sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Resenha: "In Extremis - Na alça de mira" (Jerônimo Jardim)

Por Sheila: Oi pessoas! Resenha nova de autor brasileiro – e meu conterrâneo! - Jerônimo Jardim. Conhecem? Não?!?! Pois é, nem eu conhecia até ler o livro para escrever esta resenha ... mas para quem interessar, Jerônimo começo escrevendo letras de músicas (vejam só!) sendo que a mais famosa foi “Moda de Sangue”, gravada por Elis Regina no disco Saudade do Brasil. Na literatura infantil tem alguns outros títulos publicados, mas eu gostei muito de “O Clube da Biblioteca contra a Bruxa Pestiléia” (ok, foi só por causa do nome bonitinho)

Agora, como romancista, esta é a estréia de Jerônimo, e por uma caminho um tanto tortuoso: retratar a violência em um livro? Já não estamos enfarados, até as orelhas, de tantas desgraças e calamidades nos tele jornais de cada dia?

Mas o livro de Jerônimo não é apenas sobre violência. É, antes de tudo, um livro sobre dois meninos. Um, branco filho de advogado, com um futuro promissor pela frente; outro, negro e filho de lavadeira, tendo de abandonar os estudos para poder contribuir de alguma forma para a parca renda familiar.

Dois meninos. Duas vidas distintas. Que se entrelaçam no começo, se distanciam, e se reaproximam no fim. Jorge está tendo um dia difícil. Parece que este é apenas mais um dos diversos dias difíceis que lembra de sua aparentemente curta vida. E, as vezes, quando temos dias difíceis, acreditamos que o melhor seja deixar difícil o dia dos outros também ...
Tomar cachaça de bar em bar, enquanto as horas se consumiam. Era o que Jorge queria. Fazer tempo. Pelo que tinha em mente desde que saira de casa, aquele dia não seria igual aos demais dias de seus vinte e cinco anos.
Seis e meia da tarde.
Viu Alfeu, o mestre da bateria da escola, conduzindo a conversa na esquina da Borges com a Andradas (...) Sem palavras que denunciassem a intenção, deu um soco naquele que tinha por desafeto.
A partir de então, Jerônimo passa a nos narrar o que leva Jorge a, finalmente, após 25 anos, desforrar-se do mundo que sentiu, toda sua vida, como sendo hostil e perverso – o que parece fazer-lhe chegar ao extremo (talvez daí “In Extremis”) de sua tolerância e procurar vingar-se pelo que considera seus maiores momentos de fragilidade infantil.

Ao mesmo tempo, somos apresentados ao Criminalista Máximo Silveiro, que se mostra contrário à pena de morte, já que a considera nada mais que vingança, perpetrada pelo Estado em nome dos familiares das vítimas. Tem também um discurso pró-desarmamento e argumenta sobre as questões sociais e seus paradoxos.

Seus posicionamento por vezes angariam uma grande dose de antipatia – inclusive por parte de seu filho, Gilberto, um policial. Na narrativa do livro, iremos encontrar Máximo concedendo uma entrevista, em que defende seu ponto de vista.
(...) Falta-lhes serenidade e lucidez para a percepção do drama da marginalidade, dos que não têm saída para suas vidas. Estão centradas em sua condição de alvo. Não percebem os defeitos do sistema, que as prisões são instrumentos de vingança, escolas do crime e não instituições para o reajustamento dos indivíduos em desvio de conduta. Veja que continuamos a chamar de pena qualquer resposta do Estado ao ato antissocial; portanto, castigo, aflição.
Mas será que Maximiliano, que também possui uma filha, irá continuar defendendo seus pontos de vista quando for ele a estar “Na alça de mira”? e não é essa a pergunta que a repórter que o entrevista insiste em fazer, por mais de uma vez?

“In extremis” é um romance curto, não mais do que cem páginas, mas que me pareceu ter a medida certa, dado seu ritmo e estilo de narrativa. Não tentou embelezar determinadas passagens e sentenças para engrossar páginas, ficando conciso e direto – mas nem por isso incompleto ou sem sentido.

Não deixa de ser uma importante reflexão a respeito da sociedade em que vivemos, bem como sobre os discursos que proclamamos e defendemos, as vezes de forma imperiosa e impositiva, sem que tenhamos vivenciado sequer remotamente parte do que professamos.

E o melhor de tudo: é um romance imparcial. Os fatos são mostrados. Você escolhe do lado de quem ficará. Mas será que existem mesmo lados? Um romance de impacto, que só vem a acrescentar à carreira de Jerônimo Jardim, e que mexeu muito comigo. Recomendo!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Resenha: "O Chamado do Cuco" (Robert Galbraith / J.K. Rowling)

Por Juny: Não espere por “um livro de JK Rowling”, esqueça Harry Potter! Nesse livro ela realmente é Robert Galbraith, ela escreve de maneira completamente diferente. Você lerá um romance policial adulto.

Tudo começa quando a famosa modelo Lula Landry morre ao cair da sacada do seu apartamento. A policia investiga e chega a conclusão que foi um suicídio, mas esse crime tem muitas pontas soltas que levam a outras hipóteses. Não satisfeito com a investigação, John Bristow, irmão adotivo de Lula, procura o detetive Cormoran Strike para desvendar o caso.

Strike é um detetive bom, porém sem glamour e sem fama, talvez o único que aceitasse um caso como esse. Ele tem uma vida pessoal bem conturbada e esta com problemas financeiros. Sem sua companheira e ex-secretária, Charlotte, ele contrata Robin como temporária, que acaba virando sua parceira na investigação ao longo da trama.

