segunda-feira, 31 de março de 2014

Resenha: "A filha das flores" (Vanessa da Mata)



Por Marianne: Vanessa da Mata já é bastante conhecida por todos como cantora e compositora. Em A filha das flores, seu romance de estreia, vemos a desenvoltura da moça como escritora.

O livro tem uma poesia notável pelo modo como Vanessa escreve, o que torna a leitura muito agradável.
A tal “filha das flores” é Adalgiza, que todos chamam de Giza. Giza foi criada pelas tias no interior do Brasil. Não fica claro no livro em qual cidade ou estado a história de passa, acredito que a intenção da autora foi criar uma cidade fictícia. 
Giza e as tias tem um jardim de flores que abastece a igreja, leva condolências pros funerais e recados acompanhados de rosas aos apaixonados da cidade.

A história começa com Giza na adolescência e à medida que ela vai crescendo alguns questionamentos começam a pipocar na cabeça da moça. Por que ela é criada pelas tias? Quem são seus pais que ninguém comenta? E o que existe além das fronteiras da vila onde ela vive?

É movida por esses questionamentos que um dia meio escondida Giza vai a vila vizinha, chamada Vila Morena, pra descobrir o que há por lá e é surpreendida por um mundo completamente diferente da pacata e monótona vila onde mora.
Prostitutas, ex-presidiários e uma Rainha que todos adoram e esperam ansiosamente. Sim, uma Rainha, que aparece de vez em quando e a vila inteira se prepara pra festejá-la.
Cheguei e parei o fusca em uma sombra de pequizeiro, cautelosa, entrei na Vila Morena: o rabo amputado e afastado, apenas a alguns quilômetros do centro de tudo. Casinhas coloridas e jocosas, de um mau gosto irrecuperável, encheram meu corpo de riso, achei hilário. A desconstrução delas parecia propositada, feita para arrancar diversão dos outros —paredes tortas e cores exageradas, prontas a desbancar qualquer negociação com a civilidade.
Com a curiosidade instigada por esse universo novo de Vila Morena, Giza sai escondida das tias pra conhecer a festa da Rainha e a partir daí ela começa uma descoberta do seu mundo, das pessoas com quem ela vive e do próprio corpo.
Entrei no fusca, o carro da entrega nunca fora tão longe. E eu então! Pensando em tudo que tinha me acontecido, parecia ter nascido outra vez em outra parte do mundo. Talvez fosse um delírio, essas pessoas eram opostas a todas as outras com quem eu sempre convivi.
O livro toma uns rumos diferentes, uma hora você acredita que está indo pra um lado mais fantasioso (com todas as descrições da festa da Rainha e seus “súditos”) e outra hora parece estar tomando um rumo mais “vida real”. 
No final esses dois “rumos” do livro se encontram e quase tudo se explica. Algumas coisas ficam sem explicação mesmo, e acredito que foi a única falha da história. Criou-se um mundo tão fantasioso que ao trazê-lo pro real nem tudo pode ser explicado.
Não é um livro que você vai devorar em um dia, é pra ir apreciando aos poucos, se encantando com a ingenuidade e perspicácia de Giza, crescendo e entendo com a protagonista o universo onde a história é contada. Ficamos no aguardo pra outras obras de Vanessa! Espero que tenham curtido a resenha, até a próxima :)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Resenha: "Paperboy" (Pete Dexter)

Por Sheila: Oi pessoas! Resenha de mais um livro considerado Best-seller pelo The New York Times – e que já virou filme também. Paperboy foi estrelado nas telonas por nomes como John Cusack e Nicole Kidman, mas eu ainda não assisti, então não posso dizer para vocês o que achei, ou fazer um comparativo livroXfilme. Mas o filme foi indicado à Palma de Ouro em Cannes, então vale a pena conferir.

Thurmond Call era o xerife do condado de Moat, e tinha em seu histórico um número excessivo de mortes. Até que, aparentemente, matou a pontapés o caipira errado: Jerome Van Wetter, um alcoólatra que, infelizmente, vinha de uma família grande e muito violenta. Assim, não houve surpresa quando um primo de Jerome, Hillary Van Wetter, com um grande histórico de violência, foi preso e acusado pela morte do xerife.
Por consenso geral, Hillary Van Wetter era o membro mais feroz e imprevisível de toda família Van Wetter, um título que ele havia conquistado vários anos antes, quando tinha, de fato, atacado outro policial com uma faca, e lhe decepado o polegar após uma discussão sobre um escapamento solto no carro. Aquele caso, entretanto, nunca chegou a ser julgado. Com a mão aleijada, o policial só desejava voltar para sua casa no Texas, e, quando finalmente regressou para lá, recusou-se a vir à Flórida para testemunhar no tribunal.
Charlote Bless é uma aficionada por assassinos no corredor da morte, correspondendo-se com vários criminosos ao longo dos anos, mas sempre perdendo o interesse em seus “casos” por cartas. Até conhecer Hillary. Por que Hillary é diferente. Hillary é inocente, e Bless quer tirá-lo da prisão para poder se casar com ele.

