sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Resenha: “Lagoena – O diamante de fogo” (Laísa Couto)

Por Kleris: O diamante de fogo é um segundo passeio rápido (o primeiro foi O lenhador, a bruxa e a lua cheia, que você pode ler aqui) na fantasiosa Terra Secreta, um livreto que traz um conto com um dos personagens que Rheita e Kiel encontraram no primeiro livro de Lagoena – O portal dos desejos. Como mencionei na resenha anterior (reveja aqui), O portal dos desejos foi de um verdadeiro tour e primeiro passo para os mistérios deste mundo que Laísa Couto bem criou, e em O diamante de Fogo, isso fica claro, aliás, claríssimo que o que Lagoena mais tem é história pra contar e Laísa, muito para escrever.

Neste spin-off em especial, o mago Zagut é intimado para uma aventura com o rei Amaz, cego em suas ambições. Desde o primeiro momento, a caçada pretensiosa por ouro parecia ser uma missão impossível e Zagut tentou de todas as maneiras avisar a Amaz o que aquele desejo intenso poderia trazer. Algo no fundo do mago, no entanto, lhe sussurrava que ele precisava ver o que havia por detrás deste tesouro. 
— Lamento, Amaz. Não posso fazer parte disso — Zagut passou a mão na testa úmida. Ao redor, Archotes nas paredes estalavam. — Você colocaria a vida dos seus homens em risco por mero capricho?
— É dever do rei para com seu povo desbravar aquelas montanhas, mago! Meus antepassados cometeram o erro de não pisar em cada solo de Lagoena.
— Esse erro se chama prudência, Amaz! – rebateu Zagut, agora encarando o homem que lhe falava às costas.

Em O diamante de fogo senti que Laísa manteve sua essência e estilo poético. Ao passo que adentramos Lagoena junto à comitiva do rei, nos embrenhamos novamente em questões de virtudes e vícios, ambições e equívocos. Zagut é um mago de sabedorias, que usa a experiência e conhecimento a seu favor, ao contrário de Amaz, que se deixa vencer fácil pela ganância e teimosia. Juntos eles funcionam bem, mas Zagut, intrigante que é, não entrega tudo de bandeja – o que pode ser muito bom para si e muito ruim para quem possa entrar em seu caminho. 
A escuridão condensava o ar e grudava na pele como pinche. Havia algo muito antigo sob aquelas montanhas, um segredo profundo, memórias que o passado consumiu durante dias e noites trevosas, o eco de um grito que há muito aconteceu. Ali era o silêncio estarrecedor que imperava como o único e verdadeiro rei, o murmúrio do rio já havia se perdido, agora só se escutavam o estalar dos próprios calcanhares.

Fico bastante impressionada como Laísa sabe nos colocar no lugar certo e oferecer, mesmo em tão poucas páginas, uma boa leitura imersiva. Ela tem uma capacidade caprichada e impecável de nos colocar dentro da ação, nos levando a uma visão estupenda do que se passa nas cenas. Gosto muito também de como ela conduz o mistério, como nos instiga e como deixa as pistas de uma maneira tão... despretensiosamente pretensiosa. Pra falar a verdade, nunca fui muito chegada no estilo da fantasia, mas não posso negar o quanto Lagoena tem esse “quê” de nos sugar tão facilmente. Imagino que não tenha leitor esse que passe por Lagoena e não fique encantado. 
— Vossa majestade precisa alertar seus homens; essa floresta é venenosa e com certeza as águas que passam por suas raízes também são, e alimentam seres famintos — alertou Zagut, os olhos perscrutando algum segredo na escuridão daquelas águas.
— Que tipo de criaturas? — perguntou Amaz, examinando o rio no alto de sua cabine, um pequeno compartimento sem muito luxo para um rei.
— As mais vis. — respondeu o mago, preocupado.
— Serpentes? Sereias? — Amaz riu. — Vamos, mago, esse lugar é muito quieto para oferecer algum perigo.
— É o silêncio que deve temer. [...]

Como prometido pela autora, o conto veio com uma pegada mais dark, explorando o outro lado dos personagens de Lagoena – Zagut, então, parece ter mais de dois lados para se contar. Achei interessante como o conto parece ser maior do que é. Em 22 páginas (curtíssimo!), Laísa fecha essa pequena trama com ares de suspense para qualquer curioso confabular. Embora a historieta seja bem enxuta, em nada diminui as pistas que Laísa jorra pelas páginas. Ler sobre certa chave me faz querer reviver tudo com Rheita e Kiel.
— Tem certeza de que é seguro?— Vossa majestade deveria saber que essa jornada pode ser tudo, menos segura.
Li O diamante de fogo em versão impressa (fanzine), um mimo que a autora distribuiu em um encontro especialíssimo no Clube do Livro Maranhão (veja mais aqui sobre o #LagoenaDay) e boatos fortíssimos que Laísa vai publicá-lo na Amazon até o fim do ano. Ficamos na espera! 

E para quem não sabe, Lagoena saiu da Editora Draco e pretende vir com tudo em futuro próximo. Saca a nova arte que a Laísa vem preparando: 



Ah! E não deixem de escutar uma entrevista com a autora lá no CabulosoCast <3 Rolou um bate-papo surpresa (aqui) bem bacana com impressões de leitores sobre O portal dos desejos – tem partes com e sem spoilers e com avisos pra você não se preocupar. Vale muito a pena!

Preciso dizer? Recomendadísssssimo :)

Espero que tenham gostado e voltem aqui assim que lerem os contos de Lagoena. 
— Você e seus segredos, Zagut.
— O que seria de um homem se não fossem seus segredos? Apenas um corpo sem alma — refletiu o mago, absorto em seus pensamentos.


Até a próxima! 

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Ana Liberato