quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Resenha: “Quem, eu? – Uma avó, um neto, uma lição de vida” (Fernando Aguzzoli)

Por KlerisAcho que esse é o livro que mais me deixou sem palavras para uma resenha, mas vou tentar apresentar direitinho pra vocês amarem o tanto que ele merece. Um tempo atrás vi a primeira edição e me encantei só pelos vídeos, mas, se vocês bem já viram uns posts meus, sabem que corro de livros vulgo tristes-de-chorar, então ficava a dúvida...

No entanto, quando chegou a opção de pedido na Paralela, não resisti. Manda a vó que eu quero conhecer a vó! E não me arrependi mesmo quando os olhos se encheram de lágrimas em dadas páginas. Ok, eu chego lá.

Em 2008, a família Aguzzoli se viu em situações confusas, a vó Nilva começava a demonstrar os primeiros sinais de que havia algo errado. O duro diagnóstico de Alzheimer foi um baque, fez com que a família se mobilizasse e passasse a cuidar da senhorinha integralmente. Fernando, o neto, foi aquele que resolveu que a querida vó Nilva merecia mais, por isso largou a empresa, a faculdade, tudo, para se dedicar à vó. Não era algo com que se podia lutar contra, afinal.


Em Quem, eu? temos um relato saudoso e delicado deste neto, Fernando. A abordagem dele é que faz toda a diferença – não se explora a emoção, tampouco a história de vida dessa família, como bem vi comentários por aí. Também não se faz graça da doença, ela é tomada como algo que invariavelmente estava ali com vovó Nilva, porém, nem por isso deveria ele se resignar em esperar perder a vó aos poucos. 
Como defender alguém de um inimigo tão impalpável e esquivo? Imaginar aquela pessoa especial me buscando na memória (“Quem é esse rapaz?”) seria inconcebível. Será que ela ia mesmo se esquecer de quem amava?
Há passagens breves pela história da Vó Nilva, pelas lembranças da infância do neto, pela dura realidade que pega todos de surpresa. Fernando nos inteira sobre como foi essa transição, e, sabendo-se tão pouco sobre a doença, todo cuidado era significativo para manter a vó em segurança. Nesse aspecto, a decisão de Fernando e família foi além: se não há como tratar, por que não se centrar no agora e se deixar levar pelo que era essa nova faceta da vó? Isso não significava algo glorioso, mas com certeza era menos doloroso. 
Eu via o que aconteceria no fim, mas como eu chegaria lá era uma escolha minha. Tornar essa viagem mais interessante e proveitosa para que lá fosse um pouco menos tortuoso se tornou uma necessidade. 
A vida da minha avó não era mais compatível com o meu estilo realista. Ela agora vivia em um quadro surrealista de Salvador Dalí, um lugar onde tudo aquilo que sempre imaginamos poderia ser real em nossa clausura ficcional. Você se veria capaz de entrar de cabeça nesse universo?
É inevitável contar um relato desses sem passar pelas partes tristes, mas uma coisa que Fernando fez (e bem) foi deixar claro que o amor estava acima de tudo. Temos os dias difíceis, complicados e doloridos, e também os divertidos, os corriqueiros, as aventuras, as travessuras. Entremeados aos textos há pequenas conversas, confidências e vídeos (para visualizar os vídeos, você tem que ter o aplicativo QR Code), sem falar de notas para dadas situações e explicações de profissionais ao final do livro, para nortear bem a todos de como funcionam alguns procedimentos de cuidados.


O livro é tão curtinho que a gente nem sente passar – o epílogo, inclusive, é na página 88 (de 192 págs), você ri, chora, ri, chora, ri e gargalha e ri e ri e ri e ri e gargalha mais, tudo numa mesma sentada. Os complementos do livro são fotos de memórias, as mencionadas notas dos profissionais e um compilado incrível que reúne os momentos mais inesquecíveis que essa senhorinha proporcionou.


Algumas pessoas conheceram a batalha diária da família Aguzzoli por conta de uma page no Facebook (Vovó Nilva) que compartilhava (e até hoje compartilha) conversas e fatos cotidianos, com vídeos, fotos, posts diversos – tenho até a impressão de ter visto (faz teeeeempo) algum dos vídeos por acaso. Pelo que Fernando conta, a page não somente foi um escape, ela ajudou e incentivou outras famílias a lidarem com familiares que precisavam de cuidados. Logo, Quem, eu?, o livro, representa mais uma forma de vó Nilva se multiplicar e permanecer viva. 
Nesse período refleti sobre minha escolha e sobre a melhor forma de conviver com ela. Encontrei o humor como resposta, e dessa forma assumi a gargalhada como filosofia. Eu não ia conseguir curá-la. Mas a gente ia rir à beça!

Merece TODAS as agridoces lágrimas seguidas de GOSTOSAS gargalhadas. A saudade pode até apertar, mas... eles se divertiram.



Update: subiu pra Migos, perdi a conta! Apenas leiam <333 CONHEÇAM A VÓ!

Recomendadííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííííssimo!


Até a próxima o/


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Ana Liberato