sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Resenha: “Que ninguém nos ouça” (Cris Guerra e Leila Ferreira)

Por Kleris: Tudo começou quando Cris leu o livro Viver não dói da Leila e enviou um e-mail para contar a avalanche catártica por qual passou. Leila respondeu e os e-mails então não pararam mais, viraram um tipo de terapia virtual – algo que a Cris batizou lindamente de “terapia da delicadeza”, pois ao invés de esbravejar o que estavam sentindo aos quatro cantos do mundo, elas concentram tudo nas palavras que trocavam nas mensagens. 
Escrevo para dizer que você me levou a uma avalanche necessária. Me fez ter mais vontade de escrever, ler, viver, sorrir, chorar. Cris. 
Em vez de vociferar com raiva, preferi escrever pra você. Espécie de terapia da delicadeza. Cris.

Em Que ninguém nos ouça, temos uma correspondência (de e-mails) entre duas amigas que têm um encontro de alma. Ambas falam e desconstroem as agouras da vida, procuram seu lugar, e uma na outra encontram a amizade, a família, o zelo. Escritoras em outros trabalhos, Cris e Leila aqui reúnem o melhor de suas palavras para confessar, afagar e lavar a alma. Preparem os marcadores adesivados, vocês vão precisar de muitos (MUITOS) deles! 
Parece que viemos ao mundo para sofrer, porque sempre haverá um motivo para a não aceitação. No fim das contas, a gente entende que o outro normalmente não está nem aí pra nossa felicidade, e nesse tempo todo prestamos mais atenção nele do que em nós mesmas. Cris. 
Mas tem a pessoa que usa xampu sem sal, toma café sem açúcar, como pão sem glúten e toma leite sem lactose, só pra viver mais. Uma vida que, diga-se de passagem, é que nem café sem cafeína: desprovida de vida. E eu pergunto: vale a pena? Leila. 
Eu tinha sempre os olhos na janela em busca de alguém. Quem sabe voltando os olhos pra mim alguém espia da janela e me acha. Cris.

Conforme seguem, os e-mails trazem verdadeiros desabafos. O diferencial neles é a percepção de mundo. Cris e Leila carregam o peso do mundo e nem por isso deixam de ser incríveis, cada uma a sua maneira. São carismáticas, zelosas, e donas de palavras que transmitem simpatia, humanidade e, acima de tudo, delicadeza. Quem não se identifica, de alguma maneira ativa o seu mode empatia. Aliás, assistir essa troca, o que Martha Medeiros chamou de “voyeurismo consentido” (no prefácio), é exercitar a identificação e empatia, ora na Cris, ora na Leila. 
Muitas vezes a gente ama as pessoas, mas não ama a festa, o encontro de muitos, o jantar de muitos decibéis. Leila. 
Talvez seja hora de ser simpática comigo mesma. Enquanto é tempo. Vai que um dia eu descubro que merecia... Leila.

“Transmimento de pensação” é uma expressão certeira para descrever esse processo, assim como a própria relação das duas. Várias vezes me peguei trocando os nomes, porque nem todas as vezes são e-mails intercalados e as vozes delas são muito parecidas. Quando achava que era a Leila, era a Cris e vice-versa. Como elas mesmo afirmam, são do “mesmo planeta”.

Enquanto Cris e Leila trocam e-mails – e constroem um livro e fazem dele sua terapia pessoal – nós leitores simplesmente adotamos essas duas pessoinhas. As autoras são gente como gente, intensas, maravilhosas, guerreiras. Leila, jornalista, gosta de viajar, de conversar, de ouvir histórias, e Cris, publicitária, faz da moda sua poesia, das letras uma terapia (veja aqui resenha de Moda Intuitiva). Elas abrem o verbo para as muitas emoções que carregam dentro de si, refletem suas memórias, seus aprendizados, e libertam-se, em alta catarse, com compaixão e generosidade. O livro é, enfim, uma ode à amizade. Não tem serumaninho esse que não quer abraçar e guardar as duas num potinho a cada correspondência! 
Amizade é relação nobre que não se alimenta de presenças. Pede apenas amor sincero e altruísta. Não há posse, ciúme ou insegurança. Fazer um amigo feliz é ser feliz também. Cris. 
Nada me tira da cabeça, Cris, que metade das mulheres que está se tratando de depressão na verdade está é com fome. Muita fome. Antiga, acumulada, crônica. Se os psiquiatras começarem a prescrever arroz, batata, picanha, lasanha, queijos fantásticos, molhos bem temperados, pratos que dão sustança (voltando aos antigos) e sobremesas, garanto que muitas mulheres vão se livrar da tarja preta. Concorda comigo?
 Beijos doces (acabei de comer um chocolate com avelã) de sua amiga de manequim 41. Ligeiramente sem cintura, mas satisfeita. Leila.

Acho que o que mais gostei no livro, além de todo o mencionado exercício de reflexão e das doces palavras, é como elas se abrem e ao mesmo tempo guardam os sentimentos que borbulham dentro de si. Que ninguém nos ouça é, assim, um título perfeito, ele exprime o feeling exato: muitas de nós nos encontramos embaralhadas pelas coisas que guardamos e muitas vezes isso envolve medo por parte do que as pessoas vão achar vez que contarmos que não somos exatamente aquilo que pensam.

