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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Resenha: "Gay de Família" (Felipe Fagundes)


Sinopse: Diego espera tudo de ruim dos próprios parentes, mas tudo mesmo. Que o pai tenha uma segunda família. Que a mãe comande um esquema de tráfico humano. Que o irmão lave dinheiro. Por serem versados em todos os crimes do manual da família tóxica, Diego decidiu ser gay bem longe deles. E tudo vai muitíssimo bem, obrigado.

Porém, às vésperas de uma viagem aguardadíssima com amigos, seu irmão aparece implorando por um favor: que Diego seja babá dos três sobrinhos por um final de semana, crianças com as quais ele nunca conviveu. De olho na grana que o irmão promete pagar e acreditando piamente no seu potencial como tio, ele aceita a proposta sem imaginar que os pequenos são, no mínimo, peculiares.


O que a princípio parece moleza, mesmo envolvendo uma gata demoníaca, um amigo imaginário e um porteiro potencialmente sádico, acaba se revelando um desafio quando Diego percebe que terá que revirar seus sentimentos e provar que pode dar conta do recado, sem perder o rebolado que apenas um tio gay é capaz de manter.


Por Stephanie: Gay de família já era um título bem conhecido por mim, muito antes de eu iniciar a leitura. A história foi lançada, inicialmente, em formato de conto, que se expandiu e se tornou um romance depois de ter ganhado um certo hype pelos leitores. Vários amigos meus tinham lido o conto, e foram eles que me fizeram ter vontade de conhecer essa versão “estendida”.


Vou ser bem sincera com vocês: no começo, eu tive muita dificuldade de gostar do Diego. Na verdade, arrisco dizer que o achei bem insuportável, haha. Ele me lembrou de algumas pessoas que eu conheço na vida real, que são meio vazias, fúteis e sem muita personalidade. Até as piadas dele me deixavam desconfortável. Eu não sou o tipo de pessoa que espera sempre se identificar com os protagonistas dos livros, mas poxa, quando a pessoa é tão oposta assim, é puxado, né?


Felizmente, o melhor estava por vir. A chegada das crianças fez tudo valer a pena! Que personagens mais carismáticas, fofas e verossímeis. Já lidei com muita criança na vida e digo que praticamente todas as situações apresentadas pelo autor são totalmente possíveis de acontecer (ainda que com alguns exageros). Me diverti muito com o tom “Sessão da Tarde” das cenas com os sobrinhos de Diego, até porque o autor incluiu até uma pitadinha de mistério sobre um certo assunto que tem tudo a ver com esse tipo de história.


Outra coisa que gostei bastante foi a mensagem/crítica com relação às pessoas que dizem odiar crianças. Quando paramos para pensar, é realmente absurdo vivermos em uma sociedade em que crianças não são vistas como pessoas, a ponto de alguém se achar no direito de odiá-las só por existirem. Felipe Fagundes acertou demais aqui.


O humor de Gay de família sempre foi muito elogiado pelos leitores, e eu até tive momentos de risos sinceros, mas achei que em alguns momentos o tom humorístico se perdia um pouco e beirava o exagero. As referências, apesar de não serem excessivas, ficaram um pouco datadas, na minha opinião. Mas nada que traga um grande impacto para a experiência como um todo.


Os personagens como um todo são bem escritos e suas relações, muito críveis. Consegui imaginar o grupo de amigos de Diego com perfeição, bem como sua (complicada) família. O desfecho também soou muito real pra mim; é uma mistura muito bem feita de final feliz com uma pitada de pé no chão que fez todo o sentido para essa jornada.


Com certeza recomendo essa leitura, principalmente para quem não teve contato com o conto. Felipe Fagundes com certeza é um autor que ficarei de olho e acompanharei seus próximos lançamentos!


Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Resenha: "Hearstopper Vol. 2 - Minha pessoa Favorita" (Alice Oseman)

 

Tradução: Guilherme Miranda

Sinopse: Charlie e Nick são melhores amigos, mas tudo muda depois que eles se beijam em uma festa. Charlie acredita que cometeu um grande erro e arruinou a amizade dos dois para sempre, e Nick está mais confuso do que nunca.

Mas aos poucos Nick começa a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva e, com a ajuda de Charlie, descobre muitas coisas sobre o mundo que o cerca, sobre seus amigos ― e, principalmente, sobre ele mesmo.


Por Jayne Cordeiro: Em "Hearstopper Vol. 2 - Minha pessoa favorita", continuamos exatamente de onde a primeira Graphic Novel acabou. Charlie tomou coragem e beijou Nick, mas este está ainda mais confuso. Charlie acredita que irá perder o grande amigo para sempre. Como será que Nick irá lidar com o que aconteceu, e com suas próprias emoções? Enquanto faz essa análise, ele vai começar a questionar as pessoas e o meio onde vive.

Eu não consegui resistir para ler esse segundo volume. A história continua envolvente, doce e e fofa. Dá para ler em poucas horas e dá aquele quentinho no coração.  Os desenhos continuam seguindo o mesmo padrão, o que torna a história muito bonita visualmente. Apesar de curta, ela fala sobre romance, amizade, aceitação e comportamentos que aceitamos como normais, mas que não são. De forma simples e doce, esta graphic novel trás uma mensagem muito boa.

Os personagens secundário são também muito interessantes. principalmente os amigos de Charlie, e uma ex de Nick que ganhou direito a um conto no final. Temos aqui uma história curta, mas cheia de mensagens que devem ser semeadas. Tem momentos que você vai sorrir, comemorar e até chorar. É uma continuação perfeita para essa série, e já fico ansiosa para ler o volume 3, e pela série da Netflix.


