segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resenha: A Caderneta Vermelha (Antoine Laurain)


Tradução de Joana Angélica d’Ávila Melo

Por Kleris: Já mencionei em alguma resenha daqui do blog que livros que abordam algo do próprio encanto da literatura me fascinam – afinal, você já chega com um pezinho companheiro, senão curioso, pelos hábitos de leitura dos personagens, e isso se revela ser (na maioria das vezes) aquele diferencial que eleva a leitura ao arco gostosinho de um arco-íris. Mas não foi dessa vez que me seduziu.

Em A Caderneta Vermelha, temos esse pequeno objeto que garante o mistério da trama. Laurent acha a bolsa de uma mulher na rua e presume, pelo que aparenta, que essa moça foi roubada. Isso lhe chama a atenção a ponto de ele mesmo tentar resolver o quebra-cabeça, mesmo que as pistas, partindo de objetos aleatórios da bolsa (como a caderneta), sejam as mínimas possíveis. Claro ou com certeza Laurent se vê encantado pelo que vai descobrindo da moça?! 
Procurar uma mulher para lhe devolver uma bolsa era uma coisa, instalar-se na casa dela, em sua ausência, com seu gato sobre os joelhos, era outra.

À distância você também deve imaginar que esse livro parece simples demais, certo? Pois é, não só parece como é. O mistério, aliás, é entregue praticamente no primeiro capítulo. Como os capítulos são bem curtos, a leitura se dá bem rápida. Tanto os clichês como estereótipos seguem seu caminho natural, sem muitas surpresas, sem muita novidade.

O que me incomodou foi como a história foi contada. O narrador não parecia saber se posicionar, situações e conversas se atropelam, os personagens não nos conquistam e toda a trama poderia ter acontecido no meu bairro sem qualquer alteração. O que quero dizer é que, como os citados clichês rítmicos e românticos, não vi qualquer valorização que nos fizesse flutuar pela história.

A Caderneta Vermelha é um livro bem razoável e até ingênuo. A escrita é fluída, não é de todo forçada, mas segue muito a vibe dos “meios para um fim”. Ao ver que o autor é mais ligado ao cinema, roteirista e diretor, posso entender um pouco de suas escolhas.

Sendo uma leitura de “uma tacada só”, não é uma história para se apegar. Mas se é açúcar o que você procura, senão algo pra destravar uma ressaca literária e passar um tempinho, vá em frente. Eu leria algo mais do escritor – ele foi premiado na França e teve até seu trabalho adaptado para a TV – só não iria com muitas expectativas.

Até a próxima! 
Bebeu mais um gole de vinho, com a nítida impressão de que ia cometer um ato proibido. Uma transgressão. Um homem não remexe a bolsa de uma mulher – até os povos mais ancestrais deviam obedecer a essa regra ancestral.


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Ana Liberato