A principio todo mundo é suspeito, temos mais de 10 pessoas que poderiam ter matado Lula Landry. Cada um teve alguma atitude suspeita ou esteve próximo dela em seu ultimo dia de vida. Quanto mais conhecemos Lula mais vemos que não poderia ter sido suicídio, por mais desequilibrada que ela fosse, isso não fazia sentido.
Talvez ela nunca tenha vendido sua história aos jornais, mas ele não podia acreditar que ela tivesse comprado aquele casaco de grife, por mais feio que ele o achasse, com o salário de um emprego numa loja.
No inicio tive dificuldades com a leitura, estava demasiadamente descritiva, maçante. A autora quer mostra muito sobre Strike e seu passado, para formar o personagem porque com certeza deve usa-lo em outros casos. Após umas 250 páginas peguei gosto pela leitura e dali em diante tudo passou bem rápido eu queria desesperadamente saber quem matou Lula.
Ele a deixou ir. Depois de ela sair, ele fez mais duas páginas de anotações. Bryony Radford se mostrou uma testemunha pouco confiável, sugestionável e mentirosa, mas lhe disse muito mais do que ela pensava.
Strike esta longe de ser um detetive convencional, no inicio é difícil lhe dar credibilidade. No decorrer do livro temos que reconhecer seu talento, com muitas coisas que poderiam parecer insignificantes, ele começa a traçar a verdade sobre todos os fatos daquele dia. Cada personagem tem a sua contribuição e os seus segredos. Não quero destacar nenhum para evitar spoilers ou criar hipóteses para quem ainda não leu.

Eu confesso que quase descobri o assassino, nos momentos finais minha lista tinha apenas dois nomes, e fiquei assustada com meus pensamentos por ter realmente considerado a hipótese final. Um desfecho bem digno, sem nenhuma ponta solta, muito bem constituído.

Um romance policial intrigante, cheio de mistérios! JK Rowling surpreende em seu novo estilo, quero ver mais casos desvendados por Strike (e sim, já está confirmado que vem mais por ai!). Recomendo!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Littera Feelings #12 – O Clichê “Clicherado”

Oláaaaaa, amigos leitores, como vai essa segunda-feira?
Podem atirar seus marcadores em mim, eu gosto de segundas (não apenas pela coluna). E quartas. Não sei por quê. Anyway, estou gostando mais dessa segunda porque tô aos poucos retomando minhas leituras \o/ e, oh, my, como eu precisava de uma dose literária nos neurônios pra sobreviver!

Falando em dose literária...

Está cada vez mais difícil de nos surpreenderem, não é mesmo? Também estão sentindo isso? Como as coisas andam caindo em... lugares comuns?

Tenho nos últimos tempos pensado muito sobre a ”ação dos clichês”. Além de conversar com os amigos, gostaria de ouvir de vocês também, se já pararam para uma reflexão ou se por agora estão ponderando rs :) 

Quem tem um mínimo de 50 livros lidos, uns 100 filmes e/ou séries e desenhos assistidos, além de uma novela por ano, sabe, ou pelo menos intui, quem são esses "agentes dos clichês".

O que tem neles que amamos? Que sabemos? Que odiamos? Por que já reviramos os olhos e nem damos chance? Sexta-feira no Globo Repórter? O que, afinal, tomamos por clichê?


Ouso dizer que é o déjà-vu da literatura, do teatro, do cinema. Conforme vamos nos alimentando de cultura, e embora culturas diversas, vamos encontrar uns mesmos caminhos e dificuldades. Ações, personagens e ambientes. Quem tem uns mínimos de referências vai perceber isso. 

Ok, e se fizer o contrário? Se a mocinha dessa vez, ao invés de correr em linha reta em um beco escuro, correr em zigue-zague, e não ser atropelada, mas ser morta de qualquer jeito, não é clichê também?

Como diria meu antigo prof. de Filosofia, fugir da ideologia é também uma ideologia, a tangente já não é tão diferente do centro.

Mas então como lidar?

Bom, não sei por exato dar uma resposta, assim, na lata rs Quero que pensem, em que padrões já temos formados, personagens já fechados num “tipo”, ações predefinidas, ambientes "clássicos" (e por que "clássicos"?), começos, meios e fins que se repetem... E aí, o clichê é assim tão ruim? Você abrir um livro, ler duas páginas e já saber começo, meio e fim?


Às vezes fico incomodada mesmo, e não só por já de início “prever” todo ou metade do roteiro do livro, é por como o clichê em si é tratado dentro da história. Ele é, por muitas vezes, banalizado! Ele não vem “encorpado”, não dá aquele desenvolvimento à história, e às vezes também pela própria maneira de narrar. Daí que vem minha teoria de como odiar/desprezar os clichês, vocês veem.

Mas, ok, depois dessas considerações, pensem mais uma vez comigo: e quando encontramos um livro que desconstrói todo esse esquema?

Se a mocinha fica com um cara nada a ver; se quem não devia morrer, morre; se depois de todo um esforço, nada se ganha; se o vilão alguma hora não quebra a cara; se o carinha não move mal as palhas, que dirá mundos e fundos; se termina o livro e a história fica pela metade...


A gente não briga? Não ficamos zangados? Decepcionados, quem sabe?


O que eu quero dizer é que a gente busca por isso - não busca? Pelo final feliz, pelo encanto, pelo sorriso bobo. Digo até que Frozen – Uma Aventura Congelante poderia ser uma referência #EPICWIN pra esse post se não se tratasse de um filme, mas lá, a gente vê claramente o show de clichês e como todos foram tão bem trabalhados que o sucesso é geral :D No final das contas, não é tão ruiiiiim assim, né? 


E daí que é clichê?

Se me convencer, estou ok com isso.
E com você?

Até o próximo post,


Kleris Ribeiro.
domingo, 23 de fevereiro de 2014

Resenha: "Morte de Tinta" (Cornelia Funke)

Por Sheila: Olá pessoas! Como estão? Hoje trago a vocês a resenha do último livro da trilogia Mundo de Tinta, de Cornelia Funke. O primeiro e o segundo livro da trilogia já foram resenhados pelo blog aqui e aqui. Como vou fazer um "resumão" e começar no ponto onde o segundo livro acabou, quem não leu ainda, e não gosta de estragar a surpresa pode parar de ler por aqui ...

