sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Resenha: “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se” (Mark Manson)

Tradução: Joana Faro

Por Kleris: Sabe aquelas conversas de bar que parece não dizer muita coisa, mas, entre um gole e outro, o lance faz muito sentido? O interlocutor nem é lá uma figura muito confiável, mas de repente tem um bom papo? Este é Mark Manson, que é ousado caso em contar sua “revolucionária” percepção sobre a vida e autodesenvolvimento, mas, lá e cá, força a barra nessa desconstrução. 
Os conselhos de vida mais comuns na verdade se concentram no que não temos. Eles miram direto no que já vemos como falhas e fracassos pessoais, só para torná-los ainda piores aos nossos olhos.

Mark nos fala sobre saúde mental, padrão, comportamento, quebra de impressões e algumas internalizações; fala sobre ir na raiz da questão quando se trata de ver quem somos e o que estamos fazendo no mundo. Ao começo, parece o Cortella em “Por que fazemos o que fazemos?” (reveja resenha aqui), investigando e desmitificando historietas que são exaltadas pelo senso comum. 
Tudo o que vale a pena na vida só é obtido ao superar o sentimento negativo associado a ele. 
Nossa dor e tristeza não são uma falha da evolução humana. Pelo contrário: são um recurso essencial dela.

Até a metade do livro você tá lá dizendo “cara, é isso mesmo”, embasbacada por todo o discurso estar fazendo muito sentido, mesmo de quem vem e como vem. Daí, da metade pro final, o autor se perde e se arrasta; senti falta de uma conclusão, algo que sustentasse mais sua proposta quanto a ligar o foda-se. Até porque a gente sai desse livro meio nauseada, tentando entender esse embrulho de informações, que ora faz muito sentido, ora tá muito “QUÊ?” – principalmente no capítulo que relaciona memória e vítimas de abuso, que é de um p* no c* tremendo.

A grande questão do livro é sua abordagem. A “arte de ligar o foda-se” é sim uma arte libertadora que nos leva a uma visão mais honesta da vida, porém, o modo com que Mark guia essa conversa é um tanto problemático. Ele vai jogando e jogando ideias, e em dado momento parece que estamos no meio de um tiroteio sem saber como fomos parar lá. Parece que ele tá gritando o tempo todo e precisa se reafirmar que não é um canalha sendo um canalha.

Acho que o que mais me incomodou foi a falta de empatia em suas narrativas. “Foda-se, é como me sinto” pode ser uma explicação, mas não quer dizer que eu deva aceitar esse argumento por completo. Não é uma abordagem que funciona comigo. E isso me fez pensar com quem funcionaria. 
A autoconsciência é uma cebola: cheia de camadas, e quanto mais você descasca, mais provável é que comece a chorar em momentos inadequados.

O que Mark traz em seu livro eu já estava familiarizada a partir dos livros da Brené Brown – sou, aliás, fã e adepta (reveja resenhas aqui) – e você já deve ter visto em alguns canais populares como da Jout Jout. Mas nem todo mundo consegue acompanhar ou estar aberto ao papo da vulnerabilidade (o que é compreensível), porque vai contra 90% do que a sociedade nos repassa. 
Grande parte do mercado autoajuda se sustenta em vender euforia em vez de ensinar as pessoas a resolver problemas legítimos. Muitos gurus ensinam novas formas de negação e enchem o público de exercícios que causam bem-estar a curto prazo, mas ignoram a raiz do problema. 
Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória. E a vida não funciona assim. Você é definido pelas batalhas que está disposto a lutar.

A sensação que dá é que Mark pega o grosso dos livros da Brené e joga na nossa cara dizendo “Não entendeu, porra? É isso, ISSO e isso”. Não sei dizer se ele realmente bebeu dessa fonte, mas a impressão é que essa sutil arte é “vulnerabilidade para inquietos”. Ou melhor, Brené para inquietos. 
Sabe quem baseia a vida nas emoções? Crianças de três anos. Cachorros. Sabem o que mais crianças de três anos e cachorros fazem? Cagam no tapete. 
O sofrimento é um fio inextricável que compõe o tecido da vida, e arrancá-lo não só é impossível como também é destrutivo: tentar desmantela todo o resto.

