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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Resenha: "A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" (Suzanne Collins)


Tradução de Regiane Winarski

Sinopse: É a manhã do dia da colheita que iniciará a décima edição dos Jogos Vorazes. Na Capital, o jovem de dezoito anos Coriolanus Snow se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. A outrora importante casa Snow passa por tempos difíceis e o destino dela depende da pequena chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas estudantes para conseguir mentorar o tributo vencedor. A sorte não está a favor dele. A ele foi dada a tarefa humilhante de mentorar a garota tributo do Distrito 12, o pior dos piores. Os destinos dos dois estão agora interligados – toda escolha que Coriolanus fizer pode significar sucesso ou fracasso, triunfo ou ruína. Na arena, a batalha será mortal. Fora da arena, Coriolanus começa a se apegar a já condenada garota tributo... e deverá pesar a necessidade de seguir as regras e o desejo de sobreviver custe o que custar.

Por Stephanie: Jogos Vorazes é minha trilogia/série favorita; li na época do hype e assisti a todos os filmes no cinema. Então nem preciso dizer como fiquei animadíssima e ansiosa quando soube que mais um livro dentro desse universo seria lançado. Foi quase um ano de espera e muita expectativa. Mesmo quando eu soube que o ponto de vista seria do maior vilão da trilogia, o Presidente Snow, tentei não me desanimar e confiar na capacidade e talento de Suzanne Collins. E é com muita alegria que digo que, pra mim, esse foi um dos melhores livros do ano até agora.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes nos apresenta uma Panem muito diferente da que conhecemos na trilogia original. O país ainda se encontra em condições precárias pós-guerra, tentando se reerguer. Os Jogos Vorazes estão em sua décima edição e não têm nem de longe o mesmo glamour que nos foi apresentado na 74ª edição, da qual Katniss e Peeta participaram.

É nesse cenário que encontramos Coriolanus Snow (ou “Coryo”, para os íntimos). Ele é um adolescente prestes a se formar no ensino médio, cujo maior desejo é entrar na universidade e conseguir um bom cargo para recuperar a antiga glória de sua família, que perdeu todo o dinheiro após investir em armamentos do extinto Distrito 13. A oportunidade de ser mentor dos Jogos Vorazes vem então como uma chance de alcançar esse objetivo.

Bom, você sabe o que dizem. O show só acaba quando o tordo canta.

Não vou falar muito sobre o enredo para não correr o risco de dar algum spoiler. Portanto, prefiro me aprofundar no que achei dos personagens e desenvolvimento da história. Antes de mais nada, tenha em mente que Coriolanus é uma pessoa horrível e que Suzanne sabe muito bem disso. Ainda que no começo da história ele não seja uma pessoa tão ruim assim, é possível enxergar algumas das características que conhecemos no líder de Panem da trilogia. Ditadores não nascem ditadores nem se tornam pessoas horríveis da noite pro dia, e acho que a autora soube apresentar muito bem essa evolução negativa em Snow. Não há romantização de seus pensamentos ou atitudes nem espaço para o leitor sentir empatia por ele.

A vida do protagonista se desenrola em paralelo com os acontecimentos dos Jogos, que sofrem diversas mudanças ao longo do livro (algumas delas propostas pelo próprio Snow), e eu achei muito interessante acompanhar o desenvolvimento dessa décima edição. Como já disse no início da resenha, Panem e principalmente a Capital apresentadas em ACDPEDS são bem diferentes das que já conhecemos. A sociedade é outra e lida de maneira bem diferente com os Jogos. Os tributos não são nem considerados seres humanos (assim como qualquer pessoa que venha de distrito). Ver esse contraste foi bastante chocante e me deixou muito imersa na história; eu queria entender como a mentalidade das pessoas mudou tanto, já que na trilogia os Jogos são o maior evento do ano para a Capital, que trata os tributos quase como celebridades (até vibrar com suas mortes violentas na arena).

O livro é dividido em três partes. Nas duas primeiras, há muito material sobre política e sociedade (além dos Jogos propriamente ditos), enquanto na última parte vemos as consequências dos acontecimentos e como Coriolanus lida com isso. Foi justamente nesse último terço que achei que o ritmo deu uma desacelerada e alguns acontecimentos foram meio desinteressantes.

Sobre as relações entre os personagens, gostei muito da dinâmica entre Coriolanus e Tigris. Sejanus também foi ótimo de acompanhar e Lucy Gray me encantou com sua coragem. O romance, se é que pode-se chamar assim, foi bem esquisito e, ainda que a verdadeira natureza da relação seja explicada, acho que é uma das fraquezas da obra.

Outro ponto negativo, na minha opinião, foi o epílogo. Ainda que feche bem a história e explique um pouco mais da origem de Snow, acredito que Suzanne poderia ter trabalhado de maneira diferente porque traria mais esclarecimentos. Ela deixou algumas questões em aberto que poderiam ter sido respondidas nessa parte, também.

Snow cai como a neve, sempre por cima de tudo.

Mas enfim, fora esses dois pontos, eu adorei essa leitura e recomendo muito para os fãs da trilogia que queiram conhecer mais sobre o universo de Suzanne Collins. Quem é muito apegado a Katniss e cia. pode acabar se decepcionando bastante, porque os personagens dessa obranão são nem de longe tão carismáticos quanto os das trilogia original, mas para aqueles que querem entender as origens dos Jogos e receber algumas respostas sobre questões levantadas nos livros posteriores, A Canção dos Pássaros e das Serpentes chega a ser um livro essencial, ainda que não pareça.

Até a próxima, pessoal!

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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Resenha: "Graça e Fúria - Graça e Fúria #1" (Tracy Banghart)

Tradução de Isadora Prospero

Por Stephanie: Atualmente, muitas editoras estão pegando carona no sucesso da série The Handmaid's Tale, vendendo seus lançamentos como livros feministas e que trabalham a força da mulher. Graça e Fúria certamente se encaixa nessa categoria, mas não considero isso como um de seus pontos fracos; Tracy Banghart consegue trabalhar bem as referências, favorecendo a história que criou.

A obra nos apresenta as irmãs Serina e Nomi, duas jovens que vivem em um reino em que mulheres tem papéis pré-estabelecidos e poucos direitos. Serina foi criada para ser uma graça, ou seja, uma mulher que viverá no palácio e servirá ao rei (no caso, ao herdeiro do rei), em troca de uma vida de luxo para si e sua família. Nomi, ao contrário da irmã, nunca quis uma vida assim para si, e sempre foi contra as imposições do reino. Ela aprendeu a ler (mesmo sendo contra a lei) e participará da seleção de graças com Serina, mas para ser a aia dela e auxiliá-la diariamente.

