sábado, 22 de março de 2014

Resenha: "Novembro de 63" (Stephen King)

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Resenha que eu demorei a escrever por que eu AMEI o livro. Confesso que o último que resenhei do King, "Sob a Redoma", me decepcionou um pouquinho ... é que o final não era, de jeito nenhum, o que eu esperava. E também me pareceu um tantinho batido. Mas, fora isso, escrita impecável de sempre, personagens complexos, subtramas intrincadas...

Mas neste novo romance - que King diz já estava guardando "na gaveta" de seus pensamentos há bastante tempo - trata de um tema que não é novo. Afinal, a questão da viagem no tempo já foi bastante explorada por diversas mídias ao longo dos tempos. E é exatamente aí que reside meu encantamento: King conseguiu pegar um tema batido, e criar uma trama tão surpreendente, que me prendeu do início ao fim da leitura.

E a capa então? Nem se fala! o pessoal da SUMA de letras caprichou mesmo! Ela realmente parece uma folha velha de jornal, inclusive com algumas letras um tanto quanto apagadas, com uma mancha de sangue na parte superior, onde foi escrito o título do livro. E, mesmo com essa aparência de "coisa velha", a capa foi feita em um papel trabalhado. A textura da capa é ... não sei explicar. Só sei que não paro de namorá-la na minha estante, tanto que meu marido esta começando a ficar com ciúme ...

Mas chega de reticências e vamos à trama: JFK foi um dos presidentes mais famosos e queridos dos Estados Unidos, até ou por causa de sua morte, não sabemos ao certo. Tudo pode ser romanceado, passado algum tempo. Mas sua popularidade é inegável. Sua morte, foi um dos grandes instigadores de inúmeras teorias da conspiração. Afinal, realmente foi Lee Oswald quem o assassinou? Ou foi tudo uma grande conspiração?

Bom, Jake Epping é um professor de inglês que nunca havia parado para pensar nesse assunto com profundidade. Al é o dono da lanchonete local, que vende hambúrgueres a preço tão acessível, que todos acreditam que esta seja a explicação para o desaparecimento eventual de algum bichinho de estimação. Mas ninguém acreditaria numa explicação ainda mais bizarra: a carne que Al utiliza, vem de tão longe no passado, que o preço se torna irrisório.
Dei outro passo à frente e desci mais um passo. Os meus olhos ainda me diziam que eu estava em pé no chão da dispensa do Al's Diner, mas eu estava ereto e o topo da minha cabeça não batia no teto o que, naturalmente, era impossível (...) atrás de mim – mas um pouco distante, como se estivesse a quinze metros de distância, e não apenas a um metro e meio – Al disse: 
- Feche os olhos amigo, é mais fácil assim. (...) 
Desci com o pé esquerdo. Desci com o pé direito de novo e, de repente, ouvi um estalo dentro da cabeça, exatamente do mesmo tipo que a gente sente quando está no avião e a pressão muda de súbito. O campo escuro dentro das minhas pálpebras se avermelhou e havia calor na pele. Era a luz do sol. Nenhuma dúvida a respeito.
Difícil de acreditar? Do jeito que eu estou contando sim, mas King consegue não só contar de forma maestral, como também nos faz acreditar, de verdade, que talvez - mas só talvez - possa ser possível acontecer conosco o que aconteceu com Al: um belo dia, quase sem querer, dar de cara com uma passagem para o passado e ter o poder de mudar o futuro.
- Então – disse. – Você foi e voltou. O que acha?
- Al, não sei o que pensar. Estou abalado até meus alicerces. Você achou isso por acaso?
- Totalmente. Menos de um mês depois de me instalar aqui. Eu ainda devia ter poeira da rua Pine no salto do sapato. A primeira vez, eu realmente caí por aquela escada, como Alice na toca do coelho, achei que tinha enlouquecido.
Dava para imaginar. Pelo menos eu pude me preparar, um pouco que fosse. Enfim será que existiria algum modo adequado de preparar alguém para uma viagem de volta ao passado?
- Quanto tempo fiquei lá?
- Dois minutos. Já lhe disse, são sempre dois minutos. Não importa quanto tempo fique. – Ele tossiu, cuspiu num novo maço de guardanapos, que dobrou e enfiou no bolso – E quando você desce os degraus, é sempre 11h58 da manha de 9 de setembro de 1958. Toda viagem é a primeira viagem.
Mas há mais duas coisas que você deve saber. Al não vai ao passado apenas para comprar carne pagando mais barato. Não, ele pretendo fazer muito mais que isso. Afinal, ele fica se perguntando se os Estados Unidos teria lutado no Vietnã, por exemplo, se Kennedy ainda estivesse vivo? E como estaria a situação econômica? É o que ele decide verificar, modificando o passado. Só que Al está doente, muito doente. E é aí que entra Jake, a quem Al confia sua missão secreta: salvar Kennedy em Novembro de 63.
Eu tinha certeza de que Al estava maluco, mas tinha igual certeza de que dizia a verdade sobre o seu estado. Os olhos pareciam ter recuado mais fundo nas órbitas no pouco tempo em que estávamos conversando. Ele também estava exausto. Bastaram as duas dúzias de passos da mesa numa ponta da lanchonete até a despensa na outra ponta para que Al cambaleasse. E o lenço ensanguentado, disse a mim mesmo. Não esqueça o lenço ensanguentado.
Mas será que modificar o passado será assim tão fácil? Al testou com uma garotinha que sofrera um acidente que a deixara paraplégica; Jake com a família de seu ex-aluno, um zelador da escola tentando se alfabetizar que havia perdido a família inteira e parte dos movimentos da perna quando seu pai, alcoólatra, matou todos à machadadas, e as coisas saíram um pouquinho fora do esperado. E quanto a JFK? Quais seriam as consequências para uma modificação como essa? Afinal, há coisas estranhas e bizarrisses sem explicação, como o Homem do cartão amarelo, por exemplo, ou a sensação que Al tem de que, as vezes, o passado não quer ser modificado ...

