segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Resenha: "Um conto do destino" (Mark Helprin)



Por Marianne: Fazia um tempão que eu não lia um livro enorme como Um conto do Destino, mas o tamanho do livro não me intimidou (717 páginas) e eu me joguei no que o autor Mark Helprin tinha pra oferecer.

Mas vamos por partes. Pela sinopse eu podia concluir que o livro era um romance com muitas reviravoltas, viagem no tempo, um amor que UAU supera tudo, inclusive a morte. 


Em Um conto do destino conhecemos Peter Lake. Seus pais, num ato de desespero, o abandonaram ainda um bebê num barquinho no meio do oceano pra salvá-lo de uma epidemia de tuberculose. Peter Lake bebê foi encontrado pelos Catadores de Ostras, homens de uma comunidade com várias particularidades um tanto quanto estranhas, e por eles foi criado até a adolescência quando teve que abandonar a comunidade por não ser um nativo como todos os outros catadores.
A cidade era como uma imensa guerra —batalhas rugindo por toda parte, e homens desesperados nas ruas, em legiões rastejantes. Já ouvira os Catadores falarem sobre guerras, mas eles nunca disseram que elas podiam ser enfrentadas, forçadas a baixar as cabeças e forçadas a correr sem sair do lugar. Em vários milhares de quilômetros de ruas havia muitos exércitos cataclísmicos, interagindo sem qualquer ordem —dez mil prostitutas apenas na Broadway; meio milhão de crianças abandonadas. Meio milhão de aleijados e cegos; multidões com milhares de criminosos ativos, perpetuamente envolvidos em combates com a mesma quantidade de policiais; e o vasto número de cidadãos de bem, que, em suas vidas normais, eram tão ferozes e agressivos quanto cães selvagens de qualquer outra cidade.

Peter Lake vai pra Nova York com uma mão na frente e outra atrás, sem nenhuma ideia de como é a vida na grande cidade.  Mas o moço se cria em Manhattan e acaba se tornando um dos ladrões mais formidáveis da cidade e entra pra gangue dos Rabos Curtos, um grupo enooorme de saqueadores de Nova York.Mas ao descobrir que o líder dos Rabos Curtos, Pearly Soames, planejava atacar a aldeia dos Catadores de Ostras Peter Lake alerta os aldeões estragando os planos os Rabos Curtos e se tornando inimigo da gangue e sendo perseguido por Pearly Soames até o fim. 
Numa de suas fugas Peter Lake encontra o cavalo branco Athanasor que se torna um personagem quase tão relevante quanto Peter Lake para a história.


E num dia à toa na vida que Peter Lake resolve assaltar a casa de Isaac Penn, milionário dono do jornal The Sun, um dos mais respeitados da cidade.  Peter Lake espera até que a casa esteja vazia e vai direto pro cofre da família e enquanto está lá “trabalhando” ouve uma música tocada no piano e percebe que não está sozinho na residência dos Penn. E é ai que Peter Lake se depara com a belíssima, frágil e pelada Beverly Penn, filha mais velha de Isaac Penn. E ai eles se olham e se apaixonam perdidamente em um parágrafo do livro. Beverly é uma moça bem excêntrica que tem tuberculose e pouco tempo de vida. Ela aproveita esses últimos momentos com Peter Lake criando a história de amor mais xôxa que eu já li.

Um ato benevolente é como um gafanhoto: ele fica adormecido até ser chamado. Ninguém disse que você teria de viver para ver a repercussão de tudo o que faz, ou que você teria garantias, ou que não seria obrigada a vagar pelo escuro,ou que tudo seria provado para você e cuidadosamente comprovado como se fosse algum aspecto da ciência. Nada acontece desse jeito; pelo menos, nada que valha a pena.
Meu resumo do desenrolar do amor dos dois te convenceu? Pois é, eu também não me convenci mas é mais ou menos assim que esse amor tão forte, que viaja no tempo e tudo mais, é apresentado.