William Ward James é o dono do jornal Tribune, tendo dois filhos; o mais velho, Ward, seguiu a carreira jornalística, trabalhando para o Miami Times, muito longe de casa, e por quem o pai alimentava uma ambição não tão secreta de que um dia assumisse o comando de seu pequeno jornal.

O mais novo, Jack James, foi recentemente expulso da faculdade, onde fazia parte do time de natação, e era o responsável por dirigir o caminhão de entregas do pai, sabia que este esperava que seu irmão, e não ele, assumisse seu legado, e não dava importância alguma para o fato.

As histórias convergem, quando Bless vai em busca da ajuda de Ward, que tem feito sucesso junto com seu colega Yardley Acheman devido a publicação de algumas matérias investigativas, e consegue a ajuda dos dois para tentar provar a inocência do seu agora noivo Hillary Van Wetter – apesar de os dois formarem uma dupla improvável.
Para os repórteres e editores que trabalhavam com eles na redação de notícias locais, Yardley e meu irmão eram pessoas diametralmente opostas.
Diametralmente opostas.
Alguns dos editores do Time acreditavam que as diferenças entre os dois eram a razão para o seu sucesso, que uma boa estratégia de gerenciamento envolvia saber que pessoas opostas criavam uma certa química ... que o Miami Times havia tido a sabedoria de fomentar, e que produziu uma equipe investigativa com uma potência maior que os ingredientes originais indicavam ser possível.
Um par perfeito, diziam eles. Diametralmente opostos.
Afinal de contas, as provas contra seu noivo são bastante inconsistentes, o condado perdeu algumas das provas fundamentais e o advogado que deveria defender Hillary parece não ter feito esforço algum para, de fato, auxiliar seu cliente. Agora os quatro juntos: Ward investigando, Yardley pegando carona no talento investigativo deste, Jack dirigindo o carro e Bless sendo inconveniente, irão remexer numa história que toda a cidade preferia manter adormecida, e descobrir que as respostas que acharam talvez não fossem exatamente as que procuravam.

O livro é narrado em primeira pessoa por Jack, que nos conta a história depois da mesma já ter findado. A escrita flui com agilidade e a estória, descrita como um romance gótico e um thriller tenso, realmente acaba prendendo a atenção do leitor até seu desfecho.

Mas não entrou para minha lista de favoritos e me parece que tentar explicar por que acabaria sendo um baita spoiler. No entanto, acredito que eu esperava um pouco mais do enredo, e talvez a questão seja que, ao ler a sinopse do livro, fiquei com uma impressão errada de como seria o desenrolar da trama, e me fez esperar muito mais do final.

Afora minhas expectativas, recomendo  a leitura  e espero os comentários de vocês! Abraços.

sábado, 22 de março de 2014

Resenha: "Novembro de 63" (Stephen King)

Por Sheila: Oi pessoas! Como estão? Resenha que eu demorei a escrever por que eu AMEI o livro. Confesso que o último que resenhei do King, "Sob a Redoma", me decepcionou um pouquinho ... é que o final não era, de jeito nenhum, o que eu esperava. E também me pareceu um tantinho batido. Mas, fora isso, escrita impecável de sempre, personagens complexos, subtramas intrincadas...

Mas neste novo romance - que King diz já estava guardando "na gaveta" de seus pensamentos há bastante tempo - trata de um tema que não é novo. Afinal, a questão da viagem no tempo já foi bastante explorada por diversas mídias ao longo dos tempos. E é exatamente aí que reside meu encantamento: King conseguiu pegar um tema batido, e criar uma trama tão surpreendente, que me prendeu do início ao fim da leitura.

E a capa então? Nem se fala! o pessoal da SUMA de letras caprichou mesmo! Ela realmente parece uma folha velha de jornal, inclusive com algumas letras um tanto quanto apagadas, com uma mancha de sangue na parte superior, onde foi escrito o título do livro. E, mesmo com essa aparência de "coisa velha", a capa foi feita em um papel trabalhado. A textura da capa é ... não sei explicar. Só sei que não paro de namorá-la na minha estante, tanto que meu marido esta começando a ficar com ciúme ...

Mas chega de reticências e vamos à trama: JFK foi um dos presidentes mais famosos e queridos dos Estados Unidos, até ou por causa de sua morte, não sabemos ao certo. Tudo pode ser romanceado, passado algum tempo. Mas sua popularidade é inegável. Sua morte, foi um dos grandes instigadores de inúmeras teorias da conspiração. Afinal, realmente foi Lee Oswald quem o assassinou? Ou foi tudo uma grande conspiração?

