quarta-feira, 25 de março de 2015

Resenha: “Perdida” (Carina Rissi)



*Por Mary*: Não só é muito difícil falar de um livro que gosto tanto, como é muito difícil ser suficientemente coerente com relação a uma escritora que admiro profundamente. É, amigos, estamos diante da minha maior DPL dos últimos tempos.

Em Perdida conhecemos Sofia, uma típica mulher do Séc. XXI completamente adepta às suas tecnologias e facilidades, independente e que tem uma completa fobia por casamento. A mera palavra já causa arrepios. Ela não acredita muito no amor ou na existência de uma relação verdadeiramente longa e duradoura. “Sem amor, mas sem dor”. Ela vive muito bem assim – ou finge acreditar que vive – até que um dia algo muito louco acontece: o seu novo celular a transporta para o ano de 1830. Sim, meus queridos, Sofia vai parar no Séc. XIX e lá é acolhida pela família Clarke, conhecendo Ian, um verdadeiro príncipe encantado. E, como se já não fosse muito difícil entender qual a sua missão naquele mundo novo – ou estaria louca? – Sofia ainda precisa lidar com a intensa atração que sente por Ian.

Parei para reler algumas passagens e, assim, articular melhor essa resenha e me surpreendi com o quanto me identifiquei com essa Sofia pragmática e cética do início da obra. 
“Você sempre foi muito cética, não é? Nunca acreditou em magia. Nem mesmo em contos de fadas ou Papai Noel. Sempre prática! Está na hora de começar a crer que existem mais coisas no universo além daquelas que os seus olhos podem ver. E finalmente começar a viver a sua vida! Você sempre a deixou para depois, esperando que ela acontecesse, mas nunca fez nenhum esforço para isso.” 
Estranho, não tinha reparado nisso na primeira vez que li...

Sabe quando você fecha o livro e sente um vazio imenso, como se alguém que você ama muito tivesse acabado de se afastar de você e ido para muito longe? E aí você não consegue pegar outro livro, porque ainda está preso no mundo do livro anterior, nos personagens e só consegue pensar neles. É, meus caros, isso é uma grande ressaca literária ou mais comumente conhecida como DPL (Depressão Pós-Livro).

Fiquei justamente assim. Uma grande e terrível fossa literária.

Em Perdida você será levada para um belíssimo conto de fadas moderno, com seus vestidos bufantes de princesa, bailes e um príncipe encantado de arrancar suspiros. A obra é escrita em primeira pessoa, a partir do ponto de vista de Sofia. A trama é ágil, divertida e a Carina Rissi sabe dar o tom certo para as conversas, desde as mais engraçadas até as mais sérias. Com SofIan você passará do riso às lágrimas em questão de minutos, sem esquecer dos reiterados suspiros que sem querer nos escapa entre uma cena e outra. 
“Sinto que posso... flutuar quando estou com você. Como se fosse capaz de realmente voar! Sinto-me completo pela primeira vez, Sofia. Há uma força em você que me atrai, que me arrasta para perto, uma força inexplicável que turva os meus pensamentos (...). E quando não estou com você, meu peito fica vazio, como se meu coração se recusasse a bater até que a encontre novamente. Sinta! Ele diz Sofia, Sofia, Sofia! Tem sido assim desde a primeira vez que a vi. Desde aquele instante percebi que não era mais dono do meu coração, que ele não me pertencia mais. Então... (...) Não diga que não existe nós!” 
Ai. Meu. Deus! <3 <3 <3

Eu costumo dizer que, para um autor, a pesquisa é fundamental. Sobretudo para quem escreve romances históricos e a Carina cumpre isso de forma magistral. Muito além de demonstrar a pesquisa aprofundada que faz em suas obras – de costumes, aspectos históricos e de moda – a autora apresenta de forma bastante original a sua capacidade de utilizar a licença poética a seu favor. Isto é, de utilizar as circunstâncias pesquisadas e adaptar, de forma a melhor se adequar às necessidades da história.

