campanha para Dom Casmurro (e o resultado acabou por ser A hora da estrela). Daí recentemente, numa conversa com leitores, reavivou-se um meme literário que sugeria mais que um bromance entre Bentinho e Escobar. Encucada com umas impressões mais, resolvi tirar a prova – reli Dom Casmurro.

Pra quem ainda tá por fora desse clássico nacional, te deixo a par da trama: Bento Santiago é um cara solitário que então conta sua história de vida. O cara é tão fechado em si que um moço do bairro o apelidou de “Dom Casmurro”. Mas nem sempre ele foi assim. Ele era alegre, espevitado e tinha uma paixão desde menino que passou por muitos percalços porque a mãe fez uma promessa para que ele fosse padre. É no seminário onde se prepararia para a batina que conheceu Escobar. Ambos conseguem se safar do destino religioso.

Bento casa com Capitu, Escobar com Sancha, melhor amiga de Capitu. Aí que eles viram amigos inseparáveis. Tem seus filhos e se aproximam ainda mais. Um dia, Bento diz que percebe que Sancha deu em cima dele. Logo, traços de seu filho começam a ficar muito parecidos com de Escobar. Os ciúmes que Bento tinha entram em ebulição e paranoia. Sobram por fim só suas tormentas e dúvidas, estas que lhe afetaram sua vida e devem justificar a alcunha de “Casmurro”.

Minha primeira leitura foi há pouco mais de 5 anos, na faculdade, muito guiada pela pergunta clássica – a suposta traição de Capitu. Desta vez, preferi deixar isso de lado e só segui com as impressões. Interessante é que havia notinhas minhas da leitura anterior no meu exemplar e isso ajudou bastante na hora confrontá-las. Considerei, claro, a época de publicação de Machado. Não tem como fugir do realismo do autor. Aliás, o texto revela que tem coisinhas que até Machado deixou passar, porque sua época de vivência tinha uma compreensão bem limitada (machista e patriarcal).

Dom Casmurro é um excelente livro – mas com um século de interpretações questionáveis. A premissa que todos conhecemos (e nos foi repassada por gerações) é sobre uma dúvida quanto a uma suposta traição, e não sobre um cara amargurado falando de seu objeto de afeição que não atendeu suas expectativas (que é o que me parece ser). E, traindo ou não traindo, Capitu é crucificada – dissimulada em seus “olhos oblíquos e de ressaca”. Não há vez para a mocinha. Mas e Bentinho? Alguém alguma vez questiona Bentinho?

Bento é um exímio narrador, isso é inegável. Te enrola tão bem que é fácil cair em sua paranoia. Isso se você estiver procurando respostas pra pergunta que acompanha a reputação deste livro. Mas se você para pra “ouvir” Bentinho, pensa na sua mágoa, e como pessoas se comportam quando assim estão, isso muda o quadro geral. 
Ficando só, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. Já conheceis as minhas fantasias. Contei-vos a da visita imperial; disse-vos a desta casa de Engenho Novo, reproduzindo a de Matacavalos... A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida [...]

Fato é que somos levados a cair no papo de um desvairado (ele vê o que quer ver), o que nos leva a mais um caso de romantização de abuso. Isso se prova pelo fato de que não haveria história se fosse o inverso. 

O personagem de José Dias também contribui muito para essa percepção torpe de Bento. Quase um tutor ao garoto/homem, o agregado não era das pessoas mais recomendadas para cuidar de Bentinho. Ele mesmo tinha umas rixas com o pai de Capitu, o Pádua. Há quem diga que isso não passava das denúncias sobre os comportamentos questionáveis da sociedade e toda uma hipocrisia, mas aqui vou além. O cara era abusivo, do tipo narcisista mesmo. Plantava a discórdia e saía correndo. Era o perfeito embuste.  
— [...] Não digo isto por ódio, nem porque ele fale mal de mim e se ria, como se riu, há dias, dos meus sapatos acalcanhados...
— Perdão – interrompi suspendendo o passo –; nunca ouvi que falasse mal do senhor; pelo contrário, um dia, não há muito tempo, disse ele a um sujeito, em minha presença, que o senhor era “um homem de capacidade e sabia falar como um deputado nas câmaras”.
José Dias sorriu deliciosamente, mas fez um esforço grande e fechou outra vez o rosto; depois replicou:
— Não lhe agradeço nada. Outros, de melhor sangue, me têm feito o favor de juízos altos. E nada disso impede que ele seja o que lhe digo.