Outra coisa interessante é que o livro termina por tocar na questão de masculinidade e as vulnerabilidades quase inacessíveis dos homens, tópico esse que é um dos tabus mais abafados do mundo. Neste cenário, a sutil arte de Mark é uma bela introdução, pois populariza conceitos sobre relacionamentos saudáveis, nem que seja na base da pistolagem. É como funciona para alguns homens, afinal. E principalmente para homens que só validam a opinião de outros homens. 
Ligar o foda-se é encarar os desafios mais assustadores e mais difíceis da vida e agir. 
Se você deseja mudar a forma de ver os problemas, precisa mudar seus valores e/ou sua forma de medir sucessos e fracassos.

Se você também ficou um pouco perdida nesse tiroteio de Mark, sugiro que busque pelos livros da Brené para compreender melhor do assunto. Aí sim posso dizer: vai iluminar de um tudo na tua vida – e sem precisar de gritaria, só de abraços. 
Não espere por uma vida sem problemas – continuou o Panda. – Isso não existe. Em vez disso, torça por uma vida cheia de problemas pequenos. 
A tecnologia resolveu antigos problemas econômicos, mas nos trouxe novos problemas psicológicos. A internet não apenas disponibilizou informação para todos – ela fez o mesmo com a insegurança, a incerteza e a vergonha.



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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Resenha: "Eu sou a amante do meu marido" (Sara Ester)


Sinopse: Algumas vezes a vida nos obriga a tomar atitudes drásticas, e o que é errado pode ser a única opção. Marie Cooper se vê em uma situação cuja única alternativa é o inusitado, pois não existem limites para a audácia de uma mulher cheia de desejos reprimidos. Casada com Andrew Cooper somente no papel, Marie almeja descobrir os desejos da carne. Ela quer conhecer o seu marido completamente, e pela primeira vez em sua vida cometerá uma loucura para conquistar aquilo que quer. Como? Se tornando a sua amante! Quais serão os segredos desvendados nessa reviravolta?

Por Jayne Cordeiro: O titulo deste livro é bem incomum e bem longo, mas acabei dando uma chance a ele, e não me decepcionei. Não é um livro muito longo, e a escrita é bem dinâmica e interessante. A história é contada pelo ponto de vista de ambos os protagonistas, principalmente pela Marie. Ele é uma mulher apaixonada que sofre com a rejeição do marido, que não aparenta ter nenhum interesse por ela, após o casamento. Andrew apresenta um comportamento bem confuso para ela, pois tem momentos em que a ignora, e outros em que parece que a deseja, mas sem nunca consumar o casamento.

Não havia um dia sequer no qual eu não me arrependia de ter aceitado aquele maldito acordo. Estávamos presos um ao outro, totalmente infelizes, eu a magoando de diversas formas e e sentindo-a se quebrar mais e mais.

O livro tem a sua história girando em torno deste drama vivido pela Marie, que está cansada deste tratamento, e decide elaborar um plano para conseguir finalmente se envolver sexualmente com o homem que ama. Mesmo que ele não saiba que se trata da própria esposa. Fiquei na dúvida no começo, de como isso poderia acontecer, mas a autora consegue encontrar uma forma convincente de fazer isso, e conseguindo passar de uma forma para o leitor, que é possível até mesmo não ter raiva ou se irritar com Andrew pela situação.

Suspirei e me recostei na pia, olhando-a.- Eu o vi, mas me acovardei na hora em que ele vinha na minha direção. - disse enfiando a escova na boca.- O que? Ficou louca? - Emily perguntou quase surtada. - Não era esse o objetivo desa loucura toda, Marie? Você ficar com ele nesse maldito clube?

Além desse drama, o livro também apresenta um pouco de suspense e mistério, já que passamos grande parte do livro querendo descobrir o porque de Andrew não se envolver com Marie, apesar de desejá-la tanto. E também a um perigo que ronda Marie, que trará uma surpresa no final. Assim, o livro tem uma história bem interessante, bem escrita, e recheada de romance, cenas quentes e mistérios. 

Delicadamente senti suas mãos deslizarem por meus braços, arrepiando minha pele.- É só fechar os olhos e imaginar que estamos a sós...sem plateia. - Andrew sussurrou e raspou os dentes no lóbulo da minha orelha.

Este é o primeiro livro de uma série da autora chamada Em Busca do Amor, que contêm cinco livros, que focam em casais diferentes, mas que já aparecem desde o primeiro livro. Particularmente, os dois primeiros livros (esse e "Em Busca do perdão da minha mulher") são sobre o mesmo casal, e um começa exatamente de onde o outro acaba. Contando uma história única. Trarei a resenha dele aqui também. 

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Ana Liberato