Isso está tão enraizado em nossa sociedade/cultura que falar sobre é tratado como um grande segredo – e não a toa Cury afirma ser o mal do século (reveja aqui). Às vezes a gente só quer falar pra desabafar, pra limpar a mente, pra seguir em frente, e que ninguém nos ouça, pois é um momento de grande vulnerabilidade. Não é fácil se expor dessa maneira. Felizmente aos poucos isso tem sido mais debatido, tem tido seu espaço. Acho um passo interessante para o que é a representatividade e emponderamento hoje, pois ainda tem muita gente presa aos ideais toscos e tortos de uma sociedade que não mais existe. 
A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura. (Sejamos todos feministas, Chimamanda N. Adichie, resenha aqui).
 
Que ninguém nos ouça é um livro para não entrar docemente. Mas ao tão logo abri-lo, sente-se, tome um chá, um vinho, sinta-se parte do “segredo”, ele também é seu. Como disse minha amiga Talita, “recomendo como recomendo abraços” (aqui) – pois abraços são onde tudo, em silêncio e ao mesmo tempo, se desmantela e encontra seu lugar. 
Estamos muito mais ligados ao lado negativo das coisas. Quando saio de casa acontece o mesmo. Volto pra casa sem lembrar o rosto de quem sorriu pra mim, mas com a memória bem viva de uma indelicadeza que alguém me fez. E não deveria ser assim. Cris. 
Em pleno século XXI, as mulheres continuam vivendo em função da aprovação alheia. Não todas, claro. Mas muitas, eu diria, e estou entre elas. A gente faz tudo (e mais um pouco) pra tirar nota boa em estética, economia doméstica, criação de filhos, vida conjugal, profissional – e depois morremos na praia, esgotadas, frustradas, insatisfeitas. Porque o preço dessa autocobrança implacável é a eterna insatisfação. Nunca seremos capazes de atender nossas próprias expectativas, que, ironicamente, criamos a partir do que a gente imagina que seja a expectativa alheia. Leila.

Re-co-men-do.

Até a próxima!

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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Resenha: "Um nazista em Copacabana" (Ubiratan Muabrek)

Por Sheila: Oi pessoas como estão? Trago a vocês hoje a resenha de um livro diferente. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa, olha que lindeza! Depois esse titulo e a sinopse também são bem sugestivos!

Tirado do nosso querido skoob:

Otto Funk é um ex-combatente alemão que, deixando para trás os escombros da Segunda Guerra, desembarca no Brasil, onde conhece Iracema, uma manauara muito emocional, com quem acaba se casando e tendo uma filha. Por meio das lembranças da mulher e das desventuras da filha, Diana Verônica, grávida e em fuga por conta dos tropeços de seu ex-parceiro numa prefeitura do ABC paulista, a trajetória de Otto é revista em Um nazista em Copacabana, segundo romance do jornalista e escritor Ubiratan Muarrek e primeiro pela Rocco. Com a habilidade de um bom contador de histórias, o autor reconstrói as turbulências do final da ditadura militar e os conflitos sociais e políticos do Brasil enquanto narra o drama familiar de duas gerações, dissecando os meandros da complexa engrenagem do poder, as armações diárias e as figuras miúdas que constroem o perfil de um país em desalinho. 
E é através de Iracema e Diana que conheceremos Otto. Quando conhecemos Iracema, vemos que se trata de uma mulher forte, bem humorada e cheia de vida tentando ajudar Diana, que sente-se mal não somente em função da gravidez, mas também por estar com dificuldades em relação ao pai de  seu filho, ex-companheiro que não lhe trás lembranças agradáveis.

Na cama, nas costas da mãe, mal retomando a consciência alquebrada de si mesma, Diana se pergunta: como ela consegue? Como a figura cambaleante que foi se deitar na noite anterior recendendo cerveja, caminhando trôpega da sala para o quarto como se fosse se atirar num poço, para derreter em um sono pesado, embalada a ronco de ar-condicionado: como Iracema era capaz de acordar tão cedo, mais cedo ate do que uma gravida frugal e indisposta como ela?

Numa prefeitura, presente e passado se mesclam, e Otto Funk irá progressivamente se apresentando ao leitor, sua fuga da guerra alemã para encontrar o fim de uma guerra silenciosa, travada nos bastidores com muita desinformação e manipulação midiática.

Entre o bom humor e crises de Iracema e as preocupações de Diana, vamos acompanhando essa trajetória, narrada de forma irônica em alguns pontos, divertida, mas também dramática e emocionante.

Segundo livro de Ubiratan Muarrek, "Um nazista em Copacabana" tem uma escrita ágil, o livro fala sobre poder, corrupção, mentiras, dissecando em sua narrativa um período da história brasileira que nunca deveria ser esquecido por sua importância ao repercutir no cenário político, econômico e social atual.

Recomendo.

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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Resenha: "Órfão X" (Gregg Hurwitz)

Por Sheila: Oi pesso@s! Como estão? Trago a vocês hoje  resenha de um livro que, num primeiro momento não me pareceu que fosse lá grande coisa não... ah! como eu adoro estar errada quando o assunto é leitura!

Pela sinopse, a trama do livro parecia ser um tanto quanto clichê holliwoodiano: matador de elite que se arrepende por ter sido usado pelo governo americano e resolve usar suas habilidades mortais para defender os pobres, fracos e oprimidos desse mundo.

Bom, essa é a descrição de Evan, nosso órfão X, que foi recrutado por um programa ultrassecreto do governo, assim como diversos outros órfãos, sendo que os mesmos passaram a ser chamados por letras, em ordem alfabética.

Logo no início do livro somos apresentados a Evan e sua rotina rígida e espartana: sua dieta frugal e sua rotina paranoica em relação aos vizinhos de seu prédio, câmeras, alarmes, rotas de fuga, celulares com redirecionamentos impossíveis de rastrear, cofres, armas, mandamentos.