Se você já assistiu até o fim o seriado Lost, que foi sucesso na TV paga lá por 2006, e se você (assim como eu) achou o final de Lost um cocô eu venho por meio desta resenha lhes informar que Um conto do destino é o Lost dos livros. História longa, mil personagens cheio de segredos e particularidades, mistério atrás de mistério, milhares de situações que simplesmente não-tem-o-menor-sentido e no final (sério, no final eu já estava pensando “Não é possível esse cara esgotou o limite de falta de senso nesse livro ”) eu estava esperando ler algo do tipo “Então Peter Lake acordou e foi tudo apenas um sonho”. Mas o final conseguiu ser pior do que o seria se tudo “fosse apenas um sonho”.


A narrativa do autor usa e abusa de metáforas e cansa  até o mais incansável dos leitores, ele não economiza na descrição de simplesmente TUDO. Tudo é motivo pra uns quatro parágrafos de descrição. E vejam bem, “tudo” é bastante coisa, se o autor desse uma economizada nas descrições e uma aliviada na narrativa agente teria economizado ai umas boas páginas e talvez eu fosse mais boazinha na resenha do livro. Raras vezes consegui ler um capítulo inteiro do livro. E não me entendam mal achando que sou preguiçosa e não gosto de livros grandes ou narrativas complexas, eu adoro. Mas eu preciso que as coisas que façam sentido, que sejam coesas, que abra a minha mente pra novos conceitos e universos ou que me faça entender o mundo e a vida por um novo prisma. Imaginem que o autor para no meio de uma narrativa pra descrever, sei lá, uma caneta alada, e perde parágrafos e mais parágrafos dando uma importância pra caneta alada que no fim não vai ter importância nenhuma. E ninguém nunca mais fala da caneta (inventei a história da caneta pra ilustrar o absurdo que é a mente do autor).


O livro rendeu um filme em 2014 que eu com certeza vou assistir. Quero muito saber como alguém pegou essa história e transformou num filme coerente que o espectador assiste e fala “Nossa, que filme!”.


Pra não dizer que eu só metralhei o pobre livro, Mark Helprin tem uma linha de raciocínio muito interessante e nos mostra isso através de seus personagens. Deixei várias partes anotadas porque eram simplesmente geniais, mas era um parágrafo ou outro no meio de capítulos e capítulos de situações absurdas. Nenhum personagem em particular me cativou, eram muitos em uma abordagem meio rasa da personalidade de cada um. Situações acontecendo atropeladas o que deixa o leitor meio perdido no que está acontecendo. Enfim, loucura total.


Se você não desanimou com a minha resenha e vai fundo na leitura de Um conto do destino deixa seu comentário aqui no blog sobre o que achou (ou está achando) do livro. Se você leu e concorda comigo ou está me achando uma louca “Imagina Marianne o livro é sensacional!” conta aqui pra gente também.


Um beijo pra todos, até a próxima resenha :)


3 comentários

  1. HAHAHAHAHAHAHAHA ADOREI A RESENHA.
    Até tava gostando do começo da hst sobre os ladrões (adoro coisas do tipo), o autor tava indo bem, mas o recurso pelo jeito foi desperdiçado com esse "romance", como a parte da caneta que vc menciona. Tbm quero como vai ficar esse filme.
    Corroborando a teoria do "tem doido pra tudo", fico curiosa de ver como ficou mesmo o livro. São as 717 páginas que desanimam =[

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    Respostas
    1. Entendo sua curiosidade completamente hahaha. Esse livro estava nos últimos da minha lista pra começar a ler, só adiantei ele porque minha mãe leu antes e falou tão mal que eu precisava tirar minhas próprias conclusões. E bom, ta aí né kkkk

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  2. Olá, Juliana.
    Confesso que já não tinha vontade de ler, agora então!
    As Notas no skoob são bem ruinzinhas também.
    Sua resenha está ótima, amei a sinceridade!

    Beijos

    http://www.seja-cult.com/

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Ana Liberato