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domingo, 9 de janeiro de 2022

Resenha: "Blackout" (Nicola Yoon, Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk)


Tradução de Karine Ribeiro

Sinopse: Seis autoras extraordinárias. Seis histórias de amor entrelaçadas. Uma noite que tinha tudo para ser um desastre ― mas acaba sendo brilhante.

Uma onda de calor causa um apagão em Nova York. Multidões se formam nas ruas, o metrô para de funcionar e o trânsito fica congestionado. Conforme o sol se põe e a escuridão toma conta da cidade, seis jovens casais veem outro tipo de eletricidade surgir no ar…Um primeiro encontro ao acaso. Amigos de longa data. Ex-namorados ressentidos. Duas garotas feitas uma para a outra. Dois garotos escondidos sob máscaras. Um namoro repleto de dúvidas. Quando as luzes se apagam, os sentimentos se acendem. Relacionamentos se transformam, o amor desperta e novas possibilidades surgem ― até que a noite atinge seu ápice numa festa a céu aberto no Brooklyn.

Neste romance envolvente e apaixonante, composto de seis histórias interligadas, as aclamadas autoras Dhonielle Clayton, Tiffany D. Jackson, Nic Stone, Angie Thomas, Ashley Woodfolk e Nicola Yoon celebram o amor entre adolescentes negros e nos dão esperança mesmo quando já não há mais luz.

Por Stephanie: Blackout foi um livro que me surpreendeu. Eu comecei a leitura pensando que encontraria uma antologia de contos, mas o que encontrei na verdade foi uma história completa, com vários pontos de vista vindos de diversos personagens, cada um vivendo seu romance em alguma parte da cidade de Nova York durante um apagão. E essa foi uma surpresa mais do que bem-vinda.

O ponto principal da obra (que é também o mais positivo) com certeza é a representatividade racial e sexual. Todos os personagens principais são negros e há dois casais LGBT+ (inclusive, o casal formado por dois meninos foi o que achei mais fofo). São histórias clichês e simples, mas que ganham um brilho especial por serem protagonizadas por pessoas fora do padrão que sempre vemos por aí em romances adolescentes.

É isso o que acontece quando encontramos a pessoa certa para amar. Quando alguém te ama, nenhum problema importa tanto. Porque amar é uma escolha que a gente precisa fazer todos os dias, mesmo quando o dia não sai como o planejado.

A escrita, ainda difira devido à cada autora responsável por um ponto de vista, consegue ser extremamente fluida e homogênea. Alguns capítulos são um pouco grandes demais, mas fora isso, eu achei uma leitura bem rápida, que é possível de se fazer até em um dia tranquilamente.

Fica a recomendação para todo mundo que quer um livro leve, gostoso de ler e que deixa aquela sensação de coração quentinho no final. Ah, e o livro físico brilha no escuro :)

Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Resenha: "Heartstopper - Dois Garotos, um encontro" (Alice Oseman)

 

Tradução: Guilherme Miranda

Sinopse: Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.

Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente ― e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Por Jayne Cordeiro: "Heartstopper - Dois garotos, um encontro" é uma história em quadrinhos, onde conhecemos Charlie Spring, um adolescente que já sofreu muito bullying por ter se assumido gay. Hoje ele leva uma vida mais tranquila, focada nos estudos. E em uma das aulas, ele acaba sentando com Nick Nelson, um popular jogador de rúgbi da escola, e hétero.

Mas da convivência surge uma bela amizade. E cada um deles vai precisar lidar com as consequências de seus sentimentos. Charlie, que está apaixonado por um garoto aparentemente hétero, e Nick que nunca se imaginou gostando de outro menino, mas não consegue tirar o amigo da cabeça.

Faz muito tempo que eu não leio nada em quadrinhos, mas decidi dar uma chance para essa história, e não me arrependo. Adorei a forma como os quadrinhos são colocados, fugindo um pouco daquela regra de um quadrinho do lado do outro. O uso de poucas cores dá um ar doce e simples a história, o que também foi outro ponto positivo. Na verdade, eu só posso definir essa história como doce e fofa. Ela se desenvolve de um jeito bem construído, e dá pra ler em uma tarde. Já existe o volume 2 aqui no Brasil, e estou ansiosa para ler.

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Resenha: "Conectadas" (Clara Alves)

Sinopse: Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais – pelo menos virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.

Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir – muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes? Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer. Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?

"Sabe quando as coisas vão virando uma bola de neve e você não tem chance de voltar atrás?"

Por Thaís Inocêncio: Tudo começa de maneira muito inocente, nada premeditada. Raíssa escolhe um avatar masculino simplesmente para fugir do machismo escancarado do mundo dos games. Um dia, porém, ela encontra Ayla perdida no jogo, pedindo ajuda e sendo ignorada, já que nenhum menino sabichão quer interromper suas jogadas para ajudar uma menina iniciante. Como Raíssa já passou por isso e conhece esse preconceito, ela se dispõe a ajudar, sem, no entanto, se despir da sua capa de personagem masculino. 

A partir desse primeiro contato no jogo, as duas estreitam relações na internet. É aí que as mentiras e confusões têm início e a sensação que temos é exatamente a da quote acima: como é que essa bola de neve vai ser desfeita? As artimanhas de Raíssa para não revelar seu verdadeiro "eu" à Ayla são tão bem construídas que ficamos com a impressão de que, a qualquer momento, ela será engolida pelas próprias mentiras e não conseguirá mais se safar. 