Tudo parecia bem, até que coisas acontecem e o destino das irmãs muda drasticamente: Serina é enviada para uma prisão feminina e Nomi ganha o posto de uma das graças do príncipe Malachi, mesmo sem ter nenhuma ideia de como fazer isso. Ela não sabe se portar, não sabe dançar, não sabe servir. E será que Serina, com toda sua delicadeza e ingenuidade, vai conseguir sobreviver aos horrores da prisão?

– Vocês devem ser tão fortes quanto esta prisão, tão fortes quanto a pedra e o oceano que as cercam. Vocês são concreto e arame farpado. Vocês são feitas de ferro.

Graça e Fúria é uma leitura rápida e dinâmica. A maioria dos grandes acontecimentos ocorre nos primeiros capítulos, mas mesmo assim ainda temos alguns momentos bem importantes ao longo do enredo. As protagonistas são bem distintas entre si, e acredito que assim como eu, você também vá se surpreender com qual das duas vai se identificar mais.

O livro tem uma ambientação simples e até um pouco genérica; não me lembro de nenhuma característica específica que consiga diferenciar Viridia de tantos outros reinos ou países já citados em outras fantasias que já li. 

Quanto aos personagens, o que mais gostei foi da evolução de alguns deles. Vemos claramente a força feminina sendo representada em sua melhor forma, ainda que timidamente. Acredito que tudo em Graça e Fúria seja bem introdutório: desde o enredo até as ideias sobre feminismo, sororidade e governos autoristas. É uma ótima maneira de se iniciar na leitura de livros empoderadores.

(...) Não é uma escolha quando você não tem a liberdade de dizer não. Um"sim" não tem nenhum valor quando é a única resposta que se pode dar!

Enquanto temos personagens cativantes e fortes de um lado, há também aqueles que tomam as decisões mais erradas e inocentes do outro. Há algumas revelações sobre determinadas pessoas que não posso falar por motivos óbvios, mas digo que, se o leitor fizer um pouco de esforço, vai conseguir perceber com facilidade o que virá pela frente.

No geral, Graça e Fúria é uma boa leitura, principalmente para os leitores que não estão acostumados com fantasias ou histórias sobre governos patriarcais. Recomendo!

Até a próxima, pessoal!

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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Resenha: "O Planeta dos Macacos" (Pierre Boulle)

Tradução: André Telles

Sinopse: Em pouco tempo, os desbravadores do espaço descobrem a terrível verdade: nesse mundo, seus pares humanos não passam de bestas selvagens a serviço da espécie dominante... os macacos. Desde as primeiras páginas até o surpreendente final – ainda mais impactante que a famosa cena final do filme de 1968 –, O planeta dos macacos é um romance de tirar o fôlego, temperado com boa dose de sátira. Nele, Boulle revisita algumas das questões mais antigas da humanidade: O que define o homem? O que nos diferencia dos animais? Quem são os verdadeiros inimigos de nossa espécie? Publicado pela primeira vez em 1963, O planeta dos macacos, de Pierre Boulle, inspirou uma das mais bem-sucedidas franquias da história do cinema, tendo início no clássico de 1968, estrelado por Charlton Heston, passando por diversas sequências e chegando às adaptações cinematográficas mais recentes. Com milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo, O planeta dos macacos é um dos maiores clássicos da ficção científica, imprescindível aos fãs de cultura pop.

Fonte: Skoob

Por Eliel: O filme O Planeta dos Macacos de 1968 é um dos meus favoritos e quando descobri que existia um livro em que ele foi baseado eu simplesmente precisava lê-lo. Desde que tive contato com a história de um planeta habitado por símios evoluídos que viviam em sociedade já me despertou o interesse por ficções científicas e por distopias, embora essa narrativa em particular me perturba até hoje. E lá no fundo, acho que a literatura tem que fazer isso mesmo com o leitor, tirá-lo da zona de conforto e levá-lo a lugares nunca antes imaginados.

Pierre Boulle criou um épico da ficção que até hoje tem arrastado fãs quando um novo capítulo dos livros de história desse Planeta é descoberto. Lembro que à certa altura da leitura eu defini o desenrolar como “eita atrás de eita” e foi assim até o final que deixou meu queixo no chão. Se você já assistiu os filmes precisa ler o livro também, afinal ele é o precursor dessa mitologia e contém aspectos que são um pouco diferentes e que precisam ser explorados.


O protagonista é Ulysse Mérou, um jornalista francês, que está em missão junto com o renomado professor Antelle e seu assistente para localizar um planeta com condições similares à Terra para que seja habitada pela crescente população humana. Após dois anos no espaço chegam ao planeta Betelgeuse, que atende aos objetivos da missão.


Tudo vai bem, há água, plantas e oxigênio. As dificuldades começam com o primeiro contato com os habitantes locais. Eles são extremamente parecidos com os humanos da Terra, apenas na aparência, o seu intelecto é mais próximo dos animais do que do homo sapiens. O que mais impressiona a tripulação são os seres dominantes desse planeta estranho, os macacos, ou melhor dizendo os símios. Humanos são tratados como escravos e uma raça inferior.
No planeta Soror, a realidade parecia completamente ao avesso: estávamos às voltas com habitantes semelhantes a nós do ponto de vista físico, mas que pareciam completamente destituídos de razão. Era de fato esta a significação do olhar que me pertubara em Nova e que encontrei em todos os outros: a falta de reflexão consciente, a ausência de alma. 

Pierre trata temas como preconceitos, racismo e dominação caça vs. caçador em forma de relato do próprio Ulysse com uma maestria arrebatadora e envolvente o que torna a leitura fluída e  de fácil entendimento pelo leitor. Sem tantos termos rebuscados ou técnicos que, geralmente estão presentes nesse tipo de literatura.

Ler Planeta dos Macacos é um ode à empatia. Enxergar com os olhos de Ulysse a evolução de uma espécie e também a involução de outra. Sua experiência como escravo de uma espécie que em seu planeta natal era usada como cobaia para experiências. Diante do desenrolar, vemos o quão importante é para uma sociedade coesa que seus membros tenham a habilidade de se colocar no lugar do outro.

Zira, uma cientista símia, é o maior exemplo de empatia por ajudar um ser considerado inferior e por enxergar que essa espécie é capaz de desenvolver intelecto com os devidos estímulos. A máxima defendida por ela é de que não é o corpo que o espírito habita que lhe confere valor, e sim o oposto.

O leitor será posto diante de questões da humanidade que lhe farão refletir, questões essas difíceis de responder e que com certeza não te deixarão na zona de conforto por muito tempo. Livro que merece ser lido e relido por inúmeras vezes.