Aos que continuaram, avante! Confesso que gostei muito mais do fim do primeiro livro do que do segundo. Afinal, o primeiro livro realmente ACABA. O segundo foi escrito, a sequência da estória ficou muito boa, mas se a autora quisesse ter parado no primeiro, poderia sem problemas.

Agora, ao fim do segundo livro, as coisas terminam tão INACABADAS, que escrever um terceiro para fechar a trama é uma obrigatoriedade. Mas, enfim, para quem não lembra, muitas coisas aconteceram: Meggie, que não consegue parar de pensar no mundo encantado de "Coração de Tinta", se lê junto com Farid para dentro do livro, onde já esta Fenoglio, seu criador - e que foi parar na estória ao fim do primeiro livro.

Dedo Empoeirado, que nunca conseguiu se adaptar ao mundo de Mo, finalmente encontra um leitor - Orfeu - que o lê de volta para sua estória. Nesse meio tempo, a Gralha, mãe do vilão do primeiro livro, encontra Mo e Resa e também os lê para dentro do livro - pensando nele encontrar seu filho vivo. Mas o mesmo não acontece, e o reino encontra-se uma bagunça, com a estória "se contando", o que irrita Fenoglio a ponto de tentar, junto com Meggie, recontá-la.

Mas as coisas não acontecem como Fenoglio previra: ao fim do livro, temos um reino dizimado pela guerra; um vilão cruel e, agora, imortal, que os persegue sem descanso; Mo transformado em um herói de canções e fora da lei com a cabeça a prêmio; Dedo Empoeirado morto; e Fenoglio arrasado com a quantidade de sangue (por isso "Sangue de Tinta") que suas bem intencionadas palavras acabaram por derramar sobre o povo inocente.

No início do terceiro livro, vemos o romance entre Meggie e Farid se desenrolar, assim como uma inversão entre os papéis de Mo e Resa: se no segundo livro causa-lhe dissabor ver a forma como sua mulher e filha sentem-se fascinadas por este mundo (as vezes nada encantador, apesar de seus seres fantásticos e paisagens exuberantes) agora é Mo quem não que ir embora, e Resa quem apela para que retornem.

Afinal, a insegurança de não se ter onde dormir, o que comer, e ser constantemente caçados por um tirano cruel e imortal, faz com que a estadia neste reino -  mesmo que encantado - não se torne mais tão prestigiada assim. Até por que Mo as vezes fica estranho; já não é mais só ele. Dentro de si carrega Gaio, o herói fora-da-lei que, se protege os fracos, também se expõe a riscos, o que não passa despercebido a sua mulher.
Mo olhava para suas mãos como se fossem de outra pessoa. Quantas vezes Meggie vira como elas cortavam papel, encadernavam páginas, esticavam couro - ou colocavam um esparadrapo sobre uma ferida em seu joelho. Mas ela sabia bem demais do que Mo estava falando. Ela já o observara o suficiente, quando ele treinava com Baptista ou com o Homem Forte atrás dos estábulos - com a espada que ele carregava consigo desde o Castelo da Noite. A espado do Raposa Vermelha. Ele a fazia dançar, como se suas mãos estivessem tão acostumadas a ela como ao cortador de papel ou uma dobradeira.
Gaio.
Enquanto isso, Orfeu, que também foi lido para dentro do livro, cada vez mais perde-se em criações bizarras e modificações a seu bel-prazer no mundo criado por Fenoglio, sem que este faça nada para impedir; afinal, Fenoglio já não escreve mais, talvez por medo do lugar onde as palavras o fizeram chegar há bem pouco tempo ...
Com um gemido, ele se esticou sobre o seu saco de palha e fixou o olhar no ninho de fadas vazio. Haveria uma existência mais triste do que a de um escritor  cujas palavras se extinguiram?  Haveria destino pior do que ser obrigado a ver como outro torce nossas próprias palavras e decora o mundo que criamos com esparadrapos coloridos de mau gosto? Nada mais de quartos em castelos ... apenas o quarto no sótão de Minerva. E era um milagre que ela o tivesse aceitado mais uma vez - depois de suas palavras e canções terem cuidado para que ela não tivesse mais marido nem um pai para seus filhos.
Já Dedo Empoeirado, este continua perdido para as Damas Brancas, sendo pranteado por todos mas, principalmente, por Farid, que acaba virando servo de Orfeu com a promessa de que este escreva as palavras que o tragam novamente à vida, muitas vezes  decepcionando Meggie que se sente em segundo plano em sua vida.
Havia dias que esperava por Farid. Ele prometera voltar. Porém, no pátio estavam apenas seus pais e o Homem Forte, que lhe lançou um sorriso quando a viu na janela (...)
- Quanto tempo faz que Farid foi embora? Cinco dias, seis?
- Doze - Meggie respondeu com a voz chorosa e escondeu o rosto em seu ombro ...
A maior parte da leitura do livro é tensa, principalmente por que, depois do segundo livro - onde Dedo Empoeirado morre, assim como Cosme, o Belo - e tudo dá errado no final, é de se esperar que qualquer coisa aconteça. Afinal, nem sempre o final feliz acontece sem perdas, o que Cornelia parece deixar claro desde seu primeiro livro.

Por mais que o livro seja o relato de um mundo encantado, a maldade, a mesquinhez, o egoísmo são humanos demais para que não nos toquem de maneira profunda, sendo responsáveis por uma espécie de mal estar e desassossego durante a leitura das mais de mil páginas da trilogia. Agora, se eu gostei dos livros? Não, gostar seria pouco: eu AMEI cada frase, cada descrição belíssima, cada nuance, cada cor, cada cheiro criado pelas palavras divinamente utilizadas pela autora.

