segunda-feira, 30 de abril de 2018

Resenha: "A Rainha do Fogo - Trilogia A Sombra do Corvo, Livro 3" (Anthony Ryan)

Tradução: Gabriel Oliva Brum

Por Sheila: E chegou ao fim! Foram mais de 2000 páginas, noites insones, séries não maratonadas, churrascos do fim de semana furados, para concluir essa fantasia épica que tanto me arrebatou em seus dois primeiros livros - que já foram resenhados, o livro 1 aqui e o livro 2 aqui.

Como esse é o desfecho da trilogia, alguns spoilers são inevitáveis, então se você ainda não leu os dois primeiros livros e não gosta de estragar a surpresa, é melhor parar aqui e ler os dois primeiros livros antes de prosseguir.

Mas antes, recapitulando:

No primeiro livro vamos conhecer Vaelin Al Sorna, o Matador do Esperança, a partir do relato detalhado que faz de sua vida ao Lorde Verniers,  Cronista Imperial e, mais tarde descobriremos, amante do Esperança. Esse relato será realizado enquanto Vaelin é levado à ilha dos piratas, supostamente para ser morto em um combate.  

Ao final de "A Canção do Sangue" finalmente descobrimos por que o livro é intitulado dessa forma; As chamadas "Trevas" na verdade são dons, que o próprio Vaelin possui, uma espécie de sexto sentido que o avisa sobre as coisas. Na praia do Império Alpirano, onde aguarda sua captura pela morte do Esperança, o ex-futuro rei, adorado pelo povo, Vaelin descobre que seguia um rei insano, numa guerra fadada ao fracasso. Sua Fé parece ser nada mais que uma ilusão, quando descobre que há seres temíveis que habitam a escuridão do além túmulo, sendo que seu líder, o Aliado, planeja o Caos e a Destruição.

Numa narrativa que alterna passado e presente, "A Canção do Sangue" finaliza sua narrativa com o duelo entre Vaelin e o Escudo das Ilhas, numa jogada política que visava a libertação de Vaelin travestida de punição, dada a obviedade de seu sucesso sobre os piratas. Uma antiga dívida, contraída por seu pai ao queimar mulheres e crianças quando anda servia ao Rei Janus, que deveria ser paga com sangue.

"O Senhor da Torre" começará mais uma vez com o relato de Verniers que, impressionado com a narrativa do Matador do Esperança, resolveu partir para seu reino, apenas para ser capturado e virar escravo dentro de um navio, no cerco a um dos feudos do Reino.

Vamos encontrar um Vaelin mais velho, mais sábio, desiludido de sua Fé e relutante em aceitar o cargo que lhe oferecem, como Senhor da Torre dos confins do Norte, mas se dirigindo para lá mesmo assim pois é o que a canção do sangue lhe diz para fazer. Lyrna também parece ter mudado consideravelmente nos últimos cinco anos. Assim, quando o Aliado usa um de seus fantoches para matar Malcius, seu irmão, ela finalmente ascende como Rainha - mesmo que terrivelmente desfigurada, tanto física quanto emocionalmente.

Ao final de "O Senhor da Torre", Lyrna consegue fugir dos Volarianos, começar a retomada de seu reino e seu reconhecimento como rainha. Reva se torna a senhora de seu Feudo, quando seu tio por fim falece. E Vaelin forçou sua canção a tal ponto que acaba morrendo e, em seu retorno dramático da terra dos mortos, perde sua canção.

E - claro - numa reviravolta emocionante, um dos dotados dos confins do norte encontra a agora Rainha Lyrna. Apesar de ficar subentedido, entendemos ao final do livro que ela é curada das terríveis deformidades causadas pelo fogo. Um final emocionante, um desfecho eletrizante para um livro se igual.

Mas agora vamos ao "A Rainha do Fogo". Não vou mentir e deixar para o final: me decepcionei muito com o desfecho dessa trilogia, assim como muitos dos outros leitores que procurei pela internet para descobrir como se sentiram e o sentimento é um só... frustração.

Neste último livro, vemos a retomada por Lyrna da capital de seu império e sua organização para enfrentar os Volarianos em suas próprias terras, antes de que tenham tempo de se reorganizar para atacar o Reino novamente. Já Vaelin, irá partir para as terras do gelo, agora com uma Ionak que o orienta com sua canção, já que a dele foi perdida.

A guerra contra Volar será brutal, sangrenta, desumana. Muitos morrerão. Muitas batalhas serão traçadas. Eles são os vilões? Talvez. Mas há mulheres e crianças em meio ao povo massacrado, e por mais que haja alguma misericórdia, não há como nos depararmos com uma guerra sem que hajam baixas civis.

Vaelin também terá que lidar com batalhas, sangue e ossos partidos, perdas irreparáveis, enquanto busca pelas respostas que todos nós esperamos desde o primeiro livro: quem é o Aliado? Quais são seus objetivos? O que é história? Onde começam os mitos? E o que há de verdade travestida em adoração ao longo da passagem dos séculos?

Mas o final ... ah! O grande final! É como um grande rojão que não estoura, só solta fumaça. Entendam, tudo é resolvido, ou encaminhado de forma satisfatória. Todas as respostas foram dadas. Pelo que me lembro, todas as pontas soltas foram amarradas. Mas não foi grandioso. Não foi épico. Não foi arrebatador.

Recomendo a trilogia em si. Os dois primeiros livros são simplesmente magníficos, o segundo sendo, em minha opinião, o melhor! Mas o desfecho sinceramente me deixou com um gosto de cinzas na boca. Me despeço de vocês hoje numa resenha sem citações, em luto pela dor das minhas ilusões não correspondidas.

Até a próxima!

