segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Resenha: “Louco Por Você” (Jasinda Wilder)

*Por Mary*: Sabe quando você pega o livro, olha a capa, lê a sinopse, a orelha, pensa que ele vai seguir uma linha e quando começa a lê-lo descobre que é absolutamente diferente (não de um jeito ruim) do que você esperava? Pois é, aconteceu justamente isso. A abordagem, o modo como se explorou o conflito e a forma como os fatos se desenrolam ocorreram de forma bastante inesperada para mim.

Mas vamos por partes, não é? Fui para o final, antes de explicar do que se trata o livro!

Em Louco Por Você, conhecemos Nell. Com Kyle, ela forma o casal perfeito: bonitos, responsáveis e com um grande futuro pela frente. Por se conhecerem desde crianças e serem melhores amigos desde sempre, a descoberta do amor parece ter sido um caminho natural, mas Kyle se vai em um trágico acidente, deixando Nell devastada, mergulhada na culpa, no sofrimento e na dor. Colton, por outro lado, é o cara “errado”, o bad boy com uma doçura indescritível e irmão mais velho de Kyle. Curiosamente, Colt é quem Nell mais precisa no momento para ajudá-la a sarar as feridas, posto que ele mesmo tem as suas próprias para serem tratadas.

A narração se dá em primeira pessoa, variando-se os pontos de vista entre a protagonista Nell e Colton. A autora dividiu o livro em três partes, que eu, pessoalmente, prefiro chamar de fases. Essa forma de delimitação me pareceu essencial para ressaltar as mudanças ocorridas no decorrer da trama. Quero dizer, as “partes” são espécies de delimitações das fases do livro, que acentuaram mudanças de comportamento dos personagens, de momentos emocionais e até mesmo de ambientações.

Algo importante de mencionar é acerca da construção dos personagens. A Jasinda Wilder é muito feliz na composição de suas personas. Como não há muitos personagens no livro, é facilmente possível fazer uma breve análise deles. Não vou me ater aos pais, porque aparecem muito pouco e não dá para formar uma opinião sobre eles que mereça destaque. Contudo, Nell, Kyle e Colton possuem características muito distintas, que os tornam pessoas completamente autônomas e isso facilita até mesmo na identificação de suas falas.

Além disso, a relação que nasce entre Nell e Colton não se parece em nada com a relação que existia com o Kyle, mesmo porque as coisas acontecem em momentos bem diferentes da vida da protagonista. E isso acaba convergindo com outro ponto que eu queria tocar: a clara mudança no comportamento da Nell – mas isso eu deixo para comentar melhor mais à frente.

Deixo para falar do Colton mais adiante também, quando chegar ao conflito principal, assim não fico repetitiva. Quanto ao Kyle, eu só preciso confessar que não gostei muito dele, não sei bem o motivo. Não é o fato de ele ser perfeito demais. O moço era até bastante fofo e acho que ele realmente amou a Nell, só não me cativou. 
“Eu sei que somos jovens. E sei que a maioria das pessoas diria que somos apenas crianças, ou muito novos para saber o que é amor. Mas não eestou nem aí. Conheço você a minha vida toda. Dividimos todos os momentos juntos. Cada momento importante de nossas vidas aconteceu quando estávamos juntos (...). E agora estamos aprendendo a nos apaixonar juntos. Não me importa o que os outros digam. Eu amo você. Eu sempre vou amar você, não importa o que aconteça conosco no futuro. Amo você hoje e sempre.” 
Jasinda Wilder aborda temas como perda, recomeço, culpa, sofrimento e autoflagelo de forma direta e cuidadosa, sem abandonar o erotismo. Em geral, costumo ter certas reservas com relação ao erotismo, porque acredito que há uma linha muitíssimo tênue que o separa da pornografia e nem todos os autores conseguem administrar bem a trama, relacionando-a. Contudo, Louco Por Você consegue manter essa linha bem delimitada, de modo que Jasinda em momento nenhum perde o foco da história. Os momentos quentes são um plus para o leitor, mas a trama se sustenta por si só, sem necessitar de tais artifícios para ratificá-la.

Voltando ao comportamento da protagonista, a Nell que conhecemos na primeira fase não se parece em nada com a Nell da segunda fase. Há um verdadeiro contraponto entre sua clara imaturidade, insegurança e romantismo próprios de uma adolescente de 16 anos com a jovem de 20 anos em luto, machucada, deprimida e culpada.
“Não era nada combinado, necessariamente, apenas... impressão. O pai dele, o talentoso deputado; meu pai, o CEO, o empresário de megassucesso. Seus filhos lindos e perfeitos juntos: Bom, oras... Eu sei que isso parece arrogante ou sei lá o quê, mas é verdade. (...)”

“Ela tenta se afastar de mim e eu deixo. Ela se joga da cama, caindo de quatro no chão, e se arrasta até o banheiro. Eu a ouço vomitar e reprimir o choro. Levanto e a observo da porta. Ela crava as unhas nos braços com tanta força que vejo gotas de sangue escorrendo pelas mãos.” 
Nesses dois trechos acima vemos dois momentos distintos da Nell, que não consegue lidar com a perda do Kyle e começa a se destruir. O primeiro está inserido logo na primeira página do livro, enquanto o segundo está na segunda parte da obra. O Colton é imprescindível para puxar a Nell do poço em que ela está se afundando.

Falando em Colton <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

Eu vi há algum tempo atrás um estudo que apontava que os homens com cara de mau são mais bonzinhos do que os demais e acho que o Colt facilmente se enquadraria nesse estudo. Ele é extremamente doce, gentil, compreensivo, carinhoso e protetor (a lista de adjetivos é imensa, acreditem). Em contrapartida, ele é um cara sofrido, que já viveu muita coisa, encarou a perda de perto e teve que aprender na marra a viver sozinho. O Colton é um homem que nos toca profundamente. Apesar de se tratar de um brutamontes (fisicamente falando), há momentos em que você só quer pegá-lo no colo e afagar seus cabelos, fazer um carinho e garantir que tudo ficará bem. 
“Mas quando você sente aquela necessidade por alguém que o consome por inteiro, uma pessoa por quem você faria qualquer coisa no mundo, sabe? (...) Eu amei desse jeito. E ela se foi. É por isso que tenho essas coisas no peito, as cicatrizes. Eu não conseguia lidar com essa dor.” 
(O trecho que eu queria mostrar para vocês tem um spoiler monstruoso, gente! Aí não dá.)

Louco Por Você relaciona o drama, o romance e o erotismo de forma inteligente, coordenada e coerente. Além disso, Jasinda Wilder consegue nos levar a um mundo desconhecido para muitos de nós: o de pessoas que sofrem com problemas psicológicos e precisam de ajuda, mas não conseguem gritar por socorro.

Para encerrar, quero citar o trecho de uma série que gosto bastante, chamada Forever. Assistindo ao episódio da semana passada – que, coincidentemente, tinha como tema a utilização da dor física como válvula de escape para a dor psicológica – tive uma espécie de clique ao ouvir o protagonista narrar a seguinte passagem e achei que tinha tudo a ver com o tema debatido em Louco Por Você
“Nosso corpo sente dor para nos alertar do perigo. Mas isso também nos lembra que estamos vivos, que ainda podemos sentir. Por isso que alguns procuram por isso. Enquanto outros por não sentir.”

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Ana Liberato