Essa maneira de amarrar a história de modo que as coisas não fiquem muito óbvias ou com pontas soltas foi uma das coisas de que mais gostei no livro. A autora consegue nos convencer tanto de que Ayla realmente nem desconfia que Raíssa é uma menina quanto de que Raíssa tem motivos reais para continuar se escondendo por trás de um avatar masculino. Isso faz com que a gente não julgue (muito) as atitudes de Raíssa, mas a compreenda. Afinal, revelar-se para Ayla é também revelar-se para o mundo, não só o dos games, e é preciso muita coragem pra fazer isso. 

"Eu não estava pronta para admitir ao mundo que gostava de meninas."

Essa história vai muito além de um romance clichê entre duas meninas gamers; ela fala de descobertas, inseguranças, autoconhecimento, amor próprio, amizades e questões familiares. Imagino que quem faz parte da comunidade LGBTQIA+ se identifique com muitos dos caminhos e obstáculos que os personagens percorrem e enfrentam nesse livro, e o melhor é que ele mostra que, no fim, tudo vale a pena. Amei toda a representatividade presente nessa obra e espero que isso seja cada vez mais comum na literatura e na vida. 

Desejo que essa leitura aquela o coração de vocês como fez com o meu. Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Resenha: “Entre Estantes” & “Pétala” (Olivia Pilar)


Por Kleris: Você curte continhos para os entremeios da vida? Os da Olivia com certeza vão preencher seu momento de leitura! Ambos foram autopublicados e se encontram no Kindle Unlimited :)

A gente nunca tá preparado para as novas fases da vida. Ou pelo menos pra faculdade e o mundo que ela nos abre. 
Sabe quando o que você mais quer é mostrar para o mundo e para você mesma que fez a escolha certa?

Isabel é aquela caloura ansiosa para fazer tudo certinho, sequela clássica do ensino médio. Na primeira atividade do semestre, ela não perde tempo de ir à biblioteca para pegar um livro recomendado pelo professor.

E lá, entre as estantes, alguém chama sua atenção. Mais que isso, mexe com todas as suas perspectivas de vida e identidade.


Entre Estantes é um conto curtito e fofinho sobre quebrar o velho roteiro de vida e encontrar-se em um mar de possibilidades. Olívia tem uma escrita leve e encantadora que entrega uma excelente leiturinha de ponte, seja para mais narrativas lgbt, seja para mais livros longos.







Você já teve a sensação de estar apenas indo, sem sair do lugar? 
Eu escolhia as opções seguras e ela fazia as escolhas arriscadas.

Bruna estava incomodada, mas também ansiosa com a perspectiva de sair da sua zona de conforto. Só que, se era pra se sentir justa com os próprios sentimentos e em sintonia com a sua relação, não poderia se resignar mais a se entregar pela metade ou mesmo de qualquer jeito.

Foi assim que marcou um encontro com Pétala, quem pensava ser só mais um encontro no point. Para Bruna, no entanto, era o dia de mudar o rumo das coisas e o dia de respeitar o que verdadeiramente sentia.

Nos envolvemos na história através de uma DR que há muito tempo espreitava o relacionamento das duas. Entremeado às memórias de Bruna, o encontro mostra como a resposta pode estar na nossa frente, mas, por influências externas, postergamos dar o primeiro passo.

É um curtaconto sobre entregas e sobre tomar decisões em respeito aos próprios sentimentos, acima de qualquer opinião. Olívia nos entrega uma narrativa leve e dinâmica, ótima para curar ressacas literárias!



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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Resenha: "Os Blues Que Não Dançamos" (Franck Santos)


Por Kleris: 
“Será que inventei você? Será que inventei esta história? [...] Sinto-me uma ilha dentro desta Ilha onde moro. Contudo, sei que somos raros. Raros.”

Os Blues Que Não Dançamos é uma noveleta de inquietações que nos envolve no romance à distância de Bento e Pedro. Eles se conheceram em aplicativo de relacionamento e estenderam a relação para troca de e-mails. Pedro dizia que era por ser avesso a redes sociais. Bento, por outro lado, sempre sonhador e esperançoso, fica a mercê das escolhas do outro e de suas escassas informações. 
Estou aqui nesta casa em obras, mas me vejo caminhando pelas ruas noturnas e despertas da sua cidade; da sua cidade, Pedro, da metrópole onde moras. Você me compreende? Diga que sim, abra espaço em você para o meu desejo.

Adentramos na história pelo ponto de vista de Bento, através de seu fluxo de pensamento, sempre carregado de devaneios, fantasias, planos e expectativas. A narrativa, porém, se guia por recortes temporais: um “antes” e um “depois” de uma viagem combinada para se encontrarem em Goiás, numa cidade no meio do caminho de suas residências (Bento, da grande ilha de São Luís, e Pedro, de São Paulo).

Entre lacunas e delírios, o enredo vai costurando seus mistérios e nos agraciando com crônicas poéticas desse amor sempre à espera de mais. É inevitável torcer por Bento e seus anseios; bate forte a questão da responsabilidade afetiva. Mas quando conhecemos o outro lado da história, repensamos todos nossos julgamentos. Ainda mais quando a significância do título se faz valer.

Este é meu primeiro livro do Franck Santos e com certeza a porta de entrada para muitos ♥️ Sua escrita flui maravilhosamente bem, envolve bem, cativa.