Capitu me parece apenas uma personagem imperfeita, que tem sua personalidade, mas sem malícias, sem interesses de intrigas. Ela merecia mais. Escobar era outro que merecia mais também. Tinha ele mais respeito pelo bromance que Bentinho nem um dia podia imaginar. Acho que as consequentes críticas do livro preferiram rotular isso como mera “ambivalência psicológica”. E acho que Bento (ou Machado) que não entendeu sobre certas investidas. 
Capitu era Capitu, isto é, uma criatura muito particular, mais mulher do que eu era homem. 
Como era possível que Capitu se governasse tão facilmente e eu não? 
Um amigo supria assim um defunto, e tal amigo que durante cerca de cinco minutos esteve com a minha mão entre as suas, como se não visse desde longos meses.
— Você janta comigo, Escobar?
— Vim para isto mesmo. 
Escobar apertou-me a mão às escondidas, com tal força que ainda me doem os dedos. É ilusão, decerto, se não é efeito das longas que tenho estado a escrever sem parar.

Isso tudo, no entanto, nada fere o mérito de Machado de Assis. Ele foi brilhante. O modo como conduziu e fez muitos caírem na história de Bento, como reproduziu nas linhas a revolta, a amargura, a obsessão de um sujeito comum, assim como seu apego às memórias e às idealizações... Acho que é porque é tão natural confiarmos e torcermos pelo narrador.

O fato de Machado jogar a bola pra gente, de fazer a interpretação do caso, também é impressionante. Mas às vezes não deixo de pensar que pintam o autor mais do que ele foi... Nesse caso, tenho que ler outros de seus trabalhos para averiguar melhor isso. Quem sabe? 
É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim, preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

Há ainda muitas referências universais da época. Indico que você tenha um exemplar com notas de rodapé e textos extras para te auxiliar um pouco na compreensão da época – cotidiano, hábitos, expressões. A edição da L&PM, de 2008, tem todo um aparato.

Dom Casmurro é assim um livro sobre um cara que não sabe perder, culpa tudo e todos ao redor e tampouco é humilde de assumir o que fizera. É a típica pessoa que coloca no outro uma responsabilidade absurda por tudo o que faz. Queria uma felicidade que só competia a ele ser feliz, queria um casamento que seguisse seus preceitos. É sobre alguém que não aprendeu a dar espaço, nem a respeitar a mulher, e preferiu seguir uma vida amargurada. Suas lembranças, claro, são bem seletivas em demonstrar o “pior” do outro, mas esquece (sempre) de olhar para si. Reconsiderem isso numa próxima leitura ;)

Fiquei puto porque não consegui controlar o seu pensamento
Mas amei você, amei você, mas amei você
Mas amei você, amei você, mas amei você
Pode agradecer



Até a próxima!

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sexta-feira, 27 de abril de 2018

Resenha: “Por Onde Andam As Pessoas Interessantes?” (Daniel Bovolento)


Por Kleris: Fiz o caminho inverso – li primeiro Depois do Fim (reveja resenha aqui) – o que se revelou uma experiência interessante, ver o Dan mais “novinho”, mais incerto, à procura do tom ou do caminho a seguir, mas já mostrando de cara seu ouro: a escrita

Despretensiosa, fui saboreando-a devagar no dia a dia – aliás, vou sentir falta da acolhida após minhas caminhadas – de maneira seus pequenos textos foram trabalhando diversas de minhas acepções. Acho que é esse o ritmo natural das crônicas na rotina: um dia de cada vez, alguns textos por vez, uma boa companhia para pausar um pouquinho e ir além da realidade sem sair totalmente dela. 