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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Resenha: "O Ceifador" (Neal Shusterman)

Tradução de Guilherme Miranda

Por Stephanie: Neal Shusterman, meus amigos! Esse é o nome do autor que me fez adicionar o primeiro livro à lista de favoritos de 2017. Eu estava com as expectativas nas alturas desde que li sobre este livro no começo desse ano, e posso dizer sem medo que ele atendeu e superou tudo o que eu imaginava. Espero conseguir explicar nessa resenha alguns dos motivos que me fizeram amar essa belezinha, e olha que são muitos :)

No universo de O Ceifador, o mundo não possui mais problemas. A fome foi sanada, as doenças erradicadas, as guerras finalizadas e as religiões, extintas. Ninguém vive triste ou com raiva, e além de tudo isso, a humanidade alcançou sua maior façanha: superou a morte. Todos os humanos podem viver com a certeza de que nunca morrerão por causas naturais.

Só que, como era de se esperar, a superpopulação começou a ficar insustentável e ficou decidido que algo precisava ser feito. Foi assim que nasceram os ceifadores, as únicas pessoas que possuem permissão para coletar outro ser humano. Pois é, “matar” não é mais um verbo utilizado; agora, quando uma vida acaba nas mãos de um ceifador, ela é coletada. Desta forma, a quantidade de pessoas na Terra foi controlada e todos conseguem viver com tranquilidade, na medida do possível.

A humanidade é inocente, a humanidade é culpada; ambas as afirmações são inegavelmente verdadeiras.

A ideia de Shusterman é nada menos que genial. Uma utopia perfeita, onde ninguém sofre e todos são felizes. Os próprios humanos são seres evoluídos, com nanitos no sangue capazes de curá-los em minutos ou dias, dependendo da gravidade do ferimento sofrido. Se morrerem por algum acidente - ou até mesmo suicídio -, todos são levados a um lugar para “reviver”. É realmente surreal.

Sem esquecer que tudo é controlado pela Nimbo-Cúmulo, uma espécie de Inteligência Artificial que é uma evolução da nossa conhecida e amada internet. A Nimbo-Cúmulo é quase uma entidade, pois criou consciência própria e auxilia os humanos em suas decisões na sociedade. Nada de presidentes ou líderes, ela controla tudo e todos da maneira mais justa possível.

O enredo de O Ceifador começa simples, porém as diversas reviravoltas fazem com que a história tome muitos rumos diferentes ao longo das páginas. Mas para resumir, o livro narra a jornada de dois adolescentes através do treinamento para se tornarem jovens ceifadores. Tendo como mentor o ceifador Faraday, Citra e Rowan conhecerão a fundo todas as regras que envolvem a sociedade dos ceifadores, e vão acabar descobrindo o quão problemática ela pode ser.

Jogos de poder podiam ser coisa do passado em outros âmbitos, mas ainda estavam muito vivos na Ceifa.

No início da obra, senti uma atmosfera extremamente sombria e mórbida, o que soa estranho, já que a sociedade descrita no livro é uma utopia. Aos poucos essa sensação foi se dissipando e o livro se tornou um pouco mais equilibrado e leve, mas isso não durou quase nada e logo eu já estava sentindo todo o peso da obra de novo. Por diversas vezes me peguei refletindo sobre até que ponto a imortalidade é positiva (e as passagens dos diários dos ceifadores foram muito responsáveis por isso). Afinal, que motivação teríamos se não houvesse nada pelo que esperar no fim, já que não há fim? Para que buscar amor, realização profissional, estabilidade mental, se não há perspectiva de se aposentar e ter uma vida tranquila? Será que nos tornaríamos pessoas incrivelmente entediadas?

Quanto mais vivemos, mais rápido os dias parecem passar. Como é perturbador viver para sempre. Um ano parece durar apenas semanas. Décadas voam sem nenhum acontecimento que as marque. Ficamos acomodados na monotonia sem sentido da vida, até que, de repente, nos encaramos no espelho e vemos um rosto que mal reconhecemos implorando que nos restauremos e sejamos jovens novamente.

Outras reflexões que fiz foram em relação à Ceifa e aos ceifadores. Humanos podem ser corruptos em qualquer situação, e a Ceifa é uma prova disso. Não importa o quão justos e imparciais tentem ser; sempre tem alguém que discorda e quer fazer diferente. E - sem spoilers - as consequências destes atos foram muito bem abordadas pelo autor.

Gostei muito de Rowan, com certeza foi meu personagem favorito. A evolução dele foi de cair o queixo, fiquei empolgadíssima em vários momentos com ele (e não posso falar mais por motivos de spoiler). Faraday e Curie também foram maravilhosos, fiquei com vontade de conhecê-los mais. Já Citra começou como uma adolescente chata mas aos poucos foi ganhando minha simpatia devido a algumas atitudes muito plausíveis.

Eu poderia ter dado cinco estrelas “cheias” para O Ceifador, mas o considero mais um 4 estrelas e meia. Essa pequena diferença se dá apenas pelo leve indício de romance que achei um tanto desnecessário. Mas, tirando isso, é um livro excepcional, com uma escrita primorosa e um enredo super empolgante. O autor se preocupa em trazer uma história pesada e que faz o leitor pensar, indo além de puro entretenimento. Já quero a continuação, mas, enquanto ela não chega, espero poder ler outros livros de Shusterman em breve.

O que mais desejo para a humanidade não é a paz, o consolo ou a alegria. É que ainda morramos um pouco por dentro toda vez que testemunhemos a morte de outra pessoa. Pois só a dor da empatia nos manterá humanos. Nenhum Deus vai poder nos ajudar se algum dia perdermos isso.


E aí, minha resenha quilométrica te convenceu a ler esta obra-prima ou vai deixar pra outra ocasião? Conta aí nos comentários :) beijos e até mais!

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segunda-feira, 12 de junho de 2017

Resenha: "A Prisão do Rei" (Victoria Aveyard)

Tradução: Alessandra Esteche/Guilherme Miranda/ Zé Oliboni

Por Sheila: Oi pessoas! Trago a vocês o terceiro livro de uma série da qual eu sou mega fã: A Rainha vermelha! Já resenhei o primeiro livro aqui, o segundo aqui e a autora também nos presenteou com alguns contos deste universo, resenhados aqui.

Para quem não lembra, o mundo de Mare é dividido entre vermelhos e prateados. O que define quem uma pessoa é, seu lugar  no mundo, é a cor de seu sangue, mas não somente isso: os prateados possuem poderes, o que os divide numa série intrincada de Casas com uma outra série intrincada de jogos políticos.

