quarta-feira, 30 de julho de 2014

#Ofertas por ai 23 - Black Night

E depois de um tempão nós voltamos! Hoje tem Black Night! Escondam os cartões de crédito! ;D

Confira as ofertas:






Resenha: “O Irresistível Café de Cupcakes” (Mary Simses)

Por Kleris: Sabe aquele livro que se abre com guarda baixa? Que é melhor deixar que o livro fale por si? Acho que O Irresistível Café de Cupcakes é um desses. Se possível, querido leitor, espero que experimente o mesmo. Por isso vou tentar não me ater muito a pormenores para não entregar nada demais para vocês.

Antes de entrar na história, acho que vale umas notas a se considerar para uma prazerosa leitura. O Irresistível Café de Cupcakes é desses livros que não pede nada de você, nem ritmo, nem reservas. Leve e simples, é ótimo para qualquer lugar, ler em público sem aquela obsessão arrasadora que outros livros calham de exigir de nós.

Sabe quando você termina um desses avassaladores, intensos ou algo do tipo e não sabe se está pronto para o próximo? Ou que próximo seja digno? Aqui O Irresistível Café de Cupcakes se encaixa bem, pois, além de permitir você respirar com calma depois daquele atentado ao seu coração, ele dá uma serenidade gostosinha que vai te levar a outro. Se está procurando um leitura para viagem de algumas horinhas, ele é mais que indicado. É, certamente, desses que precisa de um momento certo.

Comigo pelo menos foi.
“Você viu a estátua na cidade?”
“A estátua?”
“A mulher com o balde de bluebarries.”
Pelo jeito, era a estátua que eu estava tentando fotografar quando caí no píer. “Sim, acho que sei qual é.” “Diferente, não?”, ele comentou. “A maioria das cidades teria uma estátua do fundador, uma figura importante. Nós temos a dama de blueberry.”
“Pensei que ela estivesse carregando um balde de uvas.”
Roy levantou as sobrancelhas. “Uvas? Nunca repita isso para alguém de Beacon. Expulsam você da cidade na hora.”
Ellen é uma advogada de Nova York que tem uma pequena missão em mãos: a querida avó, antes de morrer, a encarregou de entregar uma carta em Beacon, no estado de Maine. Respeitando esse último desejo, Ellen toma a estrada para essa pequena cidade em que sua avó nasceu e cresceu, esperando lá encontrar alguns traços da senhorinha que há pouco tinha ido embora, algo que preenchesse aquele seu vazio do luto.

No seu primeiro dia de visita, eis que, ainda muito resguardada em nostalgias, ela toma um banho frio de mar inteiro que a puxa para a realidade. Ellen caiu de um píer, quase se afoga e vai parar no jornal local. Mas não apenas por ter sido resgatada por um morador, foi pela forma com que ela o agradeceu: de primeira página, fotografaram Ellen dando um beijo no moço! Ela vira uma pequena celebridade instantânea, apelidada de Nadadora.

Muito discreta e teimosa, Ellen dispensa seu momento de fama. Para alguém tão observadora, não gosta de ser o centro dos holofotes, nem das lentes. Na verdade, ela quem gosta de estar por trás de uma câmera, ser fotógrafa é um hobby seu. A cidade pelo jeito seria um ótimo lugar para ser capturado enquanto estivesse nessa missão.

A carta escrita pela avó Ruth estava endereçada a Chet Cummings, um antigo amor que se perdeu no caminho dessas vidas. Ao ler, Ellen percebe que houve mais perdas, pois sua família parecia não conhecer bem a mulher que perderam, ali estava descrita outra vida. A carta é então um primeiro passo ao desconhecido, quanto ao passado da avó Ruth e quanto ao presente de Ellen, quem estava em fase de preparação de casamento. Nessa busca, assim como o passado pintava uma outra Ruth, o presente pintava uma outra Ellen que ela mesma havia esquecido.
Fiquei lá sentada, respirando a maresia, imaginando a Vovó sentada no mesmo lugar [...] Eu tinha feito uma descoberta – uma janela para a vida da minha avó. Uma vida sobre a qual nós não sabíamos nada. Isso era uma dádiva, inesperada e maravilhosa. O quanto ainda por descobrir eu não tinha ideia.
Gostei bastante do livro, a escrita não é pretensiosa, às vezes um pouco ingênua (o que se confere pelos agradecimentos da autora ao final), e bem descritiva. Essa descrição meticulosa para algumas coisas, penso eu, parece ter sido a forma com que Simses encontrou para revelar mais a personalidade de Ellen, advogada especialista no setor imobiliário, com crushes para o lado da fotografia e culinária, primordialmente tudo relacionado a blueberries – uma fruta (parece uvas) não típica de nossa terrinha brasileira, é aqui conhecida como “mirtilo”.
“O mais importante de tudo”, ela disse, estendendo o braço em direção ao horizonte diante de nós, “é a composição – o que seu olhar escolhe fotografar. O que fica dentro e o que fica fora.” Ela apontou para a câmera. “Quando você olha para o visor, precisa saber o que faz sentido. Precisa se perguntar se há alguma perspectiva melhor para ver a cena à sua frente – talvez uma perspectiva mais interessante ou de um jeito que você não tinha pensado. Há tantas maneiras diferentes de olhar a mesma coisa, Ellen.”
A ambientação da trama é bem hospitaleira, daquelas que instiga quem tem uma queda por cidades pequenas, bem interioranas. Como uma fã de Bluebell, cidadezinha da série Hart of Dixie, me vi no Rammer Jammer e a própria Ellen traz um pouco da Zoey Hart. O que eu diria à autora é: desculpa, Mary, em certas páginas, a sua descrição me fez pensar em você como o Joel, o namorado nova-iorquino da Zoey que tenta retratar tudo com deslumbramento. Acho que daria um bom filme para tardes preguiçosas, com uma trilha sonora de clássicos de jazz a country two-step que embalasse todos os feels.

Os personagens são carismáticos e não muito estereotipados, não odiei ninguém e, aqueles que representavam certos empecilhos para Ellen, como Hayden (o noivo) e Mamãe (da Ellen), me fizeram foi rir. O humor da trama é assim, natural e sutil em situações embaraçosas, bem do jeitinho de gosto. Com ares de conto, notei um ou dois furos no romance, mas nada muito significativo que travasse a leitura. O clichê, nesse sentido, também foi bem trabalhado.