Prepare os marcadores adesivados (de novo) – você vai precisar de muitos deles.
Se você reparar bem nas ruas, em toda multidão, os rostos que você não conhece, um dia, poderão fazer parte do seu mundo. São todos estranhos procurando uma chance pra deixarem de ser, pra tomarem função e papel na vida de alguém, às vezes até na própria. [...] Nós, os estranhos, só queremos deixar esse vício de anda-pra-lá-anda-pra-cá, para finalmente conhecer alguém que nos dê nome.


Fora de um roteiro manjado, as 45 crônicas traçam umas perfeitas histórias imperfeitas. São relatos, intervalos, fluxos de pensamentos, confissões, conversas... Vários deles carregados de platonismos, autossabotagens diárias, algumas bads, e, sim, aprendizados. Diria que o livro não se pauta tanto pelo cotidiano, mas pela zona de conforto. Na verdade, uma busca de conexões frente à nossa zona de conforto. É nessa forte resistência ou mesmo na falta dessa desejada ligação, que muitas vezes deixamos o imaginário tomar conta, seja para o bem, seja para o mal. 

[...] só porque acontece dentro da sua cabeça, quer dizer que não seja real? É real pra burro. Você já sentiu isso. E, se não sentiu, paciência. É só questão de tempo. 

A gente acaba se prendendo tanto ao que poderia ter acontecido, que arrasta uma culpa imaginária a toa. E se culpar pelo que não pode ser desfeito é um daqueles errinhos bobos que fazem da gente um pouco infeliz num mundo em que a vida já não está fácil.


O livro segue um caminho natural de fases. Estações conhecidas, agasalhos emocionais, relutâncias (in)voluntárias, que, apesar de nos fazer sentir gente como a gente, estão ali para contribuir para nosso despertar. Nesse processo, assim como a vida, Dan nos dá e nos toma “pessoas”. Da fantasia ao primeiro passo de sair dessa zona confortável – mas já não tão agradável – é que vivemos as possibilidades e nos medimos pelas expectativas. 
A gente sempre abafa o que tenta incomodar a apatia com algum som familiar, com alguma memória preenchida ou com a desculpa de que a gente tá sempre ocupado e não pode prestar atenção. Eu, assim como um monte de gente, não quero sair da inércia, não quero sair daquele limbo sentimental, a menos que alguém me puxe. 
E, de repente, é um fracasso. A gente não entende. Por quê? Tava tudo tão certo, tudo tão exato, a fórmula era aquela, o espetáculo parecia tão atraente no folhetim e fuén. 
No fim do dia, sabe quando você chega em casa, tira os sapatos, bebe um cappuccino quente e sente o corpo todo esquentar? Sou essa sua sensação.

Dose a dose, entre ideais, tantas buscas e esperanças, Dan tem uma escrita sincera que te agarra de pronto. Vai falar daquilo que a gente não admite, daqueles conflitos que a gente tenta se sobrepor, do apego que nos bagunça, de como a gente insiste em agradar pessoas antes de nós mesmos, e dá lição, a sua maneira, como sobre ser inteiro e não metade. A sensação mesmo é de “se dar conta”. É uma leitura que sugere olhar pra si, mesmo depois de olhar pro outro, e se questionar se é ou não pra ser, em um exercício de autoconsciência. Exercício esse que lembra um pouco de Do que eu falo quando falo de corrida (aqui), do Murakami. 
Você nunca quer se molhar; quer sempre se sentir seguro, quer pintar e bordar nessa figura íntegra e imponente de quem não sente nada e tá tudo bem. Tá tudo bem? Tá nada, não adianta mentir pra mim [...] 
A gente é o corredor, não a sala. É a maçaneta ou o corrimão. Somos caminho, nunca o destino final. Tem gente que pira quando percebe isso, porque, ao contrário do que o outro sente, talvez a gente veja nele uma droga de uma porta, um caminho final, uma faixa de chegada. E as expectativas não batem.

Embora muito se queira, também muito nos contentamos, muito tentamos fazer algo dar certo ou fazer algo acontecer sem, na real, pensar sobre o esforço necessário – e um esforço de duas vias. Nesse sentido, alguns textos já se aproximavam do limbo de Depois do Fim, fazendo de Por Onde Andam As Pessoas Interessantes? uma grande e excelente introdução. 
Uma das manias mais dolorosas que a gente tem é de sempre renunciar a uma história inteira por conta da forma como ela acaba. 
Percebi que amor nenhum dá certo quando a gente precisa se esforçar pra fazer acontecer a mágica. 
Só com o tornozelo torcido, na última consequência do acontecido, foi que percebi o que estava na minha cara. Que não adianta insistir quando a forma não cabe na gente. Às vezes até cabe, mas depois de um tempo incomoda.