Nem preciso dizer que eu recomendo, não é? Abraços

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Happy Hour #56 - A livraria mais linda do mundo

Olá minha gente!! Tudo bem com vocês? Comigo está tudo ótimo, estou de férias e a vida é belíssima! rs Só não estou perfeitamente bem porque estou percebendo a recaída que estamos tendo nessa coluna de comentários e acessos. "Pó parar" já! rs Caso queiram mandar sugestões, dicas e críticas da Happy Hour, fiquem a vontade! Pelo meu email, twitter ou facebook, hein?

E para dar um up nisto aqui e entrar no meu clima de férias rs vamos diretamente para a charmosa, linda e exuberante Veneza! E é num desses canais que avistamos a Libreria Alta Acqua, que nos recepciona na porta com os dizeres: "Sejam bem vindos a livraria mais linda do mundo". Quem será louco de duvidar? Bora conhecer?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Resenha: "Dearly Departed - O amor nunca morre" (Lia Habel)

Por Sheila: Oi Pessoas! Como vão todos e tod@s? Tudo tranquilo? Mais uma resenha para a qual me senti incompetente para escrever um resumo decente ... então, vou "pegar emprestado" o resumo do skoob, e depois partir para meus singelos comentários.
Ela é Nora Dearly, uma garota neovitoriana de 17 anos que sofre com a morte dos pais e vive infeliz aos cuidados da tia interesseira. Ele é Bram Griswold, um jovem soldado punk, corajoso, lindo, nobre ... e morto! No ano de 2187, em meio a uma violenta guerra entre vitorianos e punks, surge um perigoso vírus, capaz de matar e trazer novamente à vida.
As pessoas tornam-se zumbis, mas nem todos são assassinos e devoradores de carne. Há os que lutam para que o vírus não se espalhe ...
Apenas Nora tem o poder de cura em suas mãos, ou melhor, em seu sangue. Ela não sabe disso e corre perigo. É papel de Bram protegê-la ...
A era Vitoriana foi escolhida pelo povo de 2187, que sobreviveu à guerras e acidentes nucleares, como o modelo de sociedade perfeita, onde o quase holocausto vivido no último ´seculo nunca se repetiria;  seria uma volta à uma época de valores mais tradicionais, em que o respeito às figuras de autoridade, como pais e governo, era algo indiscutível.

Como os Estados Unidos foram devastados, as pessoas que sobreviveram tiveram que migrar mais para o sul, onde entraram em conflito com os chamados "punks", que consideram o modo de vida dos neovitorianos hipócrita e sem sentido, já que continuam existindo estratificações em sua sociedade pretensamente perfeita, onde a escala social que está mais abaixo só consegue ascensão por meio do casamento.

Nora esta em período de férias da escola, sozinha em casa com sua tia indiferente, quando é brutalmente arrancada de seus devaneios e tristeza pela invasão de um exército de mortos-vivos que, ao contrário do zumbi clássico, raciocinam muito bem para quem já esta morto.

A editora ID nos faz uma proposta: ler a página 66 para saber se nos IDentificamos com a estória... então bora lá, transcrevo a 66 para vocês.
Segurando a respiração, fiquei imóvel. Não me considerava covarde, e agora era o momento de provar isso a mim mesma. Decidi olhar, como na noite anterior. Nada então, nada agora. Provavelmente eram apenas meninos brincando no escuro.
Abri as cortinas.
Uma caveira me encarou com olhos escuros soltos nas órbitas, sem carne em volta.
E sorriu.
O punho da coisa entrou pela janela. Gritei e pulei para trás. O mundo pareceu explodir, com estilhaços de vidro voando e mais cadáveres saltando para dentro do estúdio.
É a única maneira de descrever o que via.
Eram homens. Quer dizer, pareciam homens, pareciam humanos, mas, como alguém que já morreu há meses, há anos, estavam em estágios diversos de decomposição - a carne pendia solta dos membros, havia ossos expostos em algumas partes, outros tinham pedaços dos corpos faltando. Alguns usavam uniformes cinza desbotados com insígneas. Desnecessário dizer que não fiquei ali para descobrir a identidade de cada um.
Disparei para fora do cômodo, batendo a porta atrás de mim. Sem a chave-mestra não poderia trancar a porta. Atrás dela, havia mais coisas entrando, gargalhando, falando.
De uma hora para outra, Nora se vê ao meio do segredo mais bem guardado do atual governo e - pior ainda! - do seu pai, com quem achava compartilhar tudo. Há zumbis. Alguns não comem pessoas, são zumbis "bonzinhos". Outros, demoram para reviver, e estão num estado tal de composição que é impossível que "acordem" como outras coisas que não máquinas de matar.

Se não bastasse tudo isso, Nora descobre ser imune ao vírus, e que o estudo de seu sangue pode criar uma vacina que evite a disseminação do contágio - e que talvez esteja se apaixonando por um zumbi, Bram, que por mais que tenha um aspecto exterior horripilante, mostra-se alguém com qualidades inigualáveis.

E aí, o que vocês acharam?  Eu acabei colocando este livro à frente de outros "vou ler" que estavam na estante, e confesso que não me arrependi. A questão é: Lia Habel consegue pegar alguns tem,as aparentemente batidos - amores impossíveis, zumbis, mundos pós-apocalípticos -  e criar uma trama tão rica e envolvente, que as páginas do livro praticamente se viram sozinhas.

Muitas perguntas ficam ao final deste livro, afinal é o primeiro de uma série -  não consegui descobrir se de três ou de mais, alguém sabe? - mas que eu realmente espero sejam respondidas nos próximos volumes. Nunca gosto de avaliar uma série antes de lê-la em sua totalidade, mas uma coisa é certa: fiquei com muita vontade de continuar lendo.