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sexta-feira, 27 de abril de 2018

Resenha: “Por Onde Andam As Pessoas Interessantes?” (Daniel Bovolento)


Por Kleris: Fiz o caminho inverso – li primeiro Depois do Fim (reveja resenha aqui) – o que se revelou uma experiência interessante, ver o Dan mais “novinho”, mais incerto, à procura do tom ou do caminho a seguir, mas já mostrando de cara seu ouro: a escrita

Despretensiosa, fui saboreando-a devagar no dia a dia – aliás, vou sentir falta da acolhida após minhas caminhadas – de maneira seus pequenos textos foram trabalhando diversas de minhas acepções. Acho que é esse o ritmo natural das crônicas na rotina: um dia de cada vez, alguns textos por vez, uma boa companhia para pausar um pouquinho e ir além da realidade sem sair totalmente dela. 

Prepare os marcadores adesivados (de novo) – você vai precisar de muitos deles.
Se você reparar bem nas ruas, em toda multidão, os rostos que você não conhece, um dia, poderão fazer parte do seu mundo. São todos estranhos procurando uma chance pra deixarem de ser, pra tomarem função e papel na vida de alguém, às vezes até na própria. [...] Nós, os estranhos, só queremos deixar esse vício de anda-pra-lá-anda-pra-cá, para finalmente conhecer alguém que nos dê nome.


Fora de um roteiro manjado, as 45 crônicas traçam umas perfeitas histórias imperfeitas. São relatos, intervalos, fluxos de pensamentos, confissões, conversas... Vários deles carregados de platonismos, autossabotagens diárias, algumas bads, e, sim, aprendizados. Diria que o livro não se pauta tanto pelo cotidiano, mas pela zona de conforto. Na verdade, uma busca de conexões frente à nossa zona de conforto. É nessa forte resistência ou mesmo na falta dessa desejada ligação, que muitas vezes deixamos o imaginário tomar conta, seja para o bem, seja para o mal. 

[...] só porque acontece dentro da sua cabeça, quer dizer que não seja real? É real pra burro. Você já sentiu isso. E, se não sentiu, paciência. É só questão de tempo. 

A gente acaba se prendendo tanto ao que poderia ter acontecido, que arrasta uma culpa imaginária a toa. E se culpar pelo que não pode ser desfeito é um daqueles errinhos bobos que fazem da gente um pouco infeliz num mundo em que a vida já não está fácil.


O livro segue um caminho natural de fases. Estações conhecidas, agasalhos emocionais, relutâncias (in)voluntárias, que, apesar de nos fazer sentir gente como a gente, estão ali para contribuir para nosso despertar. Nesse processo, assim como a vida, Dan nos dá e nos toma “pessoas”. Da fantasia ao primeiro passo de sair dessa zona confortável – mas já não tão agradável – é que vivemos as possibilidades e nos medimos pelas expectativas. 
A gente sempre abafa o que tenta incomodar a apatia com algum som familiar, com alguma memória preenchida ou com a desculpa de que a gente tá sempre ocupado e não pode prestar atenção. Eu, assim como um monte de gente, não quero sair da inércia, não quero sair daquele limbo sentimental, a menos que alguém me puxe. 
E, de repente, é um fracasso. A gente não entende. Por quê? Tava tudo tão certo, tudo tão exato, a fórmula era aquela, o espetáculo parecia tão atraente no folhetim e fuén. 
No fim do dia, sabe quando você chega em casa, tira os sapatos, bebe um cappuccino quente e sente o corpo todo esquentar? Sou essa sua sensação.

Dose a dose, entre ideais, tantas buscas e esperanças, Dan tem uma escrita sincera que te agarra de pronto. Vai falar daquilo que a gente não admite, daqueles conflitos que a gente tenta se sobrepor, do apego que nos bagunça, de como a gente insiste em agradar pessoas antes de nós mesmos, e dá lição, a sua maneira, como sobre ser inteiro e não metade. A sensação mesmo é de “se dar conta”. É uma leitura que sugere olhar pra si, mesmo depois de olhar pro outro, e se questionar se é ou não pra ser, em um exercício de autoconsciência. Exercício esse que lembra um pouco de Do que eu falo quando falo de corrida (aqui), do Murakami. 
Você nunca quer se molhar; quer sempre se sentir seguro, quer pintar e bordar nessa figura íntegra e imponente de quem não sente nada e tá tudo bem. Tá tudo bem? Tá nada, não adianta mentir pra mim [...] 
A gente é o corredor, não a sala. É a maçaneta ou o corrimão. Somos caminho, nunca o destino final. Tem gente que pira quando percebe isso, porque, ao contrário do que o outro sente, talvez a gente veja nele uma droga de uma porta, um caminho final, uma faixa de chegada. E as expectativas não batem.

Embora muito se queira, também muito nos contentamos, muito tentamos fazer algo dar certo ou fazer algo acontecer sem, na real, pensar sobre o esforço necessário – e um esforço de duas vias. Nesse sentido, alguns textos já se aproximavam do limbo de Depois do Fim, fazendo de Por Onde Andam As Pessoas Interessantes? uma grande e excelente introdução. 
Uma das manias mais dolorosas que a gente tem é de sempre renunciar a uma história inteira por conta da forma como ela acaba. 
Percebi que amor nenhum dá certo quando a gente precisa se esforçar pra fazer acontecer a mágica. 
Só com o tornozelo torcido, na última consequência do acontecido, foi que percebi o que estava na minha cara. Que não adianta insistir quando a forma não cabe na gente. Às vezes até cabe, mas depois de um tempo incomoda.

Recomendadísssssimo! Leitura para revisitar sempre :) Apesar dos comentários sobre a capa do livro ter traços “infantis”, gosto dela. Gosto por inteiro da edição. Já mal posso esperar pelo terceiro livro – em processo de publicação.

