domingo, 29 de novembro de 2015

[Minhas Palavras] Uma Carta ao Meu Quase-Ex-Amor


A coluna "Minhas Palavras" apresenta textos originais, de diversos temas, produzidos pela equipe do Dear Book.

Por: Mary Leite.
Colaboradora, é resenhista de Literatura Nacional e Estrangeira no Dear Book.
(Não sei o que é mais estranho: eu escrevendo uma crônica ou tendo coragem de publicá-la)





Querido quase ex Amor,

Li outro dia em algum lugar – você sabe que leio muita coisa e nunca lembro depois onde – que nem sempre só o amor é suficiente. Que Deus me defenda, essa é a mais pura verdade. Te confesso que, quando li, não dei a devida importância. Sei lá, reconheci a verdade daquilo, mas aquela afirmação, àquele momento, não me tocou devidamente. Provavelmente eu estava tão imersa em nossa felicidade – mais minha do que sua, talvez? – que fui incapaz de enxergar a realidade que se delineava diante dos meus olhos.
Sabe, quando te conheci, você se destacou no meio de todos os outros. De repente, como uma chuva de fogos de artifício no meio do céu negro sem estrelas, você sorriu e iluminou toda a escura pista de dança. Sério, quando você sorriu pra mim, eu me perdi. Aliás, esse teu sorriso é a minha perdição e você sabe. Tudo bem, ok, você sabe bem que tenho uma profunda queda por belos sorrisos. Mas eu juro que o teu sorriso é o mais bonito de todos. Você é o meu melhor sorriso.
Me sinto tão culpada por duvidar... principalmente quando escuto a tua voz, tão segura de nós dois. Será que eu já disse hoje o quanto amo a tua voz? Talvez não. Certo, muito provavelmente não. Gosto desse sotaque suave, tão seu. E gosto como os “s’s” saem com um chiado. E aí quando você ri, essa tua risada rouca, que vem acompanhada do teu sorriso que amo tanto... ah, meu bem! Aí eu me perco. Até o chão some sob os meus pés.
Será que um dia você poderá perdoar as minhas fraquezas? Não é culpa minha, tá? Você, tanto quanto eu, conhece o nosso passado. E eu sei que éramos jovens demais quando nos conhecemos, mas tanta coisa aconteceu de lá até aqui! Peço, encarecidamente, que você não me culpe, meu amor. É muito difícil esquecer anos de mágoa. E, mais difícil ainda, é controlar as minhas inúmeras reservas. Eu sou paranoica, eu sei. Eu tendo ao autoboicote, eu sei também. Eu sou racional e fechada demais, você não precisa me lembrar disso. Afinal, somos duas ostras soldadas, não é? Nesse sentido, acho que você me entende melhor do que ninguém.
Será que um dia acabarei estragando tudo?
Espero que não.
Porque, por mais que duvide, não quero te perder.
Às vezes queria ser mais impulsiva, mas logo depois me arrependo. Olho para o passado tentando não me ater a ele, para, então, olhar o futuro e não te encontrar lá. Será que a minha visão está nublada e por isso não te enxergo ali? Talvez sejam as minhas lágrimas. Você é o único cara por quem já derramei lágrimas, sabia? Não me orgulho nadinha de reconhecer que já chorei por você. Logo eu, tão forte! Logo eu, conhecida na roda de amigos por ser a mais durona, perdi meu coração para você.
Sou uma garota movida pela razão. No entanto, você parece despertar o meu lado mais sentimental. Nem me reconheço quando estamos juntos. Porém, ainda assim, gosto de quem eu sou com você. Da pessoa que sou por você. Tento ser mais corajosa. Mais descolada. Até arrisco me abrir mais, deixar as coisas fluírem. Falar o que sinto nunca foi uma opção. Até conhecer você. Caramba, até te conhecer eu nem mesmo tinha sentido algo realmente forte por alguém! Perco o filtro. Falo e depois me arrependo. Eu penso demais. Fico remoendo tudo. Crio infinitas possibilidades em minha cabeça. Acaba que nunca acontece nada do jeito que imaginei, mas essa é a graça de estar com você: sou surpreendida com beijos, uma chamada, seu colo, uma mensagem...
Por sua causa, me tornei uma contradição ambulante.
Já contei que ainda sinto um friozinho gostoso na barriga sempre que vejo o seu nome no visor do meu celular? Sim, é. E o meu coração ainda acelera igual um doido quando te vejo. Será que um dia vai passar? Espero que não. Amo essas sensações de desamparo que você me faz sentir. Um desamparo seguro, sabe? Quando você me abraça, esqueço que existe um mundo lá fora. Você me coloca no colo, deita a minha cabeça no seu peito e eu escuto o seu coração. Ele bate forte. TUM-TUM TUM-TUM TUM-TUM. Por mim.
Meu peito se enche de um sentimento gostoso. E assustador. Chame-o como preferir.
Você sabe bem o quanto lutei contra esse sentimento. Fiz de tudo. Tentei sufocá-lo, trancafiá-lo, escondê-lo. Tudo em vão. O meu coração já era seu e eu nem sabia. Desisti. Contudo, tem sempre um lado irritante, lá no fundo de minha mente, questionando. Irracional. Será que você pode desligá-lo? Ah, pode sim. Por sinal, somente você pode. Eu sou covarde, eu sei. Me deixa ser covarde por você? Me dá colo? Porque eu juro que se você me abraçar apertado e abrir aquele sorriso que amo, esquecerei até o motivo desta carta.
Viu só? Já esqueci.

Com amor,
Eu.



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Ana Liberato