segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Resenha: Por onde andam as pessoas interessantes? (Daniel Bovolento)


Por Yuri: O livro “Por onde andam as pessoas interessantes” é uma coletânea das crônicas mais famosas escritas por Daniel Bovolento.

O livro foi dividido em 45 capítulos e cada um pode ser lido de forma individual. O formato é bem legal, pois cada capítulo tem um título, um trecho de uma música e o texto.

Existem crônicas para todos os tipos de amores, ou seria melhor dizer, relações humanas. O que curti bastante no livro é que o autor conseguiu escrever também sob o ponto de vista feminino de uma forma bem realista, quase como se ele entendesse como as mulheres pensam e sentem.

A verdade é que eu não sabia exatamente como resenhar um livro que não conta sobre apenas uma história, então decidi escrever um trecho das crônicas que eu mais gostei.
8 – Não foi tempo perdido  
Resultado de imagem para por onde andam as pessoas interessantes“Nunca é tempo perdido, nunca vai ser. Tempo perdido é tempo não aproveitado, é aquela coisa de não fazer nada, produzir nada, sentir nada. E isso tudo depende muito. Até um dia inteiro de sono pode não ter sido tempo perdido se você precisava mesmo ter descansado depois de alguns dias estressantes. Um amor nunca é tempo perdido, por pior que ele tenha sido. É experiência, é história escrita. Não importa quanta raiva ou amargura você sinta; não importa se dói muito em você ainda e tudo o que você sente vontade de fazer agora é rebaixá-lo a zero, para tirar a importância dele. Amor nenhum é lixo.”

13 – Aproveite o silêncio
“O silencia faz um estrondo horrível quando a gente não sabe o que dizer. Percebi isso muito novo, lá pelos catorze anos, quando dividi o fone de ouvido com o primeiro amor da minha vida. Lembro até hoje que ameaçava chover com uns pingos chatos e uma garoazinha de inverno do Rio de Janeiro. Tocava Simple Plan, uma daquelas canções profundamente tristes, e a gente passou a música inteira lado a lado, unidos por um fone de ouvido. A música acabou, e a gente também. Nós acabamos ali, naqueles três minutos sem dizer nada, quando ambos percebemos que o silêncio incomodava pra cacete.”
38 – Sapato novo
“Só com o tornozelo torcido, na última consequência do acontecido, foi que percebi o que estava na minha cara. Que não adianta insistir quando a forma não cabe na gente. Às vezes até cabe, mas depois de um tempo incomoda. Permitimos a tentativa de nos acostumarmos à outra pessoa, mas talvez seja inocência nossa achar que somos moldáveis o tempo todo. Não somos, e os outros também não. Se tivesse atentado aos sinais que eu mesmo me dava, que o corpo gritava, que eu sabia que existia aqui dentro, não precisaria ter chegado ao extremo. Na maioria das vezes, a gente tem essa escolha: de ouvir o que a gente fala, de seguir um conselho que vem de dentro. O problema é identificar isso e colocar acima do capricho de seguir em frente. Ou a gente identifica ou sofre a queda; ou você reconhece que não cabe no sapato novo ou continua andando e sorrindo como se tudo estivesse bem, até a hora em que não aguentar mais e desabar.”

Percebi ainda há pouco que não existem livros ruins (com algumas exceções), apenas livros que não foram feitos pra gente ou que ainda não é tempo de ser lido, pois nos falta maturidade para entender.
No entanto, em uma linguagem cotidiana, Daniel descreveu o comportamento humano com tanta simplicidade que transmite exatamente aquilo que já passamos, que já sofremos ou que já tivemos vontade de falar pra alguém, mas faltou palavras para se fazer entendido.

Não sei vocês, mas eu tenho muita dificuldade para me expressar e na maioria das vezes as coisas que eu penso ou sinto não parecem fazer sentido, exceto pra mim. Essas questões foram escritas pelo autor de forma tão clara que começo a achar que ele estava espiando a minha vida...

Espero que vocês tenham a oportunidade de ler essa coletânea, pois é impossível não se identificar com qualquer um dos textos.

Até a próxima!

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Ana Liberato