Recomendadísssssimo! Leitura para revisitar sempre :) Apesar dos comentários sobre a capa do livro ter traços “infantis”, gosto dela. Gosto por inteiro da edição. Já mal posso esperar pelo terceiro livro – em processo de publicação.

Abaixo, a playlist que ambienta todo o livro <3 
Mais importante que isso tudo: que você exista. E que não demore tanto pra chegar à minha vida. 
E aí que mora o problema: quando eu percebo. Depois que a gente percebe, não dá mais pra ignorar, e começa a acontecer de a gente perceber mais ainda.




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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Vale a Pena Ler de Novo: “Depois do Fim” (Daniel Bovolento)

Neste mês de Janeiro estamos em recesso, mas preparamos para você, caro leitor, uma seleção com nossas resenhas mais acessadas de 2017.
Enquanto isso, prepare-se para todas os lançamentos e novidades de 2018.

Por Kleris: Sabe aquela expressão de pegar os limões que recebe da vida e fazer uma limonada? É o que Daniel entrega nos 50 textos de Depois do Fim, um livro de crônicas sobre aquele momento difícil de toda relação: o adeus, o fim, o tempo e processo de cura de um coração. E é na rotina – ou quebra de rotina – que tudo se evidencia. 
Você sempre acha que essas coisas nunca vão acontecer com você. 
Quando você achava que nunca aconteceria nada disso com você, quando o fim era uma perspectiva tão imprevisível quanto o início, você acaba tendo uma única certeza: ele ainda está dentro de você. E seu maior problema agora, mais do que qualquer outro, é descobrir como tirá-lo daí. 
As coisas nunca acabam pontualmente. Não existe um determinado dia em que você olha pro calendário, confere as horas no relógio, vira pra alguém e diz: eu não te amo mais. As coisas se arrastam por momentos em que a gente vai identificando o desgaste.

Amores, desamores, luto, apoio e superação são temáticas que constituem o livro, marcado por doses generosas de poesia e empatia. É assim que Daniel nos faz encarar vários estágios do fim. Ele costura historietas, conversações, fluxos de pensamento. Recortes da vida, filmes que transitam no nosso imaginário. Todos permeados de dúvidas, zigue-zagues da consciência e, apesar do que sugere, nem sempre está acompanhado de uma densa nuvem de fossa depressiva. 
Como é que a gente explica prum cachorro que você não iria voltar? Não sei, não consegui explicar nem pra mim. 
Tô te implorando lentamente pra dizer alguma coisa que me pare enquanto eu declaro que tô desistindo de você. Tô levando na mala só o que é meu, e deixo o que era nosso pra você fazer fogueira do passado. [...] Diz e me impede, de uma vez, de desistir de você. 
Cê acha que isso aqui vai demorar muito? Não o filme, mas a gente. Isso aqui que a gente tem e que um dia passa.Acho que sim, acho que não. Não sei. Tempo é relativo. Pra você pode ter sido um ano, pra mim pode ter sido uma vida. A gente nunca sabe quanto tempo o outro vai morar na gente depois da despedida.

Mesmo as experiências mais dolorosas tem sua importância, e não adianta fugir delas. É preciso senti-las em toda sua profundidade – para que passem. Porque uma hora passa. 
“Com Bovolento, mergulhamos na dor e na beleza do encerramento de uma história de amor. E com ele damos a volta completa para finalmente entender que só pode haver vida se houver morte”. – Milly Lacombe, escritora e jornalista (texto de contracapa)