As referências de músicas e livros são um encanto à parte. Vamos de Clarice, Guimarães Rosa e Caio Fernando de Abreu a Gal Costa, Marina Lima, Nina Simone, dentre outros. 
Este disco me transporta para uma época em que se acreditava num futuro, futuro esse que acho que chegou conosco. A música tem esse poder, essa magia de máquina do tempo. Infelizmente, ela não transporta corpos, apenas a mente viaja.

A leitura traz muito da nossa realidade, de romances virtuais, de escapes, de resistência. É um livro curto, porém, para ser sorvido como quem aprecia um bom vinho: no seu tempo. Ótimo para você que busca uma história despretensiosa, mas que arrebata e que deixa uma ressaca gostosa com dignos blues.

De bônus, tem um posfácio da Lindevânia Martins que, junto à edição maravilinda da Editoria Moinhos, é um presente ao leitor *---* O colofão, então, inesquecível! 
Quanto tempo dura uma lembrança?

Fica o convite, tanto pelos blues em vinis, quanto pela história de um grande amor!




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sexta-feira, 15 de maio de 2020

Resenha: "Codinome Villanelle - Killing Eve #1" (Luke Jennings)

Tradução de Leonardo Alves

Sinopse: O surpreendente thriller que deu origem à série de sucesso Killing Eve, um drama de espionagem diferente de tudo o que você já viu.

Villanelle (um codinome, é claro) é uma das assassinas mais habilidosas do mundo. Uma psicopata hedonista, que ama sua vida de luxo acima de quase qualquer coisa... menos a emoção da caçada. Especializada em matar as pessoas mais ricas e poderosas do mundo, Villanelle é encarregada de aniquilar um influente político russo, e acaba com uma inimiga determinada em seu encalço.
Eve Polastri é uma ex-funcionária do serviço secreto inglês, agora contratada pela agência de segurança nacional para uma tarefa peculiar: identificar e capturar a assassina responsável e aqueles que a contrataram. Apesar de levar uma vida tranquila e comum, Eve possui uma inteligência rápida e aguçada – e aceita a missão.
Assim começa uma perseguição através do globo, cruzando com governos corruptos e poderosas organizações criminosas, para culminar em um confronto do qual nenhuma das duas poderá sair ilesa. Codinome Villanelle é um thriller veloz, sensual e emocionante, que traz uma nova voz à ficção internacional.

Por Stephanie: Me interessei por Codinome Villanelle por ser a obra que deu origem à aclamada série Killing Eve (inclusive fiquei surpresa quando soube que o programa não era um roteiro original). Ainda não tive a oportunidade de assistir, mas posso afirmar que o livro sozinho não teria conseguido despertar meu interesse pela série, caso já não existisse antes.

O enredo é bastante simples: acompanhamos a caçada de uma investigadora britânica que tenta capturar uma assassina de aluguel. Os crimes cometidos por Villanelle envolvem pessoas do alto escalão mundial, e por isso o livro tem um tom muito presente de espionagem durante todo o seu desenvolvimento – o que surpreendentemente me agradou, já que não sou muito fã dessa temática.

A narrativa de Luke Jennings é bem direta, sem muitas firulas e bastante fria. O ponto de vista é em terceira pessoas e há algumas descrições breves de locais e de sentimentos dos personagens, mas curiosamente e sem motivo aparente o autor foca bastante a descrição de roupas, principalmente as de Villanelle, que praticamente só usa looks de grife. Achei o excesso dessas descrições muito cansativo.

Villanelle está usando um vestido Valentino de seda e luvas de gala Frateli Orsini que cobre até o cotovelo. O vestido é vermelho, mas de um tom tão escuro que quase parece preto. Uma bolsa Fendi espaçosa está pendurada em seu ombro por uma corrente fina.

O livro é dividido em apenas quatro capítulos, que chegam a ser quase independentes. Como Villanelle viaja bastante, cada parte se passa em um local diferente e tem um “alvo” distinto; por isso, é como se, ao final de cada capítulo, houvesse uma conclusão para o crime que a assassina cometeu. Não costumo gostar de livros com poucos capítulos mas a leitura flui bem e o livro é curto, então até que isso não me incomodou tanto.

Meus maiores problemas têm relação com a escrita do autor, que achei um tanto amadora. Como esse não é o livro de estreia de Jennings, não consigo achar uma justificativa para uma escrita tão pouco inspirada, que diz muito mas mostra pouco. Villanelle e Eve são sempre descritas como arqui inimigas, porém, na prática, não conseguimos ver todo o ódio que o autor descreve que há entre elas. Na verdade, os personagens como um todo são bastante frios e não conseguem convencer como pessoas reais.

De pé ali no terraço, em sua jaula de neve, Villanelle sente a ansiada onda de poder. A sensação de invencibilidade que o sexo promete, mas só um assassinato bem-sucedido proporciona de fato.

A única exceção é a própria Villanelle, que nitidamente é a personagem a quem o autor dá mais atenção e desenvolve melhor. Ela é bissexual e acho que nesse ponto foi bem desenvolvida, com naturalidade (um ponto a ressaltar é que o livro possui diversas cenas de sexo protagonizadas por ela). Villanelle é descrita como sociopata em várias passagens e o autor repete em muitas ocasiões que a assassina sabe imitar as emoções humanas com perfeição. Toda essa repetição, mais uma vez, soou bastante cansativa. Acredito que esses problemas se resolveriam com uma boa mão de um editor.