Abaixo, a playlist que ambienta todo o livro <3 
Mais importante que isso tudo: que você exista. E que não demore tanto pra chegar à minha vida. 
E aí que mora o problema: quando eu percebo. Depois que a gente percebe, não dá mais pra ignorar, e começa a acontecer de a gente perceber mais ainda.




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quarta-feira, 25 de abril de 2018

#Infinistante: Clube do Livro (Abril 2018)

Olá, Pessoas!!!

Mais um mês e mais uma leitura do Clube do Livro #Infinistante. E para Abril a proposta da Loma foi:

Abril é o mês de Conscientização do Autismo (dia 02 é conhecido como o dia mundial da conscientização) e queríamos ler mais a respeito. Buscamos títulos de ficção, mas que trazem a realidade do autismo e da síndrome de asperger (Transtorno Global do Desenvolvimento que pertence ao grupo de perturbações do espectro do autismo) para dentro da história.

Pensando nisso, nossa escolha foi:
 foto linduda por Melina Souza
📚EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, de Clare Vanderpool. 📚

Escolhemos esse livro pelo motivo que já mencionei acima, mas também porque ele é um romance cheio de fantasia! Um tipo de livro que eu (Loma) e Maki não lemos com muita frequência (a Mel já tem mais experiência com livros do tipo).
Sem contar que a sua edição capa dura é linda, um item de colecionador!
Ele conta a história de Jack Baker, que perdeu sua mãe na Segunda Guerra e foi colocado em um internato por seu pai. Se sentindo isolado de todos e solitário, ele conhece o enigmático Early Auden, que tem Síndrome de Asperger. Early é um prodígio, mas por trás de sua genialidade há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Os dois se aventuram juntos em um mundo de fantasias e muita coisa acontece (muita mesmo).

Estamos bem curiosas para conhecer essa aventura!

Tradução: Débora Isidoro

Por Eliel: Posso dizer que esse foi um dos livros mais emocionantes que li recentemente. Foi muito interessante conhecer um pouco do que é conviver com uma criança autista pelos olhos de uma outra criança que se quer sabe o que é o autismo.

Uma coisa interessante é que, exceto nos agradecimentos, a palavra autismo não é se quer citada em toda a aventura. Tudo fica claro por analisarmos o comportamento de Early Auden, o que acontece muitas vezes com a própria síndrome que dificilmente é diagnosticada em seus graus mais leves por pessoas que não são do convívio.

Jack Baker vai parar em um colégio interno após a sua mãe falecer e seu pai militar ter que voltar para seus afazeres. Esqueci de mencionar que a época que em essa história é contada é pouco após a Segunda Guerra Mundial. Embora não seja o plano de fundo oficial ela está presente e norteando alguns fatos dessa aventura.

Senti as lágrimas se formarem e me entreguei por um momento à lembrança dela.
Minha mãe era como a areia. Do tipo que o esquenta na praia quando você sai da água tremendo de frio. Do tipo que gruda no corpo, deixando uma impressão na pele para fazer você se lembrar de onde esteve e de onde veio. Do tipo que você continua achando nos sapatos e nos bolsos muito tempo depois de ter ido embora da praia.
Ela também era como a areia que os arqueólogos escavam. Camadas e camadas de areia que mantiveram os ossos dos dinossauros juntos por milhões de anos. E por mais que areia fosse quente, árida e simples, os cientistas agradeciam por ela, porque sem a areia para manter os ossos no lugar, tudo teria se espalhado. Tudo teria desmoronado.

Por vezes perdi o ar ao acompanhar Jack Baker e Early Auden em sua jornada em busca dos números perdidos de pi, do irmão mais velho de Auden e do Grande Urso da Trilha Apalache. Em outras passagens a emoção fica à flor da pele e é difícil segurar a emoção. É disso que gosto nos bons livros (tendencioso), essa capacidade de mexer com os sentimentos mesmo sendo uma ficção.

Sem falar que a edição da Darkside é uma verdadeira obra de arte, capa dura, ilustrações e um marca páginas (eu acho que era) que tem tudo a ver com a história. Aqui vai uma dica faça a leitura com o acompanhamento musical sugerido:


Certa vez, ouvi um poema sobre lançar a linha. Ele dizia que, quando o pescador joga a linha, é como se jogasse seus problemas para a correnteza levá-los embora. Por isso, continuo jogando. [...] Ninguém pode dizer nada sobre saber o nome das estrelas. O céu não é um campeonato ou uma prova. A única pergunta é: você consegue olhar para cima? Absorver tudo aquilo? Quanto ao nome das constelações, elas não são meio nem fim. As estrelas não estão presas umas às outras. Estão lá para serem admiradas. Olhadas, desfrutadas. É como pescar com vara. Pescar com vara não é sobre pegar o peixe. É aproveitar a água, a brisa, os peixes nadando à sua volta. Se pegar um, ótimo. Se não... melhor ainda. Significa que você pode voltar e tentar de novo!
Vocês estão acompanhando o Clube #Infinistante? o que estão achando da curadoria das meninas? Eu estou cada mês mais encantado.

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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Resenha: “Um Barril de Risadas, Um Vale de Lágrimas” (Jules Feiffer)


Tradução de Carlos Sussekind

Por Kleris: Acho que já mencionei em outra resenha que, da mesma maneira que curto sincronizar músicas à situação e/ou humor, gosto de aproveitar leituras conforme o momento. Com quase um aninho na estante, lembrei de Um barril de risadas, um vale de lágrimas e foi em um momento certeiro. Estava saindo de uma leitura um tanto pesada e Feiffer me ofereceu o caminho de volta. Então se você procura algo pra destravar ou fazer uma ponte de leitura, leve este livro <3 
Roger tinha um estranho efeito sobre as pessoas.