Aos vermelhos como Mare resta apenas uma coisa: servir. E, se mesmo essa pequena meta não for alcançada, morrer na guerra que já dura mais de um século contra os povos vizinhos.

Por motivos que você vai precisar ler os livros para descobrir, Mare acaba no palácio do atual Rei de Norta, onde vive e, em meio a um desafio para escolher a nova consorte do principe mais velho, futuro rei, um acidente acontece e acaba-se descobrindo que ela, uma vermelha, ser considerado inferior, também possui uma habilidade, antes peculiaridade presente somente naqueles de sangue prateado.

Há murmúrios sobre uma onda de rebeldes levantando-se contra os prateados, a Guarda Escarlate e nesse primeiro livro, enquanto Mare, transformada em Mareena para encobrir sua origem, tenta entender o que e quem é, acaba por servir de joguete e fantoche nas mãos de muitos: os próprios prateados, o príncipe Maven, segundo na linha de sucessão e que prova-se um tremendo traidor, e a Guarda Escarlate.

Em a Rainha Vermelha, Mare é uma personagem apagada, é a protagonista mas não protagoniza nada além de um triângulo amoroso entre dois príncipes, Cal o herdeiro, que é obrigado pela Rainha Elara e seu poder de se intrometer na mente de outras pessoas a matar o próprio pai; e Maven, que se disse a favor dos vermelhos e da Guarda Escarlate, mas queria apenas um bode expiatório em quem colocar a culpa pela morte de aliados de Cal, preparando o momento em que reclamaria a coroa.

No segundo livro, Espada de Vidro, teremos uma Mare mais forte, mas ainda um tanto quanto voluntariosa e atrapalhada em como lidar com sua habilidades. Fugindo junto com Cal, o príncipe renegado, alia-se à guarda escarlate e descobre que há outros como ela - e que estão sendo sumariamente caçados e executados por Maven de forma metódica e cruel.

Junto aos corpos dos agora chamados Sangues Novos, Mare encontra bilhetes de Maven, que se propõe a parar com o banho de sangue caso Mare se entregue. O segundo livro é denso, triste, cheio de solidão e um profundo desespero em sua narrativa, onde ainda encontramos uma Mare que não consegue acreditar que Maven, o seu Maven, não existia, e que encontra nos braços de Cal um refúgio.

Ao fim deste segundo livro, um dos resgates a Sangue Novos tem vários desdobramentos imprevistos que incluem a morte de Elara, a Rainha; a morte do irmão de Mare por um projétil destinado a ela; e por fim, sua rendição a Maven para poder se redimir e tentar salvar aqueles a quem ama.

Chegamos então ao terceiro livro, A Prisão do Rei. Ao contrário do que Mare imaginava, Maven não era apenas um joguete nas mãos da Rainha Elara, e segue em seu reinado de terror mesmo na ausência da Rainha. No entanto, seu interesse em Mare parece ser genuíno, quase beirando a obsessão, único motivo para que a mesma não tenha sido sumariamente castigada e executada por seus crimes.

Levanto quando ele permite.
Sinto um puxão na corrente presa à coleira no meu pescoço. As farpas cravam em mim, mas não o bastante para fazer sangrar - ainda não. Meus punhos ja sangram. As feridas são consequência dos dias de cativeiro inconsciente usando as algemas ásperas e dilacerantes. As mangas outrora brancas estão manchadas de rubro e escarlate vivo, passando do sangue velho para o novo como prova do meu tormento. Para mostrar à corte de Maven o quanto já sofri.

Ao invés disso, ela é feita de prisioneira e tratada como uma boneca ou bicho de estimação real: usada em jogadas políticas quando necessário, sendo usada como isca para a Guarda Escarlate, e como forma de enganar a população contra os rebeldes, bem como alistar o máximo possível de Sangues Novos, agora sob a tutela de Maven.

A história neste penúltimo volume é narrada por três vozes: da própria Mare, Cameron, uma sangue nova que se junta a Guarda Escarlate contra sua vontade e Evangeline Samos, numa reviravolta no que diz respeito ao desenvolvimento dessa personagem. Arrisco dizer que em alguns momentos gostei mais dela do que de Mare, nossa protagonista. 

Mas, pegando leve com Mare, ela soube demonstrar sua força e seu amadurecimento neste livro. Algumas páginas se arrastaram, momentos em que pudemos ver toda a angústia da personagem por estar totalmente separada de seu poder por ter de usar braceletes com pedras silenciadoras, ela pode ter seu corpo subjugado mas sua mente, nunca. Em complexas discussões e jogos de poder com Maven, ela vai desnudando as brechas da sua personalidade, bem como descobrindo sua maior fraqueza: ela mesma.

- Nossas conversas são tão agradáveis. 
- Se você prefere seu quarto ... - ele alerta. Mais uma ameaça vazia que faz todos os dias. Nos dois sabemos que isso é melhor que a alternativa. Pelo menos agora posso fingir que estou fazendo algo de útil e ele pode fingir que não esta completamente sozinho nesta prisão que construiu para si mesmo. Para nós dois.

Além disso, a Guarda Escarlate mostra-se cada vez mais organizada, ramificada de uma maneira que ainda é impossível saber de fato seu tamanho e extensão, com uma cadeia de comando que não pode ser apreendida, um dos motivos para seu crescimento e expansão, conquistando cidades e angariando cada vez mais aliados rebeldes entre os vermelhos.

Batalhas épicas, personagens marcantes, dramas comoventes, alianças improváveis e quebras dilacerantes fazem da leitura de A Prisão do Rei um misto de ansiedade, raiva da nossa querida Victoria por brincar com o nosso coraçãozinho e, claro, desespero pelo último capítulo dessa saga fenomenal, apesar do medo que ela traz, pois nada parece dizer que o final será feliz.
Recomendadíssimo.

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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Resenha: "A Rainha de Tearling" (Erika Johansen)

Tradução: Cássio de Arantes Leite

Por Sheila: Oi pessoas! Como vocês estão? Eu andei falando por aqui e com uma galerinha sobre a terrível bad literária em que eu estava. Sei lá todos os livros que eu lia eram meio  nota 3 e olhe lá. Juro que chegou um momento em que eu até passei a duvidar do meu próprio julgamento, e a pensar seriamente que eu talvez - horror dos horrores!- não fosse mais uma ávida leitora.

Claro, isso tudo ate conhecer Kelsea, A Rainha de Tearling. E descobrir que não havia nada de errado comigo. Só tinha lido um monte de histórias ruins mesmo. Previsíveis. Forçadas. E com cada clichê de me fazer corar de vergonha pelo autor.