É difícil dizer se recomendo ou não essa leitura. Acho que os fãs do seriado podem ter uma experiência positiva, afinal, é sempre bom ter materiais inéditos sobre algo que gostamos, mas aqueles que como eu nunca assistiram Killing Eve provavelmente terão alguns dos problemas que tive com a obra. Ainda assim, verei a série assim que possível, porque parece ser superior ao livro (que é o primeiro de uma trilogia).

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Resenha: "Vermelho, Branco e Sangue Azul" (Casey McQuiston)

Tradução de Guilherme Miranda

Sinopse: O que pode acontecer quando o filho da presidenta dos Estados Unidos se apaixona pelo príncipe da Inglaterra?

Quando sua mãe foi eleita presidenta dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como tanto deseja.

Mas quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado ― e que ele não suporta.

O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois.

Para evitar um desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia imaginar ― e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem?

Por Stephanie: Se você é leitor e viveu na Terra nos últimos meses, com certeza já ouviu falar em Vermelho, Branco e Sangue Azul, de Casey McQuiston. O livro virou febre mundial desde seu lançamento, e vem conquistando cada vez mais fãs em cada país que é lançado. No Brasil, não foi diferente: a obra foi muito bem recebida pelo público e Casey foi inclusive confirmada na Flipop, evento organizado pela Editora Seguinte, que a princípio se realizará nos dias 10, 11 e 12 de julho.

Com tanto hype em cima desse livro, não tinha como eu ficar indiferente; me interessei desde o começo e fiz questão de encaixá-lo nas minhas leituras assim que possível. Fico feliz em dizer que entrei pro time dos que adoraram a história e que querem divulgá-la para que mais pessoas possam conhecê-la e se apaixonar por ela!

Acho que não é nenhum segredo que VBSA tem um enredo que se pode chamar de clichê. Só pela sinopse já dá pra saber quais caminhos a obra tomará. Porém, acredito que o trunfo do livro está em sua representatividade: além de ter um casal homoafetivo como protagonista, há também a família de Alex, que possui descendência latina. Sem esquecer também que no mundo de VBSA, os EUA têm uma presidenta.

(…) É essa a escolha. Eu amo o Henry, com tudo isso, por causa de tudo isso. De propósito. Eu amo o Henry de propósito.

Com todos esses elementos, McQuinston constrói uma história que utiliza de artifícios já conhecidos para conversar com um público que não costuma se ver representado em narrativas como essa, ou seja, o LGBTQ+. Por mais que seja fácil imaginar o final de tudo, é um respiro ver situações típicas das comédias românticas heteronormativas tendo protagonistas fora desse padrão.

Alex e Henry são protagonistas cativantes e completamente opostos. Isso que torna a dinâmica entre eles tão divertida de acompanhar. Por falar em dinâmica, é bom deixar avisado que há cenas bem quentes entre o casal, e eu não recomendaria esse livro para menores de 16 anos.

Quanto aos personagens secundários, achei que todos agregaram positivamente. Talvez eles pudessem ter sido um pouco mais aprofundados (principalmente a irmã de Alex), mas como o foco de VBSA é o romance, é compreensível que outros assuntos acabem ficando um pouco de lado.

VBSA tem um pano de fundo político que pensei que seria apenas abordado de leve, mas que surpreende por ter um papel importante na narrativa. Há muitas crises e disputas ao longo do enredo, e acho que se fosse apontar alguma coisa que não me agradou tanto, seria essa questão, que fica bastante presente conforme a obra se aproxima de seu desfecho.

De forma geral, eu gostei muito de Vermelho, Branco e Sangue Azul e recomendo a leitura para os fãs de romance que estejam buscando uma história leve e engraçada!

Pensar em história me faz pensar em como vou me encaixar nela um dia, eu acho. E você também. Eu meio que gostaria que as pessoas ainda escrevessem desse jeito. História, hein? Aposto que poderíamos fazer.

Até a próxima, pessoal!
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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Resenha: "Ele - Quando Ryan conheceu James" (Elle Kennedy & Sarina Bowen)

Tradução: Lígia Azevedo

Sinopse: James Canning nunca descobriu como perdeu seu melhor e mais próximo amigo. Quatro anos atrás, seu tatuado, destemido e impulsivo companheiro desde a infância simplesmente cortou contato. O que aconteceu na última noite daquele acampamento de verão, quando tinham apenas 18 anos, não muda uma verdade simples: Jamie sente saudade de Wes.
O maior arrependimento de Ryan Wesley é ter convencido seu amigo extremamente hétero a participar de uma aposta que testou os limites da amizade deles. Agora, prestes a se enfrentarem nos times de hóquei da faculdade, ele finalmente terá a oportunidade de se desculpar. Mas, só de olhar para o seu antigo crush, Wes percebe que ainda não conseguiu superar sua paixão adolescente. 

Jamie esperou bastante tempo pelas respostas sobre o que aconteceu com seu relacionamento com Wes, mas, ao se reencontrarem, surgem ainda mais dúvidas. Uma noite de sexo pode estragar uma amizade? Essa e outras questões sobre si mesmos vão ter que ser respondidas quando Wesley e Jamie se veem como treinadores no mesmo acampamento de hóquei.



“Li este livro em uma sentada só — é tão bom! Se eu tivesse que selecionar duas autoras para colaborarem, não vejo dupla melhor que Bowen e Kennedy.” — Colleen Hoover, autora best-seller do New York Times
“A maneira como Sarina Bowen e Elle Kennedy desenvolvem o romance destes dois homens é atemporal e maravilhosamente real.” — Audrey Carlan, autora best-seller do New York Times




CONTEÚDO ADULTO
Fonte: Companhia das Letras

Por Eliel: Fiquei muito feliz em receber uma prova antecipada desse livro.Um pouco ansioso também, por esse ser o meu primeiro romance erótico. E comecei logo com um romance LGBTI. Com certeza, esse foi um livro completamente fora da minha zona de conforto que é basicamente constituído de distopias, fantasias e ficções.