Roger é um príncipe meio abobalhado, que tem esse tal estranho efeito sobre as pessoas: quem chega próximo dele, ri, ri de se acabar. Sua presença por si só faz isso e é algo incontrolável. Roger também não colaborava, ele ria de qualquer coisa, não tinha tempo ruim pra ele. Só que essa “felicidade eterna” lhe era prejudicial. Como que um dia ele poderia assumir o trono (e o reino), se ninguém (nem se quisessem!) conseguia levá-lo a sério?

O rei Deldizifidicer, seu pai, então pede ao J. Imago Mago, mago do reino, para auxiliar Roger nessa causa. Ao que parecia, a causa deveria ser descoberta pelo próprio, em uma jornada sem um destino definido, a não ser essa busca, que ninguém também sabia de quê na verdade. Só se sabia que Roger precisava mudar sua situação, ter “experiências de vida”. E assim ele foi, atrás de seu destino, mais empurrado do que outra coisa, com um pó mágico que Imago lhe dera, um recurso que ajudaria a imunizar pessoas de rirem quando perto dele estivesse.

O mago, claro, dava suas bisbilhotadas na aventura de Roger, até porque o príncipe começava a se demorar na sua busca. Numa dessas espiadas, Imago Mago percebera que Roger estava a se dispersar da missão, vez que estava muito seguro com aquele pózinho mágico, tão perdido quanto os outros homens e mulheres que divagavam em suas próprias jornadas. Em uma última interferência, o mago produz uma situação a fim de chamar a atenção de Roger e colocá-lo de volta à trilha. É quando ele se vê em dificuldade que a jornada verdadeiramente começa. 
“Que significa isto?”, pensou. Seu primeiro pensamento depois de muito, muito tempo. A última vez em que chegara perto de algo que poderia chamar de pensar foi quando ele era uma árvore e havia deixado cair um galho na cabeça de Tom. Ao longo de um dia, pensar figurava em último lugar na lista de coisas que tinha para fazer. Por que pensar quando se pode brincar? 
“Você precisa tomar uma decisão.”
“Uma decisão?”, gemeu Roger. “Mas eu nunca tomei uma decisão.”
“Para tudo há uma primeira vez.”

Um barril de risadas, um vale de lágrimas é uma novela que fala sobre sair da zona de conforto – e que existe esperança para quem não se acha (ou não parece) capaz. De maneira quase ingênua, mas também realista, temos uma digna jornada de herói. Temos também uns elementos e personagens fora do comum para pequenas lições de vida. Além de Roger, destaques para Imago Mago, Tom, Lady Sarita e até mesmo o rei Deldizifidicer, figura singular que rouba a cena até mesmo sem querer.

Ao retratar a ideia de se lançar no mundo e dele colher as mais diversas experiências, Jules emparelha o bom e o ruim da vida como algo para nosso aprendizado – de que a parte ruim também tem papel importante, e por isso não deve ser evitado ou desprezado. Também se trabalha as percepções, sobre si, sobre o mundo, as amizades, nossos desejos e desejos de outras pessoas, de deixar que se lute as próprias batalhas, de se aperceber de pessoas que não respeitam a vontade ou o caminho do outro.

Feiffer nos insere nessa empreitada com muito humor. A gente acha que não vai rir, já que parece tudo tão bobo, mas ele tem um jeitinho de nos envolver tão tão tão carismático, que nos faz torcer por esse anti-herói e virar as páginas atrás de respostas. Para garantir essa bobice gostosa, o que mais tem é virada inesperada. Valoriza-se ainda a própria jornada – os passos, as dúvidas, desafios e enigmas da vida, os momentos de reflexão, maneiras de fazer diferente pra alcançar um rumo diferente. 
Armadilhas, uma após a outra. E depois, haveria mais armadilhas à sua espera? Uma vida inteira de armadilhas enfileiradas! Venceria a primeira contra todas as possibilidades para em seguida ver-se frente a frente com novas impossibilidades, uma segunda uma terceira, uma quarta, e assim por diante?

E tão melhor quanto a trama é a narração. Temos um narrador conversador ótemo, que garante uma leiturinha leve, fluída, suave na nave na medida. Geralmente não curto esse tipo de narração, vez que tendem a divagar, perder o foco e tentar agregar uns fatos nada a ver. Aqui, até mesmo as divagações são um elemento interessante, o que corrobora muito com a aura de metaleitura (uma leitura sobre leitura <3) e de realismo fantástico da trama – isso sem, no entanto, exagerar na dose. Goxtei muito disso. 
O que é bom nesse negócio de ser escritor é que a gente sabe tudo o que vai acontecer antes que aconteça. Na vida real não se consegue ter certeza sobre o que vai acontecer daqui a cinco minutos, mas no seu próprio livro você tem o controle que na vida real é impossível. 
Escolhi dar a este capítulo esse título porque, muitas vezes, quando vou chegando ao fim do livro que estou lendo, não consigo deixar de pensar em quantas páginas ainda faltam para acabar. Aí dou uma corrida até o final e espio. E acabo descobrindo coisas que não queria saber. #quemnunca

As ilustrações também, de maneira simplista, incrementam a história. Embora ache que daria um filme maravilhoso – de animação, de preferência – o conjunto como livro me parece bem mais rico. Os traços singelos e as entradas dinâmicas dão esse toque especial para guiar a imaginação. A capa, aliás, traz uma sacada de contexto bem bacana! Gostei da Seguinte ter mantido a arte anterior da edição da Companhia das Letras <3