Um toque legal da Mary (ou da edição?) foi a escolha de títulos para encabeçar os capítulos, sem os tradicionais números. Isso tira um pouco da noção de saber onde se está pisando, se lemos muitos ou poucos capítulos. Vou presumir que isso também nos ajuda a nos perder – e nos encontrar – na história tal qual a Ellen. Para a capa, também presumo que carrega um conceito mais que pensado pela editora – e se não é isso, deixem-me acreditar (rs) – combinado então com o texto de contracapa. Prefiro a brasileira à original, achei mais especial (se representa mesmo o que estou pensando).

Quanto à frase que a edição traz, que diz “se você gosta dos romances de Nicholas Sparks, vai devorar O Irresistível Café de Cupcakes”, essa vocês vão ter que me confirmar, pois do Sparks nunca li nada.

Há uma cidade em Maine... 
(não resisti à piadinha da entrada da série Once Upon A Time)

Espero que visitem Beacon com Ellen – e se já visitaram, contem o que acharam :)

Até a próxima o/

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Littera Feelings #18 – Os leitores em pauta (Parte 1)



O leitor se lembra de quando terminou o romance e continuou sentado naquele banco, olhando lá fora, no alto, o relógio da Central lhe dizendo que era hora de ir para a Universidade. Ele não iria. Nem naquele dia nem nos outros. Algo se rompera dentro dele, algo que resultaria no abandono do curso e na opção por outro. (Flávio Carneiro – O leitor fingido, p. 66)
Oi, pessoal, como andam as leituras?
Dia do amigo foi outro dia aí e um belo domingo pra descansar a cabeça com aquele que sempre tem algo pra nos dizer, nem que seja com as mesmas palavras. Ainda estou naquela fase de deixar alguns livros de lado (férias para uns, nada de férias para outros...), infelizmente, mas algo que nunca, nunca, nunca deixo é meu lado leitor :)

Acho que já ficou claro depois de 17 posts sobre o assunto hahaha como gosto do universo que envolve o leitor. São tantas possibilidades, são tantos clichês, costumes, novos costumes, situações engraçadas, clássicas, estranhas... enfim, como não gostar se somos nós os leitores e temos esse direito? Lembrem-me de fazer um post sobre isso, li esse artigo aqui que me deixou bem balançada pra discutir com vocês umas ideias, só tive uns contratempos...


Hoje quero compartilhar alguns livros que falam dessa nossa realidade fantástica (não necessariamente fantáaaaastica como a literatura fantástica) que é ser leitor – e que, só por essa premissa (ou detalhe), me conquistaram!


Para essa primeira parte, listo livros que colocam em foco o leitor e a experiência de leitura.


O leitor fingido – Flávio Carneiro
Não é bem um livro de literatura, é de ensaios e conta com alguns contos pequenos entremeados, que colocam sempre à frente a figura do leitor, suas impressões, teorias e etc. Como diz na orelha, o autor consagrado (ele é um crítico literário) se coloca do outro lado do papel, “para tratar dessa espécie de mistério que envolve o instante em que, alcançado pelo olhar do outro, o texto se faz completo”.


A página assombrada por fantasmas – Antônio Xerxenesky

Esse foi um achado que é bem queridinho. É um livro de contos em que todos trazem como tema central situações que envolvem leitores e autores, numa ficção que se debruça sobre a própria ficção. Alguns contos chegaram ao nível máximo de feels, outros nem tanto, mas certamente envolvem tramas incríveis, com aventuras, investigação, confissões, o livre imaginário (que pode ser aterrorizante) e coincidências de vida. Fico um pouco em dúvida em apontar qual foi meu preferido, mas por certo “Esse maldito sotaque russo” estaria na lista – e indico esse principalmente aos apaixonados pela série Castle. É um caso que adoraria ver o escritor resolver ao lado da detetive Becket.

Tony & Susan – Austin Wright
Descobri que não sou muito fã de literatura policial, investigação ou thrillers, mas esse me pegou. O livro é uma narrativa de camadas (fiz coments breves nesse outro post aqui) que permeia a leitura de um original e a realidade ao redor de Susan (uma beta reader), quem lê o material que foi escrito por seu ex-marido, este que quer a opinião dela se é algo bom ou não de publicar. A ficção aqui também se apropria da própria, acompanhamos a leitura e impressões de Susan, de modo a guiar as nossas enquanto visualizamos “os planos de realidade” (o plano do original, o plano de vivência de Susan, o nosso plano de leitura). Ele é bem engenhoso nesse sentido, com um “retrato instigante da experiência da leitura com uma trama de ação eletrizante”, como diz a orelha.


Serena – Ian McEwan
Confesso que não foi um livro que exatamente me pegou, por assim dizer. McEwan foi genioso de criar uma trama que coloca a relação autor e leitor em paralelo com a de observador e o observado, comportamentos dignos de espionagem. A meu ponto de vista é uma ótima premissa, tem grande contexto de ação, porém... não fluiu. Arrisco dizer que gosto de Serena em fragmentos, justamente esses que trazem a figura do leitor e a experiência de leitura, traz muito também da metalinguagem, do leitor fingido (aquele que fala dele mesmo), as ânsias e expectativas... Já a ação em si, dispenso. A contracapa diz que o leitor deste livro deve ser um bom espião – ou eu falhei no processo, ou McEwan não soube exigir de mim. Ainda assim, tenho um carinho por ele. Principalmente por essa capa (não sei, me lembra a Sarah da série de comédia-ação-espiã Chuck).


Destrua este diário – Keri Smith
Sob a ideia de que “criar é esculhambar”, este livro se revela um desafio a qualquer leitor e aplica um desapego na base da porrada e outros estraçalhos  literalmente. Não se trata por exato de se remeter a uma experiência de leitura, como os livros acima, mas sim uma experiência de apego material sobre o objeto livro, em que a proposta é, de fato, destruir o diário, de todas as formas indicadas, testando os limites de nossa afeição. Pat pode ter jogado um livro pela janela em um ataque de raiva (em O lado bom da vida), mas, justamente, foi um momento de fúria. Já jogar Destrua este Diário de boa vontade ou dar para um cachorro morder é oooooutra história. Eu até gostaria de me testar... Só não arrumei coragem pra isso XD

(que p*** é essa?)