Daniel também traz luz para diversas impressões de relacionamentos que não fazem mais sentido em nossa realidade, como o fato de uma pessoa sentir que deve consertar a outra (não!), que quem sempre termina é o vilão da história (não!), sem falar das expectativas irreais e demais idealizações que produzem aquele choque negativo com a realidade. Nesse sentido, ao retratar as relações, com visões de dentro e de fora, Daniel se mostra muito “pé no chão”. E ainda oferece um ombro amigo. 
E a gente se força a achar que o outro pode ser consertado, mesmo sendo evidentes as rachaduras, suas infiltrações e alguns parafusos meio frouxos que ficam bem na cara. 
Olhamos todos o lado do mocinho depressivo que ficou lamentando por muito tempo a ida da mulher da sua vida, como se ela não tivesse também o direito de ir em busca do homem da vida dela. 
Mais do que isso, tentam me dizer que eu vou nunca conseguir ser feliz sozinha, que não fui feita para ser sozinha. Discordo.

Há crônicas para arranhar, para amainar, para rasgar, para descansar, para rir (de nervoso até); não é uma leitura tão fácil. Apesar de toda poesia em volta, o livro pede (e entende que é preciso) muita calma de seu leitor, assim como o leitor pede calma em favor de seus sentimentos. Isto porque a gente abre sabendo que vai topar com inúmeros gatilhos. Mas vale abrir um a um, respeitando, claro, nosso tempo de cura. Volte sempre que puder. Ao fim você vai se sentir melhor. 
Será que um dia eu voltarei a ser o mesmo? Digo, o cara que era antes de você, sabe? 
Vão bater na tua porta, vão te ligar aos montes, vão ter dó de te deixar sozinho. Vão espantar o escuro, vão decretar estado de alerta e euforia, vão te marcar nas coisas mais engraçadas da internet. Vão descarregar caminhões de felicidade empacotada na tua casa, vão te apresentar amigos e mais amigos, vão comprar passagens de avião pra Indonésia de presente. Vão mover mundos e fundos para que você fique bem. Mas você não reage aos estímulos.

Aliás, com tantas bandeirinhas (marcadores) adesivados no livro, você vai querer voltar sempre sim. Porque Daniel escreve de maneira a nos fazer entender os mais indecifráveis sentimentos. Sério, dá vontade de marcar o livro inteiro, parágrafo a parágrafo. Prepare sua cartelinha, você vai precisar.



De plus, temos um projeto gráfico maravilhoso da Planeta. Trechos (“fotografáveis”) se encontram dispostos como entrada das crônicas e o conjunto de recursos das páginas, pretos, cinzas, amareladas, dão o toque final. Os textos são mega curtos, mas de grande peso. Cercados de um repertório musical pra te colocar e te tirar da fossa, a leitura mostra que não há experiência sem aprendizado.  

Ademais, em diversos momentos, lembrei do livro Que Ninguém Nos Ouça (aqui), pela vibe de lavar a alma, e dos livros da Brené Brown (aqui), quando se fala sobre vínculos, (auto)aceitação e processo de volta por cima. Estar em um relacionamento poder ser muito V1D4 L0K4, mas, no fim das contas, estamos aqui para nos relacionar, cada qual em sua própria jornada. 
Você pode não ter se candidatado à jornada do herói, mas, no instante em que caiu, quebrou a cara, sofreu uma decepção, meteu os pés pelas mãos ou ficou de coração partido, ela começou. Não importa se estamos prontos para uma aventura emocional – as mágoas acontecem. E ninguém está livre delas. Sem exceção. A única decisão que podemos tomar é sobre o papel que vamos desempenhar na própria vida: queremos escrever nossa história ou queremos entregar esse poder a outra pessoa? Mais Forte do Que Nunca – Brené Brown

Depois do Fim é aquele livro que te dá tapinhas no ombro a cada revolver de sentimentos. Espera contigo (vide imagem abaixo). Arde, mas também sabe deixar o coração quentinho como um episódio maravilhoso de Gilmore Girls com junky food. É um mergulho profundo (e às vezes necessário) naquela maratona binge da netflix. Você sai cansado, mas realizado. Pronto pra outra. 
De vez em quando, seremos essas pessoas que deixam pessoas ótimas irem embora porque alguém feriu a gente. Porque alguém quebrou a gente um tempo atrás. Não é culpa de ninguém, só não era o tempo certo, só não estávamos curados.

