sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Resenha: “A vendedora de calcinhas usadas e outros profissionais” (Mariana de Lacerda)

Por Kleris: À primeira vista, logo imaginei um chick-lit tragicômico e lembrei de uma cena na série Younger, em que a personagem precisava urgentemente de dinheiro fácil e uma amiga deu a ideia de vender calcinhas usadas pra malucos pela internet. Para minha surpresa, era um ebook para além de uma comédia; é um drama de costumes.

Sinopse (skoob)
Na internet, podemos ser quem quisermos, ou até desaparecer por completo... 

O que fazer quando tudo dá errado? Assumir identidades falsas? Vegetar dentro de casa? Apelar para maneiras inconfessáveis de ganhar dinheiro? São todas soluções exploradas pelos quatro jovens retratados aqui, nem sempre com os melhores resultados. 

Marisa, aluna aplicada da faculdade de História da UFPE, é a única que tem metas bem definidas e vem conseguindo alcançá-las, sendo o elo de ligação entre os demais, ainda que nem sempre tenha consciência disso. Porque Recife é um ovo -- de codorna!

Mariana costurou quatro historietas sob o ideal de que todo mundo está, de algum modo, interligado, e todos os personagens constroem algum tipo de imagem alternativa de si mesmos oportunamente. Uma estudante atende malucos por calcinhas usadas, uma stalkeia pessoas reais para saber sobre suas vidas, outra é uma babá que inventa ser mãe do filho que cuida e outro é profissional de aluguel que investe no ramo de encher eventos sociais. 
Nem Delano, nem Marisa ou qualquer outro colega sabiam sobre o ganha-pão de Renata, e, no que dependesse dela, jamais saberiam. Quando o assunto vinha à baila nas rodas de conversa, dizia que recebia uma mesada dos pais e a complementava com algumas traduções aqui e ali. Essa resposta não é mentirosa, dizia a si mesma, apenas atrasada uns dois anos. Sim, era como ela se mantinha antes. Às vezes, respondia que era artesã, e ria internamente da piada. Havia alguma verdade na declaração, pois ela criava um a um os objetos que vendia. 
Sentia-se deusa onisciente de quem nada poderiam esconder. Não tinha controle sobre a própria vida, mas tinha o poder sobre aquelas: com alguns prints, links e frases, reputações iriam rolar. No entanto, suas vítimas nada tinham a temer; estavam seguras com ela, cúmplice benevolente. Denúncias não a interessavam, bastava-lhe observar a comédia humana.

Achei super legal como Mariana soube arquitetar e contar cada história, sem ser cansativa, nem óbvia demais. Aliás, com pequenos mistérios e suspense, ela nos instiga a ler bem rapidinho e passar as páginas pra descobrir o desenrolar. O recurso por ela utilizado (que tem sido bem comentado por conta da série Justiça, da Tv Globo) não é nada novo, porém ainda incomum e foi um ponto bem interessante para nos apresentar os núcleos. Gostaria de ver mais uma dose desse Recife, com mais histórias desses personagens. Fica a dica, Mariana! 
À noite é que vivia de verdade. Quando, por volta de sete horas, sentava-se diante da tela do computador, assumia outra identidade, para ela a única verdadeira, a única que lhe interessava: a de Alessandra Chapman. 
Descobrira que sua aparência poderia ser comercializada com mais lucro que suas habilidades ou seu trabalho. Isso o surpreendeu, visto que, até aquele dia, sua beleza nunca lhe trouxera qualquer vantagem, só aumentara sua impopularidade.

Curti muito o ritmo de leitura, as sacadas da história e a simplicidade com que Mariana escreve – demonstra que vale a pena acompanhar a autora (veja mais trabalhos dela aqui e acompanhe a page aqui). Se você procura algo leve, breve, divertido e despretensioso, cola lá na Mariana ;)

Só me resta a dúvida: considero um livreto de quatro contos interligados ou mesmo uma noveleta de quatro capítulos? Me diga você.

Para comprar o ebook, acesse

Espero que gostem. Até a próxima!
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Ana Liberato