quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Resenha: “Livre mente” (Isabela Xavier)

Por Kleris: Algumas leituras demandam da gente um sentimento certo, uma... necessidade. Poesia sempre foi assim comigo, vez que às vezes pode ser tão visceral ou íntima, que só compartilhando da mesma sensação para se ter o efeito certeiro – que é preenchermos as entrelinhas dos versos com nossas experiências.

Como ultimamente tenho feito alguns exercícios antiestresse, lembrei-me deste ebook da Isabela Xavier, que já havia lido faz um tempo. Versos, por assim dizer, são o tipo de coisa que mexem muito com a memória, tal qual a música. Na época de minha primeira leitura, sei que me identifiquei pouco, evocando mais da empatia, mas gostei da seleção de Livre mente; já nesta segunda leitura, sentei com Isabela e ela imprimiu em diversos poemas o que venho me dando conta. Sabe quando você pausa um pouco a vida para entender o que tá acontecendo? Que é preciso desacelerar? Desse jeito.


O que será que me espera para uma terceira leitura, né?

Gostei de como Isabela perpassou por sentimentos nobres e pobres de espírito. Como ela se detém a lampejos que se impregnam na nossa mente, e a gente se engana. Isabela não corre atrás do etéreo, nem do fantasioso; nem da crítica, tampouco do sentimentalismo, só do ser interior, que por si só, já se transborda. Um bem interessante é o Pessimismo da Esperança, que traz uma impressão controversa, nos levando ao outro lado da moeda: 

(Fuga)

Maldita esperança! 
Manipuladora, modifica minhas impressões 
Dissimulada, ignora as evidências contrárias   
Orgulhosa, nega-se a aceitar o não   
Mimada, não quer abandonar seu objeto de desejo 
Aproveitadora, arrebata-me no momento crucial   
E egoísta que é, arrasta-me comigo para o poço das ilusões   
Para mais tarde abandonar-me à própria sorte   
Quando chegarem as decepções

Noutros momentos pontua descobertas e lutas interiores: 
(Ao Luar)

[...]   
Permaneci imóvel, olhando fixamente 
Temendo o que momento se acabasse 
Que a paz sumisse de repente 
E a felicidade de dentro escapasse 

Caminhei, lentamente me afastando dali 
Gotas de chuva começaram um festim 
E sorri, percebendo a dádiva que recebi 
A paz tão desejada viera de dentro de mim  

E fugazes pensamentos: (Saudade)

Hoje 
Pensei que morreria   
De saudade 
De viver 
Possibilidades   
Impossíveis 
De reviver 
Lembranças   
Felizes   

Hoje 
Pensei que choraria 
Toda a dor 
A imensidão da dor 
Que cabe 
Na saudade   
Com a intenção   
De dissolver   
Em lágrimas 
A melancolia   
Estancada 

Falhei   
Em minha promessa 
De prender 
As lembranças   
Antes que elas   
Assaltem-me 
Quando percebi 
Voavam livres 
A me sufocar 

Hoje   
Consegui manter   
Mais uma vez 
Um pacto 
Que é só meu 
De ser firme 
Na escolha de 
Ser forte 
E de aguentar 
A força da correnteza 
Quando a represa   
Ameaça desmoronar  

(Incógnita)
(Prudente)

Resoluções: (Metade?)
Não, rapaz
Você não me completa   Porque eu já sou inteira
E não me falto
Eu me farto de mim
De você não me preencho, transbordo 






(Feito Pluma)
Os campos norte-coreanos são cinza guardo só pra mim :)
Abra este livro uma ou duas vezes. Leia um ou dois poemas.
Sinta uma ou duas vezes, antes de pensar: eu gosto de poesia? Eu gosto de poesia. Porque é impossível não gostar, quando a poesia lê você.

O ebook é bem organizadinho, de leitura rápida, e sua diagramação clean nos deixa uma boa sensação. A capa, linda da Marina Ávila, captura bem o sentimento que o livro guarda. Você pode encontrá-lo na Amazon (aqui) ou ler as primeiras páginas no Wattpad (aqui). Vale a pena ter as palavras da Isabela consigo. 

Para conhecer mais da autora, acesse:

Enfim, momentos de transição nos pedem uma compreensão que não temos, mas que precisamos fazer florescer e crescer. Se você entende do que tô falando, sabe o que procurar; se não entende, fica para uma próxima ;)

Deixe uma leitora filosofar...

“Não quero saber como as coisas se comportam.
Quero inventar comportamento para as coisas.
Li uma vez que a tarefa mais lídima da poesia
é de equivocar o sentido das palavras”
Manoel de Barros

Até a próxima!

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Ana Liberato