Mas deixem eu contar um pouquinho para vocês a respeito da Kelsea - chamando pelo nome, ao invés de majestade - para vocês verem como eu criei intimidade com essa heroína M-A-G-N-Í-F-I-C-A e a irmã que eu nunca tive! 

Assim como Aurora, ela foi criada na floresta, para fugir de uma terrível feiticeira e de um tio ganancioso que queriam, mais do que tudo, sua morte, para se apossarem de sua coroa e reino. mas, ao invés de três fadas bondosas, teremos um casal idoso formado por um médico e uma dama austera, que criaram Kelsea com menos carinho do que disciplina e lições sobre história e política para que, no momento certo, pudesse governar o reino de Tearling.

Além disso, não era dotada de beleza e encanto, ou de voz angelical, muito menos temperamento delicado e suave. Kelsea se denomina glutona, e sua aparência é descrita como comum. Em momentos decisivos, não esta banhada em uma luz celestial, mas descabelada, suja e com ares de gente do povo. Kelsea não é uma princesa. Kelsea é, até mesmo nos momentos de fraqueza, Rainha.

Vivendo em um mundo com ares de medieval, Kelsea foi preparada para ser Rainha mas, sobre tudo, para ser caçada. E é exatamente isso que acontece quando, ao completar 19 anos, precisa deixar a segurança da cabana onde cresceu para trás e seguir com um  grupo de nove cavaleiros, intitulados A Guarda da Rainha, de volta à sua fortaleza em Tearling para ser coroada e tomar posse de seu trono. Por mais que tenha sido criada na ignorância de alguns conhecimentos chave do reinado de sua mãe, Elyssa, Kelse desde tenra idade sabia o que lhe esperava: uma luta que poderia ser sangrenta pelo seu trono e sua vida.

Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Um homem gritou, e Kelsea sentiu uma dor cortante no ombro esquerdo. Clava a empurrou para o chão e agachou-se acima dela, protegendo-a com o próprio corpo. Uma mulher gritou na multidão, a um mundo de distância.
Espadas se chocaram ao redor deles. Kelsea se debateu sob a proteção de Clava, tentando pegar a faca na bota. Tateando com a mão livre, descobriu o cabo de uma faca se projetando logo acima de sua escápula. Quando seus dedos roçaram nele, uma dor lancinante percorreu seu corpo inteiro, da cabeça aos pés.

Ao longo do livro vamos sendo apresentados a todas as questões aos poucos, e nossa ignorância é desfeita juntamente com a de Kelsea, sendo que falar muito mais a respeito da trama, na minha opinião, seria estragar a surpresa. Mas a história foi escrita com maestria, e compará-la com Jogos vorazes como fez o USA today na orelha do livro seria reducionismo.

Na verdade, o que fica em evidência neste livro, e que talvez seja o que provoca tanta ressonância, é que o Mal não se encontra personificado em um único personagem que encarna O Vilão. Não que não tenhamos muitos personagens que cometem atos bárbaros, seja por necessidade de prazer, poder ou fraqueza.

A Rainha Vermelha, de Montmesner, parece ser uma dessas antagonistas, assim como Thomas, o tio de Kelsea e regente do reino de Tearling até seu retorno, e que tramou sua morte. Mas, no fim, a autora nos fará ver que a maldade é intrínseca à personalidade humana, e explorá-la não em um sentido moral, mas necessário. Nos acontecimentos de "A Rainha de Tearling" vemos que os vilões em sua maioria são pessoas que fizeram más escolhas, que ignoram que exista outra forma de lidar com a situação, que se orientam pelo que acham, em sua visão distorcida, ser certo e justo.

Chega a ser irônico que Tearling e outros reinos adjacentes tenham sido fundados após o término de uma antiga civilização, que entrevemos ser a nossa, que havia se corrompido. E que, apesar de todos os esforços de seus fundadores, isso volta a acontecer, como se fosse da natureza humana repetir velhos erros quando a história de um povo se perde e a educação não é mais a principal prioridade de um governo.

O que mais posso dizer? Leiam. Reflitam. E, claro, comentem! Forte abraço.

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Resenha: "Vale das Chamas" (J. Barton Mitchell)

Por Sheila: Oi Pessoas! Como estão? Eu escrevo de 2016, então se já vocês já estiverem em 2017 Feliz Ano Novo! Este é um ano, de muitas trilogias concluídas, e a Saga da Terra Conquistada é uma delas.

As resenhas dos primeiros livros, "Cidade da Meia-Noite" e "A Torre Partida" você pode conferir aqui e aqui. Mas antes de prosseguirmos, uma breve retrospectiva:

Holt Hawkins está fugindo do bando e caçando uma Bucaneira, Mira Tombs, que tem esta alcunha por ser uma pessoa que entra nas Terras Estranhas para procurar artefatos mágicos, coisas antigamente comuns mas que agora encontram-se imbuídas de estranhos poderes.

O mundo foi invadido pelos Confederados, estranhas máquinas alienígenas que dominaram a Terra ao espalhar a estática, uma estranha doença que torna as pessoas ausentes e com olhos negros, geralmente quando chegam aos 21 anos.

Holt e Mira passam de estranhos a amigos após enfrentar muitos perigos dentro da Cidade da Meia-Noite, uma das estranhas facções que se forma após a queda da Humanidade. Além destes, temos o Bando (que estava caçando Holt), Mercadores do Vento, Hélices brancas (um grupo de lutadores fanáticos que habitam as Terras Estranhas) e a Resistência, que luta contra os confederados desde sua chegada.

No meio de sua jornada, Holt encontr Zoey, uma garotinha sem memória que tem o poder de curar a estática. Há uma estranha profecia ligada a menina, que precisa ir até a Torre Partida, o centro das Terras Estranhas, em busca das respostas de como dar fim ao domínio Confederado.

Mais uma vez, Mitchell começa a continuação da história mais ou menos de onde a mesma havia parado. Após chegarem até a Torre Partida, Zoey descobriu que a mesma nada mais era que uma grande anomalia, e fez um pacto para salvar seus amigos, sendo levada embora pelos Confederados. Mas, antes de ir, Zoey dá um "presente" para Mira: os Confederados dissidentes, liderados pelo embaixador, agora possuem uma conexão com a mesma, conversando telepaticamente.

Apesar de toda a ligação que Mira tinha com os Confederados, ela ainda sabia muito pouco sobre eles. Uma coisa que sabia era que o Embaixador e seus seguidores tinham tomado uma decisão muito difícil. Os alienígenas eram uma raça que, durante muitas eras, tinham vivido dentro de uma consciência comum, na qual as emoções e os pensamentos de cada um deles ficavam instantaneamente acessíveis a todos os outros.