Abraços e até a próxima.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Resenha: “O livro selvagem” (Juan Villoro)

Por Clarissa: Oi pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim, minha indicação é “O livro selvagem”, é uma estória muito interessante, adorei o jeito que o autor Juan Villoro, é muito diferente, de tudo que já li. É uma estória para refletir sobre a vida, a família e amigos. A estória parece que aconteceu com o autor, e faz o leitor entrar literalmente na estória, tem vários enigmas a desvendar, frases a se pensar e uma boa leitura pra viajar, quando você ta lendo, sua imaginação vai muito alem do que pensa. Vale muito à pena ler, amei demais este livro e indico para todas as idades.

A estória se passa na vida de Juan um pré-adolescente, que desejava ter férias incríveis, porem tudo não sai conforme o planejado. E assim ele vai passar as férias na casa de seu tio Tito, Juan o acha muito estranho seu tio só pensa em livros e gatos, suas férias seriam emocionante.

Assim que ele chegou àquele lugar que mais parecia um labirinto de livros do que uma casa. Para Juan era um sacrifício ficar lá, ele queria explorar vários lugares, brincar com os amigos, andar de bicicleta, mas ele ficou na casa de seu tio, explorando aquele labirinto, salas secretas e livros estranhos.
“Li minha vida toda, mas há muitos assuntos sobre quais não sei nada. O importante não é ter tudo na cabeça, e sim saber onde encontra uma informação. A diferença entre um arrogante e um sábio é que o arrogante só aprecia o que já sabe, enquanto o sábio busca o que ainda não conhece.”
Seu tio Tito tem mais de um milhão de livros, e depois de conviver alguns dias na casa, seu tio contou muitos segredos que Juan nunca saberia, ele tinha a missão de encontrar O livro selvagem, Tito nunca conseguia encontrá-lo, e toda vez que ele achava o livro fugia de suas mãos. Conhece uma garota bonita chamada Catalina, e que acaba se apaixonando, Juan vive varias aventuras. Assim Juan passa sua melhor férias na casa estranha de seu tio.
“Não é o leitor que escolhe o livro, mas sim o livro que escolhe seu leitor.”
Cada leitura depende do jeito que você lê, cada um acrescenta algo diferente à leitura, mas depois que o livro acaba, parece que você perde o melhor amigo, mas com certeza você aprende algo com a leitura.

Bom espero que tenham gostado da minha indicação, o livro é pequeno, tem 186 paginas, é ótimo para pensar, refletir e indicar para outras pessoas, afinal livros faz parte da gente. Vocês vão dar muitas risadas, surpresas, reflexão, e curiosidade. A maior curiosidade é saber, o que tem no Livro selvagem, e esse mistério eu vou deixar para vocês.

Vou ficando por aqui, espero que tenham gostado, e leiam este livro, vale muito à pena! Beijos fiquem com Deus, até em breve, e não se esqueçam de deixar seus comentários, dicas e criticas.

Livros não dão sono, dá sonhos! J


 
sábado, 15 de fevereiro de 2014

Resenha: “Vença o medo de dirigir” (Neuza Corassa)

Por Juny: Muita gente acha que livros de auto ajuda são bobagem e é raríssimo ver uma resenha de algum, talvez por vergonha dos blogueiros ou por simples preconceito. Embora não seja o gênero que mais leio, defendo fielmente pois em meio ao oportunismo de muitos títulos existem coisas realmente boas.

“Vença o medo de dirigir” é um bom exemplo disso. Ressalto que o livro sozinho não faz milagre, mas a sua abordagem e reflexão sobre o tema faz o fóbico ver a situação de outra forma. Esse é um problema que carreguei por 2 anos, e quando mais se adia a busca pela solução mais cresce o trauma. Apesar de relutante me propus a solucionar a questão nessas férias.
Se você vive a mesma situação, sabe que, mesmo com a aprovação do órgão competente, você não se aprova, não se considera apto a dirigir. E por que? Novamente, o elevado grau de exigência que tem a seu respeito impede você de se aprovar. (...) Possivelmente o que acontece é que você, por ser muito competente e estar acostumado a lidar com situações complexas, leva essa dificuldade para o ato de dirigir. (...) Por quê? Já pensou em se dar a chance de, aos poucos, passo a passo, aprovar-se?
Assim como a maioria das pessoas, achava que o problema é só comigo. No livro Neuza conta o quanto esse medo de dirigir tem se tornado comum, principalmente nas grandes cidades onde o transito é intenso e há muitos acidentes. Ela mostra que na maioria das vezes esse medo está em pessoas extremamente perfeccionistas, que tem medo de errar e com isso não fazem o treinamento necessário para o aprendizado. Mesmo que a maioria dessas pessoas já tenha habilitação, acha que o exame não foi suficiente, não se sente apto para enfrentar o transito e se sujeitar a possíveis erros.
"O medo de dirigir tem dado a sua vida uma expectativa de perfeição que os outros teoricamente tem sobre você, mas é você que interpreta assim, pois os outros também tem seus afazeres. Essa atitude traz muito sofrimento, é como se estivesse permanentemente ligado numa tomada porque não se permite relaxar. Está sempre em posição de alerta máximo. "
No inicio de cada capitulo há um depoimento de alguma paciente, mostrando as diversas facetas do medo. Há o perfil das pessoas que tem medo de dirigir, em sua maioria mulheres, mas também há uma parcela no publico masculino. A autora faz um comparativo do “volante da vida e o volante do carro”, fazendo o leitor refletir sobre o medo e a forma que ele vem conduzindo a própria vida. Ela também cria um plano de trabalho para dirigir, faz reflexões sobre as mudanças do papel da mulher na sociedade,  sobre o comportamento no transito e sobre outros medos relacionados.
(...) De repente, surpreende-se com a fobia de dirigir. Duas forças começam a operar dentro dela: o desejo de dirigir e o medo de dirigir. Instala-se uma situação de conflito, e com ele um grande sofrimento.
O medo só cresce se você o alimenta, a partir do momento que você conhece sua dimensão, consegue buscar forças para superá-lo. O livro ajudou muito, é importante ver a analise do ponto de vista de um psicólogo e relatos de casos semelhantes ao seu, porém sozinho não muda nada, também é necessário contratar aulas com profissionais especializados no assunto, para resolver a questão na prática. Fato é que se hoje consigo ver a questão com mais naturalidade e consigo dirigir, treinando a cada dia, buscando sempre melhorar e se superar, em parte foi por causa desse livro. Leitura recomendada.
[Update] Escrevi essa resenha em outubro de 2013 e só agora, em fevereiro de 2014, tive certeza que poderia publica-la, que dirigir era realmente um medo superado, que eu estava pronta para superar meus limites a cada dia, e que esse relato seria verdadeiro.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Resenha: "Sombras vivas" (Cornelia Funke)