Além de isso tudo ser novo para mim, é novo para a Editora Paralela também. Esse é o primeiro da temática no Brasil trazido pela editora.  Esse livro será lançado dia 29 de Junho e já está em pré-venda, só clicar no banner no final desse post e garantir já o seu!

Esse romance é uma parceria das autoras Elle Kennedy e Sarina Bowen. Elle já é bem conhecida pela série Amores Improváveis, ela tem experiência com livros de conteúdo adulto. Sarina também tem bastante experiência com esse tema e em com parcerias, principalmente de Elle. O que esperar dessas duas feras de romances hot quando os protagonistas são dois homens másculos jogadores de hóquei? Eu fiquei bem surpreso de como elas desenrolaram a trama.

É engraçado - tenho certeza de que todo mundo se arrepende de algo que já disse. Um insulto que dirigiram a alguém. Uma confissão que preferiam não ter feito. Talvez, não sei, uma piada insensível que gostariam de não ter contado.
A frase de que eu me arrependo? Vamos ver um pornô.

Iremos acompanhar a história de Wesley Ryan, um grande atacante de um time de hóquei na faculdade e promissor atleta profissional, e James Canning, um ótimo goleiro de hóquei e com futuro tão promissor quanto o do seu melhor amigo na adolescência. Cada capítulo é contado do ponto de vista de uma das personagens (ao melhor estilo Martin que eu curto muito hahaha).

Ryan Wesley (Wes) é um gay assumido e isso não é um grande problema para ele, seus colegas de time não tocam no assunto e nem se importam com quem ele dorme. A sua relação familiar não é a mais perfeita, mas eles também não influenciam sua vida. Ele já é um homem crescido e sabe se virar sozinho. 

Jamie Canningn não tem ideia do tipo de poder que exerce sobre mim.

James Canning (Jamie) é o caçula de uma família de seis irmãos fissurados em futebol americano e o hóquei foi a única maneira que encontrou para se destacar. Uma família muito unida que sempre estão se comunicando e fortalecendo os laços. Jamie tem um futuro promissor como goleiro profissional de hóquei. Devo dizer que ele é hétero, porque isso fará bastante sentido nesse romance.

Depois da tarde que tive, tenho certeza de que sua perplexidade não chega nem perto da minha.

Os dois se conheceram quando eram apenas meninos em um acampamento de hóquei e se tornaram melhores amigos desde então. Todos os verões passaram juntos até que a amizade ficou abalada por um acontecimento no último verão. Quatro anos depois do que aconteceu (só não conto porque é spoiler) eles se reencontram em um campeonato e tem muita coisa para resolver.

Mas não posso. Só posso agir como homem, apertar a mão dele e dizer que é bom vê-lo de novo. Posso encarar aqueles olhos castanhos que me desarmam e pedir desculpas por ser um imbecil. Depois posso pagar uma bebida e tentar puxar um papo sobre esportes ou qualquer outro assunto seguro.

O fato de Jamie ter sido o primeiro cara que amei e que fez com que eu encarasse verdades assustadoras relacionadas a mim mesmo... Bom, nesse assunto não vou tocar.
E então meu time vai acabar com o dele na final. E é assim que deve ser.

Entre muitos altos e baixos nessa relação de amizade, (muitos mesmo!) eles irão coisas descobrir sobre sua sexualidade, família, preconceito e perdão. Apesar das cenas hot, é um romance muito sincero. As autoras conseguem trazer muito da realidade para as páginas. Uma coisa que gostei muito foi que as personagens não são esteriótipos e sim pessoas que podemos encontram no dia-a-dia, são pessoas comuns com desejos comuns e reações comuns. Embora a história não seja nada comum.

A leitura é bem fluída e leve. Se prepare que as cenas hot são bem detalhadas. Em resumo, é um livro bem interessante que eu recomendo, mas apenas para os maiores de 18.

A data de publicação desse post (28 de Junho) é muito importante para a comunidade, pois:

"é o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex), data celebrada e lembrada mundialmente, que marca um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência.O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio. Hoje, as Paradas do Orgulho LGBT acontecem em quase todos os países do mundo e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano". (Anistia Internacional)
E amanhã, 29 de junho de 2018, esse livro que chegou às minhas mãos será lançado! Garanta já o seu!

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terça-feira, 27 de março de 2018

#Infinistante: Clube do Livro (Março 2018)

Olá, Pessoas!!!

Mais um mês e mais uma leitura do Clube do Livro #Infinistante. E para Março a proposta da Loma foram dois livros. Vamos deixar que ela justifique sua escolha:

Tem um motivo pra gente colocar dois livros esses mês. Como a gente explicou lá na FAQ, a gente está empenhada em buscar saber se os livros se adaptam ao nosso público, e acontece que Me Chame Pelo Seu Nome tem um conteúdo um pouco mais adulto, e a nossa recomendação é que ele seja lido por pessoas maiores do que 18 anos.
 Mas, ué, tem uma galera super legal no nosso clube que é menor de 18. E aí? Muito bem, a gente teve a ideia de colocar Simon vs. A Agenda Homo Sapiens na jogada pensando nesse pessoal. Assim, quem não se sente confortável em ler um conteúdo adulto pode focar nesse outro livro, que é um young adult mais levinho. E quem quiser pode ler os dois. Ou ler um só. Ou ler um agora e deixar o outro mais para frente. A escolha fica a seu critério, tá? Mas a gente precisava pensar nessa questão da idade e da temática de Me Chame Pelo Seu Nome que tem algumas cenas mais ~ ousadas ~.
 O mais legal é que os dois livros são de uma temática LGBTQ+. No primeiro, o personagem principal é bissexual e, no segundo, ele é gay. E, olha que incrível, as duas histórias foram adaptadas pro cinema este ano. Me Chame Pelo Seu Nome estreou em janeiro por aqui, e Simon entra em cartaz no dia 22 de março. Dá para ler os dois livros e fazer uma maratona dos filmes depois! Não é incrível?