Evan tinha muita afeição pelo mundo que havia criado atras da porta do apartamento, mas, mesmo assim, estava preparado para abandonar aquele mundo de uma hora para outra.
Ele foi à cozinha, avançando pelo piso de concreto polido. O único toque de capricho e de cor era uma suposta parede viva instalada ao lado do fogão ...
De vez em quando, Evan notava que a única coisa viva com quem compartilhava sua vida era uma parede.
Mas ele tinha os mandamentos, e os mandamentos eram tudo.

Evan se intitula o "Homem de lugar nenhum" e, sempre que seu telefone toca, ele tem uma nova missão: ajudar alguém que esteja com problemas muito sérios. Como ele faz isso? Instrui a última pessoa que ajudou a passar seu numero adiante, somente uma vez e somente para uma pessoa que acredite estar precisando muito de ajuda.

- Precisa da minha ajuda?
A voz respondeu com um pequeno atraso:
- Você é... Isso é uma brincadeira?
- Não.
- Espere. É que... Espere. - Era uma mulher jovem, pouco menos de 20 anos. Sotaque hispânico, talvez salvadorenha. - Você é real? Pensei que fosse... uma lenda urbana. Um mito.
- Eu sou.
Ele esperou. Ouvia a respiração da mulher, mais rápida que o habitual. Isso era comum (...)
- Qual seu nome?
- Morena Aguilar.

No entanto, o trabalho com Morena vai ser o início de um período atípico para o solitário "Homem de lugar nenhum". Na verdade, será o início de uma caçada alucinante, onde ora Evan será o caçador, ora percebera que está sendo implacavelmente caçado. Todos são suspeitos até que se prove o contrário, até mesmo aqueles que Evan jurou proteger. 

Apesar das várias cenas de ação, adrenalina, que são narradas tão perfeitamente que se é capaz de imaginar a cena toda acontecendo, acredito que as descrições psicológicas dos personagens é o que deixa a narrativa mais interessante. principalmente o entrar progressivo dentro do mundo de Evan, que explicam de forma pormenorizada o por que de suas escolhas.

Além disso, a vida comum e pacata dos moradores do prédio de Evan, cada um com seus problemas e dramas particulares, que volta e meia colidem com o mundo quase inumano de Evan fazem com que a história tenha um algo a mais, um olhar mais profundo diante da situação explícita de violência e morte que são a premissa inicial.

Gostei muito! Espero ler outros livros de Gregg. E vocês já leram? O que acharam? Comentem ai! Bjos e até a próxima.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Resenha "Nova Iork para Amantes de Cinema ( Barbara Boespflug e Beatrice Billon )

Por Gabi: Gente, já vou adiantando que tentarei ao máaaximo me controlar falando desse livro porque estou apaixonada! <3 

Barbara e Beatrice dividem suas vidas entre seus talentos no mundo da mídia e suas paixões por descobrir locações de cena de seus filmes prediletos. E foi assim que nasceu este livro, de experiências pessoas na Big Apple e a vontade de mostrar a todos o por quê de esta cidade respirar cinema!

A ideia que, por si só já é bacana, vem coroada com um projeto gráfico que da gosto de ver, coisa de encher os olhos! <3 Parabéns aos lindos projeto gráfico de capa de Angelo Allevato Bottino e projeto gráfico de miolo de Editions du Chêne / Hachette Livre em um papel de alta gramatura (mais grossinhos). 





















Para facilitar o uso, o guia é organizado por bairro e cada tópico contém informações práticas, inclusive uma classificação por estrelas, com uma estrela indicando o preço médio de US$10 - exceto para hoteis, categoria em que cada estrela representa US$100. Por fim, códigos QR permitem que você assista a trailers e acesse informações sobre o filme. 

A organização do livro é super linear e fácil de acompanhar! O hiperlink com o Omelete para assistir a trailers e conhecer mais dos filmes é um dos tantos pontos de destaque. 

E gente, quem não tem vontade de conhecer NY, né? Está na minha bucket-list! E como mais ainda gostaria de embarcar em uma viagem para desbravar os locais em que foram gravados os filmes que amo... Quando vejo na telona algum lugar que já estive da uma nostalgia tão gostosa, aquela saudade e vontade de ficar repetindo loucamente algumas cenas- e reviver experiências.  A cada página do livro ou você se sente no universo daquele longa de novo, ou fica super curioso para assistir a ele já que conhece um pouco mais de um de seus cenários. Alerta! Você pode demorar muito para finalizar este livro, por um motivo super nobre: assistir a todos filmes que ainda não viu!



Já imaginaram comprar alog no Zabar's, loja amada de Woody Allen imortalizada no clássico Manhattan

Entrar na BookCourt, livraria em que Julia Roberts comprou um livro de frases em italiano em Comer Rezar Amar, eleita a melhor livraria independente de NY em 2012? 

Ou conhecer o queridinho Café Havana, inspirado em uma lanchonete mexicana, onde dizem que Che Guevara e Fidel castro tramavam a Revolução Cubana, em que Mila Kunis e Timberlake almoçam na comédia romântica Amizade Colorida


São tantos cenários com histórias bacanas que ficaria aqui dias falando pra vocês, mas acho que deu pra sentir um gostinho, né? Enfim, puderam perceber o quanto essa bookaholic apaixonada por viagens amou esse livro e adoraria tomar um café com Barbara e Beatrice e ouvir suas histórias de caçadas por cenários ao longo do globo. Leiam, se apaixonem e venham enlouquecer comigo! <3

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Resenha "Revival" (Stephen King)


"Às vezes estamos próximos demais de alguma coisa para conseguir enxergá-la."