Bom, Jake Epping é um professor de inglês que nunca havia parado para pensar nesse assunto com profundidade. Al é o dono da lanchonete local, que vende hambúrgueres a preço tão acessível, que todos acreditam que esta seja a explicação para o desaparecimento eventual de algum bichinho de estimação. Mas ninguém acreditaria numa explicação ainda mais bizarra: a carne que Al utiliza, vem de tão longe no passado, que o preço se torna irrisório.
Dei outro passo à frente e desci mais um passo. Os meus olhos ainda me diziam que eu estava em pé no chão da dispensa do Al's Diner, mas eu estava ereto e o topo da minha cabeça não batia no teto o que, naturalmente, era impossível (...) atrás de mim – mas um pouco distante, como se estivesse a quinze metros de distância, e não apenas a um metro e meio – Al disse: 
- Feche os olhos amigo, é mais fácil assim. (...) 
Desci com o pé esquerdo. Desci com o pé direito de novo e, de repente, ouvi um estalo dentro da cabeça, exatamente do mesmo tipo que a gente sente quando está no avião e a pressão muda de súbito. O campo escuro dentro das minhas pálpebras se avermelhou e havia calor na pele. Era a luz do sol. Nenhuma dúvida a respeito.
Difícil de acreditar? Do jeito que eu estou contando sim, mas King consegue não só contar de forma maestral, como também nos faz acreditar, de verdade, que talvez - mas só talvez - possa ser possível acontecer conosco o que aconteceu com Al: um belo dia, quase sem querer, dar de cara com uma passagem para o passado e ter o poder de mudar o futuro.
- Então – disse. – Você foi e voltou. O que acha?
- Al, não sei o que pensar. Estou abalado até meus alicerces. Você achou isso por acaso?
- Totalmente. Menos de um mês depois de me instalar aqui. Eu ainda devia ter poeira da rua Pine no salto do sapato. A primeira vez, eu realmente caí por aquela escada, como Alice na toca do coelho, achei que tinha enlouquecido.
Dava para imaginar. Pelo menos eu pude me preparar, um pouco que fosse. Enfim será que existiria algum modo adequado de preparar alguém para uma viagem de volta ao passado?
- Quanto tempo fiquei lá?
- Dois minutos. Já lhe disse, são sempre dois minutos. Não importa quanto tempo fique. – Ele tossiu, cuspiu num novo maço de guardanapos, que dobrou e enfiou no bolso – E quando você desce os degraus, é sempre 11h58 da manha de 9 de setembro de 1958. Toda viagem é a primeira viagem.
Mas há mais duas coisas que você deve saber. Al não vai ao passado apenas para comprar carne pagando mais barato. Não, ele pretendo fazer muito mais que isso. Afinal, ele fica se perguntando se os Estados Unidos teria lutado no Vietnã, por exemplo, se Kennedy ainda estivesse vivo? E como estaria a situação econômica? É o que ele decide verificar, modificando o passado. Só que Al está doente, muito doente. E é aí que entra Jake, a quem Al confia sua missão secreta: salvar Kennedy em Novembro de 63.
Eu tinha certeza de que Al estava maluco, mas tinha igual certeza de que dizia a verdade sobre o seu estado. Os olhos pareciam ter recuado mais fundo nas órbitas no pouco tempo em que estávamos conversando. Ele também estava exausto. Bastaram as duas dúzias de passos da mesa numa ponta da lanchonete até a despensa na outra ponta para que Al cambaleasse. E o lenço ensanguentado, disse a mim mesmo. Não esqueça o lenço ensanguentado.
Mas será que modificar o passado será assim tão fácil? Al testou com uma garotinha que sofrera um acidente que a deixara paraplégica; Jake com a família de seu ex-aluno, um zelador da escola tentando se alfabetizar que havia perdido a família inteira e parte dos movimentos da perna quando seu pai, alcoólatra, matou todos à machadadas, e as coisas saíram um pouquinho fora do esperado. E quanto a JFK? Quais seriam as consequências para uma modificação como essa? Afinal, há coisas estranhas e bizarrisses sem explicação, como o Homem do cartão amarelo, por exemplo, ou a sensação que Al tem de que, as vezes, o passado não quer ser modificado ...

E agora? Preciso dizer algo mais? Leia! Você se deparará com a Viagem no tempo como nunca imaginou, e se surpreenderá com o final, apesar de que talvez tenham algumas coisinhas que nem sempre ficam fáceis de entender, já que King tem o hábito de inserir personagens de outros livros no enredo, e é sempre bom ter uma idéia do universo de "A Torre Negra" - que é o meu sonho resenhar TODA para vocês um dia.

Se eu recomendo? Recomendo a leitura, o livro, a capa tudo! E desculpem se exagerei no entusiasmo ...
Beijos e até a próxima!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Resenha: "O Coração dos Heróis" (David Malouf)

Tradução por Paulo Polzonoff

Por Eliel: Uma guerra não acaba, simplesmente assim. Tróia está em chamas, os gregos venceram. Porém, ainda há muito sofrimento e dor, afinal, a guerra apenas mudou o seu campo de batalha. A guerra travada em frente aos portões da cidade agora sera travada em corações.
Mas o que parece tolice é justamente o mais razoável às vezes. O fato de nunca ter sido feito, de ser uma novidade impensável, exceto por eu ter pensado nisso, é exatamente o que me faz acreditar que eu deveria tentar.
Esse é apenas o começo, mas se espera saber mais sobre a guerra. Esqueça! Há pouquíssimas menções a batalhas ou a guerra propriamente dita. Porém, podemos tirar profundas lições para usarmos no dia-a-dia.

