segunda-feira, 4 de junho de 2018

Resenha: "Estamos Bem" (Nina LaCour)


Tradução de Regiane Winarski

Por Stephanie: Estamos Bem, de Nina LaCour, é pura e simplesmente um livro sobre solidão. Aquela sensação que todos nós conhecemos e nem sempre gostamos, mas que por muitas vezes é necessária em momentos específicos de nossas vidas.

Marin é uma garota que terminou o ensino médio recentemente e acabou de perder seu avô. Sua mãe também faleceu quando ela era pequena, portanto esta perda recente faz com que ela se sinta sem nenhuma família. Por isso ela decide ir para faculdade alguns meses antes do previsto e, após este período, acaba se isolando no alojamento ao final do primeiro semestre letivo, já que teoricamente não há ninguém para quem ela possa retornar nas festas de fim de ano. A obra aborda os três dias em que Marin recebe a visita de sua melhor amiga no alojamento para tentarem resolver suas pendências pessoais e emocionais. Tudo isso enquanto a própria Marin lida com seu luto e sua sexualidade ainda mal compreendida.

Eu me pergunto se tem uma corrente secreta que une as pessoas que perderam alguma coisa. Não da forma que todo mundo perde alguma coisa, mas da forma que destrói sua vida, te destrói, e quando você olha para o próprio rosto, não parece mais seu.

A narrativa de Nina LaCour nos leva pelo passado da protagonista, em seu último verão com seu avô e seus amigos antes da faculdade começar. Os capítulos alternam entre presente e passado, nos mostrando o contraste da vida de Marin e como tudo era simples e feliz antes de seu avô falecer. O presente é repleto de melancolia e, claro, solidão. Sentimos o peso de se estar completamente sozinho, em uma vida bem diferente daquela que se conhecia.

Apesar de curta, a história de Estamos Bem é profunda e nos traz muitas reflexões sobre o autoconhecimento e como precisamos da solidão para o alcançarmos. Marin tem um fluxo de pensamentos constante sobre sua situação atual e sobre quem ela é e quem poderá ser daqui pra frente, e o encontro com Mabel só a faz sentir ainda mais melancólica e até mais sozinha. Conseguimos ver com a clareza a profundidade da relação das duas e a ligação forte que ainda possuem, mesmo após ficarem tantos meses separadas.

Apesar de não concordar com boa parte das atitudes de Marin, principalmente em relação a Mabel, eu consegui sentir empatia por ela. Às vezes precisamos nos afastar de quem amamos para podermos nos compreender melhor e conseguir encontrar nosso lugar e nosso papel no mundo, e pra mim, foi isso que Marin fez.

A vida é fina e frágil como papel. Qualquer mudança repentina pode rasgá-la.

A relação de Marin com o avô é mostrada de maneira delicada, e é difícil não sentir um carinho especial por um velhinho tão fofo. Só não gostei muito de uma coisa: Marin parece cobrar muito dele e dar muito pouco em troca. E acho que isso pesa bastante no resultado final e na culpa que ela sente após o falecimento do avô. Apesar de essa cobrança dela não ser algo distante da realidade, gostaria que a relação deles tivesse sido mais próxima e mais recíproca. Teria me feito sentir mais o luto da personagem.

No geral, é uma leitura fácil e bem fluida, que em nenhum momento me deixou entediada, por mais que nada “grandioso” aconteça. Não há revelações inesperadas ou plot twists, nenhum momento em que esperamos por um clímax. Mas mesmo assim, no final de tudo, sentimos que acompanhamos algo maior e mais esclarecedor do que o que esperávamos.

Essa e outras resenhas vocês podem encontrar no meu blog, o Devaneios de Papel! Espero vocês por lá :)

Até a próxima!
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Ana Liberato