Por Gabi: A mão chega a tremer falando do Rei do Terror, escritor do século e todos os milhares de títulos e honrarias de King. Quase nunca venho aqui falar deste gênero, mas vamos lá... Começando com essa capa lindaaa que a Suma nos presenteou, com um design holográfico que, à medida que movimentamos o livro parece que os raios o vão permeando. 

No interior do Estado do Maine somos apresentados sob a perspectiva do narrador/personagem Jaime Morton sua grande família que mora em uma pequena e religiosa comunidade. Todos se conhecem, os filhos frequentam os encontros de jovens toda quinta, enquanto as famílias se veem nos cultos da igreja etc.

Mas o que Jamie não imagina é que a sombra que viu enquanto brincava com seus soldadinhos de brinquedo no quintal de casa, estaria sobre ele durante toda a vida. E esta tinha nome e sobrenome: Charlie Daniel Jacobs. O reverendo Charlie e sua família-de-margarina mudam-se para a cidade  e logo conquistam a todos. Ele com seus discursos fraternos e a facilidade em lidar com as crianças e jovens, a mulher por tocar piano lindamente e o filho "Chaveirinho" por encantar por sua fofura extrema. 

Uma tragédia acontece à família de Jacobs e o faz colocar em cheque nuas crenças em Deus e na religião e depois do que ficou conhecido como o "Sermão Terrível" ele desaparece da cidade. Jaime vira um guitarrista e segue com sua banda na estrada regado a muito sexo, drogas e rock'n'roll. Em seus  trinta-e-poucos anos ele é um viciado em heroína, sem rumo na vida e tentando fugir das memórias tristes do que aconteceu com sua família. Eis que seu destino se choca com Charlie, que através da "eletricidade secreta" o salva do vício, mas depois ele vê que há um preço muito caro por esse revival (com o perdão do trocadilho, não resisti) 

- Alguma coisa aconteceu.
Espetada-espetada.
- Alguma coisa...
Botei a língua para fora e mordi. O clique voltou, mas não nos ouvidos, mas enterrado nas profundezas da minha cabeça. [...]
Olhei para a Lua, tremendo e imaginando quem ou o que estivera me controlando. Porque eu tinha sido controlado. 

Ao longo da narrativa somos guiados por temas delicados, como fanatismo religioso, a fé, drogas, discriminação racial e morte,  sempre aliados a uma boa dose de terror, sarcasmo e do sobrenatural que está tão próximo do real que talvez seja o ponto crucial do livro. O final surpreendente quebra a narrativa um pouco descritiva demais e em alguns momentos meio "arrastada". 

QUAL O LIMITE ENTRE A LOUCURA E A SANIDADE? ENTRE O REAL E O SOBRENATURAL? 

ATÉ ONDE PODE NOS LEVAR A CURIOSIDADE AO REDOR DO "ALÉM DA MORTE"?

E vocês fans de King e do terror, o que acharam da obra?

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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Resenha: "Maré Congelada" (Morgan Rhodes)

Por Sheila: E ai galerinha, tudo ok com vocês? Para quem acompanha as postagens e resenhas do blog deve saber que estamos acompanhando - com MUITO entusiasmo - a série "A queda dos Reinos", que iniciou com livro contendo esse mesmo titulo.

Vou deixar para vocês os links das resenhas anteriores e, como eu sempre aviso, se você não leu os mesmo, a partir daqui é inevitável que tenhamos alguns spoilers.


E continuamos a partir daqui com Maré congelada. Só relembrando:

- A história se passa em Mítica, que é dividida em três reinos, Limeros, Paelsia e Auranos.

- Limeros e Paelsia são reinos em decadência, que veem em uma discussão entre jovens que acabou muito mal um motivo para invadir a próspera Auranos.

- O rei de Limeros, Gaius Damora, na verdade esta seguindo as orientações de uma Vigilante.

- Vigilantes são seres míticos que detém poder incomensurável, sendo que todos os passos do rei Gaius são na verdade uma forma de encobrir sua caça à tétrade, que são quatro cristais que supostamente contém magia.

- A princesa Cleiona, unica sobrevivente da família à invasão de seu reino, Auranos, é obrigada a se casar com Magnus, principe de Limeros, a fim de consolidar uma aliança política.

- Lúcia é a irmã adotiva por quem Magnus viveu muitos anos secretamente apaixonado, uma grande feiticeira que veio cumprir uma profecia.

- Jonas é um rebelde Paelsiano, que começa a história matando por vingança, e agora busca aliados para restaurar a justiça nos três reinos.


Em a "A ascensão das trevas" terminamos com uma história eletrizante: Ioannes morto, Melenia morta por Lúcia, a descoberta de que a Tétrade na verdade não eram simples pedras, mas que haviam seres, deuses presos dentro das mesmas e Kyan, o Deus do fogo, liberto e em busca de vingança junto com Lúcia.

Magnus havia salvo Cleo de uma execução, mesmo sabendo que, para seu pai, a traição equivalia à morte. Amara, a princesa Kraeshiana, havia matado seu irmão Ashur e roubado de Cleo e Magnus o cristal da água, voltando para Kraeshia com a certeza de ter sentenciado os dois à morte.

Diante dessa explosão de acontecimentos do último livro, devo confessar que esta continuação foi boa, mas um tanto quanto morna. Magnus voltou à sua eterna dualidade yin yang, não-se-se-sou-mau-ou-não. A punição por sua suposta traição foi adiada, já que o rei Gaius, agora de posse da tétrade do ar, levado à ele por Félix, resolve viajar para Kraeshia na tentativa de estabelecer uma aliança.

