segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Littera Feelings #8 – Filmes e Leitores

Se livro é livro e filme é filme, leitor é leitor e telespectador é telespectador.

Olá leitores, como estamos? Féeeeeerias? Recesso? Amigo oculto? Presentes? Livros? Não li nenhum livro por agora em dezembro DDD: mas tô com Perdida e Gatsby (dessa vez vai!) comigo na viagem.

E olha que coincidência, vai ter filme de Perdida (Carina Rissi) e O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald) saiu esse ano.

Acho que depois de nossas experiências como leitores ao ver nossos livros adaptados para o cinema, se não mesmo séries de tv, a gente já estala a língua e fica incerto sobre o que vai dar. Quem nunca se decepcionou com um filme após ler o livro que atire um marcador o/

Esperamos demais talvez? Andei refletindo sobre isso esses tempos. Friso aqui que as descrições abaixo de filmes são minhas opiniões e se concordam ou discordam, só comentar. Percepções e gostos são variados o/

No outro dia comentaram comigo que o filme Mar de Monstros (Percy Jackson e os Olimpianos 2) tinha sido muito muito massa (a pessoa não leu e/ou conhecia os livros) e eu achei que só... assassinaram a base da história, assim como se contradizia enquanto trama mitológica. Mas eu não disse isso a pessoa, pareceria pedante demais comparar, ainda mais se ela não conhecia e tinha gostado bastante da produção.

Dessa série, havia visto primeiro o filme O Ladrão de Raios (Rick Riordan). Não nego, o filme havia me encantado, afinal, eu não tinha muitas referências daquela história. Ainda acredito que adaptações são na verdade convites para nós conferirmos aquela trama – Possessão, de A.S. Byatt (o romance, não o filme de terror) é um desses que me convida há anos; já Querido John, do Nicholas Sparks, espero que não seja tão incerto quanto pareceu, pois terminei o filme com muitas interrogações. Não foi exatamente um convite.
 
Quanto a O Ladrão de Raios, fui lá conferir. Encontrei muita coisa desconstruída, fato.

Mas mais desconstruído que Avalon High (Meg Cabot) não me lembro de ter visto (O Lado Bom da Vida, do Matthew Quick, não chega aos pés). Nem saberia por onde começar a frustração que foi essa adaptação. Me pergunto às vezes o que realmente a tia Meg deve ter achado desse suposto “tiro pela culatra”. Ou o próprio Matthew.


Acontece que eu já estava muito bem ambientada em Avalon High, enquanto que em O Ladrão de Raios não. Deve ter muito filme por aí que, por não termos lido o livro, aos nossos olhos parecem ótimos. Poucas pessoas sabem que 10 Coisas que Eu Odeio em Você é do David Levithan ou que As Patricinhas de Beverly Hills traz um pouco de Emma, Jane Austen. Quem sabe mudamos de opinião após ler? Esses dois já são filmes batidos, ler a essa altura do campeonato pode é nos fazer desacreditar no livro :D

O que é, então, pior/melhor: quando assistimos primeiro e descobrimos os “causos” na leitura ou quando lemos primeiro e percebemos as modificações no filme?


Não li Harry Potter (e nem vi todos os filmes), mas, corrijam-me se estiver errada, o fandom parece de bem com as adaptações. O mesmo para Jogos Vorazes (que também não li, assisti apenas o primeiro) em geral. De Crepúsculo, achei alguns genéricos e que boas coisas foram muito pouco exploradas. Não acompanho Academia de Vampiros, mas pelo que vi em trailers e coments da galera, tenho alguma ideia do esperar.

Onde está a complicação? Por que não pegar o livro e usar como roteiro?
Porque não dá rs.

O caso melhor se explica quando vem o professor e pede para fazermos uma peça de um livro, seja na escola (fiz Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente), seja na faculdade (fiz Lisístrata, Aristófanes - e olha que ambas obras são teatrais). A gente quer encaixar coisas legais, dar uma incrementada, inovar, utilizar-nos de sacadas, remexer numas partes, tirar outras, enrolar algumas.

Aí se encaixa bem o velho ditado de “uma imagem vale mais que mil palavras”. Uma cena de segundos no filme pode equivaler/render mais que cinco páginas no livro, por o autor ir passo a passo, nos desenhando aquele mundo. No filme não, a leitura é imediata. Ai de ti se perder um detalhe!

Ou seja, não se conta, se mostra. Para isso trabalham-se os diversos recursos. Se na leitura dependemos da visão e imaginação, nos filmes somos incitados por sentidos a mais, como audição e percepção mais apuradas. 

Se não fosse complicado o bastante, vem o marketing (senão a publicidade) pra mover a “sedução” pela história. Porque sim, o filme, se baseado numa trama de livro, eles não querem fazer apenas para os fãs, eles querem abarcar o máximo de pessoas que conseguirem mobilizar. Por isso seguir tendências e tecnologias.


