sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Resenha: "Tash e Tolstói" (Kathryn Ormsbee)

Tradução de Lígia Azevedo

Por Stephanie: Como é bom quando a gente encontra um livro levinho e gostoso de ler, né? Tash e Tolstói é exatamente o que eu estava precisando no momento: uma história sem muita pretensão, com personagens apaixonantes e um enredo simples, porém envolvente. Além de ser super atual, sem passar aquela sensação de que a história só é relevante agora. Um YA contemporâneo do melhor tipo.
A primeira coisa que você precisa saber sobre mim é: eu, Tash Zelenka, estou apaixonada pelo conde Liev Nikoláievitch Tolstói. Esse é o nome oficial dele, mas, como somos próximos, gosto de chamá-lo de Leo.
A obra nos apresenta a história de Natasha Zelenka, mais conhecida como Tash (lê-se Tásh e não Tésh). Ela é uma adolescente prestes a sair do Ensino Médio, apaixonada por literatura clássica (principalmente Tolstói) e que se considera uma assexual heterorromântica. Em parceria com sua amiga Jack, Tash produz uma websérie baseada em Anna Kariênina, uma das obras mais famosas de seu escritor favorito. E quando, de uma hora pra outra, a websérie viraliza, as amigas se veem em um mundo totalmente novo e empolgante, e precisam lidar com as reações positivas e negativas que se somam à fama repentina. Além disso, Tash precisa lidar com seus amigos e possíveis pretendentes (que ela não cobiça sexualmente).

Ufa, parece muita coisa, né? Mas eu juro pra vocês que na verdade é tudo bem mais simples do que você pensa. A escrita de Kathryn Ormsbee é uma delícia, super fluida e com diálogos rápidos, além de algumas trocas de mensagens que fazem as páginas passarem ainda mais rapidamente. Mesmo citando as obras de Tolstói, não senti que a escrita se tornou pedante ou muito explicativa; a autora não subestima a inteligência do leitor. Mas já adianto: há uns bons spoilers sobre Anna Kariênina, então, esteja preparado.

Falando agora sobre o aspecto LGBT de Tash e Tolstói, achei bem tranquilo. Como a orientação sexual de Tash não é muito comum, há uma boa quantidade de informações sobre como é ser assexual e o que isto significa. A autora mostra as diversas reações que as pessoas podem ter ao se depararem com um assexual, então há um debate mesmo que leve sobre preconceito e aceitação, sobre se encontrar e se entender em um mundo onde há tantas expectativas sobre como devemos nos sentir e quem devemos amar. Tudo de maneira bem informativa, sem ser didático demais. É um livro extremamente apropriado para adolescentes que estão em fase de descoberta.
Cheguei à seguinte conclusão: minha falta de desejo não se deve à falta de esforço. Tentei mais que o suficiente sozinha. Não odeio o sentimento. É bom, até satisfatório, chegar a esse ponto de libertação. Mas não é como eu deveria me sentir. (...) Eu deveria sentir mais. Deveria querer como eles querem. Ou isso, ou todo mundo à minha volta está fingindo. Às vezes gostaria que estivessem. Seria uma desilusão, mas pelo menos eu não ia me sentir a mais estranha das pessoas.
Os personagens são todos muito queridos; até aqueles com jeitinho de vilão conseguiram ganhar minha simpatia em algum momento. São adolescentes críveis, que tem seus surtos e momentos idiotas, mas que se mostram amigos leais e companheiros nas horas mais difíceis. Por falar em amigos, a amizade de Tash e Jack é uma das representações mais fiéis que li nos últimos tempos. Elas brigam, mas não competem, não tem aquela inveja boba uma da outra e falam a verdade quando necessário. Sem manipulação, sem atitudes duvidosas… só a pura amizade verdadeira entre duas adolescentes.

Outros assuntos relevantes também são abordados em Tash e Tolstói, tais como: religião, bullying virtual, relações familiares, drogas e doenças terminais. Como já falei, tudo é tratado com leveza e fluidez, de maneira que as páginas voam e a gente nem percebe que leu tanto. Também existe bastante diversidade e dá pra ver que a autora não inseriu certas coisas apenas para cumprir uma “cota”.

Adorei o tempo que passei na companhia de Tash, com seus devaneios, suas dúvidas, suas vitórias e derrotas. Por vezes me irritei um pouquinho com ela, mas senti empatia também. Tash é a personificação da descoberta adolescente, com todas as dores e delícias que vem no pacote desta fase da vida.
Não importa o que aconteça no futuro, temos isto: contamos uma história que não poderíamos ter contado sem a ajuda um do outro.
Duas curiosidades: 01 - este é o primeiro livro com uma protagonista assexual a ser lançado no Brasil e 02 - as cores da capa são as cores da bandeira assexual :)

Até a próxima, pessoal!


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2 comentários

  1. Quando este livro foi lançado, li sobre a capa ser das cores da bandeira assexual. Juro que na época, nem fazia ideia que isso existia.rs
    Mas gostei do livro de cara, por trazer personagens fortes, decididos, debatendo assuntos polêmicos, mas com doçura e leveza.
    Já está na lista de desejados e espero poder conferir.
    Beijo

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    Respostas
    1. Haha, acho que é normal não conhecer esses termos, por isso é importante livros como esse existirem! Super recomendo a leitura :)

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Ana Liberato