Lucia e Kyan ficam só vagando por mítica, em busca de uma forma de chegar ao santuário e acabar com os vigilantes, única forma de Kyan garantir que nunca mais terá sua forma aprisionada em um cristal por nenhum imortal.

Jonas já não pode mais ser chamado de líder rebelde, visto que não há mais rebeldes a liderar. Esta à beira da morte apesar da intervenção de uma vigilante exilada em seu auxílio na batalha travada no livro anterior, e suas tentativas de matar o Rei Gaius seguem sendo frustradas.

É somente do meio para o fim que o livro começa a ganhar uma cadência mais acelerada, e que acontecimentos de fato relevantes começam a surgir na história, fazendo-nos ansiar por cada novo acontecimento, cada novo capítulo.

Este é o quarto livro de uma coleção de seis, logo, ficarei eu aqui mais uma vez ansiosa pela continuação e, claro, desfecho desse épico sobre magia, poder e desolação. Recomendo!

Abraços e até a próxima!

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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Resenha: "O Que Aconteceu com o Adeus" (Sarah Dessen)

Por Clarissa: Oi galera, Tudo ok? Hoje trago para vocês uma super indicação “O que Aconteceu com o Adeus” De Sarah Dessen, com a tradução de Áurea Akemi Arata. Para os leitores amantes de um romance juvenil e com o toque de realidade que convivemos.

Mclean é uma garota não tão normal como os de sua idade, depois que seus pais se separaram e se viu com o pai trocando de cidade a cada seis meses, mas ela não se importa com isso, a cada nova cidade uma nova personalidade, ser uma garota diferente nos novos lares. Sua relação não é tão boa com a mãe, então elas vivem em eterno conflito. Mas tudo está para mudar quando eles vão morar em Lakeview.
“Quando se muda muito, você não fica com muitos fios amarrados. Não dá tempo de ter envolvimento com as coisas. É mais simples.”
Lakeview está mostrando quem ela não há muito tempo, ela mesma. Essa nova cidade lhe traz pessoas que fazem a mudança em sua vida, sentimentos que ela nunca sentiu antes, e um garoto, o Dave, que faz querer manter suas raízes ali mesmo. Mas ela precisa de um tempo, antes que se mude logo, ela precisa ver se pode voltar a confiar nas pessoas e no amor, ter fé que tudo pode mudar.
“Break away from what you’ve know
You are not alone. We can build a brand new home
You are not alone”
-Ben Lee, “Families Cheating at Board Games”

“Rompa com tudo que você conhece
Você não está sozinho. Podemos construir um lar totalmente novo
Você não está sozinho”
[tradução livre]
Esta história me tocou, porque é a realidade de muitas pessoas, vivem mudando por causa do trabalho e assim tem receio de criar novas raízes. É uma história bem delicada e realista, a escrita de Dessen é bem complexa, com muitos detalhes, mas este é o tchan dá história, você entende cada detalhe, os sentimentos que os personagens transmitem, cada personalidade, como se fosse real. Quero abraçar todos XD. A leitura pode parecer cansativa, mas ela vai se desenrolando que você fica preso até que leia a ultima página, cada capítulo quer mais, saber o que vai acontecer com cada um. Este livro me fez chorar, rir, ficar apreensiva, com raiva e querer abraçar depois de ler tudo, o que também é triste.
A mensagem que Dessen nos passa é que devemos acreditar nas pessoas, mesmo quando as forças e a fé se esgotaram, terá sempre aquela pessoa que vai lhe estender a mão e te guiar. E também estar aberto a isso.
A escrita é bem leve, porem eu me perdi algumas vezes de tantos detalhes, mas isso favorece a leitura. Parabéns à Sarah Dessen e a Editora ID, essa história é maravilhosa e muitas pessoas vão se identificar.
Indico para todas as pessoas, em alguma parte da trama você vai se vêr no lugar do personagem, e no final vai ficar pedindo mais. Não percam a chance de ler.

Espero que tenham gostado e leiam.
Deixem seus comentários, dica e criticas.

Boa leitura!

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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Resenha: Uma história de solidão (John Boyne)

Tradução: Henrique de Breia e Szolnoky

Por Marianne: John Boyne é meu queridinho de outros carnavais. Acolhido e adorado pelos leitores pelo seu sucesso O menino do pijama listrado, Boyne já nos mostrou que essa foi apenas a porta de entrada pra sua imaginação incrível e sua criatividade que vem conquistando cada vez mais leitores. Dessa vez John Boyne volta a abordar temas polêmicos e toca sem medo na ferida da igreja católica falando sobre a pedofilia dentro da igreja no seu mais recente romance Uma história de solidão.

Na Irlanda dos anos setenta somos apresentados a Odran Yates. Conhecemos a história de Odran desde a sua infância que foi marcada por um acontecimento trágico na sua família e que fez com que a mãe de Odran se transformasse numa fanática religiosa. Ainda quando era criança, sua mãe determinou que seu destino era ser padre e ele entrou no seminário assim que alcançou a idade adequada. 
‘Você é um homem mau, não é, Odran?’, ele perguntou baixinho. ‘Esse seu rosto’, ele acrescentou com um suspiro e sua mão se levantou para me tocar, os dedos acariciando minha bochecha com delicadeza. ‘Eu sei que você sofre. Todos nós sofremos. Mas estou aqui para ajuda-lo com seu sofrimento, menino adorável.

