sexta-feira, 11 de março de 2016

Resenha: "A Garota na Teia de Aranha - Millenium - Vol 04" (David Lagercrantz)

A Garota na Teia de Aranha - Millenium - Vol. 4
Por Sheila: Olá pessoas! Vocês notaram que eu sumi? Infelizmente esta que vos fala esta se despedindo da equipe do Dear Book em função de diversas situações pessoais e redefinições de vida que se impuseram em meu caminho neste ano.

No entanto, como já havia começado a ler algumas séries como resenhista, assumi o compromisso de continua-las, motivo pelo qual talvez vocês ainda me encontrem aqui por algum tempo!

Pois bem, este é o quarto livro da série Millenium que começou a ser escrita por Stieg Larsson e continuará sendo escrita por David Lagercrantz. O problema é que Larsson faleceu em 2004, tendo sua obra lançada postumamente - e vendendo milhões de cópias. Assim, alguém (não pesquisei) achou que seria interessante continuar a saga mas com outro autor. E vamos ao resultado.

Logo de inicio, somos apresentados a Frans Balder, um intelectual brilhante que, não se sabe por que acidente de percurso, acabou brevemente casado com uma artista de cinema americana e pai de um filho autista, que ele havia negligenciado completamente. Ate agora.


Frans Balder sempre se considerou um mau pai.
August já tinha oito anos e Frans nunca havia se esforçado muito para exercer as funções de pai e nem podia dizer que agora já se sentisse confortável nesse papel. Mas o dever o chamava, e era assim que ele estava encarando. O menino andava passando por maus bocados com a mãe, ex-mulher dele, e com Lasse Westman, o desgraçado com quem ela tinha se casado
.

Assim, num ímpeto muito pouco esperado, Balder leva o filho embora com ele, para morarem na Suécia. Acontece que ha mais coisas acontecendo na vida de Frans Balder alem das questões de guarda e tutela envolvendo o filho. Ha algum tempo, ele vinha trabalhando numa nova tecnologia de inteligencia virtual que prometia revolucionar o campo do conhecimento humano, mas acontece que dados de seu projeto foram roubados.

Acaso ou não, vamos descobrir que uma misteriosa e sisuda hacker estava ajudando Balder a descobrir como estes dados chegaram ate uma empresa concorrente, que patenteou alguns dados antes que Balder pudesse faze-lo. Mas por que Lisbeth estaria ajudando Balder? E de que forma isso se relaciona com seu passado, a ponto de interessa-la?

Neste ínterim, descobriremos que Mikael Blomkvist vem enfrentando dificuldades em sua revista, a Millenium. O grupo Vanger, que  a principio os estavam apoiando financeiramente, perderam interesse na linha editorial da revista, a brindo espaço para que um antigo e hoje mais bem sucedido colega de Mikael fizesse uma proposta que, se a principio pareceu salvar a revista, por alguns reveses da vida fez com que a Millenium ficasse a merce de modificacoes estruturais que ameaçam faze-la perder sua identidade.

É então que aparece um novo "furo" para Mikael e a Millenium: um antigo estagiário de Frans Balder resolve procurá-lo, falando sobre uma invasão aos dados de uma pesquisa e uma misteriosa hacker, o que imediatamente chama a atenção de Bolmkvist e o faz, mais uma vez, entrar junto com Lisbeth em uma caçada sobre a qual você só vai saber mais lendo o livro.

Agora vamos a parte difícil: conseguir expressar o que achei da leitura da obra. Desde o instante em que abri o livro repeti para mim mesma: "Este não é Larsson" e "Não tente comparar as obras", mas a comparação é inevitável.

O que mais nos cativa na escrita de Larsson é a profunda e fundamentada crítica realizada ao machismo e misoginia existente em seu pais, trazendo Lisbeth como a vítima que não se deixa abater, se sobressai e enfrenta todos os obstáculos em prol do que acredita ser certo. Sua dificuldade em interações sociais só a faz um personagem mais profundo, enigmático, e - por que não? - com um carisma que desperta a empatia do leitor a cada frase.

A narrativa de Lagercrantz assemelhasse mais a um romance policial cheio de aventura, socos, tiroteios, mas sem a mesma profundidade. Além disso, o resgate a questões da infância de Lisbeth simplesmente não me convenceram.

A leitura do livro só não foi uma decepção completa por que nos possibilita entrarmos novamente em contato com personagens icônicos como a Lisbeth Salander (como não amar)e o próprio Mikael, apesar de ser claramente ela nossa estrela principal.

Li algumas outras resenhas a respeito do livro, até para saber como o mundo literário vinha recebendo essa pseudo continuação e vi que as opiniões também se encontravam bastante divididas.

Acredito que um dos pontos positivos da escrita de Lagercrantz é que seu texto é muito mais fluido do que o de Larsson que, particularmente no volume 3, trazia um cabedal de informações históricas junto com a história ficcional em si, o que por vezes achei um pouquinhos maçante. Lagercrantz não fará isso mas, em compensação, parece ter criado uma história com diálogos rasos e, algumas vezes desnecessários.

Como explicar? Larsson conseguia me fazer, em sua narrativa, sentir a tensão, o medo, o asco pelo desprezível, a dor das vítimas de um sistema falho e dos ataques por personagens obscuros com claras inclinações sádicas. Já o sadismo que aparece na narrativa de Lagercrantz parece um tanto quanto estereotipado, forçado e clichê.

Enfim, continuarei lendo pela curiosidade sobre qual rumo tomarão os personagens queridos que aprendemos a amar, mas não consegui não fazer uma comparação LarssonXLagercrantz e me decepcionar um pouco com os rumos que a história tomou. Adoraria que vocês comentassem e me dissessem o que acharam. Abraços.

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comentários

  1. O pessoal fala tão bem dessa série que fiquei bem curiosa. Só tenho medo de que não seja bem meu tipo de livro e acabe não gostando tanto. Mas gostei bastante do seu post e espero muito poder ler o livro um dia ^^

    http://devaneiosdagih.blogspot.com.br/

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Ana Liberato