sexta-feira, 10 de junho de 2016

Resenha: “Ansiedade – como enfrentar o mal do século” (Augusto Cury)

Por Kleris: Sabe quando o celular começa a travar tudo e você é obrigado a fazer uma limpeza, senão reiniciar o aparelho? Ou mesmo com um computador ou notebook, em que você se vê na necessidade de parar um minuto e otimizar sua máquina? Se for esperto, vai saber evitar novos acúmulos, senão, evitar encher a máquina tão rápido quanto da última vez.

A cabeça do ser humano funciona de maneira bem semelhante: ela acumula “lixo”, e, como as máquinas, nos notifica com sintomas, manda alertas, e, se preciso, vai te bloquear a ponto de você não conseguir acompanhar mais nada – até mesmo paralisar. Só que, diferentemente de máquinas e aparelhos, o ser humano não pode eliminar esse lixo – a não ser em casos especiais de acidentes bruscos – pois nada se perde. Então como otimizar nosso próprio cérebro pra não nos detonar?

A ansiedade vital torna-se uma ansiedade doentia quando contrai o prazer de viver, a criatividade, a generosidade, a afetividade, a capacidade de pensar antes de reagir, a habilidade de se reinventar, o raciocínio multifocal, entre outros. Um dos mecanismos psíquicos que mais transformam essa ansiedade vital numa ansiedade asfixiante é a hiperconstrução de pensamentos. 

Em Ansiedade – como enfrentar o mal do século, Cury é esse guia nos caminhos “desconhecidos” da nossa mente. A partir do estudo psiquiátrico e psicoterápico, de sua Teoria da Inteligência Multifocal (TIM), ele nos apresenta ao quadro contemporâneo da saúde mental e nos inteira sobre o funcionamento da mente humana. Mais que isso, ele demonstra como nossas mentes têm entrado em pane e como a sociedade tem respondido – com níveis e mais níveis de ansiedade generalizada sem a devida atenção.

As pessoas que têm SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado) são frágeis? De modo algum! São elas desinteligentes? Em hipótese alguma! Elas têm habilidades como qualquer Homo sapiens, mas lhes falta a capacidade de proteger sua emoção e gerenciar seus pensamentos.

Não é difícil encontrar pessoas que sofram desse mal. Elas estão por todos os lados, cada uma com suas angústias, escondendo do mundo, escondendo, inclusive, de si mesmas. Você pode neste minuto fazer uma busca rápida numa rede social e assistir em tempo real pessoas comentando sobre a claustrofobia que é esse tipo de sofrimento (veja aqui um exemplo).

Acho que tranquiliza saber que há outros milhões sendo atacados no mesmo segundo que a gente, dá uma sensação de “não é só comigo” misturado ao “eu não pirando não”. A da bem verdade é que há (ainda) muito preconceito por trás dos problemas de saúde mental, e por conta dessa pressão, casos e mais casos estão aí trilhando caminhos cada vez mais difíceis. Não há loucura, apenas incompreensão.

Nesse meio tempo, nossa paz de espírito é, assim, roubada. Entre taquicardias, queda considerável de cabelos, fortes pesos de consciência, insônias, déficit de memória, sensações incompreensíveis, pânicos e outros tanto sintomas... todos são pedidos de socorro! É o seu corpo pedindo um stop de algo excessivo.

É ser asfixiado por dentro e não reagir. É ser aterrorizado em sua própria mente e ficar calado.

Nesse sentido, a abordagem do autor é de uma natureza informativa ao mesmo tempo que de autoajuda, pois nada melhor que estar esclarecido sobre o que está acontecendo, como acontece, por quê acontece ou o que podemos enfim fazer a respeito. Não sei vocês, mas se tratando de algo que pode nos sufocar assim, de uma hora para outra, “aparentemente sem razão”, eu não gostaria de ficar no escuro. Além disso, Cury nos traz técnicas embasadas e de fácil aplicação. Em um primeiro momento, elas podem parecer muito simples e algo que qualquer pessoa pensaria em realizar, porém, não é que costumamos fazer totalmente o contrário? 

É surpreendente a enorme facilidade que o ser humano tem para criar fantasmas e fazer o velório antes do tempo.

O que Augusto Cury propõe no livro é que há maneiras de burlar esse sistema, até então descontrolado, que é a nossa cabeça. Embora não possamos apagar todas as situações ruins, que nos levam aos ciclos de ansiedade, tampouco eliminar todo o lixo que se acumula na nossa cabeça, podemos reeditar tudo que é registrado. Podemos gerenciar toda essa configuração!

É na verdade uma questão de hábito... de otimização até. Vez que dominamos o controle de volta para gerenciar e balancear nossa mente, seremos nós que ditaremos a nossa história. Talvez soe como “conversa pra boi dormir”, como espalham uns ditos populares, mas... quando algo faz tanto sentido assim e possui mais cases de acertos do que de erros, não é algo para se deixar pra lá.

A linguagem do livro é de fácil compreensão se você tem certo costume com pesquisas e teorias. Toca-se em questões de memória, personalidade, comportamento, gatilhos e controle emocional. Por mais que o assunto seja um tanto complicado, ele procura diferentes abordagens e modos para explicar o conteúdo, com exemplos da sua vida privada, social e profissional, a fim de melhor se fazer entendido (como fiz ao equiparar a mente humana com o celular lotado). Cury, assim, equilibra os tópicos sem mergulhar tanto na psiquiatria, nem pretende ser leigo demais.

É direcionado desde os profissionais de saúde mental a qualquer interessado em conhecer mais da Síndrome do Pensamento Acelerado (Ansiedade). É esclarecedor tanto para quem sofre quanto para sente que não tem maneiras de lidar com uma pessoa neste estado. Aliás, pode ser o primeiro passo de um tratamento – por uma busca pela informação certa – e/ou de aceitar que se precisa de um, afinal, o livro não dispensa o acompanhamento de um profissional.

Recomendo!

P.S.: Em função desse livro, o escritor lançou o livro Gestão da Emoção, no qual explora mais das técnicas, coaching (treinamento) e aplicabilidades.
Ter coragem para velejar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossas fragilidades, admitir nossas loucuras, corrigir rotas e nos educar para sermos autores de nossa própria história é, acima de tudo, ter um caso de amor com a vida.
E ninguém pode fazer essa tarefa por você – nem filhos, parceiro(a), amigos, neurologista, psiquiatra, psicólogo ou livros. Só você mesmo... Não traia o que você tem de melhor!
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Ana Liberato