Eles se sentam em silêncio agora, a mão dela entre as dele. Já conversaram sobre essas coisas antes. Tranquilos, soberbos. São dois velhos pedindo conselhos um ao outro, buscando consolo na presença um do outro. Duas crianças de mãos dadas no escuro.
Aquiles deseja vingar a morte de seu querido Pátroclo, para isso mata Heitor e humilha seu corpo por arrastá-lo durante onze dias próximo aos muros de Tróia.

Ninguém tem coragem de fazê-lo parar, exceto por Príamo, rei de Tróia e pai de Heitor. Deixando de lado todo seu orgulho e grandeza, ele entra no território inimigo com a ajuda de um carroceiro e duas mulas.
Para o público, sempre fui o que pareci ser. Esta é a disciplina dos reis. Mas, para conseguir isso, tive de ser mais rígido do que os demais.
Soax, o carroceiro, será o sábio que conduzirá as lições durante as páginas desse livro de leitura leve e cativante. A complexa estória de a Ilíada de Homero toma novas formas nas habilidosas mãos de David Malouf. Percorra os cinco capítulos dessa releitura de um clássico e descubra muito mais da natureza humana que é muito mais do que brinquedo nas mãos dos deuses.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Littera Feelings #13 e Hemingway – Entrevista de Leitura #1

Hey, galera! Hoje temos um post diferente. Uma estreia, na verdade :)

Como temos visto, a coluna vem sempre trazendo temas relacionados à leitura e ao leitor, abre discussões e dá espaço para opiniões, experiências e histórias. Enquanto os livros cumprem seu papel social de nos revelar “mundos paralelos”, o leitor, quem também tem uma própria vivência a cada leitura, pode nos revelar seu lado. Afinal, ele muda a cada página passada, muda a cada livro finalizado <3

Além de ler, é importante que conversemos e botemos para fora as percepções. Às vezes parece que enquanto não dissermos algo a respeito, não paramos quietos, não é verdade? 

Acho ótimo no quesito não só de compartilhar, mas também de ouvir e fazer crescer nossas ideias, coisas que, se não fossem pela própria reflexão, ficariam aí às avulsas, quem sabe. 

Em vista disso, a coluna abre mais espaço para o leitor ser “ouvido” e assim darmos outras partidas de discussão. Como? Com uma entrevista de leitura. Foi sobre um clássico de Ernest Hemingway que conversei com a leitora Elda Oliveira e assim abrimos alas para a primeira entrevista da coluna :)

A propósito, quais os requisitos básicos para participar mesmo, Kleris? 

Ter lido um livro clássico 
(em abrangência mundial)
Ser uma leitura recente
Não valem releituras


Dados Preliminares:
Título: Paris é uma Festa.
Autor: Ernest Hemingway
Edição (editora e ano de publicação): Círculo do Livro; 1964.
Época de enredo: 1921 a 1926 em Paris.

Eis então, Elda e Hemingway =)


Faça sua sinopse, a mais simples possível. Conte-nos sobre o que é a história.
Elda: Bom, é basicamente sobre a época em que Hemingway viveu em Paris, período em que ele foi pobre e havia decidido largar o jornalismo para viver como um escritor profissional.

Qual era sua ideia antes de começar a ler? Essa expectativa bateu com o que o livro apresentou?
Elda: A minha ideia era simplesmente conhecer um pouco sobre o Hemingway, eu havia lido na minha infância um livro escrito por ele (O velho e o Mar) e lembrava de ter adorado a leitura, porém lembrava também que a maioria das pessoas que haviam lido na mesma época que eu e da mesma faixa de idade que a minha tinham opiniões contrárias a respeito da leitura. Enfim, decidi ler essa obra pra voltar a ler e conhecer melhor o Hemingway. As minhas expectativas estavam nas alturas, eu esperava muito do livro e posso afirmar que excedeu, ultrapassou tudo que eu esperava dele, é um livro maravilhoso.

Como foi seu ritmo? Houve algum momento de estranhamento (quanto à linguagem, costumes, atitudes, ensinamentos, ideologias...)?
Elda: Eu li tudo muito rápido, não conseguia parar, a leitura flui de forma bem natural, é como se ele (escritor) estivesse conversando conosco e nos contando coisas íntimas e cotidianas da vida dele, é como se fossemos velhos amigos. Em nenhum momento tive dificuldades com nada relacionado ao enredo do livro, eu achei tudo bem atemporal. 

O que achou da maneira como foi contada a história? E da desenvoltura dos acontecimentos?
Elda: A forma como o Hemingway narra o livro é bem linear, envolvente e pessoal. Os acontecimentos então... nem se fala. Como eu já disse, ele parece ser um velho amigo contando tudo sobre uma temporada em que passou longe, é tudo bem organizado, cheio de pessoalidades e comprometimento com os acontecimentos, ele parece ser bem fiel ao narrá-los.

O fim foi... satisfatório? (sem detalhes)
Elda: Excepcional.

Como acha que seria se você fosse daquela época? Consegue imaginar como seria se a história acontecesse hoje? 
Elda: Acho que seria mais ou menos como eu sou hoje, porém ainda mais voltada para as artes como forma de expressão. Consigo imaginar perfeitamente essa história acontecendo nos dias de hoje e se bobear está acontecendo agora mesmo. 