Outros mais que lembro ter essa temática (e pretendo ler) é “O livro selvagem” e “Coração de Tinta” (série Mundo de Tinta). Não é muito comum achar literaturas que tratam sobre leitores e/ou trazem leitores em suas narrativas, mas lá e cá a gente topa com uns desses. Esses foram os que conheci ou lembrei. Agora vocês, leitores, se tiverem uns e outros na memória, compartilhem aí nos comentários.

Espero que tenham gostado das dicas :)


Até a próxima (parte),


Kleris Ribeiro. 
sábado, 26 de julho de 2014

Resenha: "Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo" (Benjamin Alire Saenz)

Por Sheila: Oi pessoos e pessoas (ok, estou meio engraçadinha hoje...) vocês sabem quem foi Aristóteles? E Dante? Sim?!?!? Então esqueçam tudo o que vocês sabem antes de se aventurar pelas páginas de “Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo” (nome comprido não é mesmo?) livro de Benjamin Alire Sáenz e que já ganhou o Stonewall Book Award (que eu não sei bem o que é, mas estava na orelha do livro) entre outros prêmios. 

Bom, vamos à resenha: Dante e Aristóteles – que gosta de ser chamado de Ari, no que vamos respeitá-lo – são dois adolescentes que não poderiam ser mais diferentes. Bom, algumas coisas eles tem em comum, sim. Os dois são descendentes de Mexicanos. Os dois parecem se sentir um tanto quanto receosos quanto ao que deveriam estar fazendo enquanto adolescentes. 

Fora isso, os dois não poderiam ser mais diferentes, como a luz e a escuridão. E escuridão é o que mais há nos pensamentos de Ari, que tem que lidar todo o tempo com o silêncio dentro de suas casa: o silêncio sobre seu irmão mais velho, que está preso; o silêncio de seu pai, que lutou no Vietnã e parece ter deixado uma parte sua lá antes de voltar para casa. 

Certa noite de verão, caí no sono desejando que o mundo fosse diferente quando acordasse. Quando abri os olhos de manhã, estava tudo igual. Afastei os lençóis e permaneci deitado, enquanto o calor entrava pela janela aberta.
Estendi o braço para sintonizar o rádio. Tocava “Alone”. Droga. “Alone” de uma banda chamada Heart. Não era minha banda favorita. Não era meu assunto favorito. “Você sabe quanto tempo ...”
Eu tinha quinze anos.
Estava entediado.
Estava infeliz. 

Nossa história começa em um verão de 1987 e vamos encontrar um Ari solitário, taciturno e confuso. Quando ele decidi ir nadar – o que ele não sabe, se contentando em ficar boiando na piscina – a última coisa que espera encontrar é um amigo. 

- Posso ensinar você a nadar.
Fui até a lateral da piscina e fiquei de pé, os olhos quase fechados por causa do sol. Ele estava sentado na beirada. Encarei-o com desconfiança. Um cara que se oferece para ensinar alguém a nadar com certeza não tem nada melhor para fazer da vida. Dois caras sem nada para fazer da vida? Quão divertido poderia ser?
Eu tinha uma regra: melhor se entediar sozinho do que acompanhado. E quase sempre seguia essa ideia. 

Só que desta vez Ari resolveu ceder e conheceu Dante: um adolescente que beijava seu pai, professor universitário, no rosto sempre que entrava em casa; lia poesia, mantinha um caderno de desenhos secreto, e chorava por passarinhos mortos. 

Dante baixou o olhar para o passarinho morto. Há poucos minutos, estava com uma raiva enorme. Agora parecia prestes a chorar (...) 
Passamos uns instantes ali parados, olhando para o pássaro morto. 
- É só um pardalzinho – ele disse. E começou a chorar. 

Confesso que me surpreendi com o livro. A capa é muito bonita, mas o título comprido e a sinopse não haviam me atraído nem um pouco. Ao começar a lê-lo, no entanto, não consegui parar mais. 

Os diálogos entre Ari e Dante são incríveis. Cheios de um humor sarcástico e irônico, sendo divertidos e profundos ao mesmo tempo. Durante a leitura, iremos encontrar humor e drama em proporções exatas para prender nossa atenção e instigar nossa curiosidade. 

Afinal, a amizade que se constrói entre estes dois adolescentes é tão forte, que começamos a nos perguntar: e agora? Até onde isso irá? E como vai acabar? Bom, eu na verdade sei, como acaba, mas claro que não vou contar para vocês, para não estragar a surpresa J. 

A história é narrada em primeira pessoa, por Ari. As sentenças, assim como os capítulos, são curtas. E o desfecho é muito fofo, não esperava, mas gostei muito. E você? esperando o que para descobrir se estes dois conseguiram ou não desvendar os Segredos do Universo? Recomendadíssimo.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Resenha: "O Cântico do Súcubo" (Georgete Silen)

Por Sheila: Oi pessoas! Trago a vocês hoje a resenha do novo livro de Georgette Silen. O quê? Vocês não sabem quem ela é? Bom, eu também não sabia até me deparar com “O Cântico do Súcubo”, mas agora pretendo seguir mais de perto os trabalhos desta autora!

Ok, pausa para uma pequena biografia. Estamos falando de uma Arte Educadora e professora teatral que enveredou pelo campo da literatura há pouco, apenas em 2009. De sua autoria, temos a série Lázaros da qual nunca ouvi falar, As crônicas de Kira menos ainda, Fábulas ao anoitecer e, agora, O Cântico do Súcubo. 

Vocês não sabem o que é um Súcubo? Bom, eu também não sabia e, infelizmente, não posso contar, vocês terão de ler o livro para saber. O que na verdade é relativamente fácil já que, por sua extensão, a história assemelha-se mais a um conto. 