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Hoje a resenha será do segundo livro de uma trilogia, intitulada Reckless – O sobrenome do personagem principal. O primeiro livro da série, “A maldição da pedra” já foi resenhada pelo blog aqui. A autora, Cornelia Funke, também escreveu uma das minhas trilogias preferidas, “Mundo de Tinta”, já resenhada aqui pelo blog e que já virou até filme – bom pelo menos o primeiro livro sim.

Como esta é uma continuação, alguns spoilers são inevitáveis, então se você não leu o primeiro livro e não gosta de estragar a surpresa, pare de ler por aqui, por que vou contar "tudinho" ... bom, mas para quem já leu e não lembra muito bem, vamos recapitular.

Jacob e Will Reckeless são dois irmãos órfãos de pai. Jacob, o mais velho dos dois, não se conforma com a perda, e um dia, dentro do escritório do pai, tentando encontrar algo que explique seu desaparecimento, se depara com um espelho que nada mais é que a passagem para um mundo encantado, onde existe magia, mas também em que todos os vilões são reais – e nem sempre o final é feliz.

Vivendo entre os dois mundos, num como caçador de tesouros mágicos, no outro com transações com antiguidades de outro mundo, Jacob se descuida e seu irmão Will acaba seguindo-o até o mundo do espelho, e sendo atacado por um Goyl, ser feito de pedra que o infecta com a maldição da pedra – que intitula o primeiro livro.

Após muito percorrer o mundo do espelho atrás de uma cura para o irmão, que tem a pele e a personalidade progressivamente substituídas, Jacob resolve recorrer a uma fada para ajudá-lo. Acompanhado por Clara, namorada do irmão, e Fux, uma menina que vira raposa, Jacob resolve ir atrás de um antigo amor abandonado. No entanto, as fadas deste mundo estão longe de ser os seres de bondade que vemos nos desenhos animados. E em meio a briga de duas fadas e um coração partido, Jacob consegue libertar o irmão, mas terá que pagar um preço muito alto por isso: sua própria vida. 

Neste segundo livro, encontramos Jacob no limiar de suas esperanças, já tendo percorrido todo este e o outro mundo atrás de algo que o cure desta maldição que progressivamente lhe tira a vida. Mas a busca se mostra muito mais difícil do que imaginara a princípio e Fux, que já não é mais a menininha que conheceu, está ficando cansada de esperar.

Ele ainda não tinha voltado.
Não vou demorar. Fux enxugou a chuva do rosto. Com Jacob, aquilo podia significar muitas coisas. Às vezes, ele demorava semanas. Às vezes, meses. 
Ao se despedir, ele a abraçara forte, como se quisesse levar o calor dela consigo para o mundo onde nascera. Alguma coisa o atemorizava, mas é claro que ele não admitia (...)
Talvez por causa disso ela quase fora com ele. Ela chegara a seguir Jacob até a torre, mas diante do espelho perdera a coragem. O vidro lhe pareceu uma pedra de gelo escura, que congelaria seu coração.
Fux virou de costas para a torre.
Jacob voltaria.
Ele sempre voltava.

Mas nem tudo esta perdido para Jacob que, no momento em que está perdendo as esperanças, vai ao encontro do anão Valiant. Ambicioso e inescrupuloso, este lhe fala de uma recente descoberta feita pelos anões em suas minas subterrâneas. Parece que a tumba de Gusmmund, o matador de bruxas, foi acidentalmente encontrada, o que desperta imediatamente o interesse de Jacob.

- O que tem nessa cripta? – Fux olhou para Jacob com ar interrogativo.
Valiant secou o bigode molhado de vinho com o guardanapo.
- A balestra mais mortífera que já foi construída. – sua língua ficava mais enrolada a cada palavra. Fux teve que se esforçar para entender as palavras balbuciadas. – Uma flecha no peito do general e todo exército vira uma montanha de cadáveres.

Mas há outro efeito que poucos conhecem, atrás do qual Jacob se lançará numa aventura cheia de suspenses e reviravoltas atrás da balestra mágica: a cura para a maldição que carrega no peito, em forma de mariposa, que o está matando lentamente. Agora, Jacob e Fux terão que correr contra o curto tempo que ainda lhe resta para desvendar o enigma deixado por Gusmmund, e descobrir se as lendas de fato são verdadeiras.

O segundo livro da série segue o mesmo ritmo do primeiro, com capítulos curtos e um desenrolar rápido. Quem estava acostumado com a primeira trilogia de Cornelia, “Mundo de Tinta” talvez possa se decepcionar um pouco, já que o enredo é bem menos elaborado, e a estória mais curta.

Mesmo assim, a narrativa é envolvente, não consegui desgrudar do livro até o desfecho – e fiquei muito curiosa em saber como esta grande aventura irá terminar, e muuuuuuiiiiito ansiosa esperando pelo próximo livro da série que, eu espero, responda a todas as indagações e estórias deixadas em aberto nestes dois primeiros livros. Recomendo!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

[Gastronomia e Literatura] Um Lanche Rápido

Olá Pessoas,

Aposto que muitas pessoas se depararam com a imagem abaixo navegando pela Internet. Eu resolvi testar! E de tão "bão", resolvi compartilhar com vocês. E fica a dica de lanche para acompanhar as leituras diárias, a receita é tão rápida e prática que você vai torná-lo parte da sua hora de ler.