O livro escolhido para estar aqui no Dear Book foi o:

Tradução: Alessandra Esteche

Por Eliel: Um Verão em uma cidade italiana e em algum momento dos anos 80 são o cenário desse romance arrebatador. A Itália por si só já tem um ar de romance no ar, seja por causa do calor dos verões ou do clima místico proveniente dos mitos romanos, e é aqui em uma cidade identificada apenas por B. que Elio descobrirá mais sobre si mesmo.

Os pais de Elio, de apenas 17 anos, têm o costume de receber em sua propriedade jovens escritores do mundo todo para uma imersão de estudos durante algumas semanas. Devido essa prática ele se vê obrigado a ceder seu quarto por longas 6 semanas a um estranho. Seria mais um verão comum, exceto pela chegada de Oliver, um escritor americano de 24 anos.

A história é narrada do ponto de vista de Elio que tem um conhecimento muito amplo do lugar em que vive. A riqueza de detalhes empregada na narrativa tem o delicioso efeito de nos inserir totalmente naquele tão bem conhecido pela personagem. Chego a duvidar até que ponto são fictícias as situações e pessoas descritas nesse romance.

Elio é praticamente um gênio, isso devido ao ambiente intelectualmente privilegiado. Seus pais são professores universitários e tem contato com pessoas de grande influência acadêmica. Tão jovem ele já tem um amplo conhecimento em na área da música e literatura. Oliver provoca novos sentimentos em Elio e diante dessa confusão que se instala na mente do jovem é que veremos através dos seus olhos como se desenvolve essa relação.

Com passagens bem ousadas e intensas, o autor conta de forma mais pura e verdadeira essa história de descobertas, amor, relações de desejo e responsabilidades. O que me chamou a atenção é que somente após 11 anos após a sua publicação é que chegou uma tradução e junto uma adaptação cinematográfica (não vou comentar porque não assisti). Um livro de uma poética mesclada com as emoções mais primitivas e instintivas do ser humano deveria ter alcançado o sucesso um pouco mais cedo.

Recomendo fortemente a leitura desse romance sobre a descoberta da bissexualidade de um jovem. Coloque-se no lugar e tente entender o que se passa durante a solução desse quebra-cabeças que deve se formar na vida dessas pessoas que por falta de exemplos ou informações claras não se sentem parte de nenhum grupo, pensem sobre como deve ter sido em uma década em que não havia a gama de informações que temos hoje em dia.


Se você está curtindo esse clube do livro, que tal se juntar e ler mais em 2018? Só clicar aqui para se inscrever.

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segunda-feira, 5 de março de 2018

Resenha: "As Fúrias Invisíveis do Coração" (John Boyne)

Tradução Luiz A. de Araújo

Por Sheila: Oi pessoas! Como vocês estão? Trago a vocês hoje a resenha de um autor que - confesso! - se tornou um dos meus queridinhos desde que li "O Menino do Pijama Listrado" (já resenhado pelo blog aqui)

E já adianto que com esse livro não foi diferente! Nele vamos conhecer Ciryl Avery que, por ter nascido nos longínquos 1945, foi acolhido quase como um "projeto de caridade" por uma família em Dublin.

Sua mãe, grávida aos 16, foi expulsa do pequenos vilarejo onde cresceu quando sua condição foi descoberta e, já em Dublin, viu em Charles e Maude Avery a possibilidade de um futuro melhor para seu pequeno filho.

Mas se Avery cresceu tendo as facilidades daqueles que possuíam pouca preocupação com as coisas pequenas da vida, desfrutando de roupas, alimentação, estudos, faltou-lhe um lugar no coração do banqueiro e da escritora que o acolheram.

Eu aceitava que era somente uma criatura viva dividindo a casa com dois adultos na maior parte do tempo alheios um ao outro.

Como se não bastasse o vazio deixado por uma criação sem amor, Ciryl muito cedo descobre que seu interesse por meninos vai além das brincadeiras e amizade fraterna: Ciryl é homossexual, o que é punível com a morte na Irlanda, onde nossa trama se passa. Só isso, já serve para fazer com que Cyril lute contra seus anseios, mesmo que as vezes acabe cedendo.
Uma coisa era certa: aquilo tinha sido o fim. Não haveria mais homens, não haveria mais garotos. Só mulheres dali por diante. Eu ia ser como todo mundo. Eu ia ser um cara normal nem que isso me matasse.
Assim, vamos acompanhar Cyril em sua jornada de desespero e auto-sabotagem, na culpa por ser quem é, tentativa de esconder dos outros o que considera ser uma doença, uma abominação, e a realização de seus desejos, que o coloca em situações difíceis e, algumas vezes, extremadas.