Mas vamos a ela. No início da narrativa, estamos em uma estrada e é noite (sim, é sempre à noite que criaturas pérfidas aparecem para atemorizar e surpreender os incautos ...). Não sabemos quem é o viajante, já que num primeiro momento não lhe somos apresentados. No entanto, pela descrição de sua vestimenta, podemos inferir tratar-se de detentor de funções eclesiásticas. 
A noite quente de verão, aliada a alguns infortúnios do trajeto, não oferecia nenhum alento. A viagem fora longa. O hábito grosso, escuro, inapropriado ao tempo, mas adequado à função do viajante, contribuía para o suor excessivo que se acumulava nas dobras de seu corpo. Sua solitária figura procurava distinguir, entre os arbustos iluminados pela lua, possíveis buracos ou depressões que pudessem causar danos à montaria. 
Sim ele está numa estrada escura, à noite, e é óbvio que alguma coisa vai dar errado. Na verdade, muito, muito errado para esse jovem – sim, ele é bastante jovem ainda – eclesiasta. E aqui começa a minha dúvida e martírio em iniciar esta resenha: como contar mais da trama sem estragar o final, já que ela possui apenas 65 páginas?

Bom caro leitor, mesmo correndo o risco de, ao final, ter uma resenha um tanto quanto “enxuta” decido parar por aqui e deixar a você imaginar o que o jovem frade encontrou na escuridão – ou o que o encontrou. 

Das minhas impressões, posso dizer estar agradavelmente surpreendida. Georgette consegue utilizar-se da dose certa de suspense e mistério, num ritmo que se adéqua perfeitamente ao número de páginas do livro. Suas frases são muito bem construídas e o desenrolar da história e desfecho bem elaborados, sem nenhuma ponta solta. 

Ah, e um aviso importante: há algumas partes (muitas delas, na realidade) beeeeeem picantes, então não deixem as crianças lerem! No mais, confiram o trabalho desta autora, realmente vale a pena. Recomendo! 
sexta-feira, 18 de julho de 2014

Resenha: "Jardim de Inverno" (Krinstin Hannah)

Por Sheila: Oi pessoas como vocês estão? Trago a vocês hoje resenha de mais uma autora best-seller do The New York Times (como será que se faz para ser considerado um autor best-seller? Por que eu já resenhei vários, mas não sei... alguém ai sabe?) Kristin Hannah (de quem eu também nunca tinha ouvido falar).

Bom se vocês forem se aventurar a ler este livro e gostarem de um bom drama, preparem seus lencinhos de papel. Vocês irão precisar. A contra-capa do livro diz que este é o romance mais bem escrito e comovente de Kristin, o que eu não posso avaliar já que não li os outros. Mas você com certeza vai se emocionar com a história destas três mulheres.

Meredith é a filha mais velha. Sempre cordata e obediente, fez o que todos esperavam dela: casou, teve filhos e, quando o pai ficou mais velho, assumiu o cuidado com o negócio da família: o pomar de macieiras Belye Nochi. Chegando aos 40, ela não sabe muito bem quando é que passou de senhorita para senhora.

Nina é a filha mais nova, uma fotógrafa impetuosa que viajou o mundo todo retratando dramas indizíveis, capturando momentos belíssimos e comoventes pelo olhar de sua lente. Nunca casou, e ter filhos é algo que não passa por sua cabeça de forma alguma.

Anya Withson era considerada uma mulher fria pelas filhas. Russa, sempre foi distante das filhas. Tanto a mãe, como as duas filhas, pareciam não ter absolutamente nada em comum. A única coisa que ainda fazia com que se sentissem uma família era o Sr Withson já que o pai, ao contrário de Anya, amava as filhas e se extremava nas demonstrações de carinho.

A única coisa que a mãe parecia fazer com as duas filhas era contar-lhes histórias – até isso acabou, quando Meredith tinha 12 anos e tentou encenar um dos contos de fadas para a mãe, durante uma festa natalina na casa em que moravam.
Meredith se virou, vendo a mãe no meio dos convidados, imóvel, o rosto pálido, os olhos azuis faiscando. Sangue escorria de sua mão. Ela havia quebrado o copo de coquetel e mesmo dali Meredith podia ver um caco de vidro fincado na mão dela.
- Chega – disse a mãe em tom ríspido. – Isso não é entretenimento para uma festa.
Os convidados não sabiam o que fazer; alguns levantaram, outros permaneceram sentados. A sala ficou em silêncio.
- Eu nunca deveria ter contado para vocês esses ridículos contos de fadas – Mamãe disse, o sotaque russo acentuado por causa da raiva. – Esqueci como meninas podem ser românticas e cabeça oca.
Desde este acontecimento da infância, Anya não contou mais histórias para as filhas, e estas simplesmente desistiram de ao menos tentar se aproximar da mãe. Só que agora, o pai das duas irmãs está morrendo e, em seu leito de morte, pede que as filhas se comprometam com ele, em um estranha promessa.
Ele segurou a mão dela e fitou os olhos marejados da filha.
- Importa sim – disse ele, os lábios tremendo, a voz tão fraca que ela mal conseguia ouvir. – Ela precisa de vocês... e vocês precisam dela. Prometa.
- Prometer o quê?
- Depois que eu me for. Conheça sua mãe.
- Como? - Ambos sabiam que não havia forma de se aproximar da mãe dela. – Eu tentei. Ela não fala conosco. Você sabe disso.
- Faça-a contar a história da camponesa e do príncipe. – Ao dizer isso, ele fechou os olhos novamente e sua respiração ficou ainda mais pesada. – Mas história inteira
Agora, Meredith e Nina terão que descobrir uma forma de se aproximarem – uma da outra e da mãe – enquanto esta última parece, gradativamente, perder a lucidez, e volta a lhes contar a história da camponesa, a mesma que sempre lhes contara quando eram pequenas – e que precipitou a desavença que pareceu fragmentar de forma tão permanente o relacionamento das três.

Só que as duas irmãs descobrirão que a mãe é uma mulher muito mais profunda do que imaginavam e que, por trás de seu semblante frio, carrega uma dor e tristeza que começarão a entender, quando descobrirem que a história da camponesa é muito mais do que uma forma que a mãe tinha de fazê-las dormir.

“Jardim de Inverno” é uma história belíssima e comovente, que vai falar sobre perdas devastadoras, mas também da possibilidade de superação e redenção. Sobre verdades escondidas por medo, mas também do amor incondicional que uma mãe pode ter por seus filhos – mesmo que estes venham a nunca ficar sabendo.