Ingredientes
- 1 xícara de leite
- 1 xícara de óleo
- 3 ovos
- 2 xícaras de polvilho doce
- 1/2 pacote de queijo parmesão ralado
- Quanto baste de sal
Modo de fazer
- Bata no liquidificador 1 xícara de leite, 1 xícara de óleo de cozinha e 3 ovos;
- Depois acrescente 2 xícaras de polvilho doce e a metade de um pacote de queijo ralado parmesão e sal a gosto;
- Bata até ficar homogêneo;
- Unte a sanduicheira ou a máquina de waffles com óleo com a ajuda de um papel toalha, depois despeje o conteúdo na sanduicheira, preenchendo o desenho do sanduíche;
- Coloque um pouco de queijo sobre a massa líquida e feche a sanduicheira. Deixe assando por aproximadamente 5 min;
- Quando corar está pronto!
O legal de ser tão prática é que dá pra colocar um pouco de criatividade e criar a sua combinação, a minha é com presunto. E você vai fazer com o quê?
Boa Leitura e Bon Apetit
domingo, 9 de fevereiro de 2014

Resenha: "Replay" (Marc Levy)

Por Marianne: Hello pra todo mundo! Primeira resenha das muitas que pretendo fazer esse ano. Atribui a mim mesma uma meta de leitura e minhas resenhas pro blog vão ser minha forma de acompanhar se a meta esta sendo cumprida ou não.

Mas bora ao livro que é o que interessa! Em Replay entramos direto na vida de Andrew Stilman, redator-chefe do New York Times, solteiro e meio workaholic. Tem apenas um amigo, Simon, com quem sai de vez em quando pra uns drinks no bar. Numa dessas noites Andrew reencontra uma ex namorada da adolescência, Valerie Ramsay. Depois de um jantares, umas mensagens trocadas e Valerie abandonar um relacionamento meio gasto no qual vivia, eles retomam o romance.

Enquanto a vida amorosa está a mil, no jornal Andrew está trabalhando numa investigação muito importante que envolve revelar a identidade de pessoas, hoje anônimas, que um dia trabalharam como pilotos dos voos da morte durante o período da ditadura argentina. São as muitas horas de dedicação à investigação e viagens pra Buenos Aires que deixam Andrew com peso na consciência por não estar dando atenção suficiente pra Valerie e o fazem tomar a impulsiva decisão de pedir a moça em casamento (aliás, um ótimo motivo pra pedir alguém em casamento “peso na consciência por ausência na relação”, ai ai ai...).

A decisão foi tão bem pensada que na noite antes do casamento, num bar, com o amigo Simon, Andrew fica idiotamente perdidamente apaixonado por uma moça que pede o mesmo drink que ele. E quando eu falo idiotamente perdidamente eu não estou brincando, o cara considera jogar o casamento todo pro lixo pra descobrir quem era a mulher misteriosa do drink com quem ele trocou cinco ou seis palavras.

Mas ele casa, meio sem saber o que fazer afinal já está tudo pago né, mas casa. Saindo da cerimônia Andrew vê de novo a tal moça do bar passando de carro, dando uma piscadinha e jogando o cabelo. Não precisava de mais nada. Chegando em casa, noite de núpcias, Andrew começa a chorar pra Valerie (vestida de NOIVA) e pedir perdão porque “não a ama mais” e está “apaixonado por uma fantasia”.

O tempo passa depois de todas essas emoções, o término com Valerie e o andamento da investigações, Andrew sai pra uma corrida matinal e é assassinado. Alguém o atinge no tórax e ele morre, tudo vai ficando escuro, ele fecha os olhos e acabou. E é agora meus amigos que a história começa!

Andrew acorda, está no mesmo lugar onde foi “assassinado”, concluindo que deva ter perdido os sentidos por um tempo ele volta pra casa. Entrando em casa ele é surpreendido por Valerie no apartamento, agindo como se nada tivesse acontecido, e as notícias na TV, que eram exatamente as mesmas de dois meses atrás. Andrew percebe que voltou dois meses no tempo.

A partir daí ele traça três objetivos: descobrir quem é seu assassino, não magoar Valerie de novo e concluir as investigações de Buenos Aires.

Eu não sei como ele consegue fazer tudo isso sabendo que vai ser assassinado em dois meses, mas ele se dedica. Os suspeitos do assassinato são vários: um colega invejoso do jornal, algumas pessoas descontentes com acusações que Andrew já fez em reportagens anteriores e a própria Valerie que, num futuro que já é passado, foi abandonada horas depois do casamento.

A partir daí eu acho que tudo que eu disser pode ser spoiler, o livro entra numa correria sem fim e boa parte da história foca na investigação de Andrew em Buenos Aires, o que pra mim foi a parte mais interessante. Vale muito a pena saber o que foi a realidade dos torturados pela ditadura argentina, de como foram colocados semi vivos nos aviões da morte e lançados  ao mar, de como os filhos dos torturados foram criados por militares sem nunca terem a menor ideia de quem são seus pais verdadeiros e quem são hoje as Mães da Praça de Maio que se reúnem pra fazer a Argentina se lembrar das crueldades cometidas a seus filhos.
 “—De que justiça você está falando, senhor jornalista? Dessa que anistiou esses animais? Dessa que deu tempo para que eles fizessem novos documentos de identidade? Depois da volta à democracia, em 1983, nós, as famílias das vítimas, pensamos que esses criminosos seriam condenados. Não contávamos com a covardia do presidente Alfonsin e com o poder do Exército. O regime militar teve tempo de apagar os traços, de limpar os uniformes manchados de sangue, de esconder o material de tortura à espera de tempos melhores, nada garante que aquelas coisas não voltarão a acontecer um dia. A democracia é frágil.(...)”
Eu não dava nada pra Replay, a capa é bem fraquinha, da a entender que é só um romance com uma “viagem” no tempo, e é escrito pelo mesmo autor de “E se fosse verdade” (daquele filme da Reese Witherspoon) que é um romance bem tranquilo. Em nenhum momento imaginei que fosse se transformar numa história pesada com relatos da guerra suja Argentina.

