segunda-feira, 21 de maio de 2018

Resenha: "O Jardim de Ossos" (Tess Gerritsen)

Tradução: Alexandre Raposo

Por Sheila: Oi pessoas! Trago a vocês hoje um suspense policial com ares de fantasia que eu queria ler a muitooooooo tempo, mas sempre acabava colocando adiante na fila de leitura.

Como Tess era médica antes de se tornar escritora, seus livros muitas vezes envolvem médicos, e suas descrições das questões relativas a esse ofício são precisas, sem ser maçantes em momento algum.

No início do livro, somos apresentados a Julia Hamil, e Julia só queria plantar um belo jardim. Recém saída de um divórcio doloroso, Julia compra uma propriedade com um espaço amplo e começa a sozinha construir esse novo espaço, só seu.

O que Julia não esperava, era que em seu futuro jardim encontraria ossos. Pelo jeito muito antigos. A moradora anterior da casa que adquiriu, que já estava em seus avançados 92 anos, foi encontrada algumas semanas depois do óbito, também nesse mesmo quintal, parcialmente comida por animais. Ou seja, não é seu o corpo que Julia encontra acidentalmente. Então de quem seria?

Júlia estava junto à janela, olhando para os diversos montes de terra que haviam brotado como pequenos vulcões no quintal. Nos últimos três dias, uma equipe de perícia médica praticamente acampara em seu terreno. Agora ela estava tão acostumada a tê-los entrando e saindo de sua casa para usar o banheiro que sentiria falta deles quando terminassem as escavações e a deixassem em paz naquela casa com sua história, suas vigas entalhadas à mão... e seus fantasmas.

Paralelamente a este mistério, o autora também irá no contar sobre as agruras de Rose, uma imigrante Irlandesa que está acompanhando o difícil parto de sua irmã. Muito pobres, estão no hospital da cidade de forma beneficente e, em meio a sua dor, apenas o estudante de medicina Norris Marshall parece conseguir olhar para ela e ver mais do que uma simples garota tola.

A morte chegou com o doce tilintar de sinos. Rose Connolly aprendera a temer aquele som, pois já o ouvira diversas vezes enquanto se sentava junto à cama da irmã, Aurnia, enxugando-lhe a testa, segurando-lhe a mão ou oferecendo-lhe goles de água. Todo dia aqueles malditos sinos tocados pelos acólitos anunciavam a chegada do padre na enfermaria para ministrar o sacramento da extrema-unção. Embora tivesse apenas 17 anos, Rose já vira uma vida inteira de tragédias nos últimos cinco dias.

No ano de 1830, Rose precisa lidar com a xenofobia de Boston, que vê a si e sua irmã como descartáveis ou com grande desconfiança, enquanto Norris precisa lidar com o fato de ser um estudante de medicina pobre, não imigrante, mas de uma certa forma também um estrangeiro nesse círculo social, o que talvez acabe por fazer com que a empatia por Rose se manifeste.

No relato do passado, iremos lidar com o Estripador de West End, tramas macabras, visitas a lugares lúgubres como cemitérios, roubo de cadáveres, assassinatos, salas de necropsia, dentre outros, que irão progressivamente nos levando a explicações sobre a quem pertencera a casa de Julia num passado longínquo, e claro, de quem era o corpo por ela descoberto.

"O Jardim de Ossos" é uma mistura de romance histórico com romance policial e pitadas de fantasia, que conta com uma escrita extraordinária, que acaba por nos envolver por completo. Não há como acompanhar a excitação das descobertas de Julia sobre os acontecimentos do passado, enquanto também usa o que descobre para re-significar sua vida de recém divorciada.

Com toques de suspense e reviravoltas de tirar o fôlego, Tess Gerritsen consegue nos fazer sentir o que sentem os personagens, ao acompanhá-los em suas tragédias particulares, e tecer um fio intrincado de situações e enigmas com um final que nos surpreende, mesmo que não seja talvez o mais bonito.

Sua engenhosidade para juntar cada uma das peças desse grande quebra-cabeça, revelando-o ao leitor aos poucos, bem como aos personagens, é totalmente admirável, fazendo com que cada minuto e cada página façam sentido dentro da trama.

Recomendo!

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Ana Liberato