Um barril de risadas, um vale de lágrimas é, assim, uma aventurinha juvenil que tem tudo pra ser abraçado. Amei a escrita de Jules e com certeza devo ir atrás de outros livros dele! 
“Há um mundo de verdade lá fora, meu peralta”, vociferou Imago Mago no auge de sua frustração. Apontou para a janela na direção da Floresta Para Sempre e mais além. “É um universo misturado em que há muito sol e muita sombra, muita glória e muita solidão. E você não experimentará nada disso. Não experimentará nada de coisa nenhuma,”. J. Imago Mago levantou-se de Roger e atravessou a sala até chegar à janela. Ficou um bom tempo olhando para fora. “O que está lhe faltando é aventurar-se numa busca”, disse ele. Um brilho faiscou nos seus olhos.
“Numa o quê?”, perguntou Roger.
“Exatamente!”, exclamou o mago. “O que é preciso é enviá-lo numa busca!”
“Tipo salvar uma linda mocinha das garras de um dragão ou de um ogro? Isso até que me faria dar boas risadas!”
“Roger, você não é sério bastante para salvamentos [...]” 
“Não compreendo”, disse Roger. “Lá onde?”
“Acolá, adiante ou além”, disse o mago.
“Deixa eu ver se eu peguei”, disse Roger. “É pra eu encontrar minha busca num desses lugares, ou num outro lugar. É isso que você está me dizendo?”
“Acolá, adiante ou além”, repetiu o mago.

Recomendo!

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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Resenha: “O Novo Líder - Novas regras para uma nova geração” (Lindsey Pollak)

Tradução de Denise de Carvalho Rocha

Por Kleris: Sabe aquela sensação de ter encontrado um livro raro? De que o livro em mãos vale ouro? Essa foi definitivamente minha sensação enquanto lia o da Lindsey Pollak. Já li uns variados na área e nenhum foi tão abrangente, pontual e significativo como este. Foi com certeza um dos melhores livros de não ficção e empreendedorismo de 2017. Já considero Pollak uma grande amiga! 
Este livro é pra você que dá seus primeiros passos como líder. Minha missão é fornecer absolutamente todas as informações e orientações ao meu alcance, combinando o melhor dos conselhos do passado com as dicas recém-saídas do forno a respeito das últimas tendências, e um punhado de previsões sobre o que você precisará fazer para continuar prosperando no futuro. Além de uma extensa lista de conselhos sobre liderança, eu também vou oferecer minhas melhores estratégias de gestão para turbinar a sua carreira.

O Novo Líder não é apenas mais um livro sobre liderança ou maneiras de como se formar um. O novo líder já existe e está aí, andando com você, discutindo planos com você, se divertindo com você. O novo líder vem da Geração Y, que será a geração a substituir aqueles que já estão se aposentando (em sua maioria, baby boombers). Se você ainda não entendeu do que estou falando, pode deixar que a Lindsey te inteira de tudo deste assunto (tradicionalistas, baby boomers, geração x, geração y, etc). 
Os conselhos de liderança do passado simplesmente não são suficientes para prepará-lo para as realidades complexas de hoje. 
Tornar-se líder em tempos de mudança demográfica significa que você vai precisar desenvolver suas habilidades de comunicação e gestão de pessoas para lidar com profissionais de várias gerações, que têm diferentes expectativas e estilos de trabalho. 
A principal razão por que, hoje em dia, todo mundo está falando sobre as diferenças entre gerações é o fato de que, pela primeira vez na história, quatro gerações estão compartilhando o local de trabalho ao mesmo tempo. (É verdade; não são apenas os baby boomers e os milênios que estão brincando na mesma caixa de areia.)

Porque Lindsey fornece um excelente panorama do mercado de trabalho com bases teóricas e práticas. Além de dissertar sobre o assunto, há inúmeros estudos de caso para exemplificar, com insights, notas e testes, também para auxiliar na análise de nosso próprio desempenho. Tal abordagem, distribuída por grandes áreas (como desenvolvimento pessoal, relacionamentos, comunicação, profissionalismo) constrói uma visão bem completa de quem é esse novo líder – o que faz, como faz, por que faz, por que não faz. 
A sua capacidade de liderar outras pessoas começa, antes de tudo, com a sua capacidade de liderar a si mesmo. Você pode se surpreender ao constatar quantas páginas vai ter de ler aqui antes que eu comece a falar sobre gerenciar sobre outras pessoas. Isso é porque você será um líder muito, mas muito melhor para outras pessoas se primeiro passar algum tempo aprimorando o seu conhecimento, a sua mentalidade e a sua atitude. Se esses elementos não forem negligenciados, o resto acontece naturalmente.

Acho que o que mais gostei na leitura foi o tom sincero e humilde de Lindsey. Ela tem uma escrita ótima – clara, dinâmica, despretensiosa, presente, iluminadora, empática – que faz você mergulhar de fato no contexto e se pegar maravilhada pelo que está vendo e reconhecendo. As dicas são valiosíssimas, coisas que você só condensaria após um longo processo de coaching – o que não é errado ou dispensável, apenas digo que pode entregar muito mais e te dar uma direção antes de começar qualquer coisa, ou pelo menos te fazer entender porque seria necessário apostar nisso.

Semelhante a esse trabalho, até então, só conhecia o empenho do brasileiro Gabriel Goffi, CEO de uma startup de performance e negócios exponenciais – o desenvolvimento High Stakes. Não sei dizer se eles bebem da mesma fonte, mas com certeza são os líderes que valem a pena, neste momento, acompanhar e aprender. Sendo assim, deixe lápis, borracha e marcadores adesivados de prontidão, pois vale fazer muitos destaques e notinhas no pé da página.