Agora só falta você comprar seu lencinho, e se aventurar pelas linhas lindamente traçadas por K. Hannah. Recomendadíssimo.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Resenha: "A menina que semeava" (Lou Aronica)


Por Mariane: Tenho um certo preconceito com livros que contam a história de mundo de fantasia, universos paralelos e seres mágicos. Não que eu não goste, eu adoro, mas geralmente não me convencem e esse é o problema. Não me julguem, eu sou parte da geração que cresceu lendo J. K. Rowlling, meus níveis de exigência pra um mundo de fantasia convincente são altíssimos.


E foi com esse preconceito (bobo, eu sei) que comecei a ler A menina que semeava.

Chris é um botânico divorciado que tenta a todo custo recuperar o relacionamento que tinha com a filha Becky antes do divórcio. Becky, de quatorze anos, vive com a mãe, Polly, e teve a infância marcada por um triste episódio: quando tinha quatro anos foi diagnosticada com leucemia e foi submetida aos tratamentos pra se livrar da doença.

Com a intenção de tornar as visitas aos hospitais e as sessões de quimioterapia menos aflitivos à filha Chris criou junto de Becky um mundo de fantasia chamado Tamarisk. Um universo com rei, rainha, princesa, inimigos, reuniões diplomáticas e criaturas fantásticas. Cada detalhe de Tamarisk foi criado pela imaginação de pai e filha e, vivendo no meio de um mundo real de luta contra o câncer e um mundo imaginário com rei e rainha, Becky venceu a leucemia.

Mas o tempo passou, Chris e Polly se divorciaram e o relacionamento afetuoso e estreito que Chris e Becky costumavam ter, assim como suas histórias sobre Tamarisk, foram desaparecendo aos poucos.
Quando seu filho nasce, cada uma das suas conquistas parecem superar a anterior, e cada uma faz você se sentir cada vez mais conectado a ele. Simples necessidades biológicas dão lugar a interação, que dá lugar às brincadeiras, que dão lugar a conversas relevantes e assim por diante. O relacionamento fica mais próximo a cada fase. A certa altura, no entanto, você chega ao topo da curva. Seu filho continua a crescer, a se tornar um ser humano mais completo e mais denso, mas sua ligação com esses eventos se torna cada vez mais distante.
Quase dez anos depois de ter vencido o câncer Becky começa a sentir umas fraquezas e tonturas que ela sabe que podem ser um péssimo sinal. Na esperança de que seja apenas um mal estar Becky ignora os sintomas e espera pra ver os resultados de seus exames de rotina, que estão marcados pra daqui alguns meses.

Enquanto isso, num lugar distante chamado Tamarisk, rainha Miea tem ocupado quase todo o seu tempo tentando descobrir a causa de uma praga que está se espalhando rapidamente pelas plantações do reino. Toda sua equipe de estudiosos está trabalhando no caso e ninguém parece perto de chegar a uma solução.

É em meio a esses  medos e ansiedades que carregam pra si e na busca de uma resposta pra algo que parece não ter solução que Miea e Becky, a partir de uma conexão especial, criam uma ponte entre os dois mundos por onde Becky pode visitar Tamarisk sempre que está na sua cama na casa do pai — lugar onde a alguns anos atrás eles criaram todas as histórias do reino.
Becky percebeu algo disforme na escuridão. Ao chegar mais perto —como ela estava se movendo? —, a imagem começou a se aproximar. Era a nuca de uma cabeça de uma mulher. Uma cabeça com mechas de cabelos lustrosas e brilhantes como as de sua prima Kiley. A cabeça se virou e Becky viu o rosto da mulher—e imediatamente soube quem era.
Becky se envolve de maneira tão leal a Tamarisk que é impossível não nos envolvermos também. A busca por uma solução para a praga que está destruindo o reino se torna um dos seus principais objetivos e é nessa busca que se inicia uma etapa de reaproximação com seu pai e de divergências com a mãe.

O livro demora um pouquinho pra engatar e dar aquela sensação de que finalmente a história está fluindo, mas quando flui vamos nos encantando cada vez mais pela relação de cumplicidade e carinho de Becky e Chris. 

O mundo de Tamarisk acabou me convencendo por que o autor acertou em cheio em não detalhar muito o modo como o mundo funcionava. A ideia central do livro não é te fazer se encantar com os seres mágicos e a lógica relacionada ao mundo de fantasia, mas sim compreender a história por trás de tudo aquilo.

E no fim compreendemos tudo, de uma maneira linda, mostrando como a nossa imaginação pode transformar momentos e nos fazer viajar através de histórias.

Sei que muita gente torce o nariz pra livros com temática fantasiosa, alguns por que não gostam mesmo, outros por puro preconceito “é-coisa-de-criança”. Mas acredito que todo mundo ao pegar um livro pra ler, seja uma biografia, um romance ou um suspense embarcamos nós mesmos no nosso “Tamarisk” particular e por momentos nos esquecemos de todos os problemas a volta e nos concentramos apenas na história contada. E é por isso que apesar de ser cri-cri eu adoro o gênero, e recomendo muito A menina que semeava pra quem ainda acredita nos poderes “mágicos” da imaginação.

domingo, 13 de julho de 2014

Resenha: "Convergente" (Venorica Roth)

Por Juny: E depois de meses eis que eu voltei. A ressaca literária foi tensa e o desanimo para escrever foi maior ainda. As vezes desanima a falta de comentários e a falta de valorização por parte das editoras que acham que nosso serviço é ao estilo “fast-food” te mando 5 livros e quero todas as resenhas em 1 semana senão encerramos a parceria... Essas parcerias unilaterais, sem levar em conta a qualidade das resenhas e somente a velocidade de produção é o que mais acontece por ai. Por isso estamos optando por menos parceria e mais liberdade e qualidade na produção. Desabafos a parte, fiquem com a resenha de “Convergente”.

Resenha: "Convergente" (Venorica Roth)

Um dos livros que mais esperei pela leitura nesse ano e um dos que mais adiei o final. Quanto mais próximo do fim, mas eu queria ir devagar, temia muito o desfecho.