A escrita de Boyne é impecável, vamos caminhar junto ao personagem principal e sentir com ele todas as angústias de Cyril, em sua peregrinação errática pela existência. Os outros personagens também são descritos com uma profundidade e zelo que estão sempre presentes nos livros de Boyne, o que o torna um dos meus escritores favoritos! As personagens femininas são fascinantes, e a própria mãe de Cyril irá reaparecer muitas vezes ainda na trama, influenciando o fio dos acontecimentos.

Além disso, consegue narrar este tema tão atual de uma forma tocante, expondo as mazelas oriundas do preconceito e da homofobia, fazendo com que a leitura, mesmo que em alguns momentos dramática e pesada, faça valer as algumas (ta, ok, confesso, foram muitas) lágrimas derramadas.

Preciso dizer que recomendo? Forte abraço e até a próxima!

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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Resenha: "Tash e Tolstói" (Kathryn Ormsbee)

Tradução de Lígia Azevedo

Por Stephanie: Como é bom quando a gente encontra um livro levinho e gostoso de ler, né? Tash e Tolstói é exatamente o que eu estava precisando no momento: uma história sem muita pretensão, com personagens apaixonantes e um enredo simples, porém envolvente. Além de ser super atual, sem passar aquela sensação de que a história só é relevante agora. Um YA contemporâneo do melhor tipo.
A primeira coisa que você precisa saber sobre mim é: eu, Tash Zelenka, estou apaixonada pelo conde Liev Nikoláievitch Tolstói. Esse é o nome oficial dele, mas, como somos próximos, gosto de chamá-lo de Leo.
A obra nos apresenta a história de Natasha Zelenka, mais conhecida como Tash (lê-se Tásh e não Tésh). Ela é uma adolescente prestes a sair do Ensino Médio, apaixonada por literatura clássica (principalmente Tolstói) e que se considera uma assexual heterorromântica. Em parceria com sua amiga Jack, Tash produz uma websérie baseada em Anna Kariênina, uma das obras mais famosas de seu escritor favorito. E quando, de uma hora pra outra, a websérie viraliza, as amigas se veem em um mundo totalmente novo e empolgante, e precisam lidar com as reações positivas e negativas que se somam à fama repentina. Além disso, Tash precisa lidar com seus amigos e possíveis pretendentes (que ela não cobiça sexualmente).

Ufa, parece muita coisa, né? Mas eu juro pra vocês que na verdade é tudo bem mais simples do que você pensa. A escrita de Kathryn Ormsbee é uma delícia, super fluida e com diálogos rápidos, além de algumas trocas de mensagens que fazem as páginas passarem ainda mais rapidamente. Mesmo citando as obras de Tolstói, não senti que a escrita se tornou pedante ou muito explicativa; a autora não subestima a inteligência do leitor. Mas já adianto: há uns bons spoilers sobre Anna Kariênina, então, esteja preparado.

Falando agora sobre o aspecto LGBT de Tash e Tolstói, achei bem tranquilo. Como a orientação sexual de Tash não é muito comum, há uma boa quantidade de informações sobre como é ser assexual e o que isto significa. A autora mostra as diversas reações que as pessoas podem ter ao se depararem com um assexual, então há um debate mesmo que leve sobre preconceito e aceitação, sobre se encontrar e se entender em um mundo onde há tantas expectativas sobre como devemos nos sentir e quem devemos amar. Tudo de maneira bem informativa, sem ser didático demais. É um livro extremamente apropriado para adolescentes que estão em fase de descoberta.
Cheguei à seguinte conclusão: minha falta de desejo não se deve à falta de esforço. Tentei mais que o suficiente sozinha. Não odeio o sentimento. É bom, até satisfatório, chegar a esse ponto de libertação. Mas não é como eu deveria me sentir. (...) Eu deveria sentir mais. Deveria querer como eles querem. Ou isso, ou todo mundo à minha volta está fingindo. Às vezes gostaria que estivessem. Seria uma desilusão, mas pelo menos eu não ia me sentir a mais estranha das pessoas.
Os personagens são todos muito queridos; até aqueles com jeitinho de vilão conseguiram ganhar minha simpatia em algum momento. São adolescentes críveis, que tem seus surtos e momentos idiotas, mas que se mostram amigos leais e companheiros nas horas mais difíceis. Por falar em amigos, a amizade de Tash e Jack é uma das representações mais fiéis que li nos últimos tempos. Elas brigam, mas não competem, não tem aquela inveja boba uma da outra e falam a verdade quando necessário. Sem manipulação, sem atitudes duvidosas… só a pura amizade verdadeira entre duas adolescentes.

Outros assuntos relevantes também são abordados em Tash e Tolstói, tais como: religião, bullying virtual, relações familiares, drogas e doenças terminais. Como já falei, tudo é tratado com leveza e fluidez, de maneira que as páginas voam e a gente nem percebe que leu tanto. Também existe bastante diversidade e dá pra ver que a autora não inseriu certas coisas apenas para cumprir uma “cota”.

Adorei o tempo que passei na companhia de Tash, com seus devaneios, suas dúvidas, suas vitórias e derrotas. Por vezes me irritei um pouquinho com ela, mas senti empatia também. Tash é a personificação da descoberta adolescente, com todas as dores e delícias que vem no pacote desta fase da vida.
Não importa o que aconteça no futuro, temos isto: contamos uma história que não poderíamos ter contado sem a ajuda um do outro.
Duas curiosidades: 01 - este é o primeiro livro com uma protagonista assexual a ser lançado no Brasil e 02 - as cores da capa são as cores da bandeira assexual :)

Até a próxima, pessoal!


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Ana Liberato