sexta-feira, 2 de junho de 2017

Resenha: “Mercadora de Ilusões (O Reino de Cordina, Vol. 2)” (Nora Roberts)

Tradução de: Deborah Barros

*Por Mary*: Esta é uma resenha que fico muito feliz de trazer, porque eu tinha muita vontade de conhecer esta autora tão famosa e aclamada nacional e internacionalmente.

Não é de hoje que as pessoas me perguntam: “Mary, o que você acha de Nora Roberts?”. E a minha resposta era sempre a mesma, de não conhecer e, portanto, não poder opinar sobre ela.

Dia desses, entrando nas Lojas Americanas do meu bairro, encontrei uma prateleira IN-TEI-RA recheada com livros de Nora Roberts, sob a bagatela de R$ 4,99. E aí juntou a fome com a vontade de comer.

Porém, não me liguei que os livros pertenciam a séries – e mesmo que tivesse notado, não poderia saber a ordem, já que não está identificado nas capas –, então acabei comprando aleatoriamente.

De qualquer modo, não dá para ficar perdido, fique tranquilo. São tramas independentes e que, apesar de se interligarem, utilizam mecanismos para localizar o leitor dentro da história, ainda que ele tenha perdido uma ou outra informação.
- Você prefere que eu seja rude?
- Prefiro o esperado.
- Eu também. – Alguma coisa surgiu nos olhos dele e desapareceu rapidamente. Se aquilo fosse um desafio, Eve prometeu a si mesma que era um ao qual nunca responderia. – O esperado nem sempre acontece. E, algumas vezes, o inesperado é mais interessante.
- Interessante para alguns, desconfortável para outros.
Em Mercadora de Ilusões, Eve volta a Cordina, pequeno país europeu governado por uma monarquia, que conheceu anos atrás, quando sua irmã Chris ajudou a salvar a vida da princesa Gabriella. Anos depois, agora mulher adulta e dona de uma companhia de teatro, Eve retorna ao palácio onde fez importantes amigos, a fim de se apresentar com quatro peças no Centro de Belas Artes em benefício da Organização de Ajuda às Crianças Deficientes.

Com seus amigos, reencontra Alexander, príncipe herdeiro da Casa de Cordina, primeiro na linha de sucessão ao trono, por quem nutriu uma paixão platônica na juventude, da qual agora garante a si mesma estar curada. Eve é surpreendida, entretanto, pelo súbito interesse de Alexander, após sucessivos anos de rejeição e olhares reprovadores.

A elétrica atração que emerge sempre que estão juntos dá indício de que, talvez, a paixão platônica não fora inteiramente curada, assim como a rejeição era reflexo de mais coisas do que Eve poderia interpretar. Apesar disso, viver um amor ao lado de Alexander não é simplesmente namorar um amigo da família, mas atrair para si as responsabilidades inerentes ao comando de um país, e também enfrentar inimigos dispostos a tudo para acabar com a Família Real de Cordina.
- É tão difícil pensar em mim como um homem de carne e osso?
- Não, eu... sim. – Ela estava sem fôlego. O ar no estábulo, de repente, era sufocante. – Preciso encontrar Bennett.
- Não dessa vez. – Alexander a puxou para mais perto, sem se importar com quem era, com o que se esperava dele.
- Diga meu nome. Agora.
Havia um brilho dourado nos olhos dele. Eve nunca tinha visto aquilo antes, nunca se permitira ver. Agora, quando a luz estava mais fraca, não podia ver outra coisa.
- Alexander. – Ela falou, num sussurro. Um calor o inundou como lava.
- De novo.
- Alexander. – ela sussurrou, então pressionou a boca contra a dele, como desespero.
Com uma narração em terceira pessoa, por meio de narrador onisciente, Nora Roberts apresenta seu leitor às paisagens clássicas de Cordina, um pequeno país encravado na Europa. Havia algum tempo que eu não topava com um livro de narrador onisciente, confesso que estava desacostumada. É interessante estar em uma posição que tudo sabe e vê; por outro lado, entretanto, às vezes é agradável segurar um pouco as informações, para recebê-las – ou descobri-las, o que é melhor ainda – aos poucos.

Creio que apenas um livro não é suficiente para formar uma opinião, muito menos dar um parecer, a respeito de um autor. Ainda assim, arrisco dizer que a escrita de Nora Roberts me lembrou da fluidez hipnótica de Cecelia Ahern, com um curioso misto à intensidade poética de Jojo Moyes. Só que mais intenso. Muito mais intenso.

Mais de uma vez, me vi inteiramente arrepiada com a eletricidade persistente nos encontros de Alexander e Eve. Arrepiada de verdade, sabe? Com os pelos do corpo todos em pé. E não digo isso de uma forma erótica. Não é isso. Me refiro muito mais a uma chama intrínseca que consome não só os protagonistas da trama, mas também – e principalmente – a pessoa que manuseia as páginas de Mercadora de Ilusões.
- Eu nunca disse que tinha sentimentos – murmurou Eve lentamente. – Mas, suponhamos, para efeito dessa discussão, que eu tivesse. Alexander é totalmente inadequado para mim. Ademais, também sou para ele. Tenho uma carreira, que é muito importante para mim. Tenho laços em outro país. Gosto de fazer as coisas quando e como escolho, sem ponderar como isso vai parecer aos olhos da imprensa. Nunca lidei bem com regras, o que provei não tendo um desempenho exemplar na escola. Alexander vive de acordo com regras. Precisa viver.
- Verdade. – Gabriella assentiu enquanto dava um gole no café. – Sabe, Eve, seus argumentos são perfeitamente válidos.
- São? – Havia uma pequena sensação de desconforto no estômago. Ela lutou contra isso e falou, com mais firmeza. – Sim, eles são.
A respeito do título do livro, preciso fazer um adendo à falta de relação com a trama. Bem, eu não consegui encontrar, pelo menos. Cheguei a acreditar que seria o nome de alguma das peças autorais de Eve, mas, se for, não ficou claro. Se alguém aí tiver uma explicação, eu aceito! Me conte aqui nos comentários.

E se você anseia por uma leitura intensa, poética, eletrizante, que não deve em nada no quesito aventura, e muito menos deixa o romance de lado, Mercadora de Ilusões é a pedida certa! Com o plus de ser uma edição de bolso, que você pode guardar em qualquer cantinho para devorar nas horas vagas – se você conseguir ler só nas horas vagas...
- Há poucas pessoas para quem você pode abrir seu coração. Abrir completamente. Quando encontrar uma mulher para compartilhar a vida, não esconda nada dela. Os ombros de uma mulher são fortes. Use-os.
- Eu quero protegê-la.
- É claro. Fazer uma coisa não significa não fazer a outra. Tenho algo para você. – Ele saiu da biblioteca através da porta que conectava com seu escritório. Momentos depois voltou com uma pequena caixa de veludo preto. Segurou com firmeza na mão enquanto se aproximava do filho.
- Imaginei o que sentiria quando eu lhe desse isto. – Ele olhou para a caixinha na mão. – Sinto pesar por ser meu para dar novamente, e orgulho por ter um filho para quem dar. – Suas emoções, sempre tão controladas, subiram à superfície e foram combatidas. – Sinto prazer, porque meu filho é um homem que posso respeitar, e não apenas um garoto que amo.

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Ana Liberato