sexta-feira, 25 de maio de 2018

Resenha: "A Colônia" (Ezekiel Boone)

Tradução: Leonardo Alves

Por Sheila: Oi pessoas! Quem ai, como eu, tem pavorrrr desses seres rastejantes de oito patas???? Confesso que foi com muita, mas muiiiiita relutância que comecei a ler A Colônia. Não por que esperava que a leitura não valesse a pena. Mas por medo de depois não conseguir dormir à noite mesmo.

Apesar do autor no início fazer um pouco de suspense, narrando ataques em diferentes partes do mundo por meio de seres pretos, que se movimentam como um rio e devoram tudo em seu caminho, nós já sabemos que se tratam de aranhas - por causa da capa não é? Nenhuma novidade aí.

Mesmo assim, o estilo da narrativa de Boone me faz lembrar de Stephen King em alguns momentos, com seus vários personagens, todos de alguma forma interligados pela mesma tragédia/momento apocalíptico em comum, todos alheios da existência uns dos outros, mas com mundos prestes a convergir de um jeito ou de outro.

Nossa história começa no Peru, com um bilionário acima do peso, suas três modelos semifamosas/acompanhantes do momento, um guarda costas zeloso e um guia, Miguel, que já teve dias melhores. Nas selvas do Peru, ele esta acostumado a ter que lidar com grupos de turistas que ele considera estúpidos, mas se sente particularmente cansado nesse dia.

Além de suspeitar que sua namorada o está traindo, ele precisa parar o passeio do grupo peculiar que o acompanha a cada 20 minutos mais ou menos, não só por que o ricaço gordo parece não conseguir acompanhar o ritmo do restante do grupo, mas por que este também parece estar tendo problemas em manter a comida dentro de si, tendo que parar constantemente para se aliviar aos lados da trilha que seguem.

Talvez por seus problemas pessoais, não presta muita atenção ao fato da floresta estar tão silenciosa, ou na ausência até mesmo de insetos, o que distrairia um pouco seus turistas. Mal sabe ele que esta prestes a lidar com uma situação inusitada - e, infelizmente, fatal - e que seus problemas anteriores estão prestes a se tornar irrelevantes.

Até os pássaros estavam quietos. Ele tentou prestar mais atenção, e então ouviu alguma coisa. Sons ritmados. Folhas esmagadas. Quando se deu conta do que era, um homem apareceu de repente no ponto onde a trilha desaparecia em uma curva. Até mesmo a cem metros de distância, estava nítido que havia algo errado. O homem viu Miguel e gritou, mas Miguel não entendeu as palavras. O homem então olhou para trás e, ao virar a cabeça, tropeçou e tombou com força. Algo que parecia um rio preto surgiu de repente atrás dele. O homem só conseguiu ficar de joelhos antes de a massa escura o cercar e cobrir. Miguel deu alguns passos para trás, mas percebeu que não queria se virar.

Ao mesmo tempo, o autor nos apresentará a outros lugares e personagens que irão, aos poucos, fazendo parte dessa trama envolvendo aracnídeas assassinas sedentas de sangue: 

Manny e Steph estão na Casa Branca. Ela é a primeira presidente mulher dos Estados Unidos; ele é um amigo, que virou amante, que casou - e depois se separou - com uma bióloga que será também importante na trama, que virou político e novamente amante de Steph  e agora tenta ajudá-la a descobrir como alguns incidentes isolados parecem estar intimamente conectados. 

Mike Rich é um agente do serviço secreto com dificuldades em aceitar o divórcio e, mais ainda, o fato de que sua ex-mulher quer mudar o sobrenome de Annie, a filhinha deles de 09 anos. Quando ele precisa investigar um avião que caiu de forma misteriosa, ele é o primeiro a notar que a aranha que encontra não parece ser uma aranha comum, e a capturar uma delas viva.

... ele já estava virado de novo para o corpo de Henderson, torcendo para que aquilo saindo do rosto do cadáver fosse só uma ilusão causada pelas sombras. Não era. Mike estava vendo claramente. Era uma aranha, e três quartos do corpo peludo do tamanho de uma bola de golfe estavam se arrastando para fora do rosto de Henderson por um buraco na parte superior da bochecha direita. Mike sentia a mão latejar, e agora o sangue gotejava livremente. Os únicos sons dentro do avião eram a respiração de Mike e o esforço da aranha para sair do rosto de Henderson. Parecia… Ah, merda. Parecia som de mastigação. Mike sentiu ânsia de novo e não conseguiu se conter. Saiu correndo até a abertura por onde tinha entrado no jatinho, apoiou a mão boa na lataria, se inclinou para fora e despejou o que restava do almoço.

Já Melanie é uma especialista nessas pequenas aracnídeas e tem por elas um fascínio arrebatador. Assim, no início parece uma surpresa agradável que um amigo de sua pós graduanda, do Peru, envie para seu laboratório uma bolsa de ovos que parece ter quase dez mil anos e, muito estranhamente, estar viva e prestes a eclodir.

Além disso, teremos vários outros personagens que, de maneira maior ou menor, irão contribuir para encher a narrativa, não por que sua história particular os tornem personagens principais, mas por que são peças importantes de um quebra-cabeça que vamos construindo até que finalmente possamos ter uma idéia geral do que está acontecendo com um mundo.

"A Colônia" é um livro angustiante aos aracno fóbicos, e eletrizante para quem curte uma boa narrativa de cenários apocalípticos. Haverá muito suspense, ação, enquanto o autor vai contando pedacinho por pedacinho do que esta acontecendo, sendo que vamos descobrindo um pouco junto com os personagens e no desenrolar da história.

Apesar do tema "aranhas do mal" já ter sido bastante explorado, principalmente por Hollywood, a escrita de Boone consegue ter uma originalidade inquietante, e uma narrativa que prende o leitor do início ao fim e o faz ficar desejando por mais.

Este é o primeiro livro de uma trilogia, e muitas pessoas criticaram bastante o final muito aberto, mas como o segundo livro, "A Expansão", já foi lançado, e pretendo emendar uma leitura na outra, não fiquei assim tão decepcionada. Recomendo com ressalvas, algumas descrições são bem explícitas e se você tem muiiiitooo medo de aranhas, não leia. Sério.

Forte Abraço!

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Ana Liberato