Se você é ou não da Geração Y (milenium), um jovem profissional ou não, não importa. O livro O Novo Líder veio para sintetizar esse cenário, promover a boa convivência entre quem tá saindo e quem está assumindo as responsabilidades, e te dar um SUBSTANCIAL CONHECIMENTO sobre como crescer na área. É, assim, um formidável livro de cabeceira.

RT TOTAL nesse texto de contra-capa!

Aliás, diria que Lindsey Pollak é a Brené Brown do mundo empresarial. Seria de explodir a cabeça vê-las juntas lidando com algo tão extraordinário quanto o espírito empreendedor. Mas que seria ótimo, ah, seria.

Recomendadísssimo! 
Mais do que qualquer outra coisa, eu acredito que a liderança comece dentro da pessoa, com o modo como ela encara o mundo e seu desejo de fazer algo bom por ele.


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quarta-feira, 18 de abril de 2018

[Além das páginas] Extraordinário (livro de R.J. Palácio)



Por 💝Sheila💖:


OI pessoas! Trago a vocês hoje o primeiro post de nossa nova coluna! A proposta da mesma você encontra no nosso primeiro post aqui. E para nosso estréia, gostaríamos de discutir um livro/filme com uma proposta muito bonita: Extraordinário, da autora americana R.J Palácio.

Nesse drama, seremos apresentados a August Pullman, ou Auggie para seus amigos e parentes. Auggie nasceu com uma síndrome genética cuja sequela e uma severa deformidade facial, que o fez passar por inúmeras cirurgias e outras complicações medicas. Em função disso, nunca havia frequentado a escola, e é justamente a respeito desta transição difícil que o livro irá tratar.

Assim, Auggie terá de lidar com as dificuldades de ser um novo aluno, começando a frequentar a escola somente no quinto ano, tendo um rosto bastante diferente. A autora irá abordar a temática de uma forma simples, mas cativante, alternando a narrativa entre os diferentes personagens, todos muito bem construídos, para nos contar uma história cheia de emoção e superação.

O longa que foi para as telonas em dezembro de 2017 foi estrelado por Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) no papel do protagonista, Julia Roberts como Isabel, mãe de Auggi e  Owen Wilson, no papel de Nate (pai de August). No elenco infantil teremos   Izabela Vidovic (Via)  Jack Will (Noah Jupe),  Summer (Millie Davis)  e Julian ( Bryce Gheisar).

No filme, vamos encontrar Auggie em meio aos preparativos para conhecer, já no dia seguinte, a escola em que estudará, após passar muitos anos estudando em casa. Num primeiro momento, ele usará bastante um capacete, o que nos fará ficar na expectativa sob como será seu rosto, principalmente se você, como eu, preferiu não ver os trailers.

Aqui, confesso que, pela descrição da autora do livro, esperava que existisse algo visualmente mais difícil, uma deformidade maior. Mas entendemos que talvez isso tenha sido atenuado de maneira proposital, a fim de não chocar em demasia as pessoas que assistiriam.




A caracterização dos personagens fica muito fiel ao livros, bem como o desenrolar da história em si, principalmente levando-se em conta de que a produção segue o estilo da autora, pegando os diferentes pontos de vista dos diferentes personagens que compõem o enredo, e dando sua perspectiva dos acontecimentos.

Uma pequena observação poderia ser feita a respeito do final, pois parece que a parte que fica sob a perspectiva de Miranda é estendida, talvez a fim de evitar a repetição de personagens, o que deixou um pouquinho, levemente, confuso. Claro que provavelmente isto não tenha nem sido notado aos que apenas assistiam ao filme, sem ler o livro.

O papel de Auggie é muito bem interpretado por Jacob, bem como a atenção dada a construção do personagem em si, situações narradas que são excluídas do longa, mas que transparecem em cuidados e pinceladas sutis ao longo da história: sua propensão às ciências, ao espaço, sua predileção pela saga Star Wars, o que nos faz remeter ao livro a todo momento.

Claro, como uma boa amante da literatura, senti falta de algumas passagens, de ver exploradas algumas nuances, mas isso não torna o filme ruim, bem pelo contrario. A excelência da interpretação pelos atores fez inclusive com que eu me emocionasse um pouquinho mais com algumas cenas do filme do que me emocionei lendo o livro.

Ou seja, como adaptação, funciona muito bem ao conseguir trazer para as telas o essencial da obra.

Recomendo


segunda-feira, 16 de abril de 2018

Resenha: "Branca de Neve - Os contos clássicos" (Alexandre Callari)

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão todos e tod@s? Trago a vocês hoje a resenha de um livro que eu queria ler a muitooooo tempo! Já confesso que adoooroo esse mundo dos contos de fadas e tudo que a ele se relaciona, e que de todos Branca de Neve é um dos meus favoritos!

Lançado pela Editora Generale, eu esperava que este livro fosse apenas uma coletânea dos contos clássicos por detrás do que foi popularizado pelos estúdios da Walt Disney, mas foi uma grata surpresa descobrir que ele vai muito além do esperado.

O livro é dividido em três partes:

Na primeira, vamos adentrar o clássico escrito pelos irmãos Grimm em 1857, intitulado "Pequena Branca de Neve" e que mais se assemelha ao seu tão famoso longa adaptado pelos estúdios Disney em 1937.

Há muito e muito tempo, bem no meio do inverno, quando os flocos de neve caíam do céu leves como plumas, uma rainha estava sentada costurando junto a uma janela com esquadrias de ébano. Costurava distraída, olhando os flocos de neve que caíam lá fora e, por isso, espetou o dedo com a agulha e três gotas de sangue caíram na neve. Aquele vermelho em cima do branco ficou tão bonito que ela pensou: "Eu queria ter um neném assim, que fosse branco como a neve, vermelho como o sangue e negro como a madeira da moldura desta janela."Algum tempo depois, ela teve uma filha, que era branca como a neve, vermelha como o sangue e tinha cabelos negros como o ébano. Deram a ela o nome de Branca de Neve, mas, quando ela nasceu, a rainha morreu.

