sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Resenha: "Minha História" (Michelle Obama)

Tradução de Débora Landsberg, Denise Bottman e Renato Marques

Por Stephanie: Minha História é o livro de memórias escrito por Michelle Obama, ex-primeira dama dos EUA e esposa do primeiro presidente negro da história desse país. Por meio de uma narrativa leve e poderosa, Michelle nos conta sua trajetória desde a infância até os dias vividos na Casa Branca, entre os anos de 2009 e 2017.

Eu conhecia muito pouco sobre Michelle, só aquilo que ouvia na mídia mesmo. Sabia que ela era uma mulher forte e determinada, mas ao ler seu relato, pude ver que sua personalidade distinta já se mostrava desde pequena, quando morava na região de South Side, em Chicago. Apesar de não ter passado por dificuldades financeiras, ela morava com a família em um bairro de classe média que ao longo dos anos foi se tornando predominantemente negro (e pobre).

O início do livro foi a parte mais arrastada para mim; a autora nos conta em detalhes como era a dinâmica familiar com seus pais e irmão mais velho, que moravam na casa acima de seus rígidos tios. A disciplina sempre fez parte da vida de Michelle, mas percebi também que ela viveu em um lar muito unido e amoroso.

Depois, somos apresentados à vida adulta e à carreira de Michelle, que eu nem sabia que era advogada (!). Adorei os tópicos abordados por ela durante essa parte, porque vemos claramente o racismo e machismo velado que existia nos anos 80 nas faculdades de renome (Michelle se formou em Princeton e Harvard).

"(...) Tentava não me intimidar quando a conversa em sala era dominada pelos alunos homens, o que era bastante comum. Ao escutá-los, me dei conta de que não eram mais inteligentes do que nós. Eram apenas mais incentivados a falar, navegando na maré ancestral da superioridade e estimulados pelo fato de que a história nunca lhes dissera o contrário."

Ao falar sobre sua carreira, a autora acaba entrando em uma parte muito relevante e conhecida para a maioria do público: seu relacionamento com Barack. Como eles se conheceram no ambiente de trabalho, Michelle traça diversos paralelos entre sua vida profissional e pessoal, como a ascensão de sua carreira e algumas das decisões difíceis que precisou tomar em prol do sucesso de Barack. Acho que essa foi minha parte favorita do livro; o relacionamento deles é muito maduro e repleto de momentos fofos. Adorei ver Barack como um rapaz sonhador e romântico e Michelle como uma mulher que se apaixonou mas nunca abriu mão de sua independência por amor.

"Nunca fui de ficar presa aos aspectos mais desmoralizantes de ser afro-americano. Fui criada para pensar positivo. (...) Mas, ouvindo Barack, comecei a entender que sua versão de esperança era bem mais ampla: eu me dei conta de que uma coisa era sair de um lugar empacado; outra, totalmente diferente, era tentar desempacar o lugar."
"O que acontece quando um individualista que gosta de solidão se casa com uma mulher sociável e extrovertida que detesta solidão? A resposta, imagino eu, é provavelmente a melhor e mais sólida dr todas para qualquer pergunta que surge num casamento, para qualquer pessoa e qualquer questão: você dá um jeito de se adaptar. Se o casamento é para sempre, não tem escolha."

Por fim, vemos a carreira de Barack até a chegada à presidência e como foram os anos da família Obama na Casa Branca. É muito interessante conhecer mais sobre esse mundo da política pelos olhos de Michelle; ela é uma mulher muito pé no chão e sempre fez questão de passar isso para suas filhas (por exemplo, as camareiras foram avisadas por Michelle que as meninas tinham que fazer a própria cama), sem permitir muito deslumbramento, afinal, aquela era uma residência apenas temporária.

Passei a admirar muito Michelle após ler seus feitos durante o período em que foi primeira-dama. Ela sempre quis fazer a diferença e aproximar a Casa Branca da população, organizando eventos abertos ao público e criando projetos para melhorar a saúde e a vida como um todo dos norte-americanos. E em meio a isso, teve de lutar contra o machismo e a futilidade da mídia (e da oposição), que julgava seu corpo, suas atitudes e suas palavras sempre que possível.

"A forma mais fácil de desmerecer a voz de uma mulher é resumi-la a uma pessoa rabugenta."
"O poder de uma primeira-dama é uma coisa curiosa – suave e indefinido como o próprio papel. (...) A tradição mandava que eu emanasse uma luz suave, agradando ao presidente com minha devoção, agradando à nação sobretudo ao evitar confrontos. Mas eu começava a ver que essa luz, se usada com cuidado, tinha um poder maior (...)."

Michelle é uma mulher corajosa e por mais classe que possua, deixa seu posicionamento bem claro ao falar sobre a posse de Trump. Confesso que senti um aperto muito grande no peito ao ler seu depoimento sobre o dia da posse e foi inevitável enxergar as semelhanças com a nossa situação política atual.

É impossível resumir em apenas alguns parágrafos a história tão grandiosa de uma mulher como Michelle Obama. São quase 500 páginas de um relato muito verdadeiro, inspirador e emocionante, que mostram ao leitor a força e persistência de uma mulher que nunca se contentou em ser mediana e lutou para não ser resumida apenas à sua aparência ou suas fraquezas.

A edição da obra está muito bem feita, com uma parte dedicada a fotos em alta qualidade de momentos marcantes da vida da autora. Só acho que essas imagens poderiam ter ficado como um adendo ao final do livro, em vez de no meio de um capítulo.

No mais, é uma super indicação para qualquer pessoa que goste de biografias e livros de memórias e queiram conhecer mais sobre a vida dessa mulher que junto à seu marido e família, marcou a história dos EUA e do mundo (e continuará marcando, com certeza). Acredito que vá entrar para os meus favoritos de 2019 com facilidade!

Até a próxima, pessoal!

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Ana Liberato