Agora, Holt e Mira estão tentando unir todas essas facções diferentes, a fim de realizar o resgate de Zoey, que foi levada pelos Confederados e, quem sabe, por um fim nessa guerra que já dura tempo demais.
- Posso dizer uma coisa? - Holt interrompeu, e todos olharam para ele com uma expressão de surpresa. Evidentemente tinham se esquecido de que ele estava a bordo. - Fizemos algumas ... alianças estranhas, é verdade, mas aqueles Confederados de que estão falando são diferentes dos outros. Eles estão lutando contra sua própria espécie (...) As  Terras Estranhas não existem mais. Os Confederados estão lutando entre si e, sejam quais forem os planos deles, estão na reta final. Daqui a seis meses, acho que o mundo vai ser um lugar muito, mas muito diferente.
Mas nem todos verão as coisas desta forma. Traições, alianças improváveis, mortes dolorosas, sacrifícios, redenção e reencontros inesperados são apenas um pouco do que você encontrará neste último e maravilhoso livro que mistura ficção científica e aventura num mundo distópico comandado por sua maioria por adolescentes.

Descobriremos por fim quem é Zoey e sua importância nos planos dos Confederados, o motivo da invasão, o que é a estática, e todas as pontas soltas serão perfeitamente explicadas e finalizadas, até chegarmos a empolgante e emocionante batalha final pela Terra.

Um final verdadeiramente épico para uma saga fenomenal. Fazia muito tempo que eu não lia uma trilogia tão bem escrita, envolvente, tensa e cheia de cenas bem escritas quanto esta. Valeu cada segundo de leitura e de espera pelos três livros. Recomendadíssimo.

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Resenha: "Nova Era - Mundo Novo vol 3" (Chris Weitz)

Por Sheila: Oi pesso@s como vocês estão??? Esse vai ser uma dezembro de encerramentos! Pretendo trazer a vocês o fim de pelos menos mais uma trilogia! Mas, hoje, falaremos a respeito do desfecho da trilogia Mundo Novo.

Para quem vinha acompanhando as resenhas pelo blog, vale dar uma olhadinha nas resenhas anteriores, aqui e aqui. Agora, para que ainda não leu nenhum dos livros, haverá spoilers a partir do próximo parágrafo ok?

No final de "Nova Ordem" o caos havia se instaurado entre as tribos dos EUA pós contaminação; apesar de todos os esforços de Jefferson para tentar criar uma nova constituição, onde todos fossem iguais, dois acontecimentos impedem seus planos.

Em primeiro lugar, por que Kath, ressurgida dos mortos e acompanhada por Theo, contou para todas as tribos reunidas que Jefferson havia lhes contado apenas parte da verdade; ok, ele tinha a Cura e podia ajudar todos a mais que sobreviver. Mas ele também vinha escondendo uma verdade muito maior do que essa: toda a civilização ocidental continuava viva lá fora e, saber que eles não estavam sozinhos, fazia sim diferença para boa parte dos ali reunidos e a trégua acabou indo por água a baixo.

- Alguma chance de você me agradecer por ter salvo sua vida? - Kath pergunta com um sorriso.
Isso é teoricamente verdade. Tive sorte de escapar ileso quando todo mundo ficou sabendo da Cura. Kath e os gêmeos me tiraram pelo porta dos fundos do prédio da ONU, além de Crânio e Peter.
- Você me matou - repliquei. - Você incitou os linchadores que estão atrás de mim.
Agora nós nos escondemos durante o dia e nos movimentamos à noite, evitando os camponeses  com forcados e tochas.
Eu queria estabelecer algum tipo de estrutura antes que o pessoal de fora chegasse. Segundo Chapel, eles estavam esperando que morrêssemos. Pareceu que a melhor opção era unirmo-nos.

Em segundo lugar, Chapel mostrou-se nada mais que um traidor. Assim que o corre-corre começou, eles descobriram que este queria somente a maleta com os códigos de ativação dos mísseis nucleares, que estavam na ONU com o Presidente quando a loucura da infecção começou.

Enquanto isso, Donna também descobre, na Europa, a respeito da existência da maleta. Pior: que foi sumariamente enganada. Jefferson e os outros não estão mortos. Rab não tinha um real interesse nela. Estava apenas tentando descobrir se ela, sem querer, não tinha informações relevantes justamente sobre a mesmíssima maleta. 

Sentindo-se traída e usada, ela parte em uma jornada para tentar ajudar o governo Britânico a recuperar a maleta, para poder preservar a paz no restante do mundo. No entanto, seu real objetivo ia encoberto: encontrar Jefferson e os outros e, de alguma forma, redimir-se do que ela considera uma grande traição - ter passado a noite com Rab.

O zumbido continuo do helicóptero e o jargão militar talvez me fizessem viajar, se meu coração não estivesse batendo muito mais alto. Tudo por que Nova York, a bela Nova York, a horrível Nova York, estende-se à nossa frente - Manhattan ligeiramente presa ao continente e a Long Island pelas pontes.
Em algum lugar entre aqueles desfiladeiros e becos esta Jefferson. Pelo menos é o que espero.

Se o primeiro livro constitui-se da busca, quase suicida, pela Cura, e o segundo por respostas e uma forma de lidar com o fato de terem sido abandonados pelo restante do mundo, neste desfecho veremos uma corrida contra o tempo para salvar a maleta, que acaba caindo nas mãos de Evan e o pessoal da Upton - ou seja, as piores possíveis.

A capa de Nova Era é um retorno até uma cena do primeiro livro, "Mundo Novo", como que numa tentativa de criar um elo entre o princípio e o desfecho da obra. Todas as três capas são muito bonitas e elaboradas, mas o rosa desta terceira parece ter tido um caráter proposital.

Afinal, neste último livro tivemos um enredo totalmente Girl Power, onde as personagens femininas se destacaram fortemente e tiveram papel definitivo no desfecho de algumas outras subtramas. O livro é narrado, mais uma vez, por diversas vozes, boa parte delas por vozes das personagens femininas.

Mas ... - e é uma pena que exista um "mas" por que adorei a ideia por detrás da trilogia - este último livro me deixou com uma sensação ruim  de assunto inacabado.  O livro tem um número de páginas menor em relação aos primeiros dois e vemos algumas sequências de cenas que poderiam ter sido melhor exploradas, ou novas vozes que se juntaram ao coro narrativo que poderiam ter sido um pouquinho mais exploradas.