Além de outras versões - sete no total  - algumas muito semelhantes e, o mais destoante, contado em forma de poema. São elas:  "A Jovem Escrava"; "Árvore-Dourada e Árvore-Prateada"; "Maria, a madrasta má, e os sete ladrões"; "O Caixão de Cristal"; "A Morte dos Sete Anões"; "A Fábula da Princesa Morta e dos Sete Cavaleiros". Há versões em que, inclusive, não é a madrasta, mas a própria mãe que se toma de ciúmes da filha.

Era uma vez um rei que tinha uma esposa, cujo nome era Árvore de Prata, e uma filha, cujo nome era Árvore de Ouro. Num certo dia, entre outros dias, Árvore de Ouro e Árvore de Prata foram a uma ravina em que havia uma fonte, e dentro da fonte havia uma truta.

Árvore de Prata disse:
– Trutinha, minha pequena camarada, não sou a mais bela rainha do mundo?
– Oh! De verdade? Você não é não!
– Mas, quem é então?
– Ora, é Árvore de Ouro, sua filha.
Árvore de Prata foi para casa, cega de raiva.
Deitou-se na cama e jurou que nunca mais ficaria boa se não conseguisse comer o coração e o fígado de Árvore de Ouro, sua filha.

Aqui, além de adentrarmos as diferentes facetas apresentadas à cada história pela cultura da qual se originou, teremos também os comentários de Alexandre Callari, que vão elucidar muitas nuances que, num primeiro momento, podem passar despercebidas do olhar menos atento. Para além da história, há mitos, lendas e toda uma rica simbologia por detrás desse conto.

Na segunda parte do livro, será analisada toda a filmografia dai resultante, indo desde histórias até mesmo pitorescas e curtas passando, obviamente, pelo longa de Walt Disney, e caminhando até algumas adaptações bem recentes, como Espelho Espelho meu que teve Julia Roberts como Rainha Má; e Branca de Neve e o Caçador com Kristen Stewart, a protagonista da famosa saga "Crepúsculo". Também irá abordar algumas adaptações criadas para o teatro que se destacaram e até mesmo HQs.

Já na terceira parte, seremos brindados com conto do próprio Alexandre Callari, que irá fazer uma releitura do clássico, intitulado "Mundo dos Espelhos: Lobos, Sangue e Neve".

O interessante da história de Callari é que, na sua versão, Branca de Neve deixa de ser uma princesa sujeitada à maldade sem explicação de uma Rainha Invejosa e, depois, sujeitada a esperar ser resgata por um príncipe encantado, para verdadeira protagonista de sua história e de sua vida. Não mais mera vítima, mas salvadora de si mesma.

Por mais que alguns dos contos tenham passagens que hoje chocariam nossa sensibilidade - como a punição de dançar em sapatos de ferro até a morte, ou algumas questões claramente incestuosas - é interessante encontrar as origens de uma história que se tornou tão popular em nosso imaginário, bem como também saber de algumas curiosidades.

Por exemplo, vocês sabiam que o orçamento do longa metragem de Walt Disney ultrapassou em DEZ - isso mesmo dez vezes - o orçamento original? E que por muito tempo o filme ficou conhecido como "Loucura Disney"? Claro, que hoje sabemos que Branca de Neve foi o que alçou a Disney como a empresa multimilionária que é, mas na época deve ter sido difícil aos que trabalhavam no projeto.

Por fim, a versão do conto escrita por Callari, muito mais adulta, nos faz re-visitar esse nosso recôndito infantil, redescobri-lo e significá-lo de forma diferente. Também nos faz ver o trabalho de remodelagem por Disney de forma mais aberta e crítica, visto que na realidade, em sua origem, os contos também não seriam recomendados ao público infantil.

Recomendo!

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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Resenha : "Antes de Tudo Acabar" (Mary C. Müller)

Por Stephanie: Antes de Tudo Acabar é um YA contemporâneo nacional escrito pela autora Mary C. Muller, que conquistou mais de 2 milhões de leituras no Wattpad e conseguiu lançar seu livro físico pela Editora Planeta em 2017. A história tinha tudo pra dar certo, mas alguns deslizes acabaram comprometendo minha experiência com a obra.

Rafael é o protagonista do livro, um adolescente considerado “esquisito” que tem uma paixonite pela sua melhor amiga, Anne, uma menina linda que usa tênis de cores diferentes e compartilha todos os momentos com ele. A relação é abalada após Anne começar um novo relacionamento amoroso, e tudo começa a desmoronar a partir desse acontecimento e de outras situações que se desenrolam ao longo do livro.
Era triste imaginar uma rotina toda baseada no fingimento, todos agindo como se estivesse tudo okay e normal. Todas aquelas máscaras de Coringa, cheias de sorrisos, quando por dentro não aceitavam a forma como as coisas eram.
No início eu estava gostando bastante da leitura porque ela me trouxe um sentimento de nostalgia. Os momentos que Rafa passa com Anne fazendo coisas banais como lanchar no McDonald’s, ficar de bobeira em casa ou matar aula para ficar conversando me lembraram muito da minha época no Ensino Médio, uma época que pode não ter sido a melhor da minha vida mas que gosto de revisitar às vezes.

A autora aborda relações bastante complicadas no livro, já que Rafa tem uma mãe alcoólatra e um pai que começou uma nova família com a amante, e Anne tem um pai abusivo e começa a namorar um cara mais velho que pode não ser tão legal quanto aparenta. Acho que incluir estes relacionamentos foi uma forma que Mary encontrou de mostrar que qualquer um pode passar por situações difíceis e que é importante ter amigos com quem contar quando o fardo fica muito pesado.