Há alguma música que marcou a leitura (ou a lembrança da leitura)?
Elda: Sim, "House of the Rising Sun" (The Animals). 

Há algum trecho (quote) que queira destacar?
Elda:
"Mas Paris era uma cidade muito antiga, nós éramos jovens e nada ali era simples, nem mesmo a pobreza, nem o dinheiro súbito, nem o luar, nem o bem e o mal, nem a respiração de alguém que, deitado ao nosso lado, dormisse ao luar". (Parte: Uma falsa primavera – pág. 61).

Você leu outro livro nesse meio tempo que dedicou a Paris é uma Festa? Qual/quais?
Elda: Não.

Pra fechar, “O livro é legal, mas...”?
Elda: O Hemingway se matou.

(Poxa =/)


E aí, também ficaram curiosos? Já tinham ouvido falar desse escritor modernista, senão desse ou outro livro dele? O que sabem sobre essa Paris festeira? Confesso que sempre confundi Ernest Hemingway com Scott Fitzgerald (escritor de O Grande Gatsby), que eram grandes amigos naquela época. Até então tinha poucas referências sobre eles – e aos poucos vou tapar esse buraco de informações rs (e reassistir Meia-noite em Paris!).

(filme Meia-noite em Paris)

Uma coisa que curti bastante foi isso de ser atemporal, acho que dá uma familiaridade e nos lembra que algumas coisas ainda não mudaram drasticamente de lá para cá. Ernest está definitivamente na minha lista de caça aos clássicos para minha estante!

E quem ficou interessado em participar de uma entrevista e estiver dentro dos citados requisitos, mande seu nome, um contato de rede social (FB ou twitter), o nome do livro e do autor para marykleris@hotmail.com. 

Espero que tenham gostado :)

Até o próximo post,
Kleris Ribeiro.
domingo, 16 de março de 2014

Resenha: “Pela Luz dos Olhos Seus” (Janine Boissard)


Tradução de André Telles

Por Kleris: Oi, gentes! Essa é minha resenha de estreia :) O livro me chamou a atenção num dia qualquer passeando pelo skoob, fez suas promessas e temi ter esperanças demais logo de cara. A edição brasileira traz uma capa linda que, não sei vocês, ela me faz sorrir de volta tal qual a foto e posso dizer que “pega bem” a essência do que é a história. Guardem essa informação que vou buscá-la daqui a pouco.

O livro começa no ponto de vista de Laura, uma assessora de imprensa que é requisitada de última hora para servicinho “particular”: ser guia de um cantor lírico cego, a quem se referiam como “mestre” por ser muito renomado.
Quando o agente tirou do bolso minha passagem de trem, tive vontade de rir outra vez. E se eu tivesse recusado? Na verdade, qualquer outra, aqui mesmo, se ofereceria prazerosamente para cuidar do mestre. Outra mais experiente. Por que eu?
Apesar de não conhecer nada do ramo dele, Laura se aventura a cumprir tudo e descobrir, quem sabe, o porquê de ELA ter sido requisitada, pois de certa forma ficou aquela pulguinha atrás da orelha. Isso acaba ficando para segundo plano quando o ouve cantar pela primeira vez. A voz dele a toca a ponto de não só admirá-lo, mas vir a ter aquele amorzinho platônico impossível. E ela tem noção do quão bobo isso é.
Eu ia amar aquele homem. Já o amava. Podem rir. Um amor de fã pelo ídolo. A obscura provinciana e o homem realizado, bonito, rico, que tinha todas as mulheres a seus pés. Melhor: o homem ferido! E eis que a inocente garotinha encontra o caminho de seu coração... Puro romance ao estilo de M. Delly!
Encantos (e constrangimentos) à parte, Laura é logo contratada por definitivo por David, o agente do cantor, o que a permite adentrar mais no mundo de Claudio Roman, o cantor sedutor. Como amiga e profissional, ela vai descobrindo mais de quem foi e quem é o Claudio de agora, cego.

Ainda que tenha uma carreira feita, ele sofre por suas limitações e guarda medos que Laura diz “reconhecer” nas várias apresentações que acompanha. Quando ouve a voz dele, é como se ela pudesse sentir mais que as vibrações da própria música, os nuances de dor e frustração, coisas que realmente a incomodam. Laura deseja poder realizar um sonho antigo de Claudio, de interpretar um papel lírico que “foi feito para ele”. Para isso, teria de resgatar a visão primeiro.

O caso de Claudio não era irreversível, só talvez sua opinião sobre a cirurgia. Enfrentando a ira dele, e as dúvidas do agente-pai David, ela se mete e os convence de tentar uma chance, já que muitas coisas do estado dele eram favoráveis. Embalada por uma amizade e paixão misturadas, Laura vê a cirurgia se realizar e trazer a visão de volta a Claudio. Ele então poderia interpretar o Alfredo, em La Traviata, ópera baseada na obra A Dama das Camélias.

Mas como, se depois de tanta insistência, tantas maravilhas, como dar vida a esse sonho se ela... some? O desespero bate em Claudio, que, apesar de ter a visão de volta, havia perdido Laura.