O final de “Insurgente” foi de tirar o fôlego, a revelação sobre a verdade, o mundo por trás das cercas foi bem chocante. Em “Convergente” conhecemos a realidade, e o “experimento” é como um big brother manipulando a vida daquelas pessoas em nome da ciência, da pureza dos genes.
"Solto uma risada, e é a risada, e não a luz, que expulsa a escuridão que estava se acumulando dentro de mim, que me lembra de que ainda estou viva, mesmo que seja neste lugar estranho, onde tudo em que eu acreditava está desmoronando. "
Essa questão de geneticamente puros e geneticamente danificados, vai muito além da Divergencia e coloca Tris e Tobias em lados opostos. Tobias se deixa levar, sem investigar ao certo as reais motivações do grupo de rebeldes geneticamente danificados. Tris, como sempre, busca a verdade, vai além em toda essa trama cheia de mentiras e intrigas e se consagra como uma protagonista que não esqueceremos tão cedo. Christina, Peter e Caleb são boas surpresas, suas participações evoluem a cada livro, a cada capitulo. O passado da mãe de Tris e Caleb também envolve algumas surpresas. Evelyn, Marcus e Johanna comandam a guerra entre os “sem facção” e os “leiais”, mas seus problemas são pequenos quando se conhece tudo o que há por trás.
"Eu me apaixonei por ele. Mas não fico com ele de maneira automática, como se não estivesse mais ninguém disponível para mim. Fico com ele porque decido fazê-lo todos os dias quando acordo e sempre quando brigamos, mentimos um para o outro ou nos desapontamos. Eu o escolho continuamente, e ele me escolhe também."
O amor por mais que tenha sua importância na trilogia, fica para trás, pois os ideais da luta são mais importantes. Estou evitando falar muito sobre a história, pois a cada capitulo nesse livro há um grande spoiler ou uma atitude decisiva.
"Sinto uma pontada no centro do peito. Ela tem razão. O desespero pode levar uma pessoa a fazer coisas surpreendentes. Nós dois sabemos bem disso."
Os capítulos alternam a narração dos fatos entre Tris e Tobias. É difícil uma distopia com final 100% feliz, então “Convergente” não foge a regra, sempre há sofrimento para que no final haja paz e justiça. O final me marcou bastante, Veronica Roth não teve medo de ousar.
"Eu a vira, mas não a enxergara; ninguém a enxergara como ela era de fato, até que ela pulou. Imagino que uma chama que queime com tanta intensidade não seja feita para durar."
A trilogia “Divergente” cresce a cada livro e o final foi bem digno de toda a trama. Sempre estará entre os meus favoritos. Vai ser difícil superar o fim da trajetória de Tris e Tobias. Recomendo muito a leitura!
quinta-feira, 10 de julho de 2014

Resenha: "O Instinto de morte" (Jed Rubenfeld)

Por Sheila: Oi pessoas! Fiquei um tempo sem escrever e deu saudades de vocês ... também andei enrolando um pouquinho nas leituras, principalmente por que as últimas não vinham chamando muito a minha atenção.

Assim, foi com surpresa - e alegria - que terminei a leitura de "O Instinto de morte". Afinal, preciso confessar que ainda não conhecia o autor, e saber que ele também havia escrito o Best Seller "A interpretação do assassinato" não ajudou - por que eu também não conhecia esse.

Outro fator que fez com que eu ficasse com um pouquinho de "má vontade" em lê-lo, foi o fato deste ser um romance histórico, que tem como pano de fundo um acontecimento real - o atentado à bolsa de Wall Street que aconteceu em 1920 (vocês sabiam disso? eu não fazia idéia!).

É que as vezes tenho dificuldade em acompanhar os nomes de lugares e os acontecimentos quando sei que tudo aconteceu "de verdade", fora que alguns autores tentam explicar o que de fato teria acontecido, criando as situações mais mirabolantes e se utilizando de personagens históricos de forma algumas vezes pouco lisonjeira.

Mas já vou me retratando: realmente gostei muito do livro, denso, tenso e bem escrito. Tanto que resumi-lo ficou um tanto quanto difícil ... e vou "roubar" a sinopse do skoob para passar para vocês.
Sinopse - O Instinto de Morte - Jed Rubenfeld
Tendo como pano de fundo um dos grandes mistérios da história americana - o atentado à bomba que pôs abaixo Wall Street, em 1920 -, O Instinto de Morte é a volta de Jed Rubenfeld ao universo literário de A Interpretação de um assassinato, romance que o consagrou mundialmente. O Instinto de Morte contém todos os elementos do melhor thriller policial, mas também a recriação histórica acurada e a percepção sombria e densa da mente humana, que fizeram de seu livro anterior um best-seller internacional. Costurando ficção e realidade, psicanálise e suspense, o autor coloca Sigmund Freud e Marie Curie no cerne de uma trama de consequências devastadoras, conforme um quarteto de heróis tão improváveis quanto ambíguos tenta resolver seus conflitos pessoais e desvendar um dos maiores e mais incompreensíveis ataques terroristas já vividos em solo americano.
E aí se empolgaram? Eu fiquei um tanto cética a princípio - sou psicóloga por formação, com ênfase psicanalítica, e fiquei com um "pé atrás" pelo envolvimento de Freud na trama do livro - mas a forma como o autor constrói sua narrativa é tão elaborada e envolvente, que não há como não se empolgar com  a história.

Teremos ação, aventura, suspense, romance, tramas diabólicas, vilões improváveis, mocinhos nem sempre politicamente corretos e personagens secundários que - confesso! - me encantaram por completo, fiquei com muita vontade de ler o livro anterior deste autor, "A interpretação de um assassinato".

Além disso, a narrativa é cheia de reviravoltas, becos sem saída, idas e vindas, e um final totalmente imprevisto e surpreendente! Também gostei bastante das explicações psicanalíticas - um pouquinho "resumidas" e distorcidas à favor da história, mas mesmo assim estas partes da narrativa demonstram uma apropriação por parte do autor do tema. Enfim... recomendo!

Aniversário do Dear Book, 4 anos!


Mais um ano de Dear Book! Parece que foi ontem o dia 10/07/2010, onde tudoooo começou....