Apesar de a escolha pelo seminário ter sido algo imposto pela mãe, o rapaz aceitou com naturalidade a vida de sacerdócio e encarnou a ideia de que sua vocação era mesmo ser padre. Dentro do seminário Odran fez seu primeiro amigo, Tom Cardle. Tom também entrou para o seminário por uma imposição do pai, mas ao contrário de Odran, Tom vivia totalmente infeliz com a perspectiva de dedicar sua vida a igreja e não escondia a insatisfação de ninguém. Mesmo com suas diferenças os dois se tornaram grandes amigos e mesmo após o seminário — cada um seguiu seu caminho para cumprir suas obrigações com a igreja — eles mantiveram a amizade.

O personagem não é representado nem como herói ou mocinho da história. Odran é apenas um bom rapaz que faz o seu trabalho sem olhar pros lados. E talvez seja esse seu maior problema. A quietude por parte dos envolvidos —diretos ou não— resultou nos milhares de casos de pedofilia envolvendo membros da igreja e numa desmoralização geral dos padres com a população.

O protagonista vive essa oscilação no comportamento das pessoas e sofre as consequências da desconfiança que paira sobre a Irlanda em relação aos padres. O livro critica fortemente a vista grossa que a igreja católica fez/faz pros casos de pedofilia e Odran é a personificação da negligencia cometida pela igreja. 
’É um monte de asneira’, ele disse, reclinando-se na poltrona e jogando as mãos para cima. ‘Um moleque falando umas coisas, inventando umas histórias. Quer aparecer nos jornais, só isso’.‘Do que ele foi acusado?’‘Eu não preciso soletrar pra você, Odra, preciso? Pelo amor de Deus, você é um homem inteligente.’

É incômodo, e acho que essa foi a intenção do autor, a quantidade de situações que acontecem bem na cara do Odran e que ele percebe e ignora de uma maneira bem sutil, alegando pra si mesmo que nada aconteceu. E como Odran poderia levantar suspeitas de uma situação tão grave baseado apenas nos seus achismos?

Há uma crítica forte também, ainda que não tão descarada, em relação ao endeusamento que os fiéis da igreja católica atribuem? atribuíam aos padres. Como se estes fossem criaturas divinas enviadas diretamente dos céus. Aos olhos de John Boyne fica clara a intenção de mostrar que padres são pessoas comuns como todos nós, podendo ser criminosos ou não, o fato de serem pessoas que dedicam sua vida a igreja não os isenta das falhas que atormentam a todos os seres humanos.


Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!


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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Resenha: "A Coroa" (Kiera Cass) Vol. 5

Por Clarissa: galera tudo bem? Hoje venho com uma indicação maravilhosa “A Coroa” O livro cinco da série A Seleção. Mais um livro amorzinho para aqueles que amam essa série (eu \0/)
Tradução Cristian Clemente.

A princesa Eadlyn é fruto de um conto de fadas: seus pais, o rei Maxon e a rainha America, viveram uma real historia de amor maravilhosa. Agora depois de 20 anos o casal passaram por muitas coisas juntas, mas com o passar do tempo, muitas coisas vão desaparecendo. E agora representam um amor inabalável e perfeito.
Eadlyn sempre tão dependente e decidida, nunca achou que poderia viver u amor igual de seus pais. Por isso, quando os dois propõem que ela realize sua própria Seleção, a garota não fica nada satisfeita. Eadlyn só aceita porque o concurso serviria de distração para o povo, enquanto seu pai resolve as coisas entre a população e a discriminação entre as antigas castas.
“Às vezes, se apaixonar é a atitude mais corajosa que alguém pode ter.”
A garota passa as primeiras semanas contanto com o fim da competição, podendo mandar todos embora e continuar com seus afazeres de sucessora da paz. Mas alguns candidatos conseguem abrir seu coração e sentir coisas que ela nem imaginava. Aos poucos os selecionados vão se tornando seu porto seguro, ao mesmo tempo fazendo abrir os olhos para fora dos muros do palácio e ver como é a vida sem a mordomia. Os acontecimentos dentro do palácio obrigam Eadlyn a assumir mais responsabilidades no governo, e aguentar a rejeição de seu povo. Mas fazer de tudo para eles a aceitem e tentar se aproximar, porque rainha sem seus povos não é rainha.
“Sou Eadlyn Schreave e nenhuma pessoa é tão poderosa quanto eu.”
Bom se eu escrever mais um pouco da história eu conto tudo XD, como todos os outros livros eu amei tudo, por isso sou suspeita de falar da série. Mas em cada livro eu fui me apegando mais e mais. Neste livro eu dei uma emperrada no começo, mas depois a história começou a se desenvolver, acontecimentos que te deixam de boca aberta, segredos, amores, risos, sustos, decepções e muito mais sentimentos. Pena que será o ultimo livro da Seleção (choramos!), mas Kiera Cass fez o mundo de America ser o sonho de muitos, um conto fantástico misturando realidade e contos de fadas, porem sem perder a essência e sentido da história. Bom neste final eu fiquei de boca aberta, literalmente. Gente o que foi esse final, esses segredos guardados de todos, o que se passou nestes 20 anos que se passou! Por isso que não canso de repetir que este livro está fantástico, essa história se desenvolveu tanto que é inexplicável.
A escrita é maravilhosa que nos faz entrar no mundo de Illéa e se sentir parte da realeza, sentir o que cada personagem passa. Bom, ser o livro. Cada Personagem tem sua personalidade e seus segredos. E sem falar que cada capa dos livros eu vou amando mais – particularmente-, que faz os leitores se apaixonarem ainda mais. A cada livro Cass passa uma mensagem aos leitores, mas acima de tudo é que sejamos felizes, pode ser daqui a anos ou cinco minutos, mas não desistir de ser feliz do lado da pessoa que te faz bem. Todos nós podemos ter os nossos felizes para sempre.
É tão triste lembrar que este é o último, mas muitas histórias fantásticas de Kiera Cass estão por vir e nós só temos a agradecer.
Só digo uma coisa a quem nunca leu esta série e julga pela capa, não sabem o que estão perdendo, uma história fantástica e muito bem escrita, não é a toa que faz sucesso no mundo todo. Parabéns Kiera Cass e a Editora Companhia das Letras (selo Seguinte), vocês fizeram uma grande obra e nós leitores só temos a agradecer.