Fonte de imagem: @_poematizar

A playlist do livro

 

Eu ainda adicionaria as lentas de Alexz Johnson e de Boy (duo) de doida mesmo.
Pois é, deixe uma leitora aloprar...

Até a próxima!

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

[Novidades] V Planeta de Leitores @PlanetaLivrosBR com @danielbovolento e convidados

Alô, Maranhão!



A segunda temporada do Planeta de Leitores MA está chegando! Neste novo encontro, vamos conhecer o autor Daniel Bovolento e seu último livro Depois do Fim.   

Um publicitário que fala mais sobre amor do que outros assuntos, Daniel Bovolento é criador do blog Entre Todas as Coisas, e usa o espaço para escrever crônicas e artigos sobre comportamento e relacionamentos. O escritor se define como um "jornalista de comportamento em de bar" e usa e abusa das crônicas nos livros Por Onde Andam as Pessoas Interessantes, lançado em 2015, e Depois do Fim, lançado em 2016. Também atua como colunista dos sites Casal Sem VergonhaÁrea H e outros grandes portais de comportamento, onde, entre ensaios, crônicas e vídeos, fala sobre o que chama de “o fantástico mundo dos seres humanos".


No encontrão, vamos bater um papo com o Daniel sobre sua última obra, Depois do Fim, uma coletânea de crônicas sobre quem acabou de perder um grande amor e toda a bagagem que o momento nos faz carregar: o adeus, o fim, o tempo, e o processo de cura. Veja resenha do livro aqui.

E, ah, tem mais convidados para fazer deste encontro muito mais especial!

Vem conhecer!

 Bruno Magno

Ludovicense, criador do blog Dose de Quinta, que deu origem ao livro de mesmo nome. Aproveitou a ondas da mídia digital para criar o blog que, em forma de textos curtos e inteligentes, é extremamente específico pra falar sobre uma só temática, sob diversas tramas e formas: o amor.
 
Vanessa Cristina


Clubista no Clube do Livro Maranhão, 26 anos, formada em Letras pela UEMA e Mestranda em Teoria Literária pela mesma instituição. Professora de Linguagens, também é colunista no site Sobre O Tatame, e tenta manter dois blogs – um de sentimentalidades (Paro e Me Pergunto) e outro de resenhas literárias (Book Is The New Coffee).


V Planeta de Leitores MA com Daniel Bovolento
Depois do Fim e Sessão de Autógrafos
Dia: 29/jul
Local: Mezanino da Livraria Leitura – São Luís Shopping
Horário: 15h às 18h - Entrada Franca.


PROGRAMAÇÃO DO EVENTO:
14h30 Credenciamento do Evento
15h00 Início do Planeta de Leitores
16h30 Sessão de Autógrafos com Daniel Bovolento

AVISOS

– A partir das 14h30min, a equipe do Clube do Livro MA estará realizando o credenciamento das pessoas (nome e e-mail) e recebendo perguntas por escrito – o leitor também pode fazer perguntas no microfone, na hora. Essas questões podem ser repassadas à equipe antes ou durante o encontro; serão direcionadas ao escritor convidado após o debate. Pedimos que as perguntas sejam diretas e, se escritas, que no papel conste identificação do(a) seu(sua) criador(a).
– Todos os participantes do evento poderão ter seus exemplares (“Depois do Fim” e "Por onde Andam As Pessoas Interessantes?") autografados e tirar duas fotos com o escritor. Todas as fotos com o escritor serão tiradas pela equipe do Clube do Livro MA e compartilhadas no álbum V Planeta de Leitores MA, que será criado na nossa página do Facebook. Isso facilitará a organização da fila para os autógrafos. Por favor, não tente burlar isso! Não seja desrespeitoso com o convidado, com a organização ou com quem está na fila. A nossa equipe está preparada para realizar intervenções.
– Somente APÓS a sessão de autógrafos que o público pode tirar fotos e/ou gravar vídeos com celulares pessoais, com consentimento do autor.
– Evento gratuito com cadeiras limitadas.
– Os leitores podem antecipar perguntas, enviando-as pelos nossos perfis das redes sociais (por DM, inbox, reply, comentários). 


Marque presença aqui no link do evento 
e não deixe de convidar amigos leitores para este encontrão!


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Ana Liberato