sexta-feira, 31 de março de 2017

Resenha: "Jantar Secreto" (Raphael Montes)



Por Sheila: Oi pessoas! Tudo tranquilo? Resenha de nacional hoje e que nacional! Povo tupiniquim arrasando e mostrando que best seller não é coisa só de gringo não.

Mesmo suspense, terror e horror sendo os meu gêneros favoritos, e eu já tendo ouvido falar bastante no Raphael Monte, nunca havia tido a oportunidade de ler nenhum dos seus livros até estar com "Jantar Secreto" em mãos.

Pois bem, o livro irá narrar a história de quatro jovens, Dante, Hugo, Leitão (sobrenome, mas que no livro terá duplo sentido) e Miguel. Vindos do interior do Paraná  para o Rio de Janeiro para tentar uma vida de independência e sucesso nas carreiras que escolheram, eles logo descobrem que a vida na cidade grande, mesmo com um diploma universitário, não é tão fácil assim.

Mas me adiantei um pouco. Para que vocês possam entender um pouco como toda a confusão começou, vocês precisam saber que a peregrinação por um lugar para ficar que fosse agradável e acessível foi bastante árdua.

Era incrível a quantidade de imóveis velhos, decrépitos, fedidos e quase contaminados que as pessoas ofereciam para alugar. Em quatro dias na cidade, visitamos muquifos inimagináveis. Enquanto os blocos de Carnaval lotavam as ruas de alegria e barulho, nós murchávamos de desgosto. Morar na Zona Sul do Rio de Janeiro era como morar num castelo europeu ou num resort nos lagos andinos: estava fora de nossa realidade.

O narrador desta história é Dante, um futuro graduado em administração que acreditou que seu trabalho em uma livraria era temporário, mas que não contava com a crise, ou com outros problemas no caminho que o impediriam de ser um sucesso em sua carreira - o que os inúmeros livros de auto ajuda que lera esqueceram de contar.

O mesmo acaba morando com seus amigos de infância e, agora, colegas de apartamento, todos com as mesmas dificuldades, claro que com algumas nuances: Hugo é um excelente chefe de cozinha, mas parece que é principalmente sua arrogância o que lhe impediu de ascender na carreira; Miguel é médico, fazendo residência, ou seja, se a coisa toda tivesse estourado em dois ou três anos talvez o desfecho dessa história teria sido diferente. E Leitão ... bom, Leitão faz jus a seu nome, obeso, hacker, desistiu  da faculdade e passa o dia todo vendo pornô, comendo e aplicando golpes na internet.

O problema realmente começa quando os amigos resolvem fazer uma aparente "boa ação" para Leitão em seu aniversário: contratar uma prostituta, já que acreditam que ele ainda seja Virgem. Acontece que, devido a obesidade de Leitão, isso não foi fácil de encontrar, cabendo  a Dante realizar uma peregrinação atrás de uma mulher disposta a aceitar a tarefa.

Tudo parecia ir bem, sendo que as "visitas" de Cora à Leitão passaram a ser frequentes. O que ninguém se perguntou, foi de onde Leitão estava tirando tanto dinheiro para sustentar esse estilo de vida e, para o leitor atento, faz todo o sentido que a imobiliária ligue para Dante cobrando seis meses de aluguel atrasado.

Acabamos descobrindo que Leitão tem um passado obscuro e uma dificuldade de aceitação da realidade, o que explica por que os amigos relevam seu estilo de vida nada convencional e prático, bem como mais essa grande "mancada" e tentam se organizar para pagar a dívida com a imobiliária para não precisarem abrir mão do apartamento.

É aqui que as coisas começam a ficar surreais ... pensando em copiar iniciativa que existe nos países gringos, de abrir a casa à estrangeiros e pessoas que queiram provar a comida local, eles se inscrevem em um site que propicia este tipo de experiência, cabendo a Hugo preparar a comida, Dante recepcionar, Miguel comprar os ingredientes e Leitão - mais uma vez Leitão - lidar com tudo que dissesse repeito à área da informática.

Digamos que Leitão resolve oferecer um prato um tanto quanto exótico no primeiro jantar. Aliás, exótico demais. A forma como os amigos acabam embarcando por este caminho, e enveredando por um mundo de drogas, crimes, corrupção e degradação moral, é o que compõe o restante da narrativa deste Thriller psicológico repleto de humor negro e ironia.
Na madrugada do dia 18 de junho de 2016, um homem entra na 15ª DP do Rio de Janeiro, no bairro do Jardim Botânico, e pede para falar com o delegado de plantão. Suas mãos tremem, mas ele mantém o olhar firme. Veste um smoking ensopado de sangue."Você está bem?", perguntam os policiais. "Esta ferido?"O homem insiste em conversar com o delegado de plantão."Senhor, o que aconteceu? Vou chamar uma ambulancia.""Vim confessar o que fizemos."

É interessante que o horror presente nas descrições vem justamente de percebermos o quanto o ser humano pode mergulhar no crime e degradação moral quando a questão é dinheiro, e como coisas consideradas imorais e indefensáveis podem se tornar aceitáveis quando nos cobrimos com um discurso de negação e racionalização dos fatos.

Dante é meu nome. Preciso que não se esqueça disso. Mesmo quando chegar à metade dessa história, quando souber o que aconteceu e concluir que sou um filho da puta, um monstro sem coração, preciso que não se esqueça: meu nome é Dante e eu era um cara legal. Você provavelmente quer saber como tudo começou. Se não for o tipo de pessoa que se impressiona à toa, posso te contar os detalhes.

Um livro para ser lido todo de uma vez, cheio de aventura, suspense, cenas e situações inusitadas e, se você não é um sociopata, asco, mas muito asco mesmo. Cenas fortes e muito bem descritas que podem causar muito incômodo. Uma dica: não leia antes das refeições, principalmente se você pretender comer carne.

Recomendo! Abraços e até a próxima!

Curta o Dear Book no Facebook
Siga o @dear_book no Twitter e o @dearbookbr no Insta

Confira os melhores preços no Buscapé:


0 comentários

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós! Pode parecer clichê, mas não é. Queremos muito saber o que achou do post, por isso deixe um comentário!

Além de nos dar um feedback sobre o conteúdo, contribui para melhorarmos sempre! ;D

Quer entrar em contato conosco? Nosso email é dear.book@hotmail.com

 
Ana Liberato