Fora isso, valeu a pena a leitura da trilogia como um todo e gostei do desfecho, apesar de ele deixar as possibilidades bem abertas, uma Nova Era a ser construída e revelada. Abraços e até a próxima!

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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Resenha: "Todos os Nossos Ontens" (Cristin Terill)

Tradução: Bárbara Menezes de Azevedo Belamoglie

Sinopse: O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse?Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem?Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...Fonte: Skoob

Por Eliel: Tive um grande bloqueio quando comecei a escrever essa resenha. Levei muito tempo, escrevi, li, reli, não gostei, apaguei, reescrevi (algumas vezes). O que é estranho, pois distopia é um dos meus temas favoritos e praticamento devoro cada novo livro que chega nessa temática. Com esse não foi diferente, li relativamente rápido.

Luz cozinha quando está preocupada e, a julgar pelo conteúdo da bolsa, ela estava enlouquecendo.

Preciso confessar que quando li o título pensei se tratar de um romance, e pensei que não tinha tinha nada a ver com uma distopia tradicional. Bom, tenho o prazer em dizer que estava engando. É distopia sim, é romance sim e acima de tudo é uma obra ao amor. 

Todos os Nossos Ontens é o primeiro título de Cristin Terrill e já estreou com um importante prêmio literário como Melhor Ficção para Jovens Adultos. E depois de ler esse trillher distópico você vai concordar. A maestria empregada para criar essa narrativa é impressionante.

O subtema dessa distopia é a viagem não tempo. Me lembrou um pouco (bem pouco mesmo) o filme Efeito Borboleta. Se você pudesse mudar o passado, o que você mudaria? No caso dos nossos heróis, Em e e Finn, a única solução para se salvarem do terrível presente governado pelo impiedoso Doutor é destruir o passado.

Não sinto a mesma admiração. Viagem no tempo não é uma maravilha; é uma abominação.

Drástico não? Mas só depois de conhecer e saber pelo que Em e Finn passaram é que tudo fará sentido. Quando os conhecemos eles estão em celas sob a supervisão do Doutor, onde eles passam por sessões de interrogatório e tortura.  Tudo mudou há cerca de 4 anos, e pra lá que eles têm que voltar para evitar que o Doutor chegue ao poder.

A solução ou a esperança de uma solução surge na forma de um bilhete no ralo da cela de Em. A dificuldade está em fugir da cela e ajudar Finn a fazer o mesmo. 

Minha cabeça está em movimento constante, absorvendo tudo ao nosso redor. É o meu primeiro vislumbre do lugar desde que nos trancaram ali há sei lá quantos meses, e eu não estava em condições, naquele momento, de reparar no cenário.

Os capítulos são divididos entre Em e Marina, mas quem é Marina? Marina é uma doce garota vítima das crueldades de Doutor que vive no passado. Além disso, ela é uma peça fundamental para que o presente de Em não exista. Entre Marina e Em existem 4 anos que as separam.

Se eu falar mais sobre esse livro corro o risco de estragar a experiência de vocês. O livro pede uma entrega, um envolvimento ímpar. Aproveite o tempo que passar com esse livro, pois o tempo é algo muito delicado e frágil.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Resenha: "Ordem" (Hugh Howey)

Por Sheila: Oi pessoas! Trago a vocês hoje a resenha da continuação de Silo - resenhada aqui - trilogia de Hugh Howey que desbancou Game Of Thrones da série de livros mais vendida na Amazon.

Criada como uma distopia sci-fi independente, a trilogia já conquistou uma série de fãs pelo mundo afora - inclusive euzinha aqui! Bom essa é a parte em que aviso que, se você não leu o livro anterior, alguns spoilers são inevitáveis ok?

Então vamos lá. Ao final de Silo, temos algo as vezes incomum em livros que possuem continuação: a resolução de um conflito. Não que não tenham sido deixadas várias pontas soltas.

Afinal, por mais que "o bem tenha vencido o mal" ao fim de Silo - com Juliette voltando ao silo 18, Bernard sendo enviado para limpeza e o fim do recente e, esperamos, último levante - muitas coisas ainda precisam de explicação.

Como a humanidade acabou? Quem realmente esta no comando? O que houve com Solo e as crianças que Juliette encontrou no Silo 17? Como ficará a organização do Silo 18 agora que eles sabem parte da verdade?

E aí somo apresentados ao mundo de Ordem. E descobrimos que Ordem é o início de tudo. Neste livro, as ações começam a ser datadas, sendo que seremos levados adiante e para trás, desvendando as verdades - e suas consequencias - aos pouquinhos, junto com os personagens.

Nas primeiras páginas somos levados ao ano 2110, quando Troy esta sendo descongelado no Silo 1 para cumprir seu primeiro turno. Descobrimos que pessoas como Troy são descongeladas para que trabalhem por seis meses, e então congeladas de novo. Para afastar "memórias ruins" Troy e seus companheiros tomam pílulas azuis amargas que os fazem passar por esses meses num estado de torpor. Apesar de que algumas memórias eram difíceis de serem apagadas.

Troy começou a chorar cobrindo o rosto com as mãos, enquanto outra, solidária, pousava em sua cabeça. Os dois homens de branco permitiram que ele tivesse aquele momento. Não apressaram o processo. Era uma cortesia passada de uma alma despertada para a seguinte, algo que todos os homens adormecidos em seus caixões um dia acordariam para descobrir.
E, por fim... esquecer.

Logo em seguida, no ano de 2049, somos levados a Washington D.C. e apresentados ao deputado Donald Keene, parte essencial nos planos que começavam a se formar a respeito de uma guerra  da qual ninguém nunca ousaria pensar. Mas essa era a questão. Havia mesmo uma guerra a ser travada? Ou nada mais eram do que temores fruto de mentes paranoicas e obsessivas?

O livo vai alternando passado e presente, de uma forma que, em determinada parte, as duas viram uma só e as coisas começam a fazer sentido, até esbarrar na história que acompanhamos em Silo. Na verdade, vemos o que acontecia do outro lado, a forma como o Silo 1 lidou com a situação provocada por Juliette.

A narrativa de Hugh é forte, cheia de reviravoltas e, confesso, faz despertar também nosso lado paranoico de ver as situações. Como as coisas devem estar se dando nos bastidores, agora, enquanto estamos confortáveis sentados em nossas casas? Realmente sabemos que são as pessoas importantes por detrás das pessoas importantes, aquelas que tomam todas as decisões? E será que elas sabem o que estão fazendo?

Um final que só me deixa uma alternativa: correr para a livraria e comprar o último capítulo dessa história, "Legado", que já esta em pré-venda, para poder vir contar para vocês como tudo isso termina - uma parte pelo menos. Abraços e até a próxima.