Vemos então que o livro tem mais de uma parte. Uma segunda e uma terceira, que podem deixar a leitura um pouco confusa. Para mostrar o momento de Claudio e explorar mais do outro lado da história, a autora utiliza-se de uma forma de narrar diferente da inicial e parece perder um pouco do foco. Coisas como trabalho e família, antes tão justificáveis para certos pontos da trama, são esquecidos e a autora se volta de repente para esse amor que Claudio percebe ter perdido.
Os dois homens apertaram-se as mãos: - Pão e música, é que o senhor lhe isso? – perguntou o pai. - Os dois alimentos indispensáveis à vida – completou Claudio. Uma reprimenda atravessou o olhar triste pousado sobre ele. - Está esquecendo o amor, cavalheiro.
De pano de fundo, o livro possui muitas citações e referências a óperas, teatro, música, e essências, como cheiros e cores, coisas valorizadas por aquela perda da visão. Janine vai levando tudo com uma escrita simples, às vezes pretensiosa em suas metáforas, mas por sempre leve, com ações rápidas. O fato de ser corrido e passar rapidamente por pontos (como os citados trabalho e família), que poderiam ser essenciais, me faz pensar na história como um conto, e não um romance.

Assim, ela poderia ter elaborado e dar mais consistência aos fatos, o que levaria provavelmente a um segundo livro. Mas, sei lá, senti que Janine quis que a história fosse desse jeito mesmo, despretensiosa, humorada, levemente adocicada, com uns clichês e passagens de efeito, sem pedir muito do seu leitor. E se tentou/se arriscou em surpreender com a troca de pontos de vista e de voz narrativa, foi para trazer algo diferente.

O título original é Histoire d’Amour e acho que prefiro a versão brasileira, que dá uma dica maior sobre do que se trata a história, assim como a capa. Acho que a expressão facial que mostra é a expressão com que ficamos por boa parte da leitura, também bem definida por esse trecho em particular:
 Banal? Clichê? Claro, mas paciência, é assim!
Não possui nada muito denso, Pela Luz dos Olhos Seus é uma leitura breve para quando estamos saindo de muitas séries e superando outras histórias. 

Até a próxima o/

sexta-feira, 14 de março de 2014

Resenha Dupla: "As crônicas marcianas" & "A Cidade inteira dorme" (Ray Bradbury)

Por Sheila: Oi pesso@s como vocês estão? Tudo na paz? Eu estou suuuper empolgada com a idéia que eu tive: criar uma resenha dupla para vocês! Claro que eu tive que pedir para a Junny primeiro, mas como ela deu um ok ... vamos a elas! Vocês já ouviram falar de Ray Bradbury, o "lindão" aí da foto? Nãaaaao? Pois é, eu também não tinha até ler "As Crônicas Marcianas" e "A Cidade inteira dorme".

Estes dois títulos tem algo em comum – além da temática futurista. São livros relançados pela Globolivros, de um autor considerado mestre na escrita em ficção científica: Ray Douglas Bradbury, um norte-americano mais conhecido pelas obras 'As crônicas Marcianas" (que vou resenhar aqui) publicado pela primeira vez em 1950; e fahrenheit 451 (que espero a Globolivros me envie para a próxima resenha!) de 1953.

Desde o começo, o que chama atenção em seus escritos é a forma como consegue mesclar tons de terror e suspense aos escritos futuristas, além de mexer de forma dramática e profunda com nossos medos mais arraigados, alguns coletivamente instituídos.

Brandbury, além de escrever contos, também esboçou trabalhos para o cinema e televisão, sendo que em 1956 criou o roteiro da adaptação cinematográfica de Moby Dick, dirigida por John Huston. Ao longo de sua carreira, usou muitos pseudônimos como Doug Rogers, Ron Reynolds e Douglas Spaulding.

Muitas das histórias e novelas de Bradbury foram adaptadas para o cinema, rádio, televisão, teatro e quadrinhos. Também no início dos anos 50, adaptações das suas histórias foram televisionadas numa variedade de programas como Tales of Tomorrow e Alfred Hitchcock Presents. 

Para não dizer que este autor me era de todo desconhecido, já tinha lido algo a respeito de suas obras – na verdade da adaptação delas para outras mídias – através do livro “Dança Macabra”, de Stephen King, que talvez eu acabe resenhando aqui para o blog, desde que vocês pensam insistentemente, é claro, o pessoal anda com preguiça de comentar ...

Mas vamos às resenhas!

As crônicas marcianas

O tema central do livro, alguns diriam, é a colonização de Marte por humanos. A terra está um caos. Poluição, roubos, e talvez uma guerra por eclodir. Neste contexto, Marte aparece como uma saída: uma fuga para os terráqueos já sem esperança, um recomeço para outros mais otimistas.

Por outra ótica, podemos ver A crônicas marcianas como uma analogia a uma desconstrução de um sistema social e político e busca por uma sociedade diferente, mais igualitária e menos repressora, sendo a ida para um "outro planeta" uma forma metafórica de lidar com o esgotamento com o sistema vigente.

O mais interessante do livro é que, ao mesmo tempo em que existe uma seqüência nos efeitos narrados, algumas podem ser lidas quase que de modo independente. Provavelmente, isto advenha do fato de que alguns capítulos foram publicados de forma independente em revistas de ficção científica, em 1940, como contos ou novelas episódicas.