Outro ponto interessante a destacar, mas que está relacionado ao que menciono no parágrafo anterior – é que a Carina não define o nome das cidades em que se ambientam os fatos, de modo que você tem a liberdade de visualizar um mundo diferente, onde, por exemplo, não existiu a escravidão (tão abominável, que seria perfeito se realmente pudéssemos apagar da História). Isto é, muito embora, pela descrição, a metrópole mencionada se relacione bastante a São Paulo, poderia ser qualquer outra, cabendo ao leitor fazer a sua própria construção.

Essa “temporada” que a Sofia é obrigada a passar em um século atrasado e arcaico serve para fins de autoconhecimento. A Sofia, muito além de quebrar a cabeça para entender o que diabos a vendedora queria ao mandá-la para lá, acaba aprendendo mais sobre si mesma e sobre o que ela acreditou nem existir: o amor. 
“Contos de fadas podem se tornar realidade, Sofia. Basta que a princesa não lute contra a própria felicidade.” 
Tentarei me lembrar disso, Ian, prometo.

E, todo esse conflito, toda essa dificuldade em se adaptar e acreditar que algo tão bonito pode acontecer na vida real, mesmo que indiretamente, atinge o leitor, fazendo-o refletir. Porque até que ponto essa vida corrida que a gente leva nos distancia do que realmente importa? Quero dizer, até que ponto se preocupar tanto com as coisas – muitas vezes supérfluas – com as quais nos preocupamos não nos distancia do amor, da família, dos amigos e de nós mesmos?

Não vou cansar de elogiar a Carina, porque ela é simplesmente fantástica. Os seus personagens levam um misto completo de verossimilhança, magia e romantismo. É como trazer os contos de fadas para a vida real e você quer acreditar na possibilidade, por mais difícil que possa parecer. A Sofia, por exemplo, é atrapalhada, teimosa, petulante e só sabe se meter em confusão, dada à sua propensão à impulsividade. O Ian, por outro lado, é gentil, doce, elegante lindo maravilhoso tudo de bom e carrega consigo a perfeição do século em que vive, demonstrado em seus modos polidos, a fala pausada e bem articulada, os movimentos calculados e suaves. Um verdadeiro cavalheiro. 
“- É uma caneta. Você usa para escrever. Assim. – Tomei o objeto de suas mãos e fiz alguns rabiscos num pedaço de papel (minha conta de telefone, constatei). – Não me diga que ainda não tem caneta aqui? - Não, não tem! – Ele olhava fascinado para a minha caneta simples, comprada no supermercado. – Usamos pena e tinta para escrever.” 
Se ficou contente desse jeito com uma Bic, imagina o Ian com uma Mont Blanc?! Rs.

E, como se já não bastassem todos os elogios ali acima, ele carrega certa inocência, uma doçura indescritível e o amor mais devotado que se pode imaginar. Se você não se apaixonar, ah, minha querida, esse coração é mesmo duro, viu? Aposto um caramelo, que não tem cristão que resista aos encantos de Ian Clarke. 
Ian. Ian era a resposta para todas as minhas perguntas. Eu não tinha mais dúvidas quanto a isso. Era por ele que eu procurava – a vida toda -, sem nem mesmo saber que procurava. Era ele que eu queria, de forma desesperada, para toda a vida. E era ele a minha jornada ali, minha missão.” 
E tem notícia boa: Habemus filme! Foi confirmada a adaptação cinematográfica de Perdida e a própria Carina participou de perto da elaboração do roteiro. Nesse ano de 2015 devem surgir mais notícias e provavelmente serão anunciados os atores escolhidos para cada papel. Recentemente surgiu uma campanha nas redes sociais em que pediam o Bernardo Velasco para interpretar o Ian. 



 
 


E vocês, o que acham? Que ator brasileiro vocês acreditam que seria o Ian perfeito?

Se alguém, por acaso, quiser saber mais sobre a campanha, basta clicar aqui.






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Ana Liberato