(sobre Jogos Vorazes - Em Chamas)

A verdade, infelizmente, é essa: a adaptação apenas toma por base determinada história (e somos avisados naquelas letrinhas no início e fim do longa-metragem), não é a tradução de uma linguagem para outra. Por mais que esperamos diálogos e cenas cruciais, é difícil bater o filme que fazemos na nossa cabeça. E difíiiiiicil às vezes largar esse nosso lado leitor pra respeitar o do telespectador.

(sobre O Hobbit - A Desolação de Smaug)
  
A Fera (Alex Flinn), por exemplo, não precisou seguir a história como definida no livro e se saiu super bem, a essência foi mantida. O Vestido, baseado em O Caso do Vestido (Carlos Drummond de Andrade), deu mais vida ao “simplório” triste caso. Não é necessário conhecer o poema pra entender, só que o fato de ter lido previamente é que marca e surpreende, pois o próprio filme se utiliza de trechos para alguns diálogos e pensamentos narrativos.

Aprendi assim no hard way que não devo esperar muito das adaptações, principalmente questão de fidelidade às tramas. O próximo filme a que for assistir, sendo de algum livro, vou tentar só pensar na coerência, pra aproveitar melhor o longa – mas quem não ama a cena da chuva em Orgulho e Preconceito? Foi coerente :D

Agora só de imaginar o filme de A Culpa é das Estrelas (John Green), acho que não tenho estrutura pra assistir XD


E vocês? Que filme te convidou para uma leitura? Quem não convida? Que filme deu um up no livro? Ou que surpreendeu de descobrir que tem livro? Quais filmes vocês estão esperando?

Aproveitando o ensejo: FELIZ NATAL, GALERE!
E se eu não aparecer segunda-feira que vem: FELIZ ANO NOVO!

Até o próximo post,


Kleris Ribeiro. 

7 comentários

  1. Não li A culpa é das Estrelas, e sinceramente, estou fugindo de drama.
    Mas, é verdade, eu já decidi, se leio o livro, não assisto o filme. Ou só leio o livro após assistir o filme. Assim minha decepção não é muita! Também assisti Jogos Vorazes, achei perfeito. Amei Percy Jackson (mas quem leu o livro detestou). Então... só leio os livros após assistir os filmes, acredito que vou viver mais feliz com essas adaptações dessa forma!

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    1. Então nem pense em "Como Eu Era Antes de Você" pq tbm vai ter filme e esse é outro que não vou saber lidar DDD:

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Eu realmente já até cansei de me decepcionar com adaptações literárias, eu prefiro ver o filme primeiro e depois ver se eu gostei da história para depois ler, foi assim com muitos livros que eu li. Quando eu já li o livro e vejo o filme sempre mantenho as minhas expectativas baixas.
    Existe muito xiita por ai que reclama de qualquer mínimo detalhe mas também existem filmes que parece que só leram a sinopse e resolveram fazer o filme como é o caso de Percy Jackson. Foram poucas as vezes que eu vi uma adaptação incrível como é o caso de Jogos Vorazes e As Crônicas de Gelo e Fogo (GOT) e Harry Potter tem os seus altos e baixos sendo alguns filmes bem adaptados e outros nem tanto.

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  4. Eu tento ter a mente aberta quando se trata de adaptações, se fosse pro filme ser igual não precisava do livro, ler e assistir filmes são duas coisas muito diferentes, não dá pra ter as mesmas sensações ou percepções.
    Eu conheci Jane Austen, minha autora favorita, através da adaptação de Orgulho e Preconceito, eu já vi esse livro adaptado de tantas formas diferentes e amo todas elas.

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    1. Sou outra que não me canso das adaptações de OeP ou coisas relacionadas a Jane Austen. Minha admiração só aumenta. Tbm comecei pelo filme, assisti por acaso e corri atrás do livro. Foi um baita convite!

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  5. Acho que a culpa é das expectativas! Não dá para ir ao cinema achando que vamos "ver" o livro, tudo aquilo que imaginamos ao ler a história. Livro é livro e filme é filme, sei lá, pelo menos é como eu vejo. E acho também que quando a gente não está acostumado com o universo de tal história, o filme fica com um quê de superficial. Por exemplo, adoro os filmes do HP, mas enxergo que eles deixam muitas coisas no ar, a gente assiste todas aquelas coisas mágicas sem saber o porquê ou o que são, e tudo bem, não muda o entendimento da trama. Ao passo que no livro esses detalhes são todos esmiuçados. Enfim, acho que se eu não tivesse lido os livros, eu gostaria menos dos filmes.
    Já Crepúsculo foi o oposto. Curti os filmes, na medida do possível, já que não são lá produções inesquecíveis (apesar de que as trilhas sonoras são demais). Mas detestei os livros, achei-os muito mal escritos. Enfim...
    Um filme que me convidou à leitura, bom, cito alguns: Laranja Mecânica, A Espuma dos Dias (ainda não li, mas já comprei o livro!), Zazie no metrô, O Exorcista,...

    Um beijão! Livro Lab

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Ana Liberato