O livro divide-se em três partes: tentativa de colonização de Marte, a colonização propriamente dita, e o êxodo à Terra quando a guerra nuclear tão anunciada finalmente eclode. O livros hipoteticamente narraria acontecimentos que iriam desde janeiro de 2000 à outubro de 2026, falando desde a tentativa frustrada de colonização por parte das primeiras expedições, até o surgimento de uma “nova” raça Marciana – e, sim você terá de ler o livro para saber afinal de contas do que é que eu estou falando.

Na edição de 1997 as datas avançaram em 31 anos (o período agora seria de 2030 a 2057), inclui o conto "The Fire Balloons" e substitui "Way in the Middle of the Air" por um conto de 1952 chamado "The Wilderness", datado de maio de 2034 (equivalente a maio de 2003 na primeira cronologia). O relançamento pela Globolivros é de 2014, contando com 26 capítulos e a cronologia oficial ( de 1999 à 2026).

A Apresentação do livro, escrita por Jorge Luis Borges, não poderia ser mais fidedigna, ao dizer do autor que
Outros autores estampam uma data vindoura, e não acreditamos neles, porque sabemos que se trata de uma convenção literária. Bradbury escreve 2004 e sentimos a gravitação, o cansaço, a vasta e vaga acumulação do passado ... Talvez “A terceira expedição” seja a história mais alarmante deste volume. Seu horror (suponho) é metafísico; a incerteza sobre a identidade dos hóspedes do capitão John Black insinua incomodamente que tampouco sabemos quem somos nem como é, para Deus, nossa face.
Apesar de também ter gostado muito de “A terceira expedição”, elegeria “Os homens da terra” como aquela que mais me marcou. Afinal, a expedição de quatro homens liderados pelo capitão Willians – a segunda expedição – não esperava, de forma alguma, o que encontraram em marte. Em primeiro lugar, os marcianos por algum poder telepático conseguiam entendê-los perfeitamente. Em segundo, e mais estranho, ninguém parecia dar muita importância à sua chegada.
- Acho que a senhora não entendeu ...
- O quê? – ela disse secamente.
- Viemos da Terra!
- Não tenho tempo – ela disse. Tenho muito trabalho na cozinha hoje, e ainda preciso limpar a casa e costurar.
Só que a segunda expedição acabará por descobrir que, por trás deste aparente descaso, esconde-se uma verdade que eles não descobrirão em tempo ... e que você terá de ler o livro para saber qual é!
Cheio de uma crítica contundente ao ser humano, com sua capacidade de construir, mas também com sua potencialidade para a destruição, "As Crônicas Marcianas" merece seu título de best-seller e acho que nem precisava dizer, mas é um livro recomendadíssimo!


A cidade inteira dorme

São 14 contos no total, que variam entre espécies de novelas da colonização marciana – e que bem poderiam estar inclusos no livro resenhado anteriormente, até outros que tratam de temas cotidianos e sobrenaturais, mas sempre com um toque de suspense e horror, as vezes pelo toque do desconhecido, noutras pela simples bizarrice do acontecido.

Com toda certeza, “A cidade inteira dorme” conto que nomeia o livros, fica no topo da minha lista de favoritos. A narrativa de Bradbury conseguiu me deixar nervosa e ansiosa com o final do conto que, apesar de curto, pareceu arrastar-se por horas. Após lido o conto, você perceberá que a capa ficou perfeita – não diz nada, entregando tudo ao mesmo tempo.

Afinal, como não temer ruídos estranhos quando a cidade inteira dorme, e se esta sozinha na rua, com um maníaco estrangulador à solta?
"Trinta e cinco, trinta e seis, cuidado, não caia. Ah, como sou idiota. Trinta e sete passos, trinta e oito, nove e quarenta, mais dois são quarenta e dois - quase metade do caminho".
"Espere", disse a si mesma.
Deu um passo. Houve um eco.
Deu outro passo.
Outro eco. Mais um passo, apenas uma fração de instantes depois.
"Alguém está me seguindo", ela sussurrou para a ravina, para os grilos pretos e sapos verde-escuros escondidos e o córrego negro.
"Há alguém nos degraus atrás de mim. Não ouso me virar".
Merecem destaque também os contos "As frutas no fundo da fruteira", "O pedestre" e "A hora zero" que, em minha modesta opinião, rivalizam entre si pelo "troféu" de segundo lugar. Não gostei muito de "O visitante" nem de "O messias", mas isso de forma alguma diminui o mérito do autor ou a grandiosidade de sua obra.

Enfim, Bradbury já faleceu - apesar de ter vivido bastante, até os 91 anos - então não está aqui para me ouvir dizer (ou me ver escrever) isso mas ... virei fã! Recomendo muitíssimo, estas e outras obras, assim como recomendo que você adquira seu exemplar da Globolivros pois, além das capas terem ficado lindíssimas, o acabamento e a qualidade do papel também são superiores.