Vale a pena, você vai atravessar uns capítulos do protagonista (insuportável por sinal, tenho mania de amar livros com protagonistas que eu detesto hahaha) fazendo umas idiotices, mas assim que ele morre tudo melhora, rs.

E por hoje é só pessoal, até a próxima resenha e um bom começo de ano procês!
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Happy Hour #55 - Intervenções urbanas




Oi, minha gente! Como andam vocês, hein? Nossa, eu estou em uma correria insana na univerisidade. Final de período não faz bem a ninguém. É, isso mesmo, final de período. =( Maas enfim, estamos aqui pra falar de um assunto bacana, não é mesmo?


Do nosso Templo Literário, na Happy Hour #54, vamos para as ruas. Sim, as escadas, fachadas, ruas e passarelas. Esse "lugar" que tem certos detalhes que nos passam despercebidos, mas que contaram com um toque especial de artistas. Não sei se não renomados ou não, famosos ou anônimos, ricos ou pobres, chatos ou legais, mas o fato é que dispuseram uma parte de seu tempo para transformar espaços muitas vezes mortos e sem vida, em um cenário mais divertido e gostoso de estar ou de passar por. 

Fiz uma seleção de imagens bem bacanas. Boraa ver!!


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Resenha: “O silêncio das montanhas” (Khaled Hosseini)



Por Marianne: Olá queridos amigos da leitura que gostam de derrubar umas lágrimas lendo livros por ai, essa resenha é pra vocês! E pra quem também não gosta de derrubar umas lágrimas, porque afinal o livro é muito bom.

Antes de falar do livro quero falar do autor, Khaled Hosseini, que também escreveu O caçador de pipas e Cidade do Sol, e do meu amor por esse homem que só foi confirmado com O silêncio das montanhas. 
A história começa com os irmãos Pari e Abdullah que vivem na fictícia aldeia de Shadbagh com o pai, a madrasta e o irmão Iqbal em condições de extrema pobreza. Pari e Abdullah são filhos da mesma mãe, a moça morreu dando a luz a Pari. Talvez por isso eles tenham uma ligação tão forte e construam uma relação tão bonita. Abdullah faz de tudo pela irmã, está sempre presente contando histórias, improvisando presentes que a realidade dele permite (penas de pássaros, geralmente) e se esforçando como pode pra deixar Pari feliz.

Mas é a pobreza e a esperança de poder dar a filha uma vida melhor que fazem Saboor, o pai das crianças, vender Pari pra uma rica família de Cabul, pra quem seu cunhado Nabi trabalha como chofer. 
“Uma história é como um trem em movimento: não importa onde embarquemos, cedo ou tarde estaremos fadados a chegar ao nosso destino. Mas acho que devo começar essa história com a mesma coisa que a encerra. Sim, acho que faz sentido iniciar esse relato com Nila Wahdati.”
Pari é vendida ainda muito pequena, por volta dos três, quatro anos, e aos poucos vai se esquecendo da vida e das pessoas que ficaram pra trás. E Abdullah, coitado, cai no fundo do poço da desolação de pensar que provavelmente nunca mais terá contato com a irmã.

A nova família de Pari é meio fora dos padrões das famílias de Cabul. A mãe, Nina, tem um jeito todo extravagante de ser, adora festas e escrever poesias de conotação sexual. Um comportamento atípico para uma mulher de Cabul que parece não incomodar seu marido, o reservado Suleiman Wahdati. 
“Certa vez li, monsieur Boustouler, que se uma avalanche nos enterrar, quando se está soterrado por toda aquela neve, não dá para dizer o que está em cima ou embaixo. Nós queremos nos desencavar, mas se escolhermos o caminho errado vamos entrar mais fundo até morrermos. Era como eu me sentia, desorientada, imersa em confusão, sem minha bússola. Indizivelmente deprimida também. E, nesse estado, ficamos vulneráveis. Provavelmente, foi a razão de eu ter aceitado quando Suleiman Wahdati pediu a minha mão ao meu pai no ano seguinte, em 1949.
Nos capítulos seguintes a chegada de Pari na família, Khaled Hosseini escreve sobre a vida de praticamente todos os personagens que estão direta e indiretamente relacionados à história da separação dos irmãos. Vamos conhecendo o íntimo de cada um ao longo de muitos anos, desde histórias da infância até a idade adulta. E essa é a hora de separar os lencinhos de papel porque HAJA LÁGRIMAS meus queridos pra viver essa nostalgia da história dos personagens.

Escrever sobre emoções humanas já é difícil, e Khaled Hosseini escreve sobre o lado mais sincero das nossas emoções sem soar irreal. Como, por exemplo, a garota de vinte e poucos anos que abre mão da sua vida pra cuidar do pai já idoso e debilitado. Que é elogiada por todos pela sua força e dedicação, mas no fundo sempre quis sumir de casa e se arrepende de não ter feito isso nas oportunidades que a vida deu. Ou do rapaz que mora nos Estados Unidos, que ao conhecer uma garotinha debilitada em Cabul promete mundos e fundos para ajudá-la, mas assim que volta pra sua família resolve que “Ah, melhor não, deixa quieto!”.

Existem alguns furos na história, que a gente só percebe depois que leu e tenta juntar as histórias de todo mundo. Mas esses são mais do que perdoáveis. O livro é excelente, exatamente no estilo nostálgico que eu gosto. 
E é isso ai minha gente. Deixem os comentários sobre o que vocês acharam do livro, da resenha, da história. 

Eu espero que tenham gostado, beijo e até a próxima! ;)

 
Ana Liberato