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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Resenha: "Fúria Vermelha" (Pierce Brown)

Tradução Alexandre D´Elia

Sinopse: Fúria Vermelha é o primeiro volume da trilogia Red Rising, e revive o romance de ficção científica que critica com inteligência a sociedade atual. Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade. 'Fúria Vermelha' será adaptado para o cinema por Marc Forster, diretor de Guerra mundial Z.

LISTA DE CLASSESOuros: Membros mais nobres da sociedade. Os mais fortes e belos, orgulhosos e vaidosos. Controlam toda a sociedade.Pratas: Contabilizam e manipulam a moeda e a logística.Brancos: Controlam a justiça e a filosofia da sociedade. São os pensadores.Cobres: Também chamados de Centavos, administram a burocracia e o Comitê de Qualidade.Azuis: São os viajantes e exploradores do universo.Amarelos: Estudam os medicamentos e as ciências.Verdes: Desenvolvem a tecnologia.Violetas: Os criativos. Considerados artistas da sociedade.Laranjas: Os engenheiros mecânicos. São os mais prestigiados da classe dos trabalhadores.Cinzas: Também chamados de Latões, garantem a ordem e a hierarquia nas sociedades.Marrons: Serviçais das tarefas cotidianas.Obsidianos: Também chamados de Corvos. Elite militar da sociedade, garantem a proteção dos Dourados.Rosas: São empregados e proporcionadores de prazer da alta sociedade.Vermelhos: As formigas operárias da sociedade. A capacidade física e mental dos integrantes dessa cor é imensurável.
Fonte: Skoob



Por Eliel: Foi difícil, devo admitir. Realmente não foi nada fácil lidar com tantos detalhes, tantas reviravoltas e tanta pretensão em um só livro. Livro muito grande e maçante, devo ressaltar. Pretendo relatar aqui uma visão sincera.

Fúria Vermelha é o primeiro de uma trilogia e tem a responsabilidade de cativar futuros fãs. É difícil ser o primeiro de uma trilogia que foi comparada à Jogos Vorazes e Game of Thrones. Quer colocar mais peso na responsabilidade desse livro? Ele será um filme pelas mãos do diretor de Guerra Mundial Z (ainda sem previsão de data).

Estou aqui na frente desse post e ainda não sei bem o que dizer sobre esse livro... Essa sensação é horrível, a de não saber usar as palavras.


O livro é dividido em quatro partes, que para mim representam a evolução de Darrow. Ele é o protagonista improvável de uma distopia, pois geralmente é o herói que se rebela contra algo que não parece ser certo e persegue seu ideal. Darrow pelo contrário é empurrado pelos acontecimentos e pessoas à sua volta. 
  • Escravo: Toda essa parte do livro se passa em Marte, que assim como outros planetas e luas foi Terra-Transformado (Processo que torna qualquer ambiente favorável para ser habitada). Esse processo é responsabilidade é dos Vermelhos, eles são a base da pirâmide social. Sem se darem conta do que acontece de verdade eles literalmente estão dando suas vidas para que os outros níveis dessa pirâmide possam ter uma vida melhor. Mas será que isso é justo? Todas as outras camadas sociais são classificadas por cores (ali em cima tem as características de cada uma), essa sociedade idílica é sustentada apenas por mentiras criadas por aqueles que estão no topo e usufruem das cores "inferiores". Por exemplo, os Vermelhos acreditam que são os heróis da humanidade e que quando seu trabalho estiver concluído as outras cores poderão habitar Marte e viverem em harmonia, porém, Marte já está habitada e eles não sabem disso. Apenas para que continuem sendo explorados em sua ignorância.

"Não se trata apenas de algum sonho., Darrow. Vivo pelo sonho de meus filhos poderem nascer livres. Deles poderem ser o que quiserem. De poderem ser donos da terra que o pai deles lhes deu.- Eu vivo por você - digo com tristeza.Ela me beija a bochecha.- Então você precisa viver por mais."
  • Renascido: Depois de perder quase tudo o que tinha na vida, Darrow resolve seguir as palavras de sua esposa e viver por mais. Com a ajuda de uma aliança rebelde acaba entre os Ouros com o único objetivo de destruir o sistema de castas de dentro para fora. Mas ele precisa passar por uma enorme transformação, tanto física, como cultural e um pouco psicológica também. Aqui o livro começa a ficar um pouco mais interessante, em meio a tanta transformação Darrow não perde sua essência (o que pode dificultar ou não sua missão). Seus princípios e valores permanecem os mesmos e apesar de praticamente ser um novo personagem na saga enxergamos claramente aquele Vermelho em meio a tanto Ouro reluzente. Os Ouros tiraram tudo dele e agora ele tem a obrigação de conviver em harmonia com eles, uma tarefa praticamente impossível, ainda mais para ele que não queria fazer parte de nada disso e se conformava com a vida que tinha.
  • Ouro: Ok, aqui o livro se torna interessante. Darrow consegue se infiltrar entre os Ouros, sob a alcunha de Darrow au Andromedus. Não sem antes deixar muito sangue no caminho. Junto com eles aprendemos ainda mais sobre a vida dos Ouros que apesar de regada à muito luxo e opulência, não é tão fácil quanto parece. Darrow terá muitos desafios ainda pela frente. Entrar não foi tão difícil quanto se manter entre eles.
Mártires, vejam bem, são como abelhas. O único poder de que dispõem é proveniente da morte.
  • Ceifeiro: O banho de sangue que esse livro é só vai ficando ainda mais forte, acho que alguns pecados só podem ser lavados com sangue mesmo. Eu não faço ideia de quanto seria necessário para lavar o de uma sociedade inteira.
Acho que devo parar por aqui para não soltar mais spoilers.

O livro maçante se torna inlargável (nem sei se essa palavra existe, acho que não) e por isso foi tão difícil escrever, pois é um livro que não me cativou que me obrigou a ficar com ele até o fim para depois me apaixonar por esse mundo de palavras e detalhes criado por Pierce Brown. 

Tem tudo o que é necessário para ser uma saga inesquecível que é uma crítica velada à sociedade atual, Metáforas, alegorias, sarcásmo e ironia, tem tudo isso aqui. Leiam livres de preconceitos, não façam como esse que vos fala que se animou com a capa e logo achou tudo muito chato antes da 10ª página. e que depois devorou as 450. Já vão com sede de desvendar o porque este volume foi comparado com sagas tão intensas.

Fui forjado nos intestinos deste mundo duro. Afiado pelo ódio. Fortificado pelo amor. 


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Ana Liberato