quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Resenha: "Viagens de Gulliver" (Jonathan Swift)



Tradução: Teotonio Simões
Por Marianne: Todo apaixonado por algum tema específico como literatura, cinema ou gastronomia sabe que sempre existe a famigerada lista de “clássicos obrigatórios”. Eu sempre tive um enorme preconceito com os tais clássicos obrigatórios. Afinal, quem vai me obrigar? Obrigatório por quê?
   É ai que a gente vai amadurecendo e entende que os tais clássicos obrigatórios na verdade tem esse nome “obrigatório” não porque você é OBRIGADO POR LEI a conhecê-los. Mas por que esses livros — e é claro que aqui vamos falar apenas do segmento literário, afinal, o blog é disso — influenciaram de alguma maneira a forma de se contar histórias, a literatura em si como ela é hoje.

— Ora, quando o senhor fala que se chama mentir, dá-me a compreender o que não se pensa: em vez de me dizer o que é, não fala, só abre a boca para articular sons vãos, não me tira da ignorância, aumenta-a.

   Tal é a ideia que os huyhnhnms têm da faculdade de mentir, que nós, homens, possuímos num grau tão perfeito e tão iminente.

   Descobri Viagens de Gulliver disponível na biblioteca gratuita da Amazon e não perdi tempo. Alias, fica a dica, mesmo pra quem não tem Kindle a Amazon tem o app do Kindle que você pode baixar no celular ou tablet. Eu usei muito antes de ter um e-reader pra chamar de meu, e a biblioteca gratuita da Amazon é uma perdição!!!
   O livro foi escrito pelo irlandês Jonathan Swift em lançado oficialmente em 1892. É narrado em primeira pessoa pelo médico e capitão Lemuel Gulliver, como um diário de viagem que descreve em detalhes as leis, o comportamento social e as características geográficas e físicas dos habitantes de cada lugar que ele, na maioria das vezes sem querer, conhece.

Quanto aos particulares que possuem grandes bibliotecas, são considerados como asnos carregadores de livros.

   Os relatos de Gulliver misturam de fantasia, política e comportamento humano. Em cada povoado o viajante encontra sociedades formadas em estruturas completamente diferentes das quais ele está acostumado. A análise feita por Gulliver em cada um destes lugares nos bota pra refletir bastante sobre a nossa própria estrutura social. Essas ilhas desbravadas por Gulliver não apenas tem uma sociedade formada com regras completamente diferentes das nossas, como também em alguns desses povoados os habitantes não são sequer humanos. Em alguns lugares os nativos são pequeninhos que consideram Gulliver uma ameaça gigante, em outros os habitantes são gigantes e Gulliver precisa se adaptar a vida sendo carregado a todo momento como um animalzinho de estimação. 
   Mas o meu preferido são os huyhnhnms. Os cavalos falantes que não conhecem a mentira e criam Yahus, criaturas fisicamente muito parecidas com nós, humanos, mas desprovidos de inteligência.

Odeio os Yahus desta região, mas, apesar de tudo, perdoo todas as suas odiosas qualidades, visto como a natureza assim os formou e não possuem raciocínio para se governar e corrigir-se; porém que uma criatura, que se gaba de possuir este raciocínio, em partilha, seja capaz de cometer ações tão execrandas e de se entregar a excessos tão horríveis, é que o não posso compreender e me faz concluir que o estado dos irracionais ainda é preferível a um raciocínio corrupto e depravado; mas, de fato, o vosso raciocínio é um verdadeiro raciocínio.

   O livro todo é uma grande sátira e crítica à sociedade da época e ao governo britânico, que por muito tempo foi extremamente hostil com os países que colonizava, inclua a Irlanda nesta lista. Mas é claro que mesmo sendo lançado no final do século 19, todas as críticas continuam extremamente atuais e a gente facilmente consegue enxergar a nossa sociedade dentro das situações relatadas por Gulliver.

—Pois quê! — atalhou sua honra — Toda a terra não pertence a todos os animais e não têm eles direito igual soa frutos que ela produz para seu alimento? Por que há Yahus privilegiados, que colhem esses frutos com exclusão dos seus semelhantes? E se alguns pretendem um direito mais especial, não devem ser principalmente aqueles que, pelo seu trabalho, contribuíram para tornar a terra útil?

   Outro fato que despertou meu interesse pelo livro foi que algum tempo atrás eu estava lendo um artigo da revista Ufo (yes, pró ET falando aqui rs) e o artigo citava que em um dos encontros malucos de Gulliver ele descreve uma ilha flutuante com habitantes humanoides. Esses habitantes demonstram ter um vasto conhecimento em astronomia e mencionam a descoberta de dois satélites em Marte, com uma descrição considerada muito avançada e precisa para a época em que o livro foi escrito #mistérios.
   Mistérios a parte, o livro faz jus ao título de clássico. Prende a atenção do leitor rapidinho com as sacadas irônicas e a narrativa cheia de deboche de Gulliver. O livro inspirou também um filme, mas não tive a menor vontade de assistir devido à imensidão de críticas negativas. Fizeram um filme com uma pegada mais cômica e eu sinceramente não consigo enxergar a história por esse prisma.
   Espero que tenham gostado da resenha, se você já leu Viagens de Gulliver conta pra gente nos comentários o que achou. Até a próxima!

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Ana Liberato