segunda-feira, 13 de julho de 2015

Resenha: “Minta Que Me Ama” (Maria Duffy)

*Por Mary*: Confesso que levei um tempo para engatar na leitura, mas depois que engatei... ah, meu amigo, só parei nos agradecimentos!

Em Minta Que Me Ama, conhecemos Jenny, uma garota que não está nada feliz com sua vida: detesta o seu trabalho, odeia sua chefe, a vida sentimental é uma droga, não gosta do próprio corpo e sonha colocar próteses de silicone nos seios. Contudo, para os seus seguidores do Twitter, sua vida é incrível e absolutamente o contrário do real. Em um dia de alguns bons drinks na solidão de seu fim de semana, Jenny acaba convidando algumas amigas virtuais para passar alguns dias em sua casa – em Dublin <3 – e, para seu desespero, elas aceitam. Conforme os dias se aproximam, Jenny fica cada vez mais ansiosa com relação ao encontro, mas, quando este acontece, acaba vendo que nada era realmente como imaginava. A vida glamurosa de Zahra e a família-margarina de Fiona não são exatamente como elas descreviam em suas redes sociais. E Kerry... bem, vocês precisam ler para descobrir. De uma coisa fiquem certos: a completa confusão causada pelo encontro de tuiteiras acaba servindo para que Jenny tome valiosas decisões com relação à própria vida.

Vocês já tiveram aquela sensação de que leram tantos livros seguidamente em uma forma de narrativa, que estranharam ao pegar outro com um tipo de narrativa diferente? Depois de ler tantos livros com narrativa em terceira pessoa, demorei um pouco a engatar em Minta Que Me Ama, com sua narrativa em primeira pessoa e uma protagonista, inicialmente, acomodada, apesar de desgostar tanto da própria vida.

A obra é dividida em duas partes: 1) A primeira, intitulada “A Calmaria Que Precede a Tempestade”, nos introduz à história nos dias que antecedem a chegada das garotas em Dublin; e, 2) A segunda, “A Tempestade”, narrando a chegada das garotas e os fatos decorrentes do desenrolar disto.

Você, meu caro leitor, poderá se sentir um pouco cansado na primeira parte – e digo isso sem medo nenhum. Acontece que dá um pouco de preguiça da protagonista, que parece estar tão inconformada com sua vida, mas não faz nada para melhorá-la. É um estado de acomodação tão profunda, que o seu único ato de maior “rebeldia” é consultar uma cirurgiã plástica para analisar a possibilidade de colocar próteses nos seios. Não obstante, Jenny posta tuítes pintando sua vida de cor-de-rosa, mentindo descaradamente, como se amasse tudo.
 “Kerry é uma pessoa tão legal. Quanto mais converso com ela, mais anseio pela chegada das meninas. Talvez elas sejam a distração de que eu preciso. Certo, uma tarde diante da televisão me aguarda, mas talvez eu deva escrever um ou dois tuítes primeiro. @JennyB Voltei de um ótimo café da manhã com minha melhor amiga e a família dela. Adoro estar com eles. (...) @JennyB É isso aí! Vou comprar brinquedos para as meninas. Adoro mimá-las. Serei babá delas semana que vem. Mal posso esperar. (...) Que droga! Por que sou tão idiota, fingindo que as meninas me amam e que eu as adoro? (...) Certo, chega de pensamentos profundos. Pijama, televisão e uma taça de vinho branco gelado – é o que tem no cardápio para mim para o restante do dia! Amanhã talvez eu vá visitar a mamãe. (...)”
Por outro lado, essa primeira parte é importante para conhecermos mais o universo a que se ambienta a trama. Além disso, não se pode dizer que as atitudes da Jenny são totalmente injustificadas, cujos traumas e complexos acabam por moldar a pessoa que ela se tornou. O passado e a discordância consigo mesma, indiretamente ou não, desencadeiam no que vem a ser o seu eu adulto, o qual, adicionado a generosas porções de acomodação, resulta em um magnífico quadro de idealização pessoalística aguda – doença que eu mesma acabo de inventar e que consiste basicamente em mentir descaradamente sobre a vida pessoal nas redes sociais, agindo e tentando provar aos seus amigos que ela é perfeita.

É grave, meus queridos, mas tem jeito.

É na segunda parte que o negócio pega, você engata a quarta marcha e pisa no acelerador sem pena.

“Por um delicioso momento depois que acordo, imagino que é um dia normal. Sabe, um daqueles dias que se anunciam diante de mim como um tapete de solidão, do tipo que me fazia reclamar. Como eu era ingênua naquele tempo. Nos últimos dias, minha vida foi transportada do mundo das coisas triviais para este mundo colorido e louco onde há uma surpresa em cada canto. Sinceramente, quem imaginaria que um simples encontro de tuiteiras em Dublin se mostraria tão complicado? O que eu não daria agora por um daqueles dias entediante e solitários!”

Achei interessante a construção dos personagens, que são todos bem distintos. Gosto disso. Cada persona parece ter uma personalidade bem delimitada, o que auxilia o leitor até mesmo na diferenciação de quem é quem. Aliás, uma coisa que ajuda muito, talvez até mais do que os nomes, é compreender as suas características, para, assim, assimilar os detalhes. Isso, claro, varia muito de autor para autor.

Há alguns pontos que eu gostaria de comentar, mas que, se o fizesse, acabaria soltando indesejáveis spoilers. E nós não queremos isso, não é? Sendo assim, fico por aqui, antes que um fato importante seja digitado contra minha vontade por estes dedinhos nervosos que vos fala neste momento.

Eu indico Minta Que Me Ama por vários motivos. E não pense que é só por se tratar de um livro bem humorado, ou porque tem um boy magya daqueles de sorriso sacana que me cativa de imediato; mas, também, porque a Maria Duffy utiliza o humor para abordar complexos, traumas e as fantasias criadas nas redes sociais de uma forma leve e que, bem, você com certeza irá se identificar.

“Talvez dê certo se eu me esforçar. Não dizem que os relacionamentos dão trabalho? Sempre duvidei dessa afirmação. Eu pensava que, se você encontrava a pessoa certa, tudo acontecia naturalmente, mas parece que (de acordo com Sally) até mesmo os relacionamentos mais perfeitos dão trabalho.”




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Ana Liberato