quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Resenha: "Como Eu Era Antes de Você" (Jojo Moyes)


Por Mary: Ei, pessoas! Habemus filme! 0/ Para os fãs - e também os que virarão fãs depois de lerem o livro - saibam que já foram escolhidos os atores para a adaptação cinematográfica da obra. Os atores escolhidos para Lou e Will são Emilia Clarke e Sam Claflin. Não sei vocês, mas eu pirei loucamente com a "Kaleesi" de Lou e já quero muito! Mas vamos ao que interessa? 
Como Eu Era Antes de Você pode ser encarado de diversas formas: uma história de amor, um drama familiar ou simplesmente um ficcional cotidiano. Mas, em verdade, não é assim. Mesclando ingredientes que, a priori, poderiam ser encarados como “comuns”, Jojo Moyes aborda temas complexos que nos leva a questionar até mesmo os nossos próprios valores acerca da vontade livre e consciente dos indivíduos de tomar suas próprias decisões e até que ponto chegamos por alguém que amamos. Há mesmo limites para ver o ser amado feliz?
A trama gira em torno de Louisa Clark, uma garçonete sem qualificação – e gosto muito peculiar para moda – recém-desempregada que é contratada pela família Traynor para ser cuidadora de Will, um ex-CEO mandão que ficou tetraplégico por conta de um acidente de moto e agora apresenta tendências depressivas, não aceitando de modo algum sua atual condição. 
Por vezes até cômica, a fim de imprimir leveza em determinadas situações, a autora aborda de forma bastante verossímil temas cotidianos na vida de quem perdeu os movimentos, como a dificuldade de adaptação dos deficientes físicos à sua nova vida, o preconceito das pessoas que rodeiam o tetra – sejam familiares, amigos ou desconhecidos –, os problemas de saúde oriundos da lesão na coluna e a má estrutura física das ruas para recepcionar os cadeirantes, tornando ainda mais difícil sua circulação pelas vias. Lembro que enquanto lia, pensei: Se em Londres é difícil, imagina só no Brasil? (Preconceito de minha parte, talvez. Mas todos nós somos conscientes das más condições da maioria das cidades de nosso país, infelizmente) 
A narrativa se dá em primeira pessoa, preponderantemente na visão de Lou. Contudo, em alguns momentos, a narrativa é transmitida para personagens secundários. Tal recurso é utilizado para esclarecer ideias das quais Louisa não poderia estar consciente. Apesar de, inicialmente, ser possível que se considere a ideia ser eventualmente confusa, a transmissão momentânea da narrativa é necessária e clara. Primeiro que tal mudança fica isolada em um capítulo só; e, segundo, que no início do capítulo se diz quem está narrando. A confusão pode ocorrer, porque o leitor se acostuma à mente da personagem protagonista. Ainda, haja vista que os personagens são bem distintos (O pai, a mãe de Will e o enfermeiro Nate, por exemplo), o equívoco não vai muito longe. E este é um acerto de Jojo Moyes: seus personagens não se confundem, tendo eles personalidades próprias que os distinguem na forma de narrar os acontecimentos. 
E falando nas personalidades dos personagens, eles são apaixonantes. À medida que a Lou é atrapalhada e excêntrica, Will Traynor é ácido e irônico. E isso, de algum modo, os completa. Ela tenta fazer com que ele se adapte e aceite a sua nova vida, enquanto ele faz com que ela corra atrás dos seus sonhos, não se contentando só com o que tem. Em uma relação conturbada e, a princípio, bastante difícil, um ajuda a curar as feridas do outro. E este é outro acerto de Jojo: ambos tem feridas abertas que precisam ser curadas. Will não é só o “coitadinho deficiente físico”. Will é um homem forte, educado, cavalheiro e... bem teimoso. 
Talvez seja justamente essa determinação característica de Will crucial para o que desencadeia o principal conflito da obra. É difícil abordar um tema tão delicado sem deixar escapar spoilers. Mas vamos lá, afinal, não se pode falar de Como Eu Era Antes de Você sem mencionar o assunto. No início, ficamos tão chocados com a decisão de Will quanto a própria Lou. Todavia, a Jojo administra o conflito de forma magistral, a tal ponto que, por fim, ficamos em dúvida acerca de nossos próprios valores. Isto é, de forma sutil, a autora põe em cheque ideias que acreditávamos acertadas. 
Veja bem, não estou dizendo que vamos mudar de ideia e passar a concordar com a solução proposta pela Jojo. Eu mesma tenho meus próprios conceitos e reservas sobre o assunto. Porém, indiscutivelmente, somos levados a reavaliar o que fazemos pelas pessoas que amamos e como, muitas vezes – e por mais que soframos muito com isso –, somos capazes de passar por cima dos nossos próprios valores em nome da felicidade do ser amado. 
Confuso, não? Acho que você vai precisar ler Como Eu Era Antes de Você para entender o que eu quis dizer nestes últimos parágrafos. Assim como eu, você provavelmente vai querer matar a pessoa que te indicou este livro (que, nesse caso, pode ter sido eu), mas vai querer muito abraçar essa mesma pessoa. Como Eu Era Antes de Você é o tipo de livro que você odeia amar, mas que também não pode deixar de ler, porque realmente vale a pena. De verdade.  
“Você está marcada no meu coração, Clark. Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas, suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente.”
 P. S. Não resisto e deixo uma foto da primeira leitura dos atores na preparação para o filme.

2 comentários

  1. Sem mais, o livro é um amor. Daqueles que te deixam com uma gostosa ressaca literária. Sabe aquele livro que você quer ler ate acabar em alguns poucos minutos, mas não quer que ele termine? Como Eu Era Antes de Você te fazer querer viver, querer ser alguém especial para alguém.
    É muito amor.
    A Mary falou tudo, só esqueceu de um detalhe: Vocês irão chorar muito.
    Livro digno de TOP 3.
    Beijos!

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Ana Liberato