Alguns dos outros assuntos abordados envolvem homossexualidade, estupro, automutilação e bullying. Acho que todos têm importância e é super válido encontrar estes debates em livros para jovens, mas acredito que Mary tentou incluir muita coisa em seu livro e acabou se perdendo um pouco, focando no que era menos interessante: a paixão de Rafa por Anne.

Rafa muitas vezes soa reclamão e egoísta, exigindo de Anne algo que ela não pode oferecer a ele. E isso foi irritante de acompanhar pois ele só pára de agir assim quando um novo interesse amoroso aparece, lá pela metade do livro. De repente ele só tem olhos para a nova garota e começa a agir de modo bem frio com aquela que um dia já foi sua melhor amiga.

No geral, o livro é bom, tem uma capa linda e vale a pena pra quem busca algo despretensioso e fácil de ler. Quem gosta de temas pesados pode não ter uma boa experiência, já que não vai encontrar estes temas sendo tratados com muita profundidade na obra.
Antes de tudo acabar, a gente aprende a ser quem é.

Até a próxima, pessoal!
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terça-feira, 10 de abril de 2018

[Novidades] Seleção de Colaboradores do Blog Dear Book

Opa! Quer participar de nosso time?



Oi pessoas! Como estão?


Infelizmente, existem aqueles momentos na vida em que precisamos redefinir nossas metas e escolher algumas prioridades. E foi por isso que alguns de nossos colaboradores precisaram se afastar para ir em busca de novas metas e sonhos. Sempre os guardaremos em um cantinho do nosso coração e desejamos tudo de melhor nessa nova etapa que se inicia!

Em vista dessa ausência e da necessidade de dar um refresh no blog, abrimos a partir de hoje (10 de abril) inscrições para novos integrantes! 

Estamos com vagas abertas para:


(01) Resenhista
(01) Colunista tema livre


Então, o Dear Book é um blog literário de quase 8 anos de estrada. Sempre apresentando boas dicas e críticas, por aqui também já tivemos conteúdos diversos com filmes e séries e estamos a fim de resgatá-los, ou até trabalhar com alguma nova proposta. Que novos passageiros também compartilhem dessa viagem pelo entretenimento.

Se interessaram?

~~~~~~~~~Venham ver as especificações :) ~~~~~~~~

Para resenhista

O que esperamos de um (a) RESENHISTA
- Que disponha de tempo para leitura e escrita de opiniões, de pelo menos 1 livro a cada 15 dias.
- Que conheça e saiba utilizar a plataforma blogger de postagem, quanto a funcionamento e formatação de textos e imagens.
- Que esteja por dentro de novidades quanto ao mundo literário, das tendências e saiba passar isso ao leitor.
- Construção de textos bem apresentáveis, com aquele português básico em conformidade.
- Publicação de críticas sinceras, que pontuem pontos fracos e fortes e evitem entregar spoilers.
- Escrita de resenhas puramente suas (e inéditas), nada de plágios. Se for preciso linkar uma referência, faça, mas não copie conteúdos sem permissão de seus donos.
- Que auxilie na divulgação de resenhas na mídia do blog (principalmente Facebook), que seja bem comunicativo (a).
- Que publique suas resenhas no skoob ou outra rede social de leitores.
- Se possível, gostaríamos que cobrisse eventos (em suas cidades ou não) ligados a assuntos do blog.
- Nenhuma restrição quanto à idade ou localização.

Revejam algumas resenhas do blog

Para Colunistas

O que esperamos de um (a) COLUNISTA 
- Que disponha de tempo para escrita de opiniões sobre temas diversos (filmes, séries, curiosidades).
- Que conheça e saiba utilizar a plataforma blogger de postagem, quanto a funcionamento e formatação de textos e imagens.
- Que esteja por dentro de novidades quanto ao mundo literário e cinematográfico, das tendências e saiba passar isso ao leitor.
- Que apresente uma ideia original de coluna (proposta de resenha, review, indicação, dinâmicas, listas... seja criativo!), com título específico que valide a intenção da coluna.
- Que construa textos (inéditos) bem apresentáveis, com aquele português básico em conformidade e inteiramente seus (nada de plágios).
- Que publique textos sinceros, sejam lançamentos ou não, que pontuem pontos fracos e fortes e evitem entregar spoilers.
- Que auxilie na divulgação de posts na mídia do blog (principalmente Facebook).
- Se possível, gostaríamos que cobrisse eventos (em suas cidades ou não) ligados a assuntos do blog.
- Nenhuma restrição quanto à idade ou localização.

Reveja uma antiga coluna do blog

Ok, quero me inscrever!
Como procedo?


Para resenhista

Simples! Envie um e-mail para dear.book@hotmail.com com uma resenha-exemplo (nomeie o arquivo deResenha_Seu_Nome) de uma leitura (livre) recente e deixe claro os seus dados no corpo de texto. Dúvidastambém no corpo de texto.

Assunto (título de e-mail): SELEÇÃO DE RESENHISTA.

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Para colunista

Simples! Envie um e-mail para dear.book@hotmail.com com sua proposta de coluna (no corpo de texto) eum texto em anexo contendo seu “primeiro post”, apresentando-se ao público e comentando o assunto da sua coluna e deixe claro os seus dados no corpo de texto. Dúvidas também no corpo de texto.

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Sobre o envio de inscrição e avaliação


Aceitamos inscrições a partir de hoje até dia 30 de abril de 2018 as vagas. Sem previsão definida para determinar o (a) novo (a) integrante do DB, pois dependerá do número de inscrições recebidas. Esperamos por vocês, hein!


Bjos,



Equipe DB.


 
Ana Liberato