Forte abraço!


quarta-feira, 12 de março de 2014

Resenha: Garota ♥ Garoto - Volume 2 - Dizem por Aí (Ali Cronin)

Tradução por Rita Sussekind

Por Eliel: Eis aqui o segundo livro da série Garota <3 Garoto, a resenha do primeiro volume pode ser acompanhada aqui

Como já sabemos Ali Cronin escreveu o livro baseado na série britânica Skins (que gosto muito, não consigo acompanhar por falta de tempo, mas como disse, gosto muito!). E nesse segundo volume podemos ver bem claramente esse estilo de escrita. O virar de cada página é como se estivéssemos diante de uma TV assistindo um seriado juvenil, isso devido à proximidade com a realidade.
"E ele tinha um sotaque francês. Acho que não preciso dizer mais nada".
No primeiro volume, acompanhamos Sarah, que em comparação com a protagonista desse volume, Ashley, é muito chata e insegura. Ashley, é uma garota independente que só quer saber de se divertir, e quem pode condená-la, ainda é jovem e tem muito o que experimentar. Pra ela, o mundo já é sério demais, então a única saída é a diversão. 
"Não me importei com o que estava fazendo, nem com minha aparência. Não havia ontem, e nem amanhã, apenas aquele instante".
Para uma garota linda como ela é fácil ter quem ela quiser, até que conhece Dylan, que por alguma razão não mostra nenhum interesse nela. Intrigada e provavelmente apaixonada, ela tenta chamar a atenção dele. E não fará isso da melhor maneira.

A garota forte e sem papas na língua, passará por algumas experiências ruins e outras nem tanto, para crescer como pessoa. Vamos ver um lado dela, que nem a mesma deveria saber que existia. Guardem bem esse nome, Bridget, ela terá uma participação muito importante nesse desenrolar da vida, mesmo que ela seja citada apenas poucas vezes.

"Aliás, não vá me dizer que isso que estou sofrendo é bullying. Detesto essa palavra e, de qualquer forma, na minha opinião só seria bullying se eu permitisse que fosse".
O final pode ser aquele que já era de se esperar, mas como chega lá é o que dá o tempero especial. Clichê? Pode até ser, mas sempre acreditei que o caminho é a melhor parte da jornada.

Agora me resta esperar pelo próximo volume "Três é Demais" 

domingo, 9 de março de 2014

Resenha: "A Queda dos Cinco - Os Legados de Lorien #4" (Pittacus Lore)

- Clique aqui para ler a resenha dos livros anteriores

Por Juny: E a batalha entre lorienos e mogs continua. Nesse livro, pelo menos no inicio, é diferente dos outros. Começa a pairar a esperança na causa lorica, depois da intensa batalha no final do terceiro livro, eles estão mais fortes e agora estão juntos.

Eles usam a mansão de Nove, em Chicago, para aproveitar o momento de calmaria, para treinarem e aperfeiçoarem os legados. John toma frente do grupo e se firma como líder, traçando as estratégias para seguirem com a batalha.

Só falta o número Cinco e eles fazem de tudo para encontra-lo. Cinco é bem descuidado e deixa mensagens bem visíveis para que os outros saibam onde ele está. Ao encontrarem todos estranham seu jeito, o que dificulta sua integração ao grupo. Em paralelo a isso, Sam e seu pai também se juntam ao grupo.
– Obrigada, Marina. – diz. – Sabe, você é a primeira pessoa que fez eu me sentir acolhido de verdade aqui.

Bom, pelo menos isso. Talvez eu não consiga ajudar Ella com os sonhos, identificar metade dos objetos da minha Herança e nem lutar tão bem quanto os outros, mas pelo menos tenho jeito para persuadir idiotas a serem mais cordiais. Eu me pergunto se isso é um legado.
E quando tudo parecia muito calmo e fácil, acontece uma reviravolta de tirar o folego, é desesperador e angustiante. O autor se supera a cada livro! Qualquer comentário sobre esse fato poderia ser um grande spoiler.

No inicio ainda há aquele clima meloso entre John e Sarah, porém ao decorrer da trama, Sarah se destaca, aprende a atirar e se torna uma aliada útil, deixando de ser apenas a fraqueza de John. Nove continua com seu jeito peculiar e ainda é meu preferido ao lado de Seis. Oito continua fofo.  Marina e Ella se destacam bem mais nesse livro, deixando de ser apenas coadjuvantes.

Nesse livro temos capítulos narrados por John, Sam e Marina.

Para quem ainda não leu a saga e tem uma péssima impressão por causa do filme, tenho que dizer que o livro é sensacional, não se deixe levar pela má impressão do filme, que deturpa muito a trama.
“Acordo de repente e me sento, rígido, em uma cama que não é minha. Entendo de imediato que voltei a realidade, e a dor causticante da nova cicatriz em meu tornozelo foi capaz de me acordar. Mas, esperai... aquele pesadelo não era real, eu não deveria ter a cicatriz. E mesmo assim sinto a pele queimada, ardendo, em carne viva, a dor é penetrante.”
E a saga continua, ainda mais difícil, porém mal posso esperar para continuar acompanhando a resistência lorica, enquanto houver esperança e forças para lutar, ainda há uma chance! Recomendo, muito!

 
Ana Liberato