Espero que tenham gostado e leiam, indico a todos e todas independente da idade, leiam!!
Deixem seus comentários, dicas e críticas.

Boa Leitura!

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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Resenha: Esta Terra Selvagem (Isabel Moustakas)

Por Marianne: João é um repórter investigativo na cidade de São Paulo que nunca encontrou o “caso” que desse uma guinada em sua carreira. Após escrever um artigo sobre um ataque violento que ocorreu a uma família de São Paulo — um casal e a filha adolescente, Marta, a adolescente e única sobrevivente do ataque, o chama para uma conversa.

Seis meses se passaram desde que a casa de Marta fora invadida por homens que violentaram e atacaram seus pais na sua frente. Marta sofreu as consequências do ataque, foi mantida em cativeiro pelos homens carecas que diziam ter matados seus pais porque seu pai era “um porco boliviano”, e foi solta uma semana depois com um recado a ser dado. 
(...) E também falou que logo iam fazer muito mais e muito pior, que a hora estava chegando, ele repetiu isso, ficou repetindo, a hora está chegando, a hora está chegando e a gente vai queimar tudo que é índio boliviano e paraíba e crioulo e viado, não vai sobrar um, e depois disse que eu era, tio, o aviso, sabe?

Marta até então nunca havia falado publicamente sobre o ataque ou sobre os dias que ficou em cativeiro. João encontrou no depoimento de Marta informações importantes que podiam ajuda-lo a entender melhor quem eram os rapazes por trás dos ataques. Em seu artigo já havia conectado o ataque sofrido pela família de Marta a muitos outros que diariamente ocorriam pela cidade de São Paulo.

Homens carecas, camisetas brancas, coturnos de cadarço ver e amarelo e suásticas pelo corpo estavam na descrição de todas as vítimas sobreviventes.

Mas logo após contar os detalhes de tudo que sofreu e dar carta branca para o repórter publicar tudo que disse, Marta coloca João numa situação irreversível, que faz com que o repórter transforme em questão pessoal a investigação dos ataques. 
O jornal concorrente fez uma pesquisa e constatou que dezessete por cento dos paulistanos “não concordavam com os métodos”, mas “compreendiam as razões” dos agressores.

A narrativa não poupa o leitor dos detalhes violentos, muitas vezes de revirar o estômago. O suspense e o elemento surpresa nos prendem na história e são o principal trunfo do livro.

Mas a partir de pouco mais da metade do livro a história começa a seguir um ritmo um tanto desconexo com o que foi apresentado até então. Os acontecimentos se desenrolam com uma rapidez que não se encaixa na história e da poucas chances de desenvolvimento dos personagens que vão surgindo e as relações entre eles. O desenrolar da narrativa acontece de supetão, não dá tempo ao leitor de absorver e se localizar na sequência.

Apesar do final acelerado, que confesso ter me decepcionado um pouco, a leitura flui bem. O livro é bem escrito e a história de ficção nos choca não apenas pela narrativa violenta mas também pela consciência de que grupos de radicais intolerantes existem e crimes como os descritos no livro já foram —e são— noticiados em muitas matérias do Fantástico e Jornal Nacional.

Espero que tenham gostado da resenha, até a próxima! J 
Generalizar é sempre um bom começo. 
Em alguns casos, não sei, não vivi nada disso, não estava lá, como se diz, mas, caramba, em alguns casos, acho que generalizar pode ser até uma violência.


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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Resenha: A Desconhecida (Peter Swanson)

Tradução de Leonardo Gomes Castilhone

Por Marianne: Fazia tempo que não pegava um suspense bom, daqueles que a gente promete que vai ler só até o final do capítulo antes de dormir, e o final do capítulo só nos prende ainda mais na história. Essa foi, basicamente, minha saga de leitura com A desconhecida.

George Foss está se aproximando dos quarenta anos. Tem um emprego estável, um romance meio indefinido com uma colega de trabalho e está naquela fase em que parece que nada de novo vai surgir pra dar um tcham na vida.

Até que um dia, sentado à mesa do seu bar preferido, George tem a impressão de estar vendo a misteriosa Liana Decter, sua namorada da faculdade que sumiu misteriosamente muitos anos atrás.

Liana Decter foi a primeira namorada de George. Durante a faculdade eles viveram um romance intenso e apaixonado, típico dos primeiros amores. O namoro dos dois era o centro da vida de George na faculdade. Mas logo após as férias de verão George e os amigos de Liana receberam uma trágica notícia relacionada a jovem, que desencadeou uma série de acontecimentos bizarros na vida de George e, consequentemente, o fim do romance entre ele e Liana. 
—Você faz parecer que os seres humanos são livres para mudar quem são em um piscar de olhos. Não é assim que as coisas funcionam. Podemos não gostar da forma como nascemos, mas isso não muda nada... ainda será quem somos.—Não tem nada a ver com a liberdade de mudar. O que estou dizendo é que talvez as pessoas nas quais nos transformamos sejam a realidade de quem somos (...)

