segunda-feira, 22 de abril de 2019

Resenha: "Longe de casa: minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo” (Malala Yousafzai)


Tradução de Lígia Azevedo.

Por Thaís Inocêncio: Muitas pessoas conhecem a história de Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa que foi baleada pelo talibã por defender a educação feminina na sua terra natal, o vale do Swat. Ela se tornou conhecida mundialmente por seu ativismo pelos direitos das mulheres, sobretudo ao acesso à educação, e por ser a pessoa mais nova a receber um prêmio Nobel. Essa história completa e em detalhes está no livro Eu sou Malala, escrito pela própria Malala Yousafzai e pela jornalista Christina Lamb.

Já no livro Longe de casa, o segundo escrito pela jovem, ela decide tirar o foco de sua história e dar voz a outras pessoas que não costumam ser ouvidas: as mulheres refugiadas. Ao longo de sua jornada como ativista, Malala visitou diversos campos de refugiados e conheceu histórias impressionantes de quem foi forçado a sair de casa e partir em busca de um lugar que, muitas vezes, não garante boas condições de vida, mas tem algo mais valioso: a paz.

"Nunca deixa de me chocar que as pessoas considerem a paz algo garantido. Sou grata por ela todos os dias. Nem todo mundo tem essa sorte. Milhares de homens, mulheres e crianças testemunham guerras diariamente. A realidade dessas pessoas envolve violência, lares destruídos, vidas inocentes perdidas. A única escolha que têm para se manter seguras é ir embora. Então elas 'escolhem' ficar longe de casa. Só que não é exatamente uma escolha."

Ainda assim, nos primeiros capítulos, Malala conta resumidamente sua trajetória e ressalta que, embora não seja uma refugiada, compreende perfeitamente a sensação de conviver com a guerra e a violência em seu país de origem e de estar longe de casa – atualmente, ela vive em Birmingham, na Inglaterra. Em seguida, a cada novo capítulo, somos apresentados à história de uma refugiada. Ao todo, conhecemos a vida e a luta de nove jovens de diferentes partes do mundo, do Oriente Médio à América Latina, como Iêmen, Síria, Iraque, Colômbia, Guatemala e República Democrática do Congo.

“Para qualquer refugiado ou pessoa fugindo da violência, que é a principal causa de deslocamento forçado, parece que hoje não existe um lugar seguro no mundo. Até o final de 2017, as Nações Unidas contabilizaram 68,5 milhões de pessoas que foram obrigadas a se deslocar. Delas, 25,4 milhões são consideradas refugiadas.”

É muito interessante a forma como o livro é estruturado. Cada capítulo se inicia com a fala de Malala, nos contando como conheceu a jovem em questão e porque a história dela chamou a sua atenção a ponto de ser selecionada para estar neste livro. Em seguida, ela abre espaço para a fala da própria refugiada, que conta a sua trajetória em primeira pessoa. Todas elas explicam a situação de violência que vivenciaram em seu país de origem e como chegaram ao lugar onde vivem hoje, enfrentando, no caminho, muitas privações e risco de morte. Mas elas também falam de superação, de esperança e de sonhos.

E, entre tantas histórias tristes e difíceis, um dos últimos capítulos do livro mostra como a ajuda de cada um é importante. Nele, conhecemos Jennifer, moradora da Pensilvânia, o estado que mais recebe refugiados nos Estados Unidos. Depois de ver a foto de um menino sírio de três anos sem vida no mar Egeu, imagem que rodou o mundo, ela sentiu que precisava fazer algo diante da maior crise humanitária que enfrentamos neste século. Então, ela passou a ser voluntária em uma organização religiosa que ajuda os refugiados a se instalarem no novo lar, recebendo uma família do Congo. Ao ter contato com a realidade deles, ficou ainda mais evidente para ela o quanto todos podemos ajudar, mesmo que seja com tempo e atenção. É isso que Malala reforça no epílogo, chamando a atenção para o quanto essa luta não é apenas dos refugiados, mas de todos os seres humanos.

“Faça o que puder. Saiba que compaixão é a chave. E que atos de generosidade, tanto grandes quanto pequenos, podem fazer a diferença e ajudar o mundo a se curar.”



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Ana Liberato