E agora? Preciso dizer algo mais? Leia! Você se deparará com a Viagem no tempo como nunca imaginou, e se surpreenderá com o final, apesar de que talvez tenham algumas coisinhas que nem sempre ficam fáceis de entender, já que King tem o hábito de inserir personagens de outros livros no enredo, e é sempre bom ter uma idéia do universo de "A Torre Negra" - que é o meu sonho resenhar TODA para vocês um dia.

Se eu recomendo? Recomendo a leitura, o livro, a capa tudo! E desculpem se exagerei no entusiasmo ...
Beijos e até a próxima!

6 comentários

  1. Um amigo me falou suuuper bem sobre esse livro, e já tinha me deixado na vontade de ler, e depois dessa sua resenha então, preciso desse livro agora mesmo, haha! A história parece ser muito boa mesmo, e o tema é algo muito questionável, porque nós sempre pensamos que seria ótimo se pudessemos voltar ao tempo e arrumar as coisas que deram errado, mas se não fossem por elas, não estariamos onde estamos hoje, então... é bem complexo, e ler livros com assuntos assim é sempre legal!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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  2. Comentário muito legal sobre a resenha no meu mural do skoob que transcrevo aqui

    bju


    Levvvel
    15 horas, 33 minutos atrás
    Oi!
    Acabei de ler sua resenha e adorei, principalmente pq deu pra perceber sua empolgação :-) Sou muito fã do Stephen. Eu também não esperava aquele final de Sob a Redoma, fiquei um tantinho decepcionada...maaas...
    Também tenho um blog, sobre moda, entretenimento, etc... www.levvvel.com
    Tá meio desatualizado, mas logo voltará a ativa.

    Bjs

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  3. Mais um ...

    Tijolin
    1 dia, 4 horas atrás
    Boa resenha. Só o fato de lidar com viagens no tempo e ser uma obra de King, já me criou curiosidade suficiente para a empreitada. Mas tenho tanto livro na fila para a leitura, muitos já na minha estante (estante de verdade) e ainda no plástico da loja, todos para mim muito interessantes, que não sei se compensa furar a fila. De qualquer forma, livro marcado. Obrigado.

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  4. Preciso tirar minha virgindade de livros do King pra ontem, nunca li nenhum (vergonha) e todas as histórias me despertam a curiosidade, viagem no tempo então é algo que eu amo!

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    Respostas
    1. oi Marianne! Tenho certeza que vc não vai se arrepender, se vc gosta de suspense/terror, king é um mestre (opa, sendo super tendenciosa ...) bju!

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  5. Eu terminei de ler o livro hoje, e estou completamente apaixonado pelo enredo como um todo. É maravilhosa a forma com que King desenrola a história e nos faz apegar aos personagens, afinal de contas, quando terminou eu queria mais e mais. O livro é incrível, e recomendo para qualquer pessoa, pois com certeza esse é um livro que tem poder de encantar jovens e adultos.

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Ana Liberato