segunda-feira, 17 de abril de 2017

Resenha: "Liderança Saudável" (Alkíndar de Oliveira)

Por Kleris: Alkíndar de Oliveira é consultor de empresas, palestrante, conferencista, escritor, professor e colaborador em variadas revistas e jornais (como Pequenas Empresas, Grandes Negócios e O Estado de S. Paulo) que pautam mercado corporativo, relacionamento interpessoal, liderança, coaching, motivação, responsabilidade social, criatividade, dentre outros. Gosto de ler materiais na área por curiosidade e vontade de expandir meu lado empreendedor. Sabe, conhecer o que movimenta micro e macro corporações, entender sacadas de mercado, me inteirar do panorama. Liderança saudável foi, nesse sentido, uma leitura que me surpreendeu – de maneira positiva e negativa.

A proposta do livro é incentivar o profissional a interpretar o presente e a partir daí desenvolver uma visão do futuro – para apostar em decisões mais acertadas. Em boa parte de sua dissertação, Alkíndar cita Peter Drucker, o guru dos gurus, exaltando seu perfil visionário. Em paralelo, ele apresenta a ideia de uma nova ordem no mundo empresarial: dar sentido ao trabalho através do fator emocional, vez que, é certo, o cenário existencial que está mexendo com o ser humano no que diz respeito ao trabalho.

Toca-se muito na questão de dar significado e causa, de atender pessoas e não apenas clientes, de criar laços dentro e fora da empresa; importar-se. Nesse sentido, me lembrou  muito do professor Cortella em Por que fazemos o que fazemos? (reveja resenha aqui). 
Por que será que os empresários e executivos vão a seminário para conhecer estratégias corporativas e acabam, no fim, se envolvendo mais com um especialista da alma humana?
Conclusão: As pessoas estão ansiosas para encontrar para encontrar um significado para sua vida pessoal e profissional. Não é a toa que Peter Drucker disse com muita propriedade: “Ganhar a vida já não é suficiente, o trabalho tem de nos permitir vivê-la também”.

Ao propor a reflexão, Alkíndar trata de conscientizar, com exemplos desde a literatura a ações de mercado, sobre as mudanças inevitáveis no campo corporativo. Nessa colcha de retalhos discutem-se principalmente valores. Além de trazer um ponto a ponto desta perspectiva – uma nova ordem para a empresa, para o líder, os acionistas, os funcionários, os fornecedores, os parceiros, os clientes e a sociedade – ele expõe uma experiência prática com textos diversos (em pausas dos capítulos) ligando o trabalho ao emocional e espiritual. São mensagens, em sua maioria, de paz, motivação e ponderação. 
Pausa para reflexão.
Todo estresse é negativo? Não! O estresse só é negativo quando é intenso, bloqueia a inteligência e gera sintomas. Há um tipo de estresse positivo que abre as janelas da memória e nos estimula a superar obstáculos e resolver dúvidas. Sem esse estresse, nossos sonhos se diluem, nossa motivação se esfacela. Augusto Cury.

Achei interessante ter essa compreensão dos grandes executivos corporativos. Alguns dos apontamentos do autor, aliás, puxam características de renovação dos pequenos negócios que hoje podem ser novas soluções. Dentre elas, justo essa percepção do trabalho, as relações de confiança e o famoso caminho livre (quando a empresa oferece algo só seu ou só ela atende determinado público com um serviço específico).

A experiência negativa da leitura se deu quando o autor conferiu o fator importar-se à questão de gênero: diz ele que o homem deve estimular seu lado feminino e que, independente de ter mulheres em cargos altos, elas deviam parar de tentar ser homens (?). Nesse momento foi inevitável questionar todos os bons apontamentos dos outros capítulos, vez que ficou claro que Alkíndar não estava se reportando aos profissionais, mas aos profissionais homens. 
A lei do progresso não poderia mais postergar a vinda da mulher às empresas. A mulher com seu potencial materno, algo dado somente a ela, pela natureza, tem em seu íntimo a valorização do amor e da mais pura e efetiva educação. E sabemos que o par “educação e amor” é o casal perfeito desta nova fase do mundo moderno.
Pena que, quando promovida na empresa, a mulher tende a incorporar os defeitos masculinos, esquecendo-se de que a promoção foi motivada principalmente pelas suas qualidades femininas. Querem ser homens. Que pena! Mas como a vida é uma eterna escola, com o tempo as mulheres líderes aprenderão a ser quem são e, então, mais e mais o seu potencial vai desabrochar.

É, por certo, irônico ler um livro que fala de visão de futuro por interpretar o presente quando o mesmo deixa de lado – por claras questões de gênero! – parte de seus profissionais ou a luta destes. Por outro lado, vale reforçar o que Alkíndar fala sobre os líderes da terceira natureza dos significados empresariais: eles devem ouvir. 
A nova natureza mostra que o único caminho para melhorar o mundo externo é melhorarmos nosso interior. Enquanto enxergarmos no outro o problema ou a solução, as empresas e o mundo continuarão como estão.

Vê-se que o mundo corporativo ainda está muito truncado para oportunidades e que deve cada vez mais pegar emprestado valores dos pequenos. Fora este tiro no pé um machismo quase próprio do estilo a leitura é razoável, fluída. Também não possui um tom urgente desesperado como outros livros motivacionais da área empresarial. 
[...] quando a empresa valoriza o funcionário, o fornecedor, o cliente e o acionista, como seres humanos individuais, e não somente como integrantes de uma massa, ganha em termos de fidelidade e comprometimento de parceiros. 
[...] terá mercado a empresa que mais atender ao desejo do indivíduo, e vai perder mercado aquela que atender ao desejo de uma massa constituída de indivíduos.
Não é fácil atingir esse estágio.
Esse novo estágio dependerá não das mudanças das empresas, mas das dos trabalhadores, pois as empresas mudam somente quando seu pessoal e sua cultura mudam. Reforçando: a mudança das empresas será consequência natural da mudança dos funcionários.

Até a próxima!


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2 comentários

  1. Sim, uma mulher empoderada incomoda demais, ele quer dizer que a mulher tem que ser menos agressiva? Tenho que ler o livro pra entender melhor o que ele quer dizer. Seja homem ou mulher, os líderes, gerentes e chefes precisam ser mais humanizados, ouvir opiniões dos funcionários, sem querer apenas impor a sua. Assim a equipe ganha mais força e criatividade. Obrigada pela dica. Obrigada, quando quiser visite alguns dos blogs que escrevo: mapadacultura.blogspot.com, comoterummundomelhor.blogspot.com, bondedabardot.blogspot.com e paraisodasbarangas.blogspot.com. Beijos!

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    1. Oi, Daniela! Foi mais no sentido de a mulher não poder ser imperfeita, durona ou ambiciosa, só o homem. E ao propor o equilíbrio emocional, o homem "deve ser" mais parecido com a mulher - maternal, uma pessoa que "cuida das pessoas", se importa. Tem um texto de Shakespeare que o autor emprega em complemento falando justo sobre esse ideal de perfeição, fragilidade, donzela, proteção. Ele poderia ter dito só ter humanidade, né. Não tem nada ver uma coisa com a outra, ser mais masculino, ser mais feminina. Obg pelo coment :)

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Ana Liberato