Mas agora Liana está ali, no mesmo bar que George. Será a mulher sentada à mesa a mesma Liana que George se apaixonou muitos anos atrás? Estaria ela ali por pura coincidência, ou ela sabia que George também frequentava o bar?

A história de divide em dois tempos, na época que George estava na faculdade de conheceu Liana, e no atual, onde George ainda mantem a esperança de reencontrar a ex-namorada, mesmo que isso seja um claro sinônimo de problema.

O livro se desenrola de maneira bem surpreendente e não tem como evitar a vontade de estrangular o protagonista. Sabe quando estamos vendo um filme de terror e o mocinho ouve um barulho na cozinha e ao invés de sair correndo e gritar por ajuda ele resolve IR NA COZINHA COM AS LUZES APAGADAS – POR QUE DEUS? – e a gente quer gritar CORRE SEU IMBECIL, SAI DAÍ?! Pois bem, eu passei o livro todo gritando mentalmente “George, não faz isso homi, toma tento criatura, aprende sua lição...”. Mas não adianta, a gente passa medo, raiva, desespero, e o George sai fazendo uma burrada atrás da outra. E no fim, temos um suspense dos bons.

Apesar do patetismo de George o personagem não soa artificialmente inocente como os mocinhos de filme de terror, os flashbacks do livro mostram que desde mocinho o personagem tem um tiquinho de obsessão por Liana. E convenhamos, quarentão, solteiro, sem filhos e cansado da rotina, nada como uma ex-namorada misteriosa/bandida/desaparecida do passado que reaparece linda e loira pra dar aquela balançada na vidinha mais ou menos né gente.

Adorei Liana, apesar de o livro focar pouco no desenvolvimento dela. A personagem é melindrosa sem ser estereotipada, Liana é do tipo que corre atrás do que quer doa a quem doer – George, risos.

Ainda falta muito arroz com feijão para os autores aprenderem a descrever uma personagem feminina sem cair nos velhos estereótipos de vilã bruxa-malvada, mocinha inocente, mocinha super determinada, mocinha vamos-viver-a-vida-sem-pensar-nas-consequencias-e-eu-só-existo-na-cabecinha-miíuda-dos-autores, etc. Mas vamos dizer que A desconhecida cumpriu bem seu papel nesse quesito.

Recomendo muito a leitura pra quem gosta de suspense. Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima! J


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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Resenha: Caçadores de Tesouros (James Patterson e Chris Grabenstein)

Tradução: Luciana Garcia

Por Marianne: A primeira coisa que pensei quando peguei Caçadores de tesouros foi “Que livro lindo!”. O livro, publicado no Brasil pelo selo jovem da editora Novo Conceito, o #Irado, foi feito pra encantar o público ao qual se destina.

A família Kidd está mais do que habituada à vida no mar. Desde pequenas as crianças vivem na embarcação, sendo escolarizadas pelos próprios pais enquanto os acompanhavam em suas missões de caça ao tesouro pelo oceano afora. 
É, desde que Beck e eu tínhamos três anos de idade, nossa casa e nossa escola têm sido essa inacreditável embarcação a vela de 19 metros de comprimento. Foi aqui que aprendemos a cozinhar, a fazer aulas de caratê (o papai é faixa preta) e a praticar navegação tendo como referência as estrelas.O Perdido nos levou a mais portos e países do que qualquer um de nós pode se lembrar. (A não ser Tempestade, que, como eu disse, é capaz de se lembrar de tudo — até mesmo de que tipo de mancha de comida ficou na sua capa de chuva).

Mas após uma tempestade que balança pra valer a embarcação a vela Perdido, o lar da família Kidd, os irmãos pré-adolescentes Beck e Bick, Tommy e Tempestade se dão conta de que o pai, o professor e famoso oceanógrafo Tom Kidd, não está mais no navio.

Sem a mãe, que desapareceu misteriosamente uns meses antes, e agora sem o pai, que provavelmente foi lançado ao mar durante a tempestade, as crianças se veem sozinhas e sem a menor ideia do que fazer.

Decididos a continuar a caçada dos pais pelos tesouros perdidos, as crianças seguem viagem no Perdido, sem se preocupar com todos os perigos que existem no oceano. Tempestades, tubarões e o pior de todos: os navios piratas. A família Kidd é famosa por encontrar os tesouros mais valiosos que podem existir, transformando o Perdido no principal alvo de piratas e saqueadores. 
Havia todo tipo de memórias familiares embalado nas paredes dentro do famoso restaurante sugestivamente decorado. Então, muito embora estivéssemos degustando a mais alegre mistura de sorvete com chocolate jamais criada, estávamos todos nos sentindo meio tristes.

Considero a ficção de fantasia/aventura é um gênero difícil de ser bem desenvolvido por facilmente cair nas armadilhas clichês da saga do herói e muitas vezes desmerecer o intelecto do leitor jovem, como se este publico não tivesse a capacidade de compreender situações mais complexas. Não que seja pros autores transformarem numa intensa questão filosófica cada questão abordada nas histórias, mas criar personagens bobos e sem conteúdo não ajuda.

E nesse quesito os autores conseguiram segurar a peteca em Caçadores de Tesouro. As crianças são perspicazes dentro dos limites de sua inocência e suas personalidades nos cativam, fazendo com que o leitor tenha vontade de, literalmente, embarcar no Perdido e seguir em alto mar com as crianças Kidd.

De capa dura e repleto de ilustrações lindas, do apelo visual à linguagem da escrita, o livro cumpre muito bem seu papel de atrativo para os jovens leitores e conquista muito bem alguns dos mais grandinhos também.


Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!


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Ana Liberato