Estamos aqui, apesar de todas as dificuldades, compartilhando nosso amor pela literatura! Muito obrigada a todos que acompanham nosso trabalho! Vocês são muito importantes para nós! \o/

E como sempre, o aniversário é nosso, mas o presente é de vocês! E após um período sem promoções, estamos de volta! Participem! ;D



terça-feira, 8 de julho de 2014

[Gastronomia e Literatura] Aventura na Alemanha e uma Comida Clássica

Olá Pessoas,

Narrativas que tem como pano de fundo a Alemanha na época da Primeira e da Segunda Guerra Mundial são uma das minhas paixões literárias e se tiver um pouquinho de fantasia nessa mistura, então me ganhou de vez.

O primeiro Leviatã de Scott Westerfeld tem tudo isso e muito mais. Você pode acompanhar a resenha aqui.

Mas o que quero lembrar, na verdade, é que hoje nosso adversário na Copa do Mundo é a Alemanha. E para assistir ao jogo e evitar de roer as unhas de nervoso, coma Pretzel.

Vamos lá, que ainda da tempo antes do jogo.

1½ Tablete de Fermento Biológico
1½ xícara (chá) de Água
2 colheres (sopa) de Açúcar Mascavo
5 xícaras (chá) de Farinha de Trigo
Manteiga para Untar
1 colher (chá) de Sal
2½ xícaras (chá) de Água Morna
3 colheres (sopa) de Bicarbonato de Sódio
Sal Grosso a Gosto

Preparo:
1. Dissolva o fermento em 1 1/2 xícara (chá) de água. Coloque num recipiente grande e acrescente o açúcar. Mexa bem e acrescente a farinha, aos poucos, e em seguida o sal. Misture a massa até que se desprenda das mãos. Se necessário acrescente mais farinha, sempre aos poucos.
2. Reserve a massa num recipiente e cubra. Deixe a massa descansar por cerca de 1 hora ou até que dobre de volume.
3. Pre-aqueça o forno em temperatura alta (200º). Unte 2 assadeiras grandes com manteiga e farinha de trigo.
4. Retire a massa do recipiente e divida-a em 12 partes iguais. Estique cada porção, com a palma da mão, em forma de cordão.
5. Dê forma aos cordões e una as pontas. Coloque a água morna e o bicarbonato de sódio num recipiente e misture bem. Despeje a mistura num prato fundo.
6. Mergulhe cada pretzel no banho de água morna com bicarbonato, com uma escumadeira, e coloque-os em seguida na assadeira untada. Deixe os pretzel crescerem mais uma vez por cerca de 15 minutos.
7. Pincele com manteiga derretida e polvilhe com sal grosso. Leve a assadeira ao forno pré-aquecido por cerca de 15 minutos ou até que fiquem dourados.

Corre pra cozinha preparar enquanto nossa seleção corre em campo.
Então, Bom Jogo...
Boa Leitura e Bon Apetit
segunda-feira, 7 de julho de 2014

Littera Feelings #17 e Kafka – Entrevista de Leitura #2

MANDA MAIS COPA QUE TÁ POUCA COPA!

Leggo

Olá, amigos leitores, como estão?

No post passado estava eu um pouco incerta sobre as leituras sobreviverem com tanta empolgação sobre o evento da Copa do Mundo, maaaaaaaaaaaaaas, olha, devo dizer, o que não li em meses, li nessas últimas semanas e fiquei muito feliz de ver leitores internet a dentro também se esbaldando em leituras – mesmo que seguisse o movimento de “olho no livro, olho no whatsapp, olho no jogo, olho numa rede social”. Realmente, brasileiro tem uma força de vontade (e criatividade) imensurável XD

Então enquanto estamos nos preparativos para o jogo de amanhã, convido vocês para um "olho no jogo, olho post"!

O que trouxe pra vocês hoje é um post especial da coluna, a Entrevista de Leitura. Para quem não lembra ou perdeu a primeira entrevista (podem ver aqui), relembro que é uma oportunidade de contato mais direto com os leitores, numa entrevista em que o centro das questões é a experiência de leitura - com um livro clássico. Aproveitando o lembrete, aí vão os requisitos para quem gostaria de participar do próximo post dessa seção:

  • Leitura recém-finalizada;
  • Clássico da literatura (nível mundial);
  • Não valem releituras.

Assim, vos apresento os convidados desta entrevista.

No microfone de leitor está...

Luan Queiroz, estudante de Letras, que diz ter um “coração literário onde cabe desde John Green, Suzanne Collins, J. K Rowling até Machado de Assis”, quem gosta e lê de tudo um pouco.

Na bancada de leitura do lado está...

A Metamorfose, de Franz Kafka.
Dados Complementares

Edição (editora e ano de publicação): Companhia das Letras, 1997.
Época de enredo: O ano exato não é informado, mas levando-se em conta os acontecimentos, a história se passa na mesma época em que o livro foi escrito, ou seja, inicio do século XX.

~~~~~~~~ Eis Luan e Kafka! ~~~~~~~~

Conte-nos sobre o que trata o livro a seu ver. Teria vontade de reler?
Luan: Acho que de alguma forma todos conhecem Kafka (mesmo que nunca tenham lido nenhum livro escrito por ele). Basicamente é sobre um homem, Gregor Samsa, que acorda uma certa manhã e se percebe transformado em inseto. Não nos é revelado o motivo dessa transformação. O que se vê nas páginas seguintes é como o nosso protagonista e sua família encaram essa "mudança".
Minha sensação de estranhamento foi muito grande no inicio. Não é um livro tão fácil de ser digerido assim, mas aos poucos o leitor, assim como o próprio Gregor, vai se acostumando com a nova condição do personagem. Duro é ver a maneira como a família o trata em determinados momentos. Por mais asqueroso que o "inseto" possa parecer, há traços fortes de humanidade nele ainda, o que todos parecem esquecer.
A barata é um símbolo: a vida do Gregor não os satisfaz, mas ele é daqueles que "sofre calado", sabe como é? Um cara que trabalha duro num emprego que ele não suporta para pagar a dívida do pai (que fica em casa sem fazer nada o dia todo) e para no futuro custear os estudos da irmã que ele tanto gosta e que no final é umas das que mais faz pressão para que o "inseto" que era seu irmão vá embora. O interessante é que na pele do inseto é que o Gregor realmente se sente livre: ele sobre pelas paredes, vai aprendendo a usar as patas, e, melhor do que tudo, não tem que trabalhar.
Eu releria pra tirar ainda mais coisa do livro. É uma obra que exige um certo esforço, mas que te permite mil interpretações. Ainda tenho a cisma de que havia uma tensão sexual entre o Gregor e a sua irmã... não sei, mas fiquei com essa impressão. Tenho que reler pra tirar a prova (ou não).

Diante do conhecimento geral sobre o livro, diria que seu pensamento atual sobre A Metamorfose mudou muito após a leitura?
Luan: Sim, antes da leitura, eu achava que era um daqueles livros clássicos em que o autor misturava filosofia com ficção e acabava rendendo um caldo sujo e incompreensível. No final das contas, não é nada disso. "A Metamorfose" é um livro sensível, indispensável e o mais interessante de tudo, plurissignificativo. Não é uma leitura fácil (a Literatura em geral nunca é), mas vale muito a pena ser lido.

Quanto à sensação de estranhamento que mencionou, foi uma dificuldade em que sentido? Por enredo, escrita, ambientação (ou outro)? O livro chegou a bater de frente com algum ideal seu? Isso interferiu durante sua leitura?
Luan: Os próprios acontecimentos do enredo já causam esse estranhamento (um homem acorda na forma de inseto? Como assim?). Eu sempre tive a ideia de que a família seria a base de tudo e acho que o Gregor compartilha essa ideia comigo. Mas ver a forma como todos os membros da família exploravam o pobre filho, obrigando-o a se manter num emprego detestável para sustentar sozinho o lar me fez refletir muito até onde vai o amor familiar.
(Isso interferiu) Um pouco. À medida que me acostumava à figura do inseto Gregor, eu me sentia ainda mais enojado pelos outros membros da família. Isso fez eu repugnar um pouco o final (não vou contar o final hahahaha).

(Peter Kuper adaptou a obra para os quadrinhos. Mais cenas podem ser vistas aqui - contém spoilers)

E se você se visse na condição do protagonista? E na condição de algum familiar? Tipo, de repente você é irmão ou pai de um inseto. Qual seria sua preferência?
Luan: Não faço a mínima ideia do que eu faria. Nem gosto de pensar nisso hahahahahaha. Acho que por mais difícil que possa ser (na condição de algum familiar), eu tentaria continuar enxergando-o como um ser humano... não sei, eu não arrumaria uma maçã no meu filho como o pai do Gregor fez.
Acho que ser um inseto é bem ruim, mas lidar com um ente querido inseto é bem pior.

Que ideologia você sentiu ser bem forte? Como ela repercutiu em você?
Luan: Há uma crítica forte do Kafka ao capitalismo no livro: um homem que é forçado a estar no emprego que ele não gosta apenas para manter o status e conseguir sustentar a família: esse é o Gregor. Percebe-se também que ao virar inseto, a principal preocupação do nosso protagonista é o que o chefe vai achar se ele chegar tarde no serviço. Gregor é facilmente substituído quando o chefe descobre a nova "faceta" do personagem.
(Isso repercutiu em) Muita reflexão. Confirmar que os pontos negativos do capitalismo não são de hoje, que eles já estavam presentes, já estavam prejudicando pessoas lá no comecinho do século XX, num país bem distante do nosso foi bastante interessante. Fiquei imaginando também o quanto de nós não queríamos acordar insetos pelo menos uma vez na vida (tanta gente reza pra acordar doente) só pra não ter que levantar cedo pela manhã, só pra não ter que pegar um ônibus lotado naquele dia para ir ao trabalho.

O que diria ser inesquecível em A Metamorfose?
Luan: Acho que a cena final, por mais que eu tenha gostado muito dela. Uma das últimas coisas que a irmã fala para/sobre o Gregor ficaram muito na minha cabeça, vai ser complicado esquecer.

Consegue imaginar essa história se passando na atualidade? Como acha que a sociedade iria lidar?
Luan: Acho que o Gregor é o reflexo do homem moderno, logo “A Metamorfose” é um livro muito atual. Agora do ponto de vista do enredo, um homem virando inseto... não consigo imaginar isso, e acho que nem é tão bacana se pensar assim. A distância entre a literatura e a realidade é o que faz com que as pessoas continuem lendo e contando histórias.

Há algum trecho que queira destacar?
Luan: Desculpe, mas acabaria contando um grande spoiler (risos). Como já falei gosto muito de uma das últimas coisas que a irmã fala sobre/para o Gregor. É forte, é pesado e revela muito sobre os pontos fracos de toda aquela família. Interessante que esse trecho em especial me lembra um dos trechos da música O Vento, do Los Hermanos: “não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer”.

Houve alguma música que marcou sua leitura – ou lembrança dela?
Luan: Além do Vento, dos Hermanos, eu fiquei imaginando que esse livro poderia ter uma trilha sonora toda feita pelo Yann Tiersen. A dor e a liberdade do Gregor seriam ainda mais deliciosamente sentidas por mim.

Complete: “O livro é legal, mas...”?
Luan: O livro é legal, mas Kafka o achava uma porcaria (risos). Vai entender...

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E aí, também ficaram remexidos com Kafka? Quais eram/são suas ideias sobre A Metamorfose?


O que eu conhecia sempre foi pouco, minha curiosidade era mais pela questão do inseto e da reação das pessoas. A simbologia da qual o Luan comentou também, e agora parece mais forte na minha cabeça isso de humanidade. Gosto de temas sociais, então acho que já tenho uma queda (?) (rs) Decerto também já fico com umas teorias conspiratórias pra quando topar com esse livro. Obrigada, Luan, adorei o papo!

Espero que nossos leitores também tenham gostado.

Interessados em participar de uma entrevista, dentro dos citados requisitos, só mandar nome, um contato de rede social (FB ou twitter), o nome do livro e do autor para marykleris@hotmail.com, assunto Littera Feelings.

Até o próximo post,

#VAIBRASIL